De
tão maléfico, este sentimento é classificado pelo catolicismo como um dos sete
pecados capitais, e tem acompanhado a humanidade através da sua trajetória pela
terra, aliás, muito bem descrito desde os tempos bíblicos, quando Caim matou
Abel.
Quanto
mais infeliz alguém, mais a inveja pode inundá-lo.
O
sofrimento decorre de constatarmos no outro algo que não temos.
Oscar
Wilde já dizia: “A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo.
Para ser popular, é indispensável ser medíocre”.
Fala-se,
inclusive, na chamada inveja branca - que não existe. É apenas uma tentativa
para desmistificar os inúmeros danos causados por esse sentimento. Seria uma
espécie de admiração não comprometedora pelos atributos de alguém, ou
seja, uma inveja positiva, se é que isso possa ocorrer.
Pessoas
que, tal como num espelho, lembrem ao invejoso as suas carências, sejam elas
sobre sexo, beleza, sucesso, poder, liberdade, experiência, personalidade,
inteligência, dinheiro - são sempre as mais visadas.
Relações
humanas cada vez mais difíceis são a tônica do mundo atual, em que os
mecanismos competitivos se tornaram cada vez mais evidentes.
Em
função da propaganda maciça lançada de uma maneira subliminar pelas mídias, o
ser humano passou a invejar até o que não é invejável, exemplificando: corpos
esquálidos, celebridades fajutas, gosto musical duvidoso, literatura de má
qualidade, enfim, tudo que as indústrias da moda impingem como sucesso.
No
mundo financeiro isso toma proporções alarmantes, todos se acotovelando por um
lugar ao sol no mundo do dinheiro.
Inveja
e vaidade nadam nesse mar de angústias.
Com
certeza, quando Caim matou Abel, os interesses em jogo não eram sequer
parecidos aos que nos habituamos a valorizar nos dias de hoje.
Existe
quase sempre no ar uma nuvem de desconfiança relativa aos reais motivos
de quem de nós se acerca. Enquanto nossos antepassados se abriam para o mundo,
nós, cada vez mais, nos ensimesmamos, tornando-nos verdadeiros caramujos
sociais.
Isso
já é uma comprovação no mundo moderno.
Eu,
pessoalmente, concordo com Sêneca quando ele diz que evitamos a inveja se
guardarmos as alegrias para nós mesmos.
Penso
que grandes alegrias e grandes tristezas não podem ser compartilhadas.
Gabriel
Novis Neves
04-10-2013
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