Recebi
de um querido colega conselhos sábios a respeito de um artigo que escrevi sobre
a nossa precária saúde pública, aquela que o governo mantém para cuidar dos
pobres.
No
melhor estilo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, aceitei
as críticas com a naturalidade de quem expõe as suas ideias, num “país onde é
proibido ter ideias”.
Lamento,
entretanto, informar ao querido colega a impossibilidade de seguir aos seus
ensinamentos bíblicos com mistura filosófica do escritor de autoestima Paulo
Coelho.
A
esta altura da vida vejo como ajuda as críticas que recebo. Elas nunca são
construtivas como muitos dizem. Mostram uma falha e sugerem correção. Esse é o
verdadeiro sentido da crítica.
Elas
me revigoram. Às vezes altero caminhos, mas nunca os objetivos a que pretendo
alcançar.
No
artigo em questão eu relatei uma verdade constatada por mim, “in loco”, em um
PSF (Programa Saúde da Família).
Falei
em nome daqueles que não podem falar, defendendo e expondo as feridas da
miséria abafada pelo poder.
Para
ficar de bem com o poder constituído, não pretendo romper esse compromisso que
faço com extrema doação, sabendo dos dissabores que colho pelo meu
inconformismo social.
O
conselho que recebi de me doar aos pobres do SUS, me fez lembrar um gênio que
dedicou toda a sua vida a criar mecanismos para melhorar a qualidade de vida da
humanidade.
Certa
ocasião, já bastante maltratado fisicamente, envelhecido precocemente, cabelos
brancos, emagrecido e ar de cansaço, encontrou um toco de árvore para descansar,
apoiado em um pedaço de pau. Cabisbaixo, é visto por um ex-aluno que quase não
o reconheceu. O discípulo parou diante do mestre.
-
Tudo bem com o senhor?
-
Sim, meu filho.
-
Quantos anos o senhor tem?
-
No máximo 15 anos.
-
Como meu mestre? Fui seu aluno há 30 anos!
-
Você não perguntou a minha idade e, sim quantos anos eu tinha. Pela frente acho
que, no máximo, tenho isso de existência – e explicou calmamente - Os anos
vividos não são mais meus, assim como as moedas que gastei.
Agradecido
por mais uma bela lição de vida, o aluno reconheceu no sábio o grande doador a
ser imitado.
Há
tempo para tudo. Tempo para plantar e tempo para colher.
O
gênio estava colhendo os frutos de toda uma vida de doação.
Fica
a lição: contenham-se com as advertências para favorecer o poder dominante.
O
povo está sofrendo e merece toda uma vida de sincera doação ao próximo.
Gabriel
Novis Neves
10-09-2013
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