Para
as mães de antigamente os termômetros para aferir a temperatura das crianças
eram aparelhos totalmente inúteis.
Lembro-me
que minha mãe, todas às vezes que a gripe me pegava, ela controlava a minha
temperatura corporal colocando as costas das suas mãos na minha testa. O
resultado era batata. Dizia após esse exame: a febre foi embora, na
maioria das vezes.
Doencinha
chata esta tal da gripe do meu tempo! Mandava as crianças com 37.5 graus
centígrados para a cama.
Aí
começava o ritual do processo da cura. Na minha infância não existia a vacina
contra o vírus da gripe, tampouco antibióticos para combater possíveis complicações
como amigdalites, sinusites e pneumonias.
O
tratamento era repouso absoluto na cama em quarto fechado. Rigorosa dieta com
chá, torradinha e canja no jantar. Era permitido purê de batata com um
pedacinho de frango e as frutas de doentes: maçã ou pera.
Pijama
de manga longa e calça comprida, meia de lã, cobertor, banho morno na bacia e
dormir cedo.
A
visitação de parentes era o dia todo.
Se
a criança não melhorasse nas primeiras vinte e quatro horas era chamado o
médico da família.
Até
hoje me lembro da terapêutica empregada. Injeção muscular de óleo –
superdolorida -, uma pasta quente para acalmar a tosse e, para baixar a febre,
salofeno pó. Usava-se muito também o Vick Vaporub para desobstrução das vias
aéreas superiores.
Assim
era curada a gripe, onde a presença da mãe era uma constante, especialmente à
noite.
Quantas
vezes eu acordava com o nariz entupido e, ao meu lado, estava ela, zelando por
mim. Fechava os olhos e dormia, respirando normalmente.
Enfermeiras
ou babás para cuidar das crianças gripadas, nem pensar. Felizes tempos em que
as mães cuidavam dos seus filhos, na alegria e na dor.
E
os termômetros? Não serviam para nada no controle da temperatura das crianças
da minha geração.
Gabriel
Novis Neves
10-10-2013
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