segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Termômetros

Para as mães de antigamente os termômetros para aferir a temperatura das crianças eram aparelhos totalmente inúteis.
Lembro-me que minha mãe, todas às vezes que a gripe me pegava, ela controlava a minha temperatura corporal colocando as costas das suas mãos na minha testa. O resultado era batata. Dizia após esse exame: a febre foi embora, na maioria das vezes.
Doencinha chata esta tal da gripe do meu tempo! Mandava as crianças com 37.5 graus centígrados para a cama.
Aí começava o ritual do processo da cura. Na minha infância não existia a vacina contra o vírus da gripe, tampouco antibióticos para combater possíveis complicações como amigdalites, sinusites e pneumonias.
O tratamento era repouso absoluto na cama em quarto fechado. Rigorosa dieta com chá, torradinha e canja no jantar. Era permitido purê de batata com um pedacinho de frango e as frutas de doentes: maçã ou pera.
Pijama de manga longa e calça comprida, meia de lã, cobertor, banho morno na bacia e dormir cedo.
A visitação de parentes era o dia todo.
Se a criança não melhorasse nas primeiras vinte e quatro horas era chamado o médico da família.
Até hoje me lembro da terapêutica empregada. Injeção muscular de óleo – superdolorida -, uma pasta quente para acalmar a tosse e, para baixar a febre, salofeno pó. Usava-se muito também o Vick Vaporub para desobstrução das vias aéreas superiores.
Assim era curada a gripe, onde a presença da mãe era uma constante, especialmente à noite.
Quantas vezes eu acordava com o nariz entupido e, ao meu lado, estava ela, zelando por mim. Fechava os olhos e dormia, respirando normalmente.
Enfermeiras ou babás para cuidar das crianças gripadas, nem pensar. Felizes tempos em que as mães cuidavam dos seus filhos, na alegria e na dor.
E os termômetros? Não serviam para nada no controle da temperatura das crianças da minha geração.

Gabriel Novis Neves
10-10-2013

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