O
prefeito de Cuiabá procurou o Ministério da Saúde para, em parceria, tentar
resolver um dos mais sérios problemas de saúde pública de Mato Grosso.
Embora
localizado em Cuiabá, o nosso Hospital de Urgência e Emergência – Pronto
Socorro Municipal - atende a todo o Estado devido à carência desse tipo de
hospital no interior.
Cuiabá
é a única capital de Estado a não possuir um Hospital das Clínicas.
Aquele
que seria o seu Hospital das Clínicas, com setores de urgência e emergência,
atendimento aos casos de alta complexidade e em condições de amparar, em parte,
a demanda do nosso interior, é um esqueleto.
Recentemente
completou vinte e cinco anos de incompetência política e administrativa,
servindo como símbolo do deboche à nossa gente.
A
resposta do auxiliar do ministro campineiro ao pedido do nosso prefeito foi, no
mínimo, indecorosa. Orientou o nosso representante que constituísse uma empresa
privada para explorar os serviços de urgência e emergência.
O
Ministério da Saúde compraria os seus serviços pela tabela do SUS!
Disse
também que cento e vinte leitos seriam ideais para atender ao Estado - com mais
de três milhões de habitantes, com oitocentos e cinquenta mil quilômetros
quadrados, com apenas vinte por cento das suas rodovias trafegáveis, com quase
quatro mil médicos, sendo que setenta por cento estão localizados em Cuiabá por
falta de condições de trabalho no interior.
O
Ministério da Saúde providenciaria, dentro do possível, alguma ajuda
financeira, sem valor estipulado e previsão de liberação para as obras físicas.
A
manutenção e custeio, altíssimo nesse tipo de atendimento hospitalar, ficariam
por conta do pobre município.
O
ministro não conhece Mato Grosso e está muito mal informado sobre a situação da
saúde no nosso Estado.
Esteve
algumas vezes em Cuiabá durante a última eleição municipal tentando alavancar a
candidatura do seu candidato, que perdeu as eleições, mesmo contando com a
presença do presidente da república-adjunto no comício de encerramento.
O
governo federal não respeita a nossa constituição, e essa terceirização da
nossa saúde pública é o golpe de misericórdia em qualquer esperança de termos
uma saúde pública de qualidade e humanizada.
Preferem
o modelo cubano, tão do agrado dos nossos dirigentes. Os salários dos médicos
por lá, não chegam a cem dólares mensais.
O
pior é que esse ministério, que orienta que empresários cuidem de um problema
eminentemente social, é o mesmo que incentiva a criação de novas escolas
médicas particulares, cujas mensalidades só são acessíveis aos ricos.
Está
tramitando no Congresso Nacional um projeto de lei para transformar a carreira
de médico em carreira de Estado.
Não
é possível oferecer contratos com salários irrisórios a quem estuda tanto para
exercer a sua profissão em empresas que visam lucro sem oferecer ao médico,
pelo menos, estabilidade e condições mínimas de trabalho.
Achar
que um hospital de cento e vinte leitos é viável economicamente, é desconhecer
totalmente o funcionamento e sustentabilidade de um equipamento social como um
hospital.
O
prefeito de Cuiabá deve ouvir o seu experiente Secretário de Saúde que, com
certeza, lhe dirá da inaceitável proposta de Brasília.
Seria
mais uma farsa implantada na área de saúde para não funcionar.
Algo
está podre no Reino da Dinamarca.
Continuaremos
fazendo eutanásia nos nossos doentes sem recursos econômicos e hospitais
oficiais.
Gabriel Novis Neves
24-02-2013