sábado, 31 de julho de 2010

Estado exportador

Não é segredo para ninguém que somos um estado exportador. As nossas exportações não se resumem aquelas produzidas pelo agronegócio. Exportamos de tudo: soja, algodão, madeira, carne branca e vermelha, e pedras preciosas. Está bem valorizada também, a exportação de analfabetos funcionais, modelos masculinos e femininos. Estourando em produção para o consumo interno, a nossa vasta experiência em loteamento do poder.

O candidato à Presidência da República, que não dorme, denunciou em Minas Gerais o loteamento de cargos no órgão federal responsável pela nossa malha viária. As nossas estradas federais estão completamente sucateadas. Esburacadas, sem manutenção, frustrando o trabalho de milhares de brasileiros que trabalham e vivem do campo. Os cargos técnicos, ocupados por funcionários com alto nível de QI (quem indica), inviabilizam a competição da nossa produção. Isto foi dito no Estado que possui a maior, e pior, rede viária do Brasil - Minas Gerais.

Tem razão o candidato das olheiras permanentes. Essa mesma técnica de loteamento do poder foi realizada também aqui, com enorme sucesso – na visão do responsável pelos loteamentos. O co-autor do programa ficou tão famoso nacionalmente, que foi convidado para implantar “lá,” a ótima experiência acumulada “aqui.” Foi na frente, como topógrafo, preparar o loteamento até a chegada do senador, para comandar o grupo. Está provado que esse modelito mato-grossense não dá certo, “aqui” ou “lá.” Cargo eminentemente técnico tem que ser ocupado por técnico, a exemplo do que ocorre na iniciativa privada.

O próprio Presidente da República, ao assumir o comando do governo, teve a lucidez de não misturar alhos com bugalhos, e o resultado foi excelente. Durante oito anos a inflação ficou controlada, e apesar de tantos abalos na economia mundial, continuamos bem. Sabe qual foi a estratégica do Presidente? Enfrentou todo o tipo de dificuldade interna e emplacou no Banco Central um ex-banqueiro internacional, e deputado federal eleito – que fazia oposição ao seu nome. Isso é amadurecimento político, e deveria ser exportado para os estados brasileiros, especialmente para os estados currais. Mato Grosso continua quebrando paradigmas. Agora exportando loteadores de cargos públicos.

Somos mesmo um estado exportador.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 17)

23-07-2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

GOSTO DE ELEIÇÃO

Vivemos o ano todo naquele nhem-nhem-nhem cheio de chatices repetidas. Os quatro primeiros meses do chamado ano novo são terríveis. Pagamos a maior carga tributária do mundo. Em retribuição temos. “Educação para todos de qualidade, saúde pública próximo ao ideal com a excelência do SUS, segurança pública perfeita, nossas estradas padrão Alemanha, mérito no serviço público.” Não contando as inúmeras obras sociais. O nosso dinheiro está tão bem cuidado que o melhor é continuar tudo como está. Esses projetos enumerados são caros, portanto pagamos muitos impostos. Nem falei no alto custo para os governos manterem uma ampla base de sustentação política. Tem que tirar muito dinheiro do trabalhador, pois é um investimento de retorno seguro para a população, especialmente a pobre. Ufa! Como é bom sonhar acordado! O acordar que é doloroso.

Para refrescar um pouquinho no início do ano, temos o carnaval dos ricos e poderosos. Na Sapucaí a fantasia de maior sucesso foi a do Joel Santana, vestida pelo governador. Ele falava “inglês gasoso” entre duas velhas: uma com a proteção do “Jesus da praia” e a outra fantasiada do “cara.” Esta imagem impagável fez a alegria dos fotógrafos e cinegrafistas. As imagens do filme só foram divulgadas graças às agências internacionais. Por aqui foi proibida (Brasil). Mas me informaram que um site local conseguiu essas imagens. Brasileiro que é brasileiro sempre encontra um jeitinho! De mais a mais, qual o problema de levar distração para o povo?

As imagens, com certeza, vão fazer sucesso durante a propaganda eleitoral gratuita. Se não houvesse eleições este ano jamais teríamos imagens da menina rica de Minas pagando mico. A micagem começou em Olinda. Ela se esbaldou na dança do Maracatu, pelo menos tentou. Tentou também, mas sem nenhum sucesso, o frevo em Recife, o Axé em Salvador. Terminou a epopéia da palhaçada sendo companheira do fantasiado de Joel no Rio. Era gritante o seu constrangimento, e mais ainda os “disfarces” que os marqueteiros obrigaram-na a usar. Causadora de tantos sofrimentos, a moça em questão só conseguiu uma única identificação com o carnaval: o sambódromo construído pelos seus ex-ídolos, Brizola, Darcy e Niemayer. A outra velha só pensava em levar o amigo do Elton Jones para casa.

Nessa época da construção do sambódromo, ela pertencia ao grupo que emplacou o cara, de “sapo barbudo.” Tenho que gostar de eleições!


Gabriel Novis Neves

06/03/2010

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ditado

Um velho ditado nos diz que “em time que está ganhando não se mexe.” Entretanto, nos tempos pós-modernos que vivemos, o correto é mudar antes que o desastre total aconteça. Creio que o nosso não desenvolvimento se deva a este velho ditado. Que equívoco lamentável!

Vou aqui ilustrar um exemplo: um indivíduo está bem de saúde. Não se mexe. Equívoco total, pois devemos procurar o médico quando estamos sem queixas. Chegar a um posto de saúde com um tumor palpável é o desastre. O trem saiu dos trilhos. Só resta contar o número de mortos e os hospitalizados nas UTIs. Depois do jogo terminado, chorando a derrota, não adianta mexer no time.

O exemplo mais recente de um trem que estava no rumo certo, na visão do maquinista, foi a seleção brasileira de futebol. As pesquisas indicavam, com exceção do polvo, que seríamos hexas. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), não atendeu ao sentimento nacional de derrota, e nem se atreveu a trocar o técnico, baseado no critério de vitórias. O resultado foi o previsto pelo polvo.

Poderia citar inúmeras outras situações onde a mudança é indicada no momento da vitória para evitar a falência. Acabo de ler a versão do velho ditado: “Esse grupo que está hoje governando, tanto no governo do estado quanto no governo federal, está no rumo certo. Esse grupo está no trilho, com o trem andando. Então, porque parar? Esse trem precisa seguir em frente.” Poxa! Que maquinista bom! Dirigindo o trem no caminho certo, e tendo alucinações! Na visão do condutor do trem o rumo está certo. Nada a mudar. Os grandes obstáculos da viagem foram vencidos. No setor público está resolvido o sério problema da educação - o resultado do nosso desempenho está à disposição de todos. A saúde pública uma maravilha! Neste Estado ninguém mais morre por falta de medicamento, e nem precisa se deslocar até São Paulo para tomar uma injeção, considerada antigamente como procedimento de alto risco. A segurança pública está jóia. Alguns pequenos delitos próprios do “progresso.”

Dinheiro não falta nesse trem de rumo certo. Somos, com muito orgulho, campeões em repasses financeiros para a Assembléia Legislativa. Este fato nos colocou mais uma vez no livro dos recordes. As estradas do estado para o escoamento da nossa superprodução agrícola, muito bem cuidadas. Os milionários do trem, e outros que lá estiveram e saltaram na primeira estação, por exigirem mudança do maquinista, estão abandonando as suas vidas privadas, para enfrentarem o sacrifício da vida pública. Mais uma atitude para o livro de recordes. Alerto que na minha religião, ser rico não é pecado, tá entendido?

Para que mudar logo agora, que seremos uma das sedes dos jogos da Copa? Os empréstimos bancários para o início das obras da moderníssima “Arena multiuso do pantanal,” onde outrora existia o estádio José Fragelli, como ficariam com uma mudança de rumo agora?

Minha gente - vamos rever com urgência os nossos antigos ditados, causadores de tanto atraso para nós? Para continuar no caminho do sucesso, é necessária a mudança.

O resto é ditado, apenas ditado popular!

Gabriel Novis Neves (7.5 + 18)

24-07-2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

AH !

Escrevi há poucos dias, que todo o ano no mês de julho, eu sou obrigado a comparecer a uma repartição pública federal para provar que ainda não morri. Este dever cívico é chamado de recadastramento do funcionário aposentado. Para nós tudo é complicado. As exigências são inúmeras, e muitas vezes absurdas. Chego a acreditar que essas exigências burocráticas, umas até com alto grau de impossibilidade de serem cumpridas, são para posteriormente “oferecer” facilidades.

Quatro anos de recadastramento já me deixaram precavido. Criei o meu Kit burocrático. Ele é composto por RG, CPF e Carteira de Identidade Profissional. Certidão de nascimento, de casamento e de óbito da minha mulher. Comprovante de residência e número do telefone. Por enquanto é só isto. Talvez eles inventem outros documentos. O pessoal do governo adora papel!

Fico imaginando o que não deve sofrer um cidadão para ingressar no serviço público. Vejamos por exemplo um concurso para contínuo de um Ministério: o desempregado, muitas vezes com diploma de nível superior, é obrigado a se submeter a uma prova escrita - conhecimentos gerais, informática e uma língua estrangeira. Depois exame psicológico. As ações públicas corretas têm que ser assim. Se aprovado, entra na fila para a nomeação. Muitas vezes, entretanto demoram tanto para convocar os aprovados, que quando este é chamado o período de carência do concursou já se exauriu. A remuneração dos concursados é uma titica.

Para ter uma boa remuneração no serviço público, muitas vezes o indivíduo não precisa de concurso nem de exame psicológico. Como no caso do indivíduo especialista em serviço à distância - e bota quilômetros nessa distância. É oportuno que lembremo-nos do código de ética do servidor concursado. Qualquer deslize de conduta, como servir café frio aos DAS, é motivo de demissão sumária por motivo justo. Nesse louvável rigor que estou demonstrando no trato da coisa pública, e que eleva a nossa auto-estima, há um, porém. Como explicar a presença de gente medíocre nas grimpas do poder do serviço público? É o fator “QI” - conhecido pelo nome fantasia de “quem indica.”

Há poucos dias assisti pela televisão local a entrevista de um indivíduo que “está lá” única e exclusivamente pelo fator “QI”. Ele ocupa um carginho que não representa o salário de um médio executivo. Mas o pessoal do “QI” adora status, e não sei mais o que. Vaidade? Não sei. A fala dele foi oficial, representando os que “estão lá.” O conteúdo foi de um politiqueiro, que graças a Deus não existe mais no nosso estado. Estava super empolgado, pois o ambiente era propício para um DAS “de lá.” Participava do lançamento da candidatura de um político do seu partido. Desconfio que esse político seja o responsável pelo atestado de QI, que o mantém “lá.” Irresponsavelmente “desceu a ripa” nos nossos sonhos de uma cidade melhor, culpando um único administrador “daqui”, esquecendo que os “de lá” são responsáveis também pelo acontecido aqui, criando um clima de insegurança na população da minha cidade. Se fosse um contínuo concursado, seria demitido como terrorista. Esse não é o comportamento de quem está “lá.” Só foi entrevistado pelo cargo que ocupa “lá,” e de “lá” só sairá se for arrancado.

Lastimável! Péssimo exemplo de mediocridade aos cidadãos, e especialmente aos jovens. Conhecemos muito bem a “presteza” do governo, especialmente do Ministério que representa. Os resultados estão nos jornais internacionais. O que estão “lá”, prometem. Isto não significa compromisso. Fiquei triste com a sórdida entrevista, tão frequente nos nossos dias. O DAS de “lá,” estava fantasiado a caráter, com a camisa oficial cheia de adesivos com fotografias e número do seu partido político.

Falar é fácil. O difícil é fazer e não torcer pela destruição de uma cidade, para ficar “lá.”

“A inteligência nos afasta, porém a burrice nos une.”

Ah! Somos um país unido.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 17)

23-07-2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

Pequenas tarefas

Nasci no mês de julho. Motivo principal que me arrancou da minha toca hoje à tarde. Aproveitei que ia mesmo sair, para executar pequenas outras tarefas que exigiam a minha atenção. Calculei que ficaria no máximo uma hora na rua. Mas qual! Essas pequenas tarefas me tomaram a tarde toda.

Como o frio foi embora, graças a Deus, deixei o carro na garagem e fui a pé. Queria evitar o aborrecimento de tentar encontrar uma vaga para estacionar o carro nesta cidade. Um horror!

Nasci no mês de julho, como falei. Por isso tive que me apresentar a um órgão do governo federal para provar que continuo vivo. Isto tem um nome burocrático: recadastramento dos funcionários públicos federais aposentados! Os que estão em atividade são controlados pela assinatura do ponto. Ainda dizem que neste país não há fiscalização e controle! Neste caso tem. A funcionária que me atendeu me informou que enquanto eu estiver vivo, todos os anos, no mês do meu aniversário, eu tenho que ir à repartição provar que ainda não morri. Assinei alguns papéis e pronto, estava liberado. Este pequeno procedimento burocrático demorou quase uma hora. Meu relógio marcava tres horas da tarde quando cheguei. O motivo da demora: simplesmente os funcionários ainda não tinham chegado. E eram tres horas da tarde! A garrafa térmica azul, com o tradicional cafezinho, deixada no piso da ante-sala, atestava o atraso dos funcionários. É hábito no serviço público a distribuição do cafezinho às duas horas da tarde. O café já devia até estar frio quando os funcionários resolveram ir trabalhar.

Vou para a minha segunda tarefa do dia. Desta vez em um banco privado, para levar os meus boletos de cobrança de aluguel do meu consultório no hospital, para serem creditados em conta. Pensei que isso seria rápido, pois existe até uma lei determinando o tempo que um cliente deve esperar na fila para ser atendido. Mesmo amparado pela lei dos idosos, que permite furar fila, nunca utilizei deste direito. O tempo de espera levou a lei da permanência para ser atendido, para as cucuias. Quando chegou a minha vez de ser atendido um jovem muito forte, com a proteção da atendente do banco, passa na minha frente. O assunto deveria ser muito importante para tal fato acontecer. Eu reclamar? Nunca! Pensei em tantas coisas importantes que poderiam estar por trás daquele ato, que permaneci na fila. Como a demora estava se estendendo muito, sou chamado para ser atendido por outra funcionária. Falei que o meu caso era uma bobagem e entreguei-lhe os meus boletos até dezembro. Impossível atender a minha solicitação, me diz a funcionária. Só com o cartão de crédito. Como não tenho, fui embora. Frustrado, claro!

Vou para a minha última tarefa. Fazer uma cópia da chave do meu consultório. “Seo” João, o chaveiro, me informa que o modelo solicitado está em falta, e deve chegar até o final da semana. Outra frustração.

Volto para casa desacorçoado, e já estava anoitecendo! Difícil executar pequenas tarefas hoje em dia! Afinal passei à tarde na rua só para provar ao governo, que estou vivo.

Gabriel Novis Neves (21 + 15)

21-07-2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

PERDAS E GANHOS

Os admiradores da nossa senadora fizeram uma festa grandiosa para o lançamento da sua candidatura a deputada federal. A senadora do nosso Estado, segundo avaliação dos órgãos que cobrem o Senado Federal, é considerada um dos melhores parlamentares daquela Casa de Leis.

A senadora candidata a deputada federal, chegou de alto astral no lugar da festa, cercada de familiares e amigos. Estava usando caneleiras e uma bolsa de gelo na cabeça. Para acalmar a multidão a senadora explicou que as caneleiras eram para proteger as suas canelas, atingidas brutalmente pelo colega “furador de fila.” O gelo era analgésico. Foi receitado para aliviar a dor que sentia pelo corpo todo, concentrada na cabeça. Informou ainda ser tudo isso provisório e o povo saberá dizer se ela irá tirar os apetrechos, ou curtir um tratamento hospitalar.

Essa briga entre a senadora e o presidente do seu partido no estado - conta com o respaldo político do professor do ensino médio de Goiás, e eterno tesoureiro da agremiação - que não a aceitou para a reeleição, é de domínio público. Eles nem se falam! E ele é apoiado nesse gesto pelo todo ex-poderoso Chefe da Casa Civil.

Quem ganhou e quem perdeu neste imbróglio doméstico?

Ganhou a “Síndrome de Mercadante” - que renunciou à renúncia. Ganhou a nossa senadora que passou ferida, mas não morta, por um embate duríssimo. Ganhou o candidato que não está no santinho da candidata, por enquanto. Ganhou barbaridade o nosso senador Pedro Taques, que foi o único candidato titular a cargo majoritário, presente a festa da candidata.

Quem perdeu? A senadora derrotada por interesses inconfessados e inconfessáveis. Os candidatos majoritários da sua (!) coligação ausentes a festa. O partido da senadora que ficou em frangalhos. O “senador eleito” que tem o seu nome no santinho da candidata (e só). O governador estepe e candidato a reeleição, que preferiu fazer arrastão no Araguaia.

Nessa contabilidade de perdas e ganhos, o resultado contábil nós só saberemos em outubro. Até lá, está inaugurado o período das cristianizações.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 19)

25-07-2010

domingo, 25 de julho de 2010

A história da caixa preta

Como admirador da sétima arte lembro-me dos últimos filmes exibidos em Cuiabá. Não obedecendo à ordem cronológica, posso facilmente relembrar alguns. Garanto que muita gente também irá ter saudades (!). “Quebra de paradigmas”, “O jeito novo de governar”, “Objetividade”, “Transparência e ética”, “Polícia militar no comando do executivo”, “Diz-me com quem andas”, “Os mafiosos” e o de maior sucesso no meu entender, “A Caixa preta”.

Já assisti a inúmeros governos nascendo e morrendo. O nascimento é ruidoso, “espetaculoso”, grandioso. A primeira ação do novo governante é destruir o seu antecessor utilizando-se de todas as armas - a preferida é a calúnia. É tiro certeiro e mortal no adversário vencido, numa demonstração de total falta de educação política: entender que terminado o embate político, o vitorioso tem que trabalhar e solucionar os problemas da população que acreditou em suas propostas elegendo-o. Ao derrotado resta lamber as feridas da derrota até a sua cicatrização. É assim o início.

O final do governo geralmente é melancólico. Os ratos começam a abandonar o porão do navio prestes a afundar. Se o comandante é religioso e crente em Deus, chegou o momento de pedir perdão. Muitos dos ofendidos já partiram deste plano encurtando a sua permanência entre nós por não suportarem a perseguição. Hoje descansam como é o caso do “homem da caixa preta” ou “o mafioso”. Temos uma polícia de primeiro mundo. Onde está a caixa preta? Foi apenas um filme mortal, creio. E os mafiosos que morreram pobres deixando como herança a maldição da covardia e imaturidade a que foram submetidos? A hora do perdão chegou. Geralmente é escolhida para este ato de perdão, a pessoa mais idosa da família ofendida. Outra maldade. O idoso é fragilizado, sofre com as mazelas do mundo e fácil e inocentemente se entrega ao “santo perdoador”.

Que tristeza! O último perdão que tomei conhecimento me deu a exata dimensão da pequenez das pessoas. E o mistério da caixa preta que matou física e moralmente muita gente?

O diretor do filme afirma que tudo não passou de uma obra de ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.

Gabriel Novis Neves

13-09-2009

sábado, 24 de julho de 2010

CONFESSOU!

Estamos a menos de três meses das eleições para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Os principais candidatos a esses cargos há muito tempo estão em campanha pela mídia, e ao “pé do ouvido.

Quando os imagino suficientemente conhecidos, uma surpresa! A candidata oficial a presidência da República confessou, e eu li a matéria da Anne Warh, que ela é mãe! A auspiciosa notícia de reconhecimento da maternidade foi anunciada através de uma entrevista concedida pela candidata, à Rádio Paiquerê FM, de Londrina (PR). Portanto não é coisa montada. Ainda mais por quem não é mais obrigado a votar pelas leis deste país, e nem filiação partidária possui. Comento os fatos importantes que leio, citando a fonte, quando a fonte é pública.

Vejamos o que eu não sabia: Ela reconhece a maternidade de dois filhos. Um é o famosíssimo “Programa de Aceleração do Crescimento” - PAC, e o outro é “Luz Para Todos”- LPT. Isso foi muito bom para “tapar a boca” de muita gente, que vive inventando coisas por aí. Conheço a índole das mães. Estão sempre presentes para perdoar e ajudar os seus filhos.

Chamo atenção da Prefeitura da minha cidade para o caminho correto de chegar à mãe. Não perder tempo consultando babás e parentes em terceiro grau do “Paquinho”, muito “empacado” por estas bandas e do “L P Todos.” Os serviçais da mãe passam o dia todo fazendo fuxicos e demonstrando um poder que não tem com a mãe do PAC. “Chiquinho! - vá direto a mãe e resolva seus problemas. Coração de mãe não guarda ódios dos seus filhos. Sei que não será fácil chegar a ela. A cachorrada irá latir, mas encontrará uma bondosa mãe.”

A política tem coisas boas também. Nunca pensei que neste curto período de discussão do nosso futuro, fosse ouvir confissão de maternidade. Ela ficou mais humana! É igual a nós, que viemos ao mundo com a missão de perpetuar a espécie.

Ela confessou!

Gabriel Novis Neves (7.5 + 18)

20-07-2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Casa de enforcado

“Em casa de enforcado não se fala em corda”, diz a sabedoria popular. Por estas bandas é aconselhável não falar de “serra” e “índio”. Não dá certo. Ainda mais falar mal! Nem em pensamento, eu diria! Principalmente agora, com as eleições se aproximando. É uma temeridade, nos alertam os mais velhos.

Pois bem. A candidata oficial ao governo do Brasil - que nem precisa nos visitar para pedir votos, já que tem o apoio integral dos que por aqui dizem ter votos - esta semana em Uberlândia (MG) falou mal de “serra” e “índio.” Essa notícia foi matéria nos principais jornais do Brasil e Mato Grosso. O jornalista responsável foi Brás Henrique de Uberlândia - AE. Em virtude desse fato, acho oportuno esclarecer à candidata, caso tenha a pretensão de visitar o nosso Estado – apesar de achar uma visita desnecessária – que ela, por favor, evite tocar no polêmico assunto “serra” e “índio”. Se assim for, com certeza criará sérios constrangimentos aos seus apoiadores, na maioria com traumas de “serra” e “índio.” Por quê? Ora bolas! Se não fosse “serra,” o que seria do nosso estado? Apenas, e tão somente, uma enorme floresta - habitada por “índio.”

O nosso ecossistema não daria motivos para o surgimento dos ambientalistas, que na sua imensa maioria apareceu após a destruição do nosso meio ambiente.

Não é aconselhável na terra de Rondon falar mal de “índio.” Atualmente os “índios” estão mais ou menos distribuídos no nosso território, em trinta e oito etnias. É uma civilização de origem pré-colombiana, com a sua língua, cultura e organização social de acordo com as suas crenças e temores. Eu falei é? Desculpem-me! Era, mas não é mais. A civilização que falei existiu, porém, antes da “serra.”

Os índios de Mato Grosso hoje possuem nova roupagem. As aldeias são dotadas de computadores, telefones móveis, GPS, carros, tratores, caminhões, aviões, contas bancárias, fazendas, e alguns são políticos dos partidos dos brancos.

Então fica assim: em Mato Grosso é proibido falar mal de “serra” e “índio.”

É fria.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 15)

21-07-2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

QUE VERGONHA!

O nosso militar sertanista continua um ilustre desconhecido para a grande maioria da população do seu Estado natal. Admirado no mundo todo, foi considerado um dos seus cincos maiores andarilhos. “Contribuiu para o conhecimento etnográfico, antropológico, lingüístico, geológico, botânico e zoológico do interior do Brasil”. Estou me referindo ao esquecido Cândido Mariano, como é conhecido pela sua gente. Universalmente é Rondon.

16 de julho bem que poderia ser para nós - “O Dia da Frustração”. Em 1950 no Maracanã, diante 200 mil pessoas perdemos a Copa do Mundo. Em 2010 caímos no anedotário nacional como o “estado escuro”, por falta de transparência do governo em explicar como gastou o nosso dinheiro dos impostos. E o mais grave do dia “16 de julho”: nesta data, no Rio de Janeiro, aconteceu o lançamento do “Projeto Memória Rondon: A Construção do Brasil e a Causa Indígena”. O “evento foi no Museu do Índio na capital fluminense” - nos informa Leidiane Monfort do jornal A Gazeta.

Que vergonha para nós! As nossas autoridades não compareceram ao ato. Preferiram o tradicional arrastão procurando votos. Devemos nos envergonhar e pedir perdão aos nossos verdadeiros heróis. Os vivos necessitam de solidariedade, os mortos de homenagens! Rondon foi predestinado a ser mais reconhecido fora do seu Estado do que aqui. Vejamos: a cidade de Rondonópolis, algumas escolas com seu nome e a Rua Cândido Mariano - essas as maiores homenagens que o nosso Estado prestou a ele.

O aeroporto de Várzea Grande tinha um nome de batismo: “Maria Thereza Goulart.” Veio a revolução de 64. O nome da 1ª dama do Brasil não poderia continuar. Graças a Deus encontraram a unanimidade no já falecido Marechal Rondon. Em Cuiabá ainda existe uma ONG designada de “Amigos de Rondon.” Os seus fundadores estão na eternidade, na sua maioria. Enquanto Ramis Bucair estiver vivo, Rondon será lembrado. Depois...

O 1º projeto cultural da Universidade da Selva foi o Museu Rondon. Os “amigos de Rondon” inauguraram o seu busto na entrada do campus. Em 1981 o famoso arquiteto Sérgio Bernardes esteve em Cuiabá a convite da Uniselva. Jantamos no restaurante - residência da querida Telê Bastos. Dunga Rodrigues foi convidada para o piano. Sérgio Bernardes comeu tanto que tive que ficar caminhando com ele pelo centro de Cuiabá. Naquela época não era passeio de alto risco. Na Praça Alencastro onde há um busto do Rondon, Bernardes me pergunta se existia o Memorial Rondon. Envergonhado respondo que não. Meses depois, sem ônus, o arquiteto famoso brindava Mato Grosso com um Projeto do Memorial Rondon. Era para ser construído no local do seu nascimento. O projeto era uma homenagem ao Estado de Rondon. Eu repassei o projeto à Secretaria de Cultura do Estado. Nunca mais tive notícias dele. Acho que perderam. O Estado jamais se preocupou com a memória dos construtores desta civilização.

Como ficaremos ao receber, na terra de Rondon, a exposição itinerante do nosso Marechal Rondon que percorrerá oitocentos municípios brasileiros? Talvez escondidos na arena multiuso.

Que vergonha!

Gabriel Novis Neves (7.5 + 16)
22-07-2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Elefante branco

O todo poderoso Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em recente entrevista - após a eliminação do Brasil - deixou milhões de telespectadores surpresos ao declarar que a FIFA impôs ao Brasil a realização de uma subsede na Amazônia e outra no Pantanal. Acrescentou que do Brasil, o mundo só vê de positivo a Amazônia, com seus mistérios, e o nosso Pantanal, com suas belezas exóticas – além é claro da nossa ex-Cidade Maravilhosa.

Imediatamente os oportunistas de plantão se apresentaram como os pais da idéia. Por aqui deu até briga, não contando que tudo aconteceu graças ao prestígio internacional do cara. Assisti pela televisão o desfile dos candidatos à paternidade de tão importante evento! Com o fiasco da seleção de jogadores brasileiros em clubes europeus, a idade avançada dos atletas, e a realidade do vultoso investimento, o quadro da paternidade agora é outro. Os “acusados” estão exigindo teste de DNA, e negando a outrora paternidade.

O Presidente da CBF declarou também na mesma entrevista, que as “arenas” construídas com o dinheiro do povo, através de empréstimos bancários, serão apenas para a realização de dois ou três jogos da Copa. Isto todo mundo já sabia. Mas, e depois da Copa? No caso da Amazônia e Pantanal, os clubes de lá não levam público às “arenas” pelo simples fato de não possuírem futebol. Os seus clubes só disputam a terceira e quarta divisão do campeonato brasileiro.

Um dos jornalistas que o entrevistava, diante do monstruoso investimento que esses estados seriam obrigados a fazer, faz a célebre pergunta: “E aí? Como fica a arena e o sacrifício do seu povo em uma obra tão desnecessária?” Com muita diplomacia foi dito então que o governo aceitou todas as imposições da FIFA, e nas entrelinhas deu a entender o seguinte: o governo estava apenas visando carona política no sucesso do hexa, que se transformou em insucesso. O Presidente da CBF foi bem objetivo. Tão do agrado da nossa gente!

As novas arenas serão transformadas em “elefantes brancos”. Que papelão! Quanta irresponsabilidade dos nossos dirigentes! Não sei se Manaus tem experiência com elefantes brancos. A cidade das águas, do peixe boi e do peixe elétrico e tantas belezas naturais, talvez nem saiba da existência deste animal. Mas, fique aliviado Senhor Presidente da CBF! Aqui nós temos muita experiência com estes animais! Inclusive o novo elefante branco, apelidado de arena multiuso, terá companhia de outro, construído ao seu lado. E são tantos os existentes por aqui!

Lembro-me de uma festa que assisti há pouco tempo, quando um elefante branco foi colocado em um hospital do SUS. O nascimento do elenfatinho foi lindo! O papel do projeto era entregar a todos os pacientes hospitalizados, no dia da sua alta, uma fatura discriminando os seus gastos durante a sua permanência no hospital. Só funcionou no dia da inauguração. Em seu lugar, um elefantinho branco. O Programa Fila Zero, para internação de pacientes do SUS, parece mais “o cordão dos puxa-sacos que cada vez aumenta mais.” É mais um elefante. E o caso dos transplantes de órgãos? A fila não anda, logo não consegue diminuir a demanda. “Causos e causos” de elefantes brancos eu poderia aqui relembrar. Entretanto, acho que não vale à pena nos impingir mais sofrimentos.

Uma coisa eu posso garantir ao Presidente da CBF - experiência com elefantes brancos nós temos, e muita! O que não temos mais é paciência para aturar mais um sacrifício do povo para a criação de Negritomais um elefante branco!

Gabriel Novis Neves (7.5 + 01)
07/07/2010

REESTRÉIA

Ontem, a noite foi marcante para mim. Tive a honra de ser convidado para um programa de televisão, no horário nobre, para dar uma entrevista ao vivo. São as minhas preferidas – as entrevistas ao vivo. Então, após um longo período afastado da TV, ali estava o cidadão, eu no caso, pronto para enfrentar os “ataques” do Quico e Marcelo, jovens jornalistas que acabara de conhecer nos estúdios da TV Cuiabá.

Não senti o tempo passar, sinal que a dupla de entrevistadores é da melhor qualidade profissional. Falamos de tantas coisas sérias, num ritmo para serem levadas a sério - o humor. O tempo do programa se esgotou. Notei certa frustração no Quico e Marcelo. Havia uma pauta a ser seguida, com o foco principal na área da saúde. O tempo acabou e nem dez por cento da pauta foi cumprida, embora discutíssemos o tempo todo, inclusive sobre saúde.

Jovens jornalistas! Eles não devem conviver muito com idosos! Não sabem que os velhos nunca deixam esgotar um assunto. Esse comportamento é proposital, para se criar o hábito do retorno para a conclusão do assunto sem fim, evitando a solidão. Para mim a comunicação humana é um dos três prazeres fundamentais do ser humano. É o oxigênio que não deve faltar nunca, especialmente para quem está dobrando “O Cabo da Boa Esperança.”

De retorno à minha casa, ligo o computador e encontro uma mensagem. Era de uma amiga que assistiu a entrevista. Sua mensagem: “- Gostei do gel no cabelo”. Pelo visto o meu cabelo chamou mais a atenção do que o conteúdo da entrevista. Tudo bem, pelo menos um ponto positivo.

Hoje pela manhã ao chegar ao Hospital para trabalhar, o porteiro do estacionamento ao abrir o portão, me cumprimenta assim “- Boa a entrevista do senhor, doutor.” Agradeci, e ele continuou: “- Nunca tinha pensado que o tão difamado Pronto Socorro é o que tem menos culpa no péssimo atendimento da saúde em Cuiabá. Agora sei que não tem um responsável, mas vários. É bom saber dessas coisas, especialmente agora (referindo se as eleições). Ele emenda: “- É por isso que gosto de assistir esses programas.” Agradeço ao meu colega de trabalho e chego ao consultório.

Fiquei satisfeito com essas observações, feitas quando grande parte da população ainda dorme aproveitando o friozinho, tão raro na nossa cidade. Obrigado jovens. Descobri que não há choque de gerações num ambiente despido de vaidades, onde todos são iguais e a etiqueta não tem valor.


Gabriel Novis Neves (7.5 + 08)
14/07/2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sábia escolha

Um grupo de partidos microscópicos se reúne, ou se agrupa, e batiza esse ato de “Frentona”! Hum!!! Muito esquisito! Já tivemos esta experiência em eleições anteriores. Mas, agora, o que mais me chamou a atenção foi a organização presunçosa dessa “Frentona”.

Escolheram o presidente regional do PTN como coordenador geral da “Frentona.” Na primeira entrevista coletiva que ele concedeu, e espero ter sido a última pela repercussão negativa causada, categoricamente afirmou que irá atuar em sentido inverso ao PT, já que apóiam a mesma candidata. “Enquanto o PT irá buscar votos nas classes C, D, E, estarei com o meu grupo trazendo votos das classes B e especialmente da A!” – enfatiza o entrevistado. O que é isso, gente! Eu li. É verdade! O coordenador da “Frentona”, por ser compadre de gente importante, acha que é rico e vai trabalhar numa área onde é mais conhecido.

Pobre candidata do charuto! Apoios explícitos como esses da “Frentona,” detonam qualquer candidatura. Deixa bem claro que ela não tem votos daqueles que estudaram, tem uma profissão e vivem com dignidade. Aí o PT não penetra. Só nos grotões dos “vales” ou “bolsas.” Pelo que sei o PT nasceu nas igrejas e universidades com o apoio dos trabalhadores, principalmente do ABC paulista. Nesta época o coordenador atual espalhava que o pessoal do PT comia criancinhas. Os artistas, poetas, escritores, compositores, cantores, músicos, jornalistas, jovens, ex-exilados, professores, são da faixa D? Hoje o PT é o partido dos banqueiros, grandes produtores rurais, empresários e ricos de um modo geral. É nessa faixa que o coordenador da “Frentona” pretende conquistar votos. Não o conheço, mas imagino que seja um empresário muito importante nessa camada que ele acha que a candidata não possui votos!

Barbaridade! Senhor PT, avise com urgência ao coordenador desse time, para imediatamente se deslocar até as classes C, D, E, e explicar porque não temos saúde, educação, segurança, transporte e qualificação para ser aceito em um emprego reservado para as classes C, D, E.

Sei que não há cura para a curiosidade, mas gostaria de saber quem foi o idealizador desta sábia escolha.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 10)
16/07/2010

domingo, 18 de julho de 2010

DOMINGO NO SÉCULO XXI

Antigamente o domingo era um dia especialmente dedicado à leitura dos jornais e revistas. Eu lia tudo, até os anúncios nos velhos semanários. Os jornais dos domingos daquela época, eram tão volumosos, possuíam tantos encartes, que eram vendidos por quilo após terem sido lidos. De um modo geral, os leitores sempre recortavam algum artigo do seu interesse para guardar, antes de serem vendidos.

Hoje pela manhã o porteiro do meu edifício me entregou uma carga pesada de jornais e revistas. Após dar uma lida verifiquei que praticamente não se aproveita nada. A internet acabou com as surpresas e furos de reportagens nos jornais e revistas – neste aspecto a Internet é implacável e insuperável. Os escribas dos jornais, salvo raras exceções, seguem a pauta segundo os interesses políticos da empresa.

Com relação aos jornais e revistas locais, salvo também algumas exceções, só posso dizer que sinto um grande desgosto ao lê-los. É um verdadeiro escárnio. Difícil de suportar. A maioria participa daquela famosa “taxa de zelo”. Imposição dos governos. Temos revistas caríssimas editadas em São Paulo - com genética no Palácio Paiaguás - e outras em Goiânia. Justiça seja feita – algumas são editadas, e muito bem editadas, aqui mesmo em Cuiabá. Quase todas as matérias desses veículos de comunicação são oficiais. Mostram ao descuidado leitor – eleitor – o que não existe. Ah, sim, claro! A distribuição é gratuita. Fico aqui me perguntando: como uma empresa consegue fabricar um produto e não cobrar por ele? Eu, heim! Esse pessoal do poder acha que somos otários, ou no mínimo, ingênuos.

Só sei de uma coisa: o domingo perdeu a sua característica de leitura e comentários sobre os fatos importantes da cidade. Estevão de Mendonça, que escreveu a história de Mato Grosso baseado em recortes de jornais, hoje estaria aposentado com salário mínimo pelo INSS e contando suas histórias aos notívagos. Triste transformação deste país, que um dia produziu Machado de Assis e Rui Barbosa! Hoje produzimos os “que têm”, despreocupados com “aqueles que são”. Não é à toa que os principais jornais do Brasil e de Cuiabá fecharam as suas portas. Acabou o diálogo, o contraditório, a luta pelas idéias e pelos ideais.

Triste domingo do século XXI!

Gabriel Novis Neves (7.5 + 11)
17-07-2010

Dificuldade

Não é nada fácil ser político, especialmente no Brasil. Não possuímos partidos políticos, os programas partidários jamais são cumpridos e, na sua grande maioria, o eleitor não sabe nem em quem está votando. Os marqueteiros fabricam o produto a ser consumido. Só têm acesso a esses valorizados profissionais, os candidatos ricos.

Os próprios candidatos, com pequenas exceções, nunca leram o seu próprio programa de governo. Algumas frases de efeito, boladas por aqueles “anjos$$$ da guarda”, são decoradas pelos candidatos que ficam repetindo, como papagaios, pelos quatro cantos da sua área eleitoral. Quando eleitos, passam o seu longo período de governo só ouvindo aquilo que querem, e lhes interessa, dos profissionais competentes – os serviçais de todos os governos. Que situação!

Outro dia foi divulgado o resultado de um trabalho sobre transparência governamental. Não sabia de nada, pois não li nenhuma matéria sobre o assunto. A questão é a seguinte:

O Brasil possui 26 estados. Mato Grosso conseguiu o vergonhoso 21º lugar no quesito transparência nas suas ações governamentais. E agora como é que fica para o pedidor de votos sair com a faixa no peito mostrando que as coisas por aqui foram feitas com transparência? A saída é jogar a culpa no marqueteiro que inventou a frase, ou o que é mais comum, encontrar outro culpado. Ô vida!

Este é apenas um dos itens que deixa alguns candidatos sem discurso. Outros, com certeza, logo virão à tona para conhecimento do grande público. Nesse momento, em que falta o discurso, por aqui é comum o uso da mala milagrosa. E nessa mala existe estoque abundante de artifícios escusos para angariar votos – e ainda se intitulam um governo de quebra de paradigmas e transparência! Para que não levem este texto para a literatura, acabei de tomar conhecimento desta posição humilhante do nosso estado - por esconder como gastou o dinheiro dos impostos que pagamos - através de uma emissora de televisão que atinge todo o nosso território. Imagino a frustração que assola este estado! Depois dessa, será que alguém de muita coragem – e cara de pau - ainda aparecerá defendendo a transparência?

Gabriel Novis Neves (7.5 + 10)

16/07/2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

HORÁRIO DE MÉDICO

O médico, dentre todos os profissionais existentes no mercado de trabalho, é o que melhor administra seu tempo. Consegue estar ao mesmo tempo em vários lugares exercendo sua atividade profissional. O dia para o médico é mais longo e produtivo. Essa qualidade dos médicos de espichar as horas do dia, há anos é objeto de estudos para os cientistas, e desespero para os fiscais de carga horária. Vocês nunca pensaram nesse “dom”, que só os médicos possuem né? Os clientes reclamam do “atraso” característico do atendimento médico, reclamam, mas acham que é sinal de eficiência.

Certa ocasião eu perdi uma cliente, e fiquei sabendo depois que ela duvidou dos meus conhecimentos hipocratianos, pois atendia sempre no horário marcado. Procurou um colega que nunca conseguia respeitar o horário combinado, sinal de eficiência na visão dela. No fundo no fundo, ela tinha razão. Devemos procurar sempre, as pessoas muito ocupadas e que nunca tem tempo para nada. Aqui em Cuiabá temos o horário de Brasília, o nosso e o de verão. Quando nos relacionamos com outros países, necessitamos de uma máquina calculadora para a tradução dos fusos horários. Quem acompanha a Fórmula I, sabe perfeitamente o que significa os horários das corridas!

Fiz esta introdução para falar do horário marcado, e o horário em que somos realmente atendidos em uma consulta médica. Acertar este momento esperado do atendimento é uma expectativa e um exercício de probabilidades. Uma cliente me disse, com ares de incredulidade que fora atendida no horário marcado. Ficou tão desconfiada do fato que perguntou à recepcionista do consultório o que estava acontecendo. A resposta foi simples: quando chove não vem ninguém. E naquele dia chovia muito.

Nesta minha fase da vida, onde não tenho pressa prá nada, até gosto de tomar “chá de cadeira” na sala de espera dos consultórios médicos. Encontro amigos que não via há muito tempo, outros que custo a reconhecê-los, e o mais interessante é quando pergunto: “- Oi, como vai?” Eles respondem: “- Tudo bem, graças a Deus.” O melhor mesmo na sala de espera é fingir interesse em uma leitura qualquer, e ficar atento as conversas que só acontecem em espera de consultas. São verídicas, maravilhosas e traduzem com perfeição o sentimento humano. Ah! Se os nossos candidatos pudessem passar meio período, na sala de espera de um consultório médico, anonimamente e ouvissem o que se conversa ali! No mínimo fariam um plano humanizado para atendimento à saúde de qualidade, sem gastar um tostão. É uma sugestão gratuita, para evitar o “botox” dos planos encomendados, de difícil deglutição pelo eleitorado. Entender o horário médico é meio caminho andado para melhorar a saúde pública.

Gabriel Novis Neves
27/03/2010

Projeto Aripuanã 2010

Concebido em uma chácara no Coxipó da Ponte em 1971, nascido em Brasília em agosto de 1972, na 1ª Reunião dos Reitores das Universidades Públicas Brasileiras (CRUB), batizado em 1973, na Cachoeira das Andorinhas, no então maior município do mundo - Aripuanã.

A utopia da ocupação racional da Amazônia recebeu o nome de Cidade Científica de Humboldt. Esta cidade foi totalmente planejada e construída pela saudosa Universidade da Selva (UNISELVA). Uma verdadeira operação de guerra foi montada a partir de Vilhena, em Rondônia, para a ocupação da área. Isto só foi possível pelo apoio do governo federal, envolvendo vários ministérios e o entusiasmo de uma geração de utópicos. O mundo aguardava uma resposta científica para a nossa cobiçada Amazônia.

Estava materializado o grande sonho e a disciplina principal a ser estudada era a amazonologia. Cientistas brasileiros, especialmente os do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Evandro Chagas, do Pará e da Uniselva foram os seus primeiros moradores. Todos tinham um objetivo comum - promover o desenvolvimento sustentável da floresta (1971). O primeiro aviso que recebemos de Aripuanã naquela época pelo rádio, na base de operações do Coxipó, sede da UNISELVA, foi o pedido de imediata inversão do consagrado binômio ensino-pesquisa, para pesquisa-ensino. Assinava a mensagem, não um pesquisador com formação em Harvard, porém o homem da floresta, o maior conhecedor desse mundo até hoje fascinante com as suas surpresas. Nome do autor da mensagem? Ceremecê, o grande cacique xavante, nosso colaborador do saber amazônico. Justificativa: “Ninguém ensina o que não sabe, ainda mais em nível de universidade”.

Foi o Projeto Aripuanã que viabilizou a recém-nascida UNISELVA hoje UFMT. Também provocou a visita do futuro presidente do Brasil a nossa sede no Coxipó. Queria conhecer melhor a metodologia proposta de uma jovem universidade, em inverter ensino-pesquisa, montar uma cidade científica na selva, e assumir o compromisso de desenvolver Mato-Grosso, respeitando o meio ambiente, onde os cientistas de todo o mundo participaria, juntamente com os saberes dos povos da floresta. Claro que não iríamos nos esquecer das artes e nossa cultura, como também com a formação de gente.

A nossa ambição maior era construir uma usina de conhecimentos na selva. Essa visita do futuro presidente do Brasil a nossa sede, foi o fator definitivo para, no seu governo, colocar em execução a sua velha tese da redivisão territorial do Brasil. Com essas duas ações imediatas - viabilização da UNISELVA e redivisão territorial de Mato-Grosso, o Projeto Aripuanã enfrentou grandes obstáculos. Internacionais, como a 2ª grande crise do petróleo, invibializando grandes distâncias em países em desenvolvimento. Nos governos atingidos como o Brasil, mudanças de rumo, retirando da prioridade os projetos de longas distâncias, entre outros Aripuanã. A pressão política dos migrantes, com dinheiro para o nosso estado, com a sua visão de progresso. Ele não significava o desenvolvimento que defendíamos.

Com boa bancada no Congresso Nacional e nas Assembléias Estaduais, a moto serra venceu a ciência para a nossa tristeza. As conseqüências desse desastre passaram às novas gerações. Desenvolvimento sustentável da Amazônia virou agora mote de campanha política. Reparem nos próximos programas eleitorais gratuitos. Mande alguém contar quantas vezes ouviremos esta frase dos destruidores das nossas florestas. Nunca mais quis saber notícias de Dardanelos, Cachoeiras das Andorinhas e da Fumaça que era na época o radar dos nossos pilotos. Quantas vezes na longa e angustiante viagem em monomotor sentíamos alívio ao identificar a fumaça produzida pelas quedas das águas.

Reencontrei Aripuanã 2010. O sonho não acabou. Uma nova fonte de recursos para pesquisa na região está surgindo para a nossa UFMT - herdeira da UNISELVA. Os tempos são outros, mas a compreensão atual é da UNISELVA. Precisamos da ciência e do conhecimento - única porta para se entrar no mundo civilizado.

Gabriel Novis Neves (7.5 - 02)
07/07/2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

OS FUXIQUEIROS



Fiz hoje exatamente o que faço há vinte anos. Com o céu ainda estrelado, eu acordo. Tomo o meu guaranazinho da longevidade e “acendo” o meu computador para saber se posso sair às ruas com segurança para a minha caminhada matinal. A caminhada é imprescindível para os idosos e para aqueles que amam a saúde. Assim que o dia começa a clarear desço para o exercício.

Ao chegar à calçada, bem em frente ao prédio onde moro, vejo uma faixa. Olhei de relance para aquela faixa. Afinal, elas estão sempre presentes, nos aniversários, noivados, casamentos, anunciando vitória de candidatos no vestibular, bodas de todos os metais, festas, promoções e até prêmios para localizar cachorros perdidos. Acontece que alguma coisa naquela faixa me chamou a atenção. Olhei agora com mais atenção e, levei um susto! Era o meu nome que estava na faixa! Fiquei perplexo! O que eu estava fazendo ali naquela faixa? Não era meu aniversário nem nada! Li com atenção o texto escrito. Agora sim, estava mais perplexo ainda! Fui andando, ainda pensando no significado daquela faixa, quando percebi que ao longo da rua havia várias faixas penduradas. Elas iam da porta do meu prédio até a Padaria Viena que fica no final do quarteirão. Pensei: “Meu Deus! Será que eram todas para mim?” E eram. Fui caminhando e lendo as faixas.

Na 1ª faixa estava escrito, em letras garrafais: “PARE DE ESCREVER GABRIEL NOVIS – VOLTE PARA NÓS”. Tinha até assinatura: OS FUXIQUEIROS. A faixa estava toda decorada com coraçãozinhos cor de rosa
.


Na 2ª faixa, ocupando toda a extensão da rua, estava escrito: “VOLTA GABRIEL NOVIS – ESTAMOS COM SAUDADES”. Assinada pelos Fuxiqueiros, aliás, todas eram dos Fuxiqueiros. Também esta estava enfeitada com vários coraçãozinhos cor de rosa.


Na 3ª faixa, localizada bem na esquina da padaria, estava escrito: “VOLTE GABRIEL NOVIS - ACABE COM O NOSSO ESTOQUE DE PÃES!" Os Fuxiqueiros, lógico.


Lógico também que estas faixas e os seus dizeres ocuparam todos os meus pensamentos durante a caminhada. Então vejamos: na 1ª faixa entendi o recado como certa censura às minhas fotografias ou radiografias do nosso cotidiano. Mas, com carinho, e por certo que eram de amigos, pois queriam que eu voltasse. Para onde ainda não sei bem, mas queriam que eu voltasse. Na 2ª faixa, como diz meu povo, eu me senti envergonhado. Quem estava com saudades de mim? Por certo que também eram de amigos, pois ninguém sente saudades de inimigos. Só pensava nas minhas cinco netas analisando “aquela homenagem ao vô...” A 3ª faixa tomou mais o meu tempo em reflexões e merece uma parte especial, pois, com ela descobri a identidade dos fuxiqueiros.

Todos os fuxiqueiros sabem que estou fazendo higiene alimentar por determinação médica, pois andei maltratando o ponteiro das balanças. Nada de grave que merecesse um cartão amarelo ou vermelho. Apenas uma severa advertência. Procurei evitar o perigo de cair em tentação, seguindo o que aprendi em casa - “O que os olhos não vêem o coração não sente.” Parei, portanto de freqüentar a padaria: aquilo é um verdadeiro inferno para quem não quer cair em tentações engordativas. E todos os fuxiqueiros sabem que eu adoro pãozinho quente, minha alimentação predileta. Avisei os fuxiqueiros da minha decisão. Houve até um “bolão” para saber quanto tempo demoraria esta minha dieta. Todos perderam, até eu: perdi oito quilos. Inconformados partiram para a “de-FAMA-ção” deste pobre ser humano. É pelo menos desumano esta atitude, tentando minar a força de vontade, característica maior do alvo da gostosa e salutar brincadeira.

Conversei com analistas do comportamento humano sobre este assunto e eles chegaram às seguintes conclusões. “Os fuxiqueiros são seus verdadeiros amigos. Padecem do Complexo de Édipo e não conseguem viver sem a sua companhia. Acham que estão te perdendo para a literatura. Consideram você como um Deus da Saúde, e jamais irão acreditar na história da dieta, típica de doentes”.

Devo confessar que passei momentos felizes com a brincadeira. Fico imaginando a rodinha de amigos confabulando sobre as faixas e caindo na gargalhada. Eles também devem ter passado momentos felizes. Mas, tomei minha decisão: vou continuar com a minha higiene alimentar e vou continuar a escrever. E eles? Vão continuar a fuxicar
.


Gabriel Novis Neves ( 7.5 + 04 )
10/07/2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

O iconoclasta

Como tenho algumas horas vagas no dia, resolvi fazer um curso básico de Direito Penal. Não chega a ser uma especialização. Pela carga horária diria que se trata de um curso básico mesmo. Básico dos básicos. É importante que todos tenham certas noções de Direito Penal, principalmente para os que escrevem – mesmo os clandestinos, como é o meu caso. É importante para podermos nos resguardar e evitar o terrível esparadrapo na boca, as infindáveis audiências de conciliações e as estratosféricas despesas com advogados. Sem falar das frequentes ameaças que recebemos, constrangimentos a que somos submetidos e campanhas difamatórias de que somos alvo. Eu já tive a minha cota de campanha difamatória: a “das faixas”, lembram?

O meu professor é competente e compreensível - às vezes me orienta até fora de hora. Hoje em dia é difícil encontrar um mestre como o meu. Na semana passada o assunto da aula foi: tipos de homens. Desconhecia completamente a existência de vinte e três espécies de homens. Tipos interessantíssimos somos nós! Ontem a aula foi sobre o iconoclasta. O nome não lembra coisa de receituário médico? Mas não é nada nem parecido. Aí de nós se ele não existisse! O iconoclasta é aquele tipo de homem que “prova com suas blasfêmias que este ou aquele ídolo não passa de uma besta e deixa dúvidas, pelo menos num dos que o ouvem.”

Após deixar passar os murmurinhos na sala, levantados pelo impacto da definição de iconoclasta – principalmente no “Índio Véio” - o nosso sábio professor continua a explanação nos contando uma parábola: “a mente humana avançou muito desde que alguns gaiatos depositaram gatos mortos em santuários e depois saíram pelas ruas espalhando que aquele deus no santuário era uma fraude - provando a todo mundo que a dúvida era uma coisa legítima.” Levantei o indicador da minha mão direita e disse ao professor que esse texto era de 1924, de Mencken. Tranquilamente ele me responde: “O que abunda não prejudica.”

A partir daquele dia, comecei a reconhecer virtudes nessa área anatômica citada pelo meu professor de Direito Penal. Acho que sou iconoclasta.

Gabriel Novis Neves (7.5 + 05)
11/07/2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

QUEIJO BRANCO

Dentre as centenas de tipos de queijo o meu predileto é o queijo prato – aquele amarelo - além de ser, segundo ouvir dizer, um dos mais consumidos no Brasil. Todo dia retiro-o da geladeira antes de sair para a academia de ginástica, juntamente com a manteiga, para que na minha volta, com o calorzinho da nossa cidade, encontrá-lo com a consistência de pudim, e a manteiga quase líquida.

Ao retornar da academia, ou caminhada, faço o meu café da manhã reforçado. Ah, sim, esqueci de dizer que antes de sair para os meus exercícios matinais, como algumas frutas. Pois bem. Com o queijo e a manteiga no ponto, passo-os numa fatia de pão integral – que eu chamo carinhosamente de pequena pista maldita de carboidrato. O queijo é só uma laminazinha, é gostoso, mas não posso abusar. Acompanhando esta parte sólida do meu café da manhã, uma xícara de leite integral pingado com café e duas gotas de adoçante. Finalizando, um pequeno copo de suco natural, para ajudar a engolir os medicamentos próprios da idade.

Meu irmão, que é meu companheiro do café da manhã e tem diploma da Natasha de diabético, adora um café rico em carboidratos, geléias e sucos industrializados. Também é um admirador de goiabada com queijo amarelo, sorvetes, doces de maneira geral. Possui ainda no seu quarto, guardado a sete chaves – como se ninguém soubesse - generosa quantidade de chocolate. Perguntei ao meu irmão porque não segue a dieta da nutricionista. Ele me respondeu que a dieta era insuportável, e preferia aumentar a dosagem dos medicamentos, produto que não falta nesta casa, apesar dos seus preços proibitivos, a ter que se privar das guloseimas que adora. Tudo bem. Ele já é maior de idade né?

Hoje, após várias tentativas, consegui da minha irmã fazendeira o donativo de um queijo de minas, aquele branco (1). Não que nunca tenha sido agraciado com esta doação... Mas demoooora! Fabricado na sua fazenda, como-o com o maior prazer e segurança, além de ser uma delícia. Mais salutar que o queijo amarelo, é ideal para substituir o gostoso e gorduroso amarelinho e para fazer companhia à goiabada do meu irmão.

Como falei, a doação do queijo branco andou um pouco sumida. Diz minha irmã que é porque as vacas leiteiras foram vacinadas, o que leva duas semanas. Neste meio tempo, segundo ela, a produção de leite diminui, e consequentemente a produção de leite suspensa. Mas enfim, o queijo apareceu! E lá fui eu buscar o queijo, com apuro e precisão germânicos às dez horas, horário estabelecido por ela. O complicado não foi sair da minha casa para buscar o queijo, pois uni o útil ao agradável - ir caminhando até o local da doação. Complicado foi a volta.

Para começar tive que enfrentar na volta o sol de quase meio-dia, pois aproveitei para bater um papinho por lá. Mas, complicado mesmo foi enfrentar a curiosidade das pessoas conhecidas que encontrava pelo caminho.

- O que faz com este queijo na mão? Perguntou o primeiro curioso.

- Hein?! Exclamei meio espantado.

Não, não houve nem um bom dia, ou como vai. Foi assim mesmo, na lata a pergunta. E eu expliquei:

- É para a próstata.

- Ah! Entendi! - e sorriu marotamente.

Entendeu nada! Além de não ter entendido a brincadeira, ainda achou que era um substituto do comprimido azulzinho. Por conta disso alugou bastante o meu tempo querendo maiores explicações. E sol queimando!!

- Estou brincando meu amigo! - falei calmamente. O queijo é somente para a minha degustação. Não tem nada disso não! Entendeu?

- Entendi... – respondeu meio desiludido. Deu tchau, e me liberou.

Logo adiante encontro outro amigo. Este foi mais educado, até me cumprimentou.

- Oi, Gabriel, como vai? E este queijo? Foi à feira?

- Não, ganhei da minha irmã, é para gastrite – disse galhofamente.

Ele também não entendeu que eu estava brincando – esta minha mania ainda vai me colocar em apuros, mas enfim... Por mal dos pecados este meu amigo acabara de fazer uma endoscopia que acusou uma infecção por bactérias.

- Puxa Gabriel, bem a propósito, estou com problemas desta ordem – falou todo empolgado, e diante da minha resposta acrescentou com certa esperança: - O tratamento que estou fazendo é caro e longo. Quem sabe se eu comer queijo branco...

Nesta hora interrompi o amigo e expliquei quase que me desculpando:

- O queijo branco não é antibiótico. Pelo contrário, às vezes possui bactérias que produzem infecções. Continue com o seu tratamento.

Despedi-me do amigo e prossegui meu caminho. Estava quase chegando em casa quando um gurizinho esquelético e maltrapilho aproxima-se de mim e diz:

- Moço eu estou com fome. O senhor pode me dar um pedaço deste queijo?

O que fazer diante de uma criança com fome? Nem pensei duas vezes e entreguei o queijo todo ao guri. Sem o queijo, mas feliz, chego em casa. Minha primeira providência foi telefonar para a farmácia, tão minha conhecida, e pedir reforço de medicamentos.

- O “seo” Pedro abusou de chocolate no jogo do Brasil? Indagou o vendedor que sempre me atende – e que conhece o esconderijo dos chocolates do meu irmão.

- Não - respondo. Ele está abusando é do queijo amarelo.

Como todo bom atendente de farmácia, ele também se considera um pouco médico e me alerta:

- Doutor, fala para ele mudar para o queijo branco, é muito mais saudável.

- Pois é, também acho, acontece que eu estava com um nas mãos, mas tive que doar.

- Doou para um diabético mais grave, doutor? – ele perguntou sério.

- Não, foi para uma criança com fome.

Gabriel Novis Neves
04/07/2010

(1) Trata-se provavelmente de um dos queijos brasileiros mais antigos. Estima-se que sua fabricação tenha se iniciado no século XIX, no Estado de Minas Gerais. É um queijo macio, porém mais seco e firme, de coloração interna branco-creme e casca fina amarelada. Esta casca se forma nos primeiros 10 dias de maturação. Apresenta um sabor pronunciado, ligeiramente ácido com algumas olhaduras irregulares. Seu formato é cilíndrico e seu peso varia entre 800g a 1,2 kilos.

Propaganda

Não assisto à televisão diariamente. Mas, um dia desses estava cansado, deitei na cama e liguei o aparelho. Estava passando na telinha o noticiário nacional. Horário nobre. No intervalo de um bloco de notícias para outro, viam-se propagandas e publicidades, vendendo seus produtos e idéias. Só para lembrar: é o horário mais caro da TV.

Assim foi até o último bloco. Interessei-me pelas matérias mostradas. Não estou falando do noticiário não, estou me referindo às propagandas e publicidades. As inserções políticas imperavam nos intervalos do programa. Mesmo sem nunca ter assistido a uma novela, não mudei de emissora. Queria me certificar se o mesmo “fenômeno” continuaria. E continuou, até o final da novela. Depois veio o futebol.

“Apaguei” a televisão e fui dormir - com a certeza absoluta que não conhecia a minha cidade e o meu estado. O sono demorou a chegar. Não fiquei de olhos fechados contando carneirinhos à espera dele. Mas com os olhos fechados lembrando-me das imagens e dos textos lidos nos intervalos comerciais locais. Por fim adormeci. Mas, logo, logo, um pesadelo me acorda. Confuso, não sabia em que país estava. Sonhei que morava em uma cidade muito fria, de língua difícil de falar e aprender. A rua da minha casa era toda asfaltada, como todas as outras; não precisava comprar água mineral, pois tinha na torneira da cozinha. Em cada quadra existia uma banca de jornal, revistas e livros. As ruas do bairro eram todas arborizadas, e cada quadra contava com uma praça com brinquedos para as crianças. Nas proximidades da minha casa, uma escola para educar e formar cidadãos, um postinho de saúde devidamente equipado, uma biblioteca pública e policiamento educativo. A cidade possuía Igrejas ecumênicas, teatros, escolas técnicas e universidade pública. E tantas outras coisas que vi no meu sonho.

Aproveito que estou acordado e vou ao banheiro. Agora um pouquinho mais desperto, mas ainda confuso, fiquei pensando no sonho. Ah, então eu percebi o que aconteceu. Eu tive pesadelo sim, apesar das imagens tão bonitas com que sonhei. Tive pesadelo em função das propagandas políticas enganosas e extemporâneas que assisti na televisão de um candidato a governador.

Isso é crime gente! Vender com a maior cara de pau um produto inexistente. O que temos hoje aqui é o caos instalado, sediando inúmeras operações da Polícia Federal. A saúde e a educação totalmente abandonadas pelo poder público. A segurança ausente. Histórias de pavor brotando de todos os poderes. O comércio da droga liberado, e a politicagem reinando. Pelo poder tudo se faz, e que vão para o inferno os escrúpulos – é o exemplo que recebemos daqueles que estão no poder.

A verdade é que vivemos em um mundo sem perspectivas, em plena miséria social. Será que a tecla da máquina de votar é suficiente para resolver este caos? Respondo com segurança absoluta: não. Temos que preparar a criança que acabou de nascer para teclar a maquinazinha que irá mudar o Brasil e Mato Grosso.

Enquanto isto não ocorre, só nos restam ficarmos assistindo incrédulos às mentiras e falsas promessas dos políticos, repassando a nossa indignação através da mídia. Uma sugestão: não assistam propaganda política! E tenham um bom sono!

Gabriel Novis Neves
01/06/2010

É ELA

Escrever sobre algo que irá acontecer é alto risco especialmente quando o assunto é futebol. Paixão universal, o futebol é o único esporte que nem sempre o melhor vence. Ai está o segredo da paixão. Assim mesmo vou me arriscar pela lógica em um esporte em que a lógica não funciona. Pela sua história em dois finais da Copa do Mundo, acho que a janelinha do ônibus merece ser da Holanda. Do país das touradas, lembro-me apenas do Maracanã cantando “Touradas em Madri”... em 1950. O Brasil penta campeão do mundo, quando não consegue a Taça, sempre arruma um título para a nossa seleção. Recordemos. Em 1950, no dia 16 de julho, fomos consagrados Campeões do Mundo em “público presente a uma decisão - 200 mil pessoas.” Em 1954 ganhamos o título de “Seleção Chuteira”. A “enciclopédia” Nilton Santos, atirou a sua chuteira no rosto do Ministro dos Esportes da Hungria, que foi ao nosso vestiário cumprimentar a nossa delegação, após o baile que nos deram em campo, sob a regência do maestro Puskas. Quando a Argentina foi campeã em 1978, retornamos ao Brasil com o título de “Campeões Morais”. Em 1982 e 1986, fomos classificados como a “Seleção mais técnica da Copa”. Em 1990 com Lazaroni e Dunga, a “Seleção da raça”! Na França em 1998, a “Seleção da convulsão” escalada pelos patrocinadores dos canarinhos. Em 2006 a culpa pelo fracasso ficou debitada no “Fabricante das meias do Roberto Carlos”. Se elas não caíssem ele não abaixaria para puxá-las, logo seríamos campeões. E em 2010 quem será o campeão dos brasileiros? Sempre fomos campeões, mesmo sem o caneco. Quem? Para mim há uma campeã. Uma brasileirinha aqui de perto, quatrocentos quilômetros de Cuiabá. Seu nome: Vanessa Sigiane da Mata Ferreira, nascida em 10/02/1976, na pequena Alto-Garças ( MT ), cercada de rios e cachoeiras. Sua avó materna - xavante. Foi para Uberlândia para prestar vestibular em medicina. Mas o que ela queria era cantar. Começou em bares locais. Depois para o sucesso em São Paulo. É cantora, musicista, compositora, poeta, artista internacional. Vanessa participou da festa de lançamento da logomarca da COPA DO MUNDO 2014, em Joanesburg - África. A Copa deste ano não será conhecida como a do “Fabuloso.” Será sempre lembrada como a Copa da “Menina simples de Alto-Garças”. Durante o show assistido por milhões de pessoas em todo planeta terra, Vanessa parecia uma garça toda cheia de graça, cantando e encantando, lembrando a sua Alto-Garças. O caneco poderá ser da laranja ou do touro. Por mérito, Vanessa é a “única campeã brasileira da Copa da África”.

Gabriel Novis Neves
09/07/2010 ( 7.5 + 03 )

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Trânsito

Avenida Miguel Sutil, às oito horas da manhã de um dia normal de trabalho. Caos no trânsito. As várias rotatórias existentes ao longo da avenida, simplesmente não rodam, e o trânsito fica totalmente engarrafado. São Paulo e Rio de Janeiro, só para citar dois estados, enfrentam o mesmo angustiante problema. A via expressa da Marginal Tietê, na capital paulista e a Avenida Atlântica, no Rio, além é claro, do centro dessas cidades, o trânsito na hora do chamado rush é de enlouquecer.

Cuiabá enfrenta o problema de tráfego cheio de congestionamentos já há algum tempo. Nota-se claramente o problema na avenida que dá acesso ao Centro Político Administrativo. Lá estão localizados os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Tribunal de Contas, Federações, Institutos, Fundações, etc..., formando uma verdadeira cidade. Não disponho de dados para informar o número de habitantes burocráticos, mas provavelmente deve estar entre as dez cidades mais populosas do estado. Cheguei a esta conclusão pelos valores dos holerites ali circulantes, causadores de inveja a maioria dos nossos municípios.

O centro de Cuiabá é totalmente desaconselhável para o trânsito de automóveis em dias de trabalho. Temos na Praça Alencastro um edifício que abriga muitos servidores, que é o local de trabalho do Prefeito. A Avenida Miguel Sutil também é uma via muito importante para se chegar ao bairro do CPA, que possui mais de cem mil habitantes, além das Avenidas das Torres e Archimedes Pereira Lima. Não sei como os nossos engenheiros de trânsito encontrarão, com autonomia técnica, uma solução para este grave problema - que cada dia se agrava mais. É o fenômeno típico da cidade que cresceu sem planejamento. Estamos em época de colheita, lembrando que o se planta é o que se colhe.

O problema da mobilização motorizada é grave em Cuiabá, e a Copa se aproxima. Haja grana para viabilizar uma solução técnica eficaz para amenizar, ou resolver, o caótico trânsito da nossa cidade. O governo federal sempre foi avarento e geralmente não cumpre com os seus compromissos. Mato Grosso até hoje não recebeu toda a verba que lhe foi prometida, por ocasião da divisão do estado, e que sempre nos fez muita falta. Recentemente temos o fiasco dos recursos não liberados para o PAC I, e já lançaram o trilhardaço PAC II. A nossa Prefeitura desde o início do projeto Copa confessou não possuir um vintém para gastar, e nem possibilidade de captar recursos em bancos. O Estado diz que tem guardado os recursos financeiros para a Copa, debaixo do colchão. Na verdade está blefando, tanto é verdade que aprovou a toque de caixa na Assembléia Legislativa uma lei “especial” para o governo poder tomar dinheiro emprestado, já que o seu limite constitucional para empréstimos estava estourado. Resumindo: quem pagará a Copa serão os meus bis e tetra netos. E a solução para o trânsito de Cuiabá gente?

Gabriel Novis Neves
01/05/2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

DAQUI NÃO SAIO

Ninguém consegue me afastar da minha Cuiabá. “Terra agarrativa e linda” do poeta Gervásio Leite, das quadrinhas humoradas do historiador Rubens de Mendonça, de Dom Aquino Corrêa, autor da letra do Hino de Mato-Grosso. Cuiabá, a grande mãe desta civilização, nunca rejeitou a adoção de um filho. Na sua imensa generosidade abrigou a todos aqueles que por aqui aportaram. Sempre os tratou como filhos de sangue, e não adotivos.

O maior exemplo que posso dar do que escrevo sobre a minha querida Cuiabá, é a minha própria família. Do lado materno ela recebeu com carinho um baiano-judeu (Novis). Fez-se cuiabaníssimo, com raízes profundas nesta cidade. Do lado paterno a nossa Cuiabá adotou como filha, uma carioca filha de gaúcho com uruguaia. Essa carioquinha encantou-se por um nativo (Neves). Um, dos dezenove filhos dessa carioquinha, casou-se com uma das netas do baiano-judeu, dando origem aos nove filhos chamados de Novis Neves - união do Bugre do Bar com a Irene do Itaicy. Eu nasci em Cuiabá, na Rua de Baixo, onde o meu umbigo está enterrado. Casei-me com uma argentina, mãe dos meus três filhos cuiabanos nascidos no Hospital Geral.

O que mais me atrai em Cuiabá? Tudo. Sua gente, sua cultura, seu linguajar, seu eterno bom humor. Poderia ser conhecida, tanto como cidade-verde, como cidade dos apelidos. Tudo por aqui recebe um apelido: pessoas, ruas, avenidas, prédios, parques, festas, enfim, nada nesta gostosa cidade fica imune a aumentar, com humor, o seu nome de batismo.

Possuímos até professores especializados no assunto. O mestre dos mestres leciona na Avenida Beira-Rio. A ingenuidade da minha gente é comovente! E só para lembrar: esta cidade receberá os restos mortais da seleção do Dunga em 2014, com todo o calor humano de que somos portadores. A simplicidade e humildade do cuiabano – que para mim são todos os que vivem na cidade do Senhor Bom Jesus de Cuiabá - é pura poesia, e poesia não morre jamais. Por isso seremos sempre a eterna capital de Mato-Grosso! De nada adianta, portanto o desespero de alguns que por aqui passaram e logo foram embora, preferindo as riquezas dos nossos campos férteis e garimpos. Ainda bem!

Caminhando certo dia pela calçada de uma das principais avenidas de Cuiabá, vejo um muro meio inclinado, quase desabando. Ao me aproximar do dito cujo, chegando ao ponto mais perigoso, leio uma pequena inscrição no muro recém caiado de branco: “Cuidado! Muro está caindo!” Imediatamente liguei este “cuidado” com os transeuntes, obrigados a fugirem para a pista de alta velocidade dos automóveis, onde os riscos são bem maiores, com uma marchinha carnavalesca. Foi composta por Paquito e Romeu Gentil, para o carnaval de 1950.

Daqui não saio
Daqui ninguém me tira...
Onde é que eu vou morar...

Em lugar nenhum do mundo irei encontrar uma cidade tão inspiradora, humana e romântica, como a minha querida Cuiabá.

Gabriel Novis Neves
03/07/2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

Quanto vale

Publiquei vários artigos alertando meus poucos leitores para a perda da auto-estima da gente cuiabana - orgulhosamente chamada de “tchapa e cruz”. Na bolsa de valores dos novos colonizadores de olhos azuis está valendo, no máximo, um DAS-1. O pior é que esta gente de tanta “tradição” fica extremamente grata e submissa. Não percebe que está sendo humilhada.

Aqui, da minha “sala de parto” observo, pela leitura, essa destruição. Estão conseguindo, com essas chupetas com mel, calar a indignidade das suas condutas com esses atos, que considero obscenos. Estou digitando lendo um jornal de grande circulação.

Um candidato a cargo majoritário - que acha que irá nos fazer um enorme favor lá em Brasília - escolheu como 1º suplente, que assumirá o cargo, um ex-prefeito de uma pequena cidade do Nortão. Mas não escolheu para valorizar o Nortão que, aliás, precisa ser valorizado.

O 1º suplente do empresário candidato está servindo, não ao povo de Mato-Grosso, e sim a um frigorífico que precisa de representantes no Congresso Nacional. E quem foi escolhido para a 2ª suplência do Titanic? Um representante autêntico da cuiabania, portador de um currículo dos mais brilhantes: ex-prefeito da capital eterna de Mato-Grosso, maior colégio eleitoral do estado. Até hoje é lembrado como um dos prefeitos mais empreendedores da nossa história; deputado estadual e federal por várias legislaturas; Secretário Geral de um Ministério importante. Atualmente é apenas “adjunto” de uma secretaria. Para tripudiar e humilhar ainda mais sobre os nossos valores é o 2º suplente de um empresário e de um ex-prefeito de uma cidade pequena do Nortão e representante de um frigorífico.

Para um governo que “veio para mudar”, é uma triste realidade, para nós cuiabanos, verificarmos que a maior obra do governo atual foi destruir a auto-estima dos que escolheram Cuiabá como a sua cidade. Como se isto não bastasse, o governo “que veio para mudar” inflacionou as alturas o quadro de DAS - tão criticado por ele na campanha - deixando-nos um legado de mais de seis mil DAS. Não contando, é claro, com a “generosidade” dos repasses aos poderes não executivos.

E o que ocorre no outro prato da balança política da desmoralização de Cuiabá? Simplesmente a expulsão da moralmente legítima dona da vaga, a guerreira senadora, de reputação inatacável, de valores morais e éticos firmes, professora da UFMT. Talvez este perfil não agradasse tanto aos poderosos de plantão. Foi escolhido então o seu companheiro de partido, que com certeza será recompensado com oito anos em Brasília, pois, dizem, essa dupla é invencível.

Pasmem com a escolha dos suplentes que serão nossos futuros senadores! Os dois vencedores do chapão imbatível serão Ministros. Para 1º suplente o defensor da ética e transparência escolheu um emérito professor de um município que durante muitos anos tinha dono. E na 2ª suplência a consagrada e querida professora da nossa UFMT, lutadora popular na defesa do partido da estrela vermelha. A nossa mestra sentiu a humilhação. Não aceitou a provocação e retirou a sua brilhante biografia dessa sopa de interesses pessoais. Tudo estava planejado. Logo foi chamado um comerciante “socialista” para a 1ª suplência do ex-partido dos trabalhadores. O mestre do interior nem consultado foi, e como disciplinado aluno aceitou o rebaixamento. Este arranjo é invencível e o povo “adora sopas”. O difícil será esperar a folhinha virar.

Realmente um cuiabano não vale mais que um DAS-1, no time do atual governo. O vice do homem do Nortão para governador, não foi aceito como segundo suplente pelos espertos candidatos que não precisam de votos. Já se consideram eleitos e ministros escolhidos, apesar do rejeitado “representar” a baixada cuiabana. Está ai uma das causas da perda da auto-estima da gente cuiabana.

Gabriel Novis Neves
03/07/2010