segunda-feira, 12 de julho de 2010

Propaganda

Não assisto à televisão diariamente. Mas, um dia desses estava cansado, deitei na cama e liguei o aparelho. Estava passando na telinha o noticiário nacional. Horário nobre. No intervalo de um bloco de notícias para outro, viam-se propagandas e publicidades, vendendo seus produtos e idéias. Só para lembrar: é o horário mais caro da TV.

Assim foi até o último bloco. Interessei-me pelas matérias mostradas. Não estou falando do noticiário não, estou me referindo às propagandas e publicidades. As inserções políticas imperavam nos intervalos do programa. Mesmo sem nunca ter assistido a uma novela, não mudei de emissora. Queria me certificar se o mesmo “fenômeno” continuaria. E continuou, até o final da novela. Depois veio o futebol.

“Apaguei” a televisão e fui dormir - com a certeza absoluta que não conhecia a minha cidade e o meu estado. O sono demorou a chegar. Não fiquei de olhos fechados contando carneirinhos à espera dele. Mas com os olhos fechados lembrando-me das imagens e dos textos lidos nos intervalos comerciais locais. Por fim adormeci. Mas, logo, logo, um pesadelo me acorda. Confuso, não sabia em que país estava. Sonhei que morava em uma cidade muito fria, de língua difícil de falar e aprender. A rua da minha casa era toda asfaltada, como todas as outras; não precisava comprar água mineral, pois tinha na torneira da cozinha. Em cada quadra existia uma banca de jornal, revistas e livros. As ruas do bairro eram todas arborizadas, e cada quadra contava com uma praça com brinquedos para as crianças. Nas proximidades da minha casa, uma escola para educar e formar cidadãos, um postinho de saúde devidamente equipado, uma biblioteca pública e policiamento educativo. A cidade possuía Igrejas ecumênicas, teatros, escolas técnicas e universidade pública. E tantas outras coisas que vi no meu sonho.

Aproveito que estou acordado e vou ao banheiro. Agora um pouquinho mais desperto, mas ainda confuso, fiquei pensando no sonho. Ah, então eu percebi o que aconteceu. Eu tive pesadelo sim, apesar das imagens tão bonitas com que sonhei. Tive pesadelo em função das propagandas políticas enganosas e extemporâneas que assisti na televisão de um candidato a governador.

Isso é crime gente! Vender com a maior cara de pau um produto inexistente. O que temos hoje aqui é o caos instalado, sediando inúmeras operações da Polícia Federal. A saúde e a educação totalmente abandonadas pelo poder público. A segurança ausente. Histórias de pavor brotando de todos os poderes. O comércio da droga liberado, e a politicagem reinando. Pelo poder tudo se faz, e que vão para o inferno os escrúpulos – é o exemplo que recebemos daqueles que estão no poder.

A verdade é que vivemos em um mundo sem perspectivas, em plena miséria social. Será que a tecla da máquina de votar é suficiente para resolver este caos? Respondo com segurança absoluta: não. Temos que preparar a criança que acabou de nascer para teclar a maquinazinha que irá mudar o Brasil e Mato Grosso.

Enquanto isto não ocorre, só nos restam ficarmos assistindo incrédulos às mentiras e falsas promessas dos políticos, repassando a nossa indignação através da mídia. Uma sugestão: não assistam propaganda política! E tenham um bom sono!

Gabriel Novis Neves
01/06/2010

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