Este
sentimento está tão atrofiado em nossa sociedade, que nem mais o identificamos.
Muitos já se esqueceram de que as homenagens são para os mortos, e que os vivos
necessitam de solidariedade.
Não
é que, quando menos esperamos, somos surpreendidos pela presença dela? E que
bem faz à saúde!
A
solidariedade não tem pátria, e é possível encontrá-la em qualquer lugar,
independente da raça, religião, ideologia política e outras invencionices
desnecessárias à nossa harmonia e felicidade.
Como
nos sentimos acarinhados pela presença dela! É como se tivéssemos recuperado
parte do nosso corpo.
Difícil
encontrar uma causa do seu desaparecimento, ainda mais quando não deixa
saudades.
O
egoísmo patológico. O consumismo desenfreado. A loucura da competição sem
parâmetros éticos. A luta pelo “ter”, e não, pelo “ser”. A deturpação da
educação das crianças pelo “criar”. Esses são alguns dos fatores férteis de
desenvolverem em genética predisposta e o ambiente em que vivemos seres
antissolidários.
O
ser humano perdeu importância. Os valores morais e éticos foram substituídos
por equívocos fatais de uma sociedade em decomposição onde reina a violência,
brutalidade, corrupção, campos impossíveis para a sobrevivência da
solidariedade.
A
chamada solidariedade humana, atualmente, não resiste ao teste do olho no olho.
Como
dizem os sábios populares, falar é fácil, difícil é fazer.
As
nossas instituições nunca são solidárias. Inocentes morrem por falta de
medicamentos, enquanto centenas de caixas de remédios são jogadas no lixo por
terem o seu prazo de validade vencido.
O
grande escritor e jornalista Otto Lara Rezende cunhou uma frase que demonstra o
que representa a solidariedade: “o mineiro só é solidário no câncer”.
Conceito
profundo de um pensador no simbolismo do câncer, que, muitas vezes, é o final
da nossa existência.
A
solidariedade humana é o verdadeiro oxigênio que irriga os nossos tecidos.
Exterminá-la
é viver descerebrado.
Incrível
como nesse mundo globalizado, materializado, competitivo, futilizado, isso não
incomoda e, muitas vezes, nem é observado.
Existem
neste Planeta ilhas resistentes a essa doença mais grave do que todas as
guerras, por mais cruéis que sejam.
“Nós
estamos aqui na Terra para sermos bons para os outros. Já, porque os outros
estão aqui, eu não sei” - (W.H.Auden).
Gabriel
Novis Neves
06-06-2013