quinta-feira, 30 de abril de 2015

Pátria educadora


Bela frase de marketing! Mas, na verdade o que temos é uma “pátria deseducadora”, com exemplos dos nossos maiores dirigentes sem ética nenhuma no trato com coisas públicas.
Como acreditar em “pátria educadora” em um país em que a maior parte dos nossos municípios não possui o mínimo de condições para oferecer aos seus alunos um razoável ensino básico?
Nessas condições, aqueles que ultrapassam o nó do ensino médio e chegam às nossas universidades, muitas vezes não apresentam condições para participar de certos cursos, como por exemplo, engenharia civil, se não tiverem aulas de recuperação em matemática.
A expansão irresponsável do nosso ensino superior, sem cuidados com a qualidade do ensino básico, nos fez chegar ao FIES, que é um programa social revestido com o nome de Fundo de Financiamento Estudantil para custear o estudo de jovens sem recursos para frequentar as universidades privadas, maioria neste país. 
Feito às pressas, aquele programa está condenado ao fracasso, deixando em situação difícil milhares de jovens universitários e suas respectivas instituições.
O governo tem de assumir o comando da educação por ser fator decisivo para o nosso desenvolvimento social e econômico.
Para isso é necessário que a “Pátria educadora” absorva o ensino básico nos municípios pobres, como bem lembra o educador e Senador Cristovam Buarque.
Criar slogans e deixar a banda passar não resolverá em nada as nossas necessidades de produzirmos doutores para o mundo competitivo do conhecimento.
“Nossas escolas são do século XIX, com professores do século XX e alunos do século XXI”.
Não sendo atrativa, a evasão escolar no ensino médio continua a ser o nosso maior desafio.
Educação é prioridade nacional, dizem todos, porém, nunca multidões saíram às ruas reivindicando esta melhoria.
Quando o Senador Cristovam Buarque foi candidato à Presidência da República, o seu programa de governo se resumia em apenas uma prioridade: Educação.
Foi até debochado no Programa da Rede Globo, que disse ser ele o candidato de uma proposta só, e que isso interessaria a todos os brasileiros.
Apurada as eleições, o educador obteve 2% dos votos dos brasileiros.
O governo tem de demonstrar com atos concretos que, realmente, a educação é a nossa necessidade primeira.
Às ruas povo brasileiro, por uma educação de qualidade! - poderia ser a próxima marcha.

Gabriel Novis Neves
21-04-2015

quarta-feira, 29 de abril de 2015

ECONOMIA CLANDESTINA


Esse tipo de economia fica muito evidente durante as festas momescas.
Nesse ano a Escola de Samba Beija-Flor se consagrou vencedora dos desfiles de carnaval na Marquês de Sapucaí.
Foi grande a polêmica através das redes sociais em função daquela agremiação ter sido financiada pela República da Guiné Equatorial, uma das maiores ditaduras africanas.
Acontece que o Brasil mantém relações comerciais com esse pequeno país extremamente rico em petróleo (quatrocentos mil barris/dia) e madeira  e de uma população que vive em absoluta penúria.
A família dos mandatários, que está há vinte e nove anos no poder, se reelege automaticamente com 99.5% dos votos.
Apesar de tudo isso, as grandes potências mundiais, tais como Estados Unidos, França e China,  continuam mantendo relações comerciais com esse rico pobre país, logicamente isentos dos critérios de justiça lá praticados.
O “Deus Dinheiro” não costuma se interessar por esses detalhes humanitários.
A comunidade da Beija-Flor, dentro desse espírito de isenção crítica, foi agraciada com recursos que propiciaram um dos mais belos desfiles de sua história.
Ao contrário de alguns comentaristas mais abalizados, não vi no enredo uma propaganda da cruel ditadura, mas sim, uma tentativa de integração de todas as culturas africanas, inclusive a nossa,  nos primórdios da nossa civilização.
Há que se parar com essa dicotomia hipócrita que procura separar o poder público das figuras da contravenção do jogo do bicho que há décadas  abrilhantam os carnavais.
Somos dos únicos países do mundo a não regularizar os jogos de azar, mas convivemos cordialmente com os seus propiciadores, que são fortemente aplaudidos pela população e até pelos poderes constituídos durante os desfiles carnavalescos.
A grande maioria das oitenta e quatro escolas existentes é dirigida por contraventores  bastante conhecidos por todos e, como pertencentes ao país das contradições, são execrados e mantidos na ilegalidade  fora das festas momescas.
Urge que sejam legalizados todos os jogos  de azar através de leis sérias e eficazes e que se encerre de vez esse ciclo hipócrita que apenas nos envergonha como país que se pretende civilizado. 
Só o carnaval  gerou no Rio de Janeiro um montante de dois bilhões de reais, trazendo para a cidade um milhão de turistas em menos de cinco dias. O gasto da festa foi calculado em aproximadamente oitenta milhões de reais.
Portanto, muito mais positivo que o da famosa Copa do 7x1, conforme dados divulgados na época.
A partir de 1983, com a inauguração dos sambódromos nos diversos estados brasileiros, apequenou-se o carnaval das ruas, razão primordial das festas.
No ano 2000 foi criada a Sebastiana Carnaval de Rua (Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul)  que, apenas no Rio de Janeiro, somam quinhentos.
Tal como nas escolas de samba, esses blocos conseguiram atrair de volta às ruas todas as classes sociais, principalmente a média, até então afastada.
Uma vez legalizados  os jogos que incrementam a nossa economia já não mais teremos a economia clandestina do carnaval, e sim, a verdadeira distribuição para todos os demais setores, inclusive para a nossa tão deficitária saúde.
Todos se beneficiarão com essas medidas, e as polêmicas sobre a origem  da grandiosidade dos desfiles deixarão de existir.
Acorda Brasil! Abaixo a Hipocrisia!

Gabriel Novis Neves

terça-feira, 28 de abril de 2015

Cem dias


Em época de vacas magras e tesouro vazio, os governos estadual e federal estão comemorando qualquer coisa para marcar os primeiros cem dias de uma administração já conhecida.
O federal ‘festejou’ o golpe do PMDB em diminuir o número de ministérios de trinta e nove para trinta e oito, a entrega da economia a um técnico sem amarras políticas- partidárias e o controle da política do governo ao Vice-Presidente da República.
Também não devemos esquecer a eficiência da Polícia Federal em ampliar as investigações aos órgãos públicos sob suspeita de corrupção.
Os mais recentes nestes cem dias foram: a Receita Federal, Caixa Econômica Federal e até o sucateado Ministério da Saúde - informam as mídias especializadas.
O Congresso Nacional comemorou os cem dias com a demissão do Ministro da Educação e com o show dos roedores durante o depoimento do tesoureiro do PT na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o rombo na Petrobras.
Nos Estados, a falação é sobre as dívidas deixadas pelos antecessores.
Inúmeras reuniões, sindicâncias, investigação de corrupção, demissões e nomeações de comissionados, foram a tônica desses dias.
Ação concreta que é bom, só depois da ‘casa arrumada’, isto é – andamento das obras paralisadas, reformas e manutenção de outras e, finalmente, projetos saindo do papel. Repasses constitucionais aos municípios em dia e pagamento aos fornecedores do Estado.
Este é um ponto delicado, pois a dívida que ficou em restos a pagar da administração passada é um compromisso do Estado, e não, do ocupante da cadeira de honra do Palácio Paiaguás.
Mudar as regras do jogo nos contratos de serviços prestados querendo fazer pechincha nos preços combinados, além do atraso, não me parece um bom caminho a ser seguido, e é um péssimo exemplo.
Lá se foram cem dias e outros tantos teremos pela frente.
Torçamos para que as coisas melhorem e a população possa sentir as transformações que este Estado tanto necessita para o seu desenvolvimento.
Temos um bom governador, com altos índices de aprovação pelos institutos de pesquisas, e um povo trabalhador.
Vontade política é o instrumento que necessitamos para caminharmos.
Nosso futuro é promissor, mas rememorar o tempo todo o passado passa à população a incerteza dessa possibilidade tão desejada por todos os cuiabanos, de viver em um Estado com qualidade de vida.

Gabriel Novis Neves
13-04-2015

segunda-feira, 27 de abril de 2015

A VOZ DAS RUAS


As ruas falam de forma diferente das rosas de Cartola - que exalavam perfume. Tal como o nosso corpo humano, que também fala através de sinais e sintomas, e é muito importante saber interpretá-lo.
Quando milhões de brasileiros, em pleno domingo, deixam suas casas e, ordeiramente, sem a presença de políticos, sindicatos, ONGs financiadas pelo governo e partidos políticos, saem às ruas para demonstrar todo o seu descontentamento com a nossa situação atual, temos de considerar tal fenômeno.
Algo precisa ser feito com a máxima urgência, pois o povo não tolera mais medidas paliativas contra a corrupção, impunidade e ausência de políticas públicas visando o nosso desenvolvimento e bem-estar.
Vivemos em plena democracia onde os problemas são mais fáceis de ser resolvidos.
Joguemos as vaidades, interesses pessoais e corporativismo no lixo da história, e que na mesa de negociações encontremos soluções para os pedidos das ruas, enquanto houver tempo.
Não podemos mais viver no absurdo de dois países - um de maioria pobre, miserável e remediados e outro de minoria rica.
Temos de rever esse estado de coisas, e o exemplo tem de vir de cima para baixo.
Não suportamos mais manter agora, trinta e oito ministérios e uma interminável linha de aproveitadores de incontáveis benefícios roubados dos que trabalham.
Esses exemplos são tão malignos para nossa cidadania, que nossos jovens não acreditam que é a educação o caminho da ascensão social.
O mérito é uma palavra perdida no nosso mundo moderno, onde a esperteza é vista e perseguida para alcançar a riqueza imediata, clandestina e inexplicável.
As ruas estão roucas de tanto denunciar os desmandos dos nossos agentes públicos, políticos e empresários.
Nossas autoridades parecem surdas aos reclamos de seus eleitores.
A humildade deve substituir a prepotência dos nossos governantes e, nunca, menosprezar a sabedoria das ruas.

Gabriel Novis Neves
10-04-2015

Ressaca


Estamos saindo de uma semana de feriados religiosos e já iniciamos o planejamento para mais uma esticadinha de descanso (até porque ninguém é de ferro), desta vez com viés cívico.
Somos ensinados no dia a dia que tudo que nos estiver incomodando deve ser adiado. Não tem sido assim com todas as votações de interesse público?
O pior é que a gente vai se acostumando com os feriados espichados, e depois fica difícil voltar à rotina diária.
Até certo ponto é uma defesa do nosso organismo para se proteger do desnecessário sacrifício de trabalhar para produzir receita para o Tesouro de um país corrupto.
Com a queda da arrecadação dos impostos, menos roubalheira haverá e, pior do que está nossa nação, não tem como ficar.
A cada dia que passa os belos discursos de compromissos da campanha eleitoral ficam mais difíceis de serem cumpridos.
Teremos uma safra de governantes de vacas magras e muitos encerrarão suas carreiras políticas por vergonha de não cumprirem com o prometido. Será?
A prefeitura cobra do governo do Estado, que cobra do governo federal, que cobra da “crise internacional”, pela caixa vazia dos cofres públicos.
O país está em pleno arrocho fiscal e a corrupção não preocupa o Ministro da Justiça, porta voz oficial do governo federal.
Sem recursos financeiros e altas dívidas a pagar, os mais belos planos de desenvolvimento elaborados por bem pagos marqueteiros se perdem como uma nuvem diante de uma forte ventania, não deixando sequer rastros.
Nestes momentos cruciais é que surgem os estadistas, olhando para frente para retirar o nosso país deste caos em que foi atirado.
O que ouvimos é um interminável bate-boca, cada qual jogando a culpa no outro e penalizando o trabalhador responsável pelas nossas riquezas.
A ressaca dos feriados é curada pelo pesadelo das nossas dificuldades sem soluções - entra governo sai governo.
Então, que venham os feriadões!

Gabriel Novis Neves
10-04-2015

TEMERIDADE


Ser torcedor do Botafogo de Futebol e Regatas do Rio de Janeiro é uma temeridade para os portadores de cardiopatias ou maiores de cinquenta anos de idade.
Quando imaginava ter visto tudo em futebol, inclusive acompanhando o Brasil perder em seu território duas Copas do Mundo, a primeira com um público jamais alcançável em jogos de futebol (duzentos mil torcedores) e a segunda pelo inacreditável placar de 7x1, fui surpreendido por um jogo cuja definição só foi possível após interminável cobrança de pênaltis - em que os vinte de dois jogadores participaram para decidir o resultado final da partida em 9x8!
Foram os minutos mais longos que me recordo já ter vivido.
Mesmo sabendo que o importante no esporte é competir, um bom resultado é imprescindível à saúde emocional e física de um torcedor apaixonado.
O clímax da emoção aconteceu quando o bom goleiro do Fluminense foi obrigado a cobrar o último pênalti da segunda série, ou prorrogação do seu time.
Treinado para defender pênaltis, quis as regras do jogo que ele fosse a opção para marcar o gol da vitória ou o de mais uma prorrogação.
Para sorte dos botafoguenses, ele ajeitou a bola na marca do pênalti e bateu um excelente tiro de meta, isolando a bola nas arquibancadas do Estádio Newton Santos!
A vez agora era do nosso goleiro, que durante os noventa minutos regulamentares do jogo não conseguiu defender o pênalti batido pelo nosso adversário, causador da prorrogação para decisão por pênaltis.
Chutou a bola rasteira e com pouca força, muito bem colocada nas redes do adversário. Era o gol que classificava o time da Estrela Solitária para o jogo final do falido e desmoralizado campeonato carioca de futebol.
Eleito o herói do jogo memorável, confessou que nunca havia treinado ou batido um pênalti na sua carreira profissional.
Estava escrita mais uma dessas histórias que só acontecem ao Fogão.

Gabriel Novis Neves
20-04-2015

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O homem e a máquina


O avanço extraordinário da tecnologia nos últimos anos me levou a escrever artigos dizendo que a máquina tinha, finalmente, vencido o homem.
Com o desastre do avião alemão nos Alpes franceses e a divulgação dos resultados das primeiras investigações, mudei meu conceito.
O homem venceu a máquina ao derrubar o mais pesado que o ar, e que voa com toda segurança apoiado na mais moderna tecnologia.
Após o atentado terrorista de 11 de setembro contra as Torres Gêmeas em Nova York, os técnicos em segurança de voo blindaram a porta de acesso à cabine dos pilotos - ela só poderia abrir por dentro.
Pelas informações até agora recebidas, o copiloto, em um momento de total insanidade mental, e aproveitando por minutos a saída do comandante da cabine da aeronave, fechou e travou a porta blindada e desligou o piloto automático.
Com o mancho nas mãos embicou para baixo o Airbus A320 em direção às montanhas do território francês, não atendendo aos apelos do comandante para entrar na cabine de comando.
Era o homem vencendo a tecnologia.
Como explicar um ato em que cento e quarenta e nove passageiros e tripulação são cruelmente sacrificados?
As vítimas - dezenas de crianças, estudantes, trabalhadores e idosos - tiveram suas vidas ceifadas por um ato que traumatizou o mundo.
O desventurado jovem piloto de há muito trabalhava em “morte cerebral” sem que ninguém percebesse, aguardando o instante ideal para concretizar a sua morte física.
Os instrumentos do avião não registraram nos momentos que antecederam ao choque com a montanha nenhum sinal que revelasse alterações das suas funções vitais, como distúrbios da respiração, pulso e pressão arterial. Tudo aconteceu em silêncio total.
Nenhuma mensagem ou uma palavra sequer, afastando a hipótese de suicídio, que é sempre um ato solitário.
Com certeza novas medidas de segurança serão adotadas nas máquinas voadoras, mas, o que necessitamos mesmo é de monitores para entenderem o nosso ainda indecifrável cérebro.

Gabriel Novis Neves
10-04-2015

quinta-feira, 23 de abril de 2015

MITÔMATOS


Assim são conhecidos os viciados em mentira, ou seja, quando esta se torna uma compulsão.
É considerado um distúrbio de personalidade. Estatisticamente cem entre mil adultos apresentam essa deformação.
Seus portadores criam sempre histórias mais ou menos verossímeis de modo que suas mentiras sejam, na maioria das vezes, críveis.
A medicina ainda desconhece tratamento para esse tipo de comportamento e imagina-se que ele esteja ligado a alguma falha no sistema nervoso central.
O grave é que no dia a dia algumas vezes nos deparamos com pessoas com essa patologia, às vezes até em altos cargos da vida pública e privada.
Uma das características é que a mentira sempre lhes favorece. Embarcam fundo no mundo fantasioso por elas criado e progressivamente não mais distinguem o real da mentira.
Pessoas com esse perfil, quando vinculadas ao mundo político, causam profundos malefícios à sociedade.
Como são despidas de autocrítica, imaginam-se distribuindo um manancial de vivências espetaculares que julgam somente suas e absolutamente intangíveis para os outros simples mortais.
Estão sempre prontos a se beneficiarem de tudo e de todos, por menores que sejam as benesses, e possuem grande poder de persuasão para os menos avisados.
Insuflados pela sede de poder levam suas viagens fantasiosas a todo tipo de megalomania.
O pior é que as pessoas por elas governadas, confusas, também tendem a entrar nesse clima de bravatas quixotescas antes de se tornarem anestesiadas.
As diversas mídias, inseridas no mercado de consumo, facilmente manipuladas pelas razões óbvias, acabam contribuindo para a divulgação desse mundo onírico e mentiroso.
A história tem nos mostrado o caos em que mergulharam e continuam mergulhando povos liderados por mitômanos e por outros tipos de personalidades psicóticas.
Para nós médicos, verdadeiros desnudadores da alma humana, fundamental para o entendimento das diversas patologias, é bem mais fácil o reconhecimento desses pobres falsários da mente.
Isso, a bem da verdade, para aqueles que ainda se dedicam a elaborar uma boa e longa anamnese, e a um importante relacionamento médico-paciente daí decorrente.

Gabriel Novis Neves
20-04-2015

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Luto na cultura


Num mesmo dia -13 de abril de 2015 - a cultura mundial perdeu dois de seus expoentes mais expressivos.
Um, no Uruguai, na figura do grande filósofo, poeta, escritor, documentarista, Eduardo Galeano.
Outro, na Alemanha, Günter Grass, cujos livros tinham sempre um contexto político. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1999 pelo seu livro “O Tambor”, de 1959 - o primeiro de uma trilogia que narra a história da ascensão do nazismo.
Galeano, nos seus cinquenta anos de carreira, deixou inúmeras obras de vulto, tanto ficcional quanto factual.
 “As Veias Abertas da América Latina: Cinco Séculos de Pilhagem de um Continente”, livro datado de 1971, foi uma das obras mais polêmicas de Galeano.
O livro descreve a submissão da América Latina e de suas riquezas ao colonialismo europeu no passado e, a partir do século XX, à Grã Bretanha e aos Estados Unidos.
O atual presidente americano, Barack Obama, recebeu, em 2009, do então presidente da Venezuela, Hugo Chaves, uma cópia da obra, o que aumentou em muito a sua venda no mundo.
As frases e pensamentos de Galeano ficaram famosos, sendo que, para mim, a definição de utopia é uma das mais inteligentes já registradas: “A utopia está no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos”.
Caminho dez passos e o horizonte dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais o alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: “Para que eu não deixe de caminhar”.
Outra de suas frases que muito me agrada: “O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa”.
Acredita-se que tenha sido o que fez, não só com o seu corpo, mas também com sua cabeça, uma das mais privilegiadas deste século.
Günter Grass, um dos mais importantes escritores da Alemanha, foi chamado de “consciência moral da esquerda da Alemanha pós-guerra”.
Era considerado o porta voz literário de sua geração durante a época nazista e descreve-se a si mesmo como um devoto da iluminação num momento em que a razão estava ausente.
Recentemente, tornou-se muito polêmico ao confessar ao mundo a sua participação, aos dezessete anos, na Waffen- SS, organização nazista da época. Isso é relatado no seu livro “Descascando Cebolas”, de caráter autobiográfico.
Neste livro, Günter Grass revela um sentimento de culpa e se justifica pela pouca idade quando da sua participação na guerra junto aos nazistas.
O mesmo sentimento aparece em uma frase no seu livro “O Tambor” - “não sou responsável pelas coisas que fiz quando criança” – personagem do garoto Oskar.
“Maus Presságios” é outro livro que se revela autobiográfico e sua relação com o sentimento de culpa, lançado do Brasil em 1992.
Em 2012 Grass publicou um panfleto com o título “O que deve ser dito”, onde apontava Israel como uma ameaça à paz mundial, pois alertava que o ocidente estava acomodado com relação ao programa nuclear daquele país. Foi considerado “persona non grata” em Israel.
A literatura mundial está de luto. Calou-se a “voz crítica da América Latina”. Calou-se a “consciência crítica da Alemanha”.

Gabriel Novis Neves
15-04-2015

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO


Em 1957 foi inaugurada em Cuiabá uma ala do futuro hospital psiquiátrico - único no Estado não dividido, no distrito do Coxipó da Ponte, com o nome de Hospital Colônia de Alienados.
Houve parcos recursos federais para o início da obra, ficando o custeio e a gestão por conta do pobre Estado de mais de um milhão de quilômetros quadrados.
Em 1966 o hospital era um imenso depósito de doentes mentais, muitos acorrentados, isolados em celas fortes, vivendo como todos os demais internos em condições sub-humanas.
Faltava tudo para o funcionamento do manicômio: equipe especializada de saúde, medicamentos, leitos, alimentação e segurança.
A promiscuidade entre homens, mulheres e crianças, maltratava a sensibilidade dos médicos, especialmente os mais jovens, e afastava a sociedade daquele hospital mal assombrado pelo terror.
Com o apoio decisivo e incondicional do jovem governador da época, Pedro Pedrossian, e do seu Secretário de Saúde Clóvis Pitaluga de Moura, recursos e autonomia foram ofertados para a recuperação da chamada vergonha mato-grosensse.
Naquela ocasião Pedrossian sancionou uma lei estadual dando o nome de Hospital Adauto Botelho à casa desumanizada.
O velho depósito de pacientes irá fechar por força de lei federal e seus infelizes pacientes jogados nas ruas, já que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) não funcionam na prática.
Falar que esses pacientes irão para hospitais da rede pública é uma falácia, pois não há hospital público para atender a demanda atual, e novos estabelecimentos ainda estão nas pranchetas de municípios sem recursos.
A própria coordenadora de saúde mental do município, reconhece que “não foi feito nenhum planejamento na época do fechamento do Pronto Atendimento do Adauto junto ao Estado para lidar com a questão”.
Hoje a gestão é do falido município, mas, o Estado e o governo federal têm responsabilidades no funcionamento desse importante setor especializado, tão carente de equipe multidisciplinar para suas atividades.
A situação do doente mental em nosso estado é gravíssima!
Seria possível o surgimento de um contemporâneo Pinel por estas bandas?

Gabriel Novis Neves
09-04-2015

Excesso


Os jornalistas políticos confessam que nunca foram tão bem nutridos de notícias como nesta fase de escândalos, incompetência e corrupção.
O ridículo, que antigamente era motivo de zombaria, tornou-se a moeda do momento em nosso país.
A estupidez atingiu os patamares mais altos da sua cotação, e o pior é que há seguidores dessa estranha seita política.
No epicentro de tudo a tão esfarrapada desculpa de sempre: o culpado é sempre o outro diante da descoberta de um deslize de ética e das dificuldades administrativas.
Tudo que sofremos neste momento de humilhação perante o mundo tem um culpado - o pobre Adão e sua companheira Eva.
Foram eles os primeiros responsáveis pelas obras públicas inacabadas e superfaturadas, cobrança de impostos absurdos, salários aviltantes, desemprego em níveis preocupantes, sucateamento da educação, saúde, transporte e serviços essenciais, com a institucionalização da propina.
Se não houver com urgência reformas no nosso sistema político, essa lengalenga virará doutrina de início de governo - dificuldades encontradas são responsabilidades do antecessor.
Concluído o mandato constitucional tudo continuará como dantes. Pena eu tenho de Thomé de Souza, primeiro Governador Geral do Brasil e que, portanto, não teve antecessor para criticar.
Nossos governantes são pessoas inteligentes, com estudos formais ou não, experientes em seus negócios privados, conhecedores do mundo moderno, mas, ao assumirem o governo jogam a culpa das dificuldades sempre no seu antecessor.
Experiência para eles é igual farol de automóvel virado para trás – só ilumina o passado, no dizer do escritor e médico Pedro Nava.
Vamos construir do caos uma nova sociedade e deixar como legado a nossa sofrida e enganada população.
Existem bons exemplos a serem seguidos, e isso não é demérito para ninguém, muito pelo contrário.
Nossa gente não suporta mais autópsias ao passado!
Queremos um futuro, e menos notícias negativas!

Gabriel Novis Neves
29-03-2015

PASSADO


Por indicação de um amigo “descobri” um canal de televisão, o “Arte1”.
Confesso que após um mês de assídua audiência fiquei viciado com a programação, extremamente sedutora e bela.
Uma boa opção de lazer! Durante horas seguidas fico assistindo aos seus espetáculos, de excelente nível cultural.
Posso afirmar que na ocasião da “descoberta” do canal, tomei uma overdose de filmes, documentários e entrevistas com personalidades nacionais e internacionais.
Chamou a minha atenção que o assunto sempre se referia ao passado de pessoas vivas ou falecidas recentemente.
A Globonews exibiu também um filme sobre a vida de Simonal, com noventa minutos de duração, narrando sua ascensão profissional. Chegou a ser mais popular que Roberto Carlos e Pelé no início dos anos setenta.
Depois, a sua queda, ostracismo e morte prematura aos sessenta e dois anos de idade.
Fico a indagar o motivo de tanta necessidade da exaltação ao passado.
Saudades da mocidade perdida?
Creio que a faixa de assinantes que usufruem do encantamento desses canais de televisão é composta por pessoas mais idosas que, com certeza, ao entrarem no mundo apresentado pelo visual gratificante de um passado distante, sentem-se jovens.
A ilusão da recuperação da época em que os problemas eram mínimos e fáceis de serem resolvidos ficam evidentes.
Na velhice os problemas são, geralmente, mais numerosos, e suas soluções mais penosas de serem equacionadas.
Embora apreciando essa regressão, os idosos, ainda assim, sofrem com esses shows biográficos.
É o momento em que nos certificamos das fragilidades humanas, incompreensões, linchamentos morais, pré-julgamentos e condenações apressadas, nos dando a certeza que o homem é realmente um ser inviável.
Nessas condições, o melhor é voltar ao passado.

Gabriel Novis Neves
22-03-2015

Maxixe


Vivo o presente, pois o futuro é um prêmio, mas não esqueço o imenso legado que é o meu passado.
Pincei momentos gostosos daquilo que passou, já que no presente a cada dia recebemos uma dose de veneno das nossas autoridades maiores e, talvez, sentindo esse futuro incerto
Lembrei-me da 1ª feira livre na minha pequena cidade. O dia era seis de janeiro, de um ano do início da década de quarenta.
Chovia muito neste dia. A feira era uma grande novidade para nós. Foi montada na Avenida Generoso Ponce.
Durante os dias que precederam a inauguração do comércio na rua, só se ouvia falar na data da inauguração.
O esperado dia chegou e perguntei à minha mãe se ela não iria ao evento. A resposta foi surpreendente: - “Eu não posso deixar a casa e as crianças, mas gostaria que você fosse fazer as compras”.
Recebi como um troféu o convite e a pequena cesta feita de fibras de folhas de palmeiras para trazer os legumes e frutas comprados.
Não me recordo da quantia de réis (moeda da época) que ela me deu para as despesas.
Debaixo do guarda-chuva deixei a minha casa e em poucos minutos cheguei ao lugar festivo.
Nunca tinha visto aquelas barracas cheias de verduras, legumes, frutas, rapadura, doce de leite, farinha de mandioca, panela de barro, pau de guaraná para ser ralado, peixe do Rio Cuiabá, carne seca e até remédios da flora.
Fiquei totalmente perdido e atordoado diante de tanta gente alegre e entusiasmada, comprando um pouco de tudo que encontrava em exposição.
Impiedosamente, a chuva continuava o tempo todo e eu não conseguia comprar nada.
Quase voltando para casa, satisfeito por participar de uma conquista própria de cidade grande, resolvi adquirir algo para colocar na cesta vazia. Seria humilhante diante de tantas ofertas “passar em brancas nuvens” sem nada escolhido.
Uma barraca estava cheia de maxixe, um legume verde espinhoso muito apreciado por aqui quando feito com carne picadinha e arroz.
Enchi a cesta, pois o preço era ridiculamente barato. Ao retornar para casa minha mãe foi auditar as minhas compras e disse que tinha cumprido com distinção o meu dever, após conferir o troco do dinheiro disponibilizado para a missão.
No entanto, fez uma delicada pergunta, que guardo até hoje como uma relíquia da minha formação: - “Por que só trouxe maxixe?”.
“Era o produto mais barato da feira, mamãe”, respondi educadamente.
Ela somente sorriu com condescendência amorosa diante da minha resposta.
Mas, aquele sorriso me fez reconhecer a minha total inabilidade e incompetência para compras seletivas.
Aquela compra longínqua do maxixe me impede até hoje de frequentar shoppings e supermercados.

Gabriel Novis Neves
21-03-2015

quinta-feira, 16 de abril de 2015

296 ANOS


É pauta obrigatória para os veículos de comunicação de massa uma ampla cobertura sobre o aniversário de Cuiabá, que completou no dia 8 de abril duzentos e noventa e seis anos.
As indagações são as mais oportunas e interessantes. De um modo geral, todos os jornalistas procuram os mais idosos para saber suas opiniões sobre o progresso da aniversariante.
Temos de ter cuidado com as respostas para não cairmos no pessimismo patológico nem na euforia inconsequente.
Considerando a população do ano que nasci, há oitenta anos, a população da cidade pelo senso do IBGE de 2013 aumentou, aproximadamente, trinta vezes.
Surgiram os arranha céus, avenidas duplas com canteiros centrais, trincheiras, viadutos, pontes sobre o Rio Cuiabá e até uma Arena que sediou jogos da Copa dos 7X1.
O número de veículos e motos aumentou assustadoramente, inviabilizando o trânsito em muitos setores da cidade.
O ensino superior é uma realidade. Hospedamos duas universidades, uma federal e outra particular, além de inúmeros cursos superiores em centros universitários e escolas isoladas.
É evidente que Cuiabá não é mais aquela de conversas pelas calçadas, encontros sociais nas praças e jardins, nascimentos, casamentos, morte e velório em casa.
Tenho saudades daquela pequena aldeia em que despreocupadamente vivíamos.
Cuiabá absorveu tudo de ruim que uma cidade grande tem, sendo que o pior foi o aumento da violência.
A expectativa de vida aumentou entre seus habitantes, mas perderam em qualidade.
A cumplicidade entre seus habitantes e a solidariedade são peças raras hoje em dia.
O medo tomou conta dos moradores e até carros blindados temos - exatamente como em outros grandes centros.
A segurança pessoal foi incorporada aos mais visados na escala social.
A corrupção acampou por aqui com a sua inseparável impunidade produzindo verdadeiras devastações nos nossos sonhos de cidade com oportunidade para todos.
Novos ricos assumiram o poder e os valores adquiridos pela educação caseira antiga estão sendo exterminados.
É o preço alto que pagamos pelo progresso não planejado.
Esperamos que Cuiabá procure a estrada do desenvolvimento social e volte a ser uma cidade mais justa e humana.

Gabriel Novis Neves

Inventores


Somos exímios “inventores dos inventados”. Poderia escrever longos artigos hilários sobre esta especialidade tão brasileira.
Por pertencer à área da saúde pública, presto a minha homenagem à nossa grande invenção, que foi a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o maior e mais perfeito plano de saúde do mundo, no dizer de um ex-presidente da República.
Sem a menor cerimônia, nos apropriamos de um modelo inglês de atendimento médico de abrangência universal e gratuito.
Esquecemos, porém, de um pequeno detalhe ao implantarmos este tipo de sistema por aqui: faltou importar os ingleses.
Parece jocosa a colocação, mas, a realidade, é que somos preconceituosos. A classe média não aceita ser tratada como pobre, e o SUS original propõe atendimento médico igual para todos.
O SUS é visto por nós como um plano de saúde para atender a população carente, e a classe média tem repulsa em ser tratada como tal, embora viva necessidades na saúde, educação, emprego, segurança e transporte.
Surgiram então os tais planos de saúde privados para atender a sempre crescente demanda desse segmento social.
Na visão caolha desta decadente sociedade de consumo, o plano de saúde privado é visto como sinal de status social, como a aquisição de um celular pré-pago.
Certos planos de saúde vendem malandragem e esperteza, fazendo o iludido usuário mofar nas longas filas de espera para marcar uma simples consulta ambulatorial, demonstrando assim ao incauto a pobreza dos seus direitos.
Com a recessão econômica que acometeu há quatro anos o nosso país, causada pelos “inimigos internos”, há uma forte migração para o SUS, totalmente desestruturado.
Consultas básicas ainda são realizadas gratuitamente em Centros de Saúde e nas moderníssimas UPAS (Unidades de Pronto Atendimento e Assistencial), sendo este espaço ocupado, basicamente, por gestantes, crianças e idosos.
Uma modernização por parte do governo na agenda das consultas nos PSFs e serviços auxiliares, fará com que grande parte da população perceba o equívoco do desperdício de dinheiro com um plano de saúde privado e passe a se utilizar do SUS.
Combateremos o preconceito contra os pobres e ampliaremos a oportunidade de um bom atendimento médico para todos.
Vontade política é o gatilho a ser apertado neste “início de governo de novas mudanças”.

Gabriel Novis Neves
08-04-2015

quarta-feira, 15 de abril de 2015

RIR E CHORAR


Na espécie animal os humanos são os únicos seres que nascem com a capacidade de rir e de chorar. Melhor dizendo: somos os únicos que vertemos lágrimas e gargalhamos.
Pena que não possamos usar como deveríamos essas duas válvulas de escape e de equilíbrio emocional.
As regras que regem o nosso comportamento em público são ditadas pela sociedade em que vivemos, e elas cerceiam a nossa espontaneidade de rir e chorar em qualquer lugar ou a qualquer hora.
Uma cultura arcaica, mas que vem se prolongando através dos anos, nos ensina que a sisudez é sinal de confiabilidade e bons modos e que o choro é sinal de fragilidade.
Somos condicionados desde os primeiros anos de vida a abafar todo e qualquer sentimento mais forte.  Para o gênero masculino então!, é absolutamente vedada a manifestação pública de fraqueza causada pelo choro.
As mulheres, consideradas historicamente como histéricas, foram um pouco mais liberadas nesse quesito. Elas, com coragem e destemor, choram sem nenhum constrangimento. Dominam como ninguém a arte de chorar em público.
No entanto, as mulheres são muito mais cobradas socialmente no tocante às gargalhadas escancaradas, sempre consideradas vulgares.
Séculos e séculos se passaram e as coisas não mudaram muito nesse sentido.
Mulheres gargalhantes ainda transmitem, em algumas rodas, a sensação de promiscuidade.  Homens chorões a de afeminados.
Diante desse quadro obsoleto, reprimimos o que há de mais eficiente para o equilíbrio emocional, exatamente o chorar e o rir. Essa é a maneira de como deveria se processar a nossa catarse no cotidiano.
Quem nunca experimentou o imenso alívio que o mergulho intenso no pranto consegue trazer em momentos de grande infelicidade? É como se saíssemos totalmente renovados do fundo de um poço.
O mesmo acontece com a gargalhada escancarada, quase pornográfica, também difícil de ser retirada do baú das hipocrisias da vida.
Após estudos científicos na área da neurologia, atualmente sabemos que ambos os estados liberam enzimas importantes para o nosso equilíbrio físico e mental e, tal como em outras repressões, se transformam em danos irreversíveis se não liberadas. 
Nós que vivemos em países do futuro, ainda não prontos, temos obrigação de vivenciar o riso e o choro para que possamos nos manter razoavelmente saudáveis diante das instabilidades corriqueiras a que somos submetidos nesses quinhentos anos de baixos, mais que de altos.
Isso talvez explique a necessidade de festas populares, a exemplo do Carnaval, com toda a sua alegria fabricada pela ausência de alguns dias de repressão.
Felizmente a nossa raça miscigenada tem muito da ingenuidade da criança, conseguindo assim extravasar os seus sentimentos de uma forma mais livre.
O mesmo se aplica a todas as outras repressões, inclusive a mais doentia, a sexual, com as quais lidamos bem melhor que os países ditos desenvolvidos.
Sorte nossa, porque nesses quinhentos anos de desencontros e desmandos, não fossem essas nossas características mais primitivas seríamos o maior conglomerado de neuróticos da face da Terra.
Por uma dessas ironias do destino, essa alienação generalizada é o que nos salva, ao mesmo tempo em que nos condena.

Gabriel Novis Neves
26-03-2015