quarta-feira, 22 de abril de 2015

PASSADO


Por indicação de um amigo “descobri” um canal de televisão, o “Arte1”.
Confesso que após um mês de assídua audiência fiquei viciado com a programação, extremamente sedutora e bela.
Uma boa opção de lazer! Durante horas seguidas fico assistindo aos seus espetáculos, de excelente nível cultural.
Posso afirmar que na ocasião da “descoberta” do canal, tomei uma overdose de filmes, documentários e entrevistas com personalidades nacionais e internacionais.
Chamou a minha atenção que o assunto sempre se referia ao passado de pessoas vivas ou falecidas recentemente.
A Globonews exibiu também um filme sobre a vida de Simonal, com noventa minutos de duração, narrando sua ascensão profissional. Chegou a ser mais popular que Roberto Carlos e Pelé no início dos anos setenta.
Depois, a sua queda, ostracismo e morte prematura aos sessenta e dois anos de idade.
Fico a indagar o motivo de tanta necessidade da exaltação ao passado.
Saudades da mocidade perdida?
Creio que a faixa de assinantes que usufruem do encantamento desses canais de televisão é composta por pessoas mais idosas que, com certeza, ao entrarem no mundo apresentado pelo visual gratificante de um passado distante, sentem-se jovens.
A ilusão da recuperação da época em que os problemas eram mínimos e fáceis de serem resolvidos ficam evidentes.
Na velhice os problemas são, geralmente, mais numerosos, e suas soluções mais penosas de serem equacionadas.
Embora apreciando essa regressão, os idosos, ainda assim, sofrem com esses shows biográficos.
É o momento em que nos certificamos das fragilidades humanas, incompreensões, linchamentos morais, pré-julgamentos e condenações apressadas, nos dando a certeza que o homem é realmente um ser inviável.
Nessas condições, o melhor é voltar ao passado.

Gabriel Novis Neves
22-03-2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.