O
mundo evoluiu tecnologicamente de maneira explosiva, enquanto que as relações
humanas enfraqueceram.
Nada
relacionado à causa e efeito.
Fizeram
tantas leis, que o sentimento de solidariedade existente nos animais
irracionais, desapareceu quase por completo nos racionais.
Há
poucos dias o governador do Estado anunciou que iria ao Ministério da Saúde
implorar recursos para a compra de novas ambulâncias para o SAMU (Serviço de
Assistência Médica e Urgência) de Cuiabá.
A
nossa frota está totalmente sucateada, e seu número é insuficiente para atender
a demanda. Nesse pequeno Universo de transporte de pacientes graves,
várias viaturas estão no ferro velho.
As
existentes trabalham precariamente. Não possuem os equipamentos necessários
para uma urgência-emergência.
Recentemente,
um desses museus do descaso, transportava um paciente em situação grave para o
Pronto Socorro.
Enguiçou
no trajeto, tumultuando ainda mais o nosso caótico trânsito, obrigando a equipe
da ambulância a empurrá-la até o acostamento para pedir socorro.
É
o verdadeiro terrorismo humano.
As
leis modernas impedem que, mesmo um médico, se não estiver de serviço no SAMU,
está impedido de transportar um acidentado grave para o hospital.
Isso
poderá trazer ao médico comprometido com os problemas sociais, grandes
aborrecimentos jurídicos posteriores. Dependendo da sua situação financeira,
sofrerá acusações e enfrentará processos indenizatórios milionários por
possíveis sequelas e óbitos.
Foi-se
a época, e isso não faz muito tempo, em que, diante de um grave acidente na
rua, se um médico passasse pelo local, além dos primeiros socorros à vítima,
colocava-o em seu próprio veículo para conduzi-lo ao hospital mais próximo.
Além
da falta de ambulâncias em Cuiabá, é enorme o número de trotes telefônicos.
Dia
desses um colega conceituado me disse que ao sair do consultório enfrentou um
colossal engarrafamento.
O
motivo era mais um acidente de trânsito. Confessou-me que teve vontade de
aproximar-se da vítima para os primeiros socorros. Era um motociclista.
Lembrou-se
da judicialização da medicina, que poderia levar-lhe ao cárcere moral e
financeiro.
O
corpo continuou estendido no quente asfalto sofrendo queimaduras, porém dentro
das normas vigentes.
Tá
difícil viver com humanismo neste país de maracutaias.
Gabriel Novis Neves
20-05-2013