domingo, 5 de maio de 2013

Crenças


Sinto enorme dificuldade em abandonar as crenças que incorporei quando criança dos meus pais e professores, especialmente àquelas referentes a valores morais e éticos.
Aceito com facilidade as transformações com relação ao comportamento humano, ensino, ciência e tecnologia - de tal velocidade que os “distraídos” perdem o trem da sua existência.
Os valores que digo insubstituíveis são pequenos ensinamentos que, reunidos, moldam a personalidade das pessoas, já que ninguém nasce com ela.
Fui educado em uma família simples onde valores da vida, como solidariedade humana, compreensão para tratar divergências, a aceitação das nossas limitações, a luta pela justiça social, a abominação de privilégios, a não aceitação de qualquer tipo de preconceitos e ser um elemento de transformação social, compunham a base da pirâmide da conduta que iria nortear a minha vida.
O meio ambiente onde cresci foi também um fator não desprezível na minha formação.
Sei que o mundo de hoje não é o mundo onde aprendi esses valores. Acompanhei as transformações da vida e, naquilo que pude, trabalhei para que a vida fosse hoje melhor para a sociedade.
Vivemos tempos modernos onde os avanços do conhecimento se processam de maneira incontrolável, mexendo nas crenças e descrenças de muitos.
Saber muito de pouco é uma das leis dos tempos atuais. O saber ficou fragmentado e a verdade não tem mais dono.
Neste enredo traçado pela vida atual não consigo trocar as minhas crenças, que são aqueles valores do início da minha vida, pelos que me são hoje apresentados.
Jamais aceitarei - compreender sim - que o poder econômico e político possam transformar crenças em descrenças.
Não entendo que o merecimento possa ser negociado por fatores outros e aceito com naturalidade nos tempos atuais.
A minha descrença no futuro desta nação se acentua mais no período de colação de grau das universidades.
Equívocos são cometidos nessas ocasiões, muitas vezes aniquilando, no nascedouro, brilhantes carreiras.
Será a última vez que tratarei deste assunto em artigos, fator de tantas hipocrisias existentes, onde não deveria existir esse tipo de consumo.
O mundo mudou, mas crenças não podem mudar para descrenças.

Gabriel Novis Neves
 22-04-2013

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