segunda-feira, 20 de maio de 2013

NÃO


Se há uma palavra que político nunca, jamais, em tempo algum deve empregar é a palavra “não” - um advérbio da negação.
O melhor político é o que tem paciência para ouvir e preguiça para responder.
Os seguidores da negação em três letras transmitem prepotência, autoritarismo (não confundir com autoridade) e, na grande maioria das vezes, despertam a curiosidade dos seus adversários para pegar o truculento verbal pisando em falso.
Os adultos sabem que em política não existe segredo, e conversa reservada só existe quando ninguém fala - coisa impossível.
A sabedoria popular diz que segredo não foi feito para guardar.
Dia desses o presidente de um partido político da base de sustentação do governo relatou, confidencialmente, o seu despacho com o seu chefe.
Disse-lhe que estava sendo cobrado pelos seus correligionários. Desejava saber como ficariam as pessoas indicadas para trabalhar no governo e que ajudaram a eleger.
Olimpicamente, a resposta foi contundente para ambientes políticos - "essa gente da lista não nos interessa".
Surpreso, o presidente do partido deixou a reunião.
Questionado pelos seus partidários, que sabiam estar com os currículos à disposição, com o perfil técnico e de honestidade exigidos pelo executivo, não suportou a pressão e disse o que ouviu na reunião: “essa gente não nos interessa”.
Coisas são sempre coisas, descartáveis e, geralmente, perdem a importância assim que as possuímos.
Gente é gente, não mercadoria para não mais interessar após conquistar o que se pretendia com os seus apoios.
“Essa gente não nos interessa” é uma expressão infeliz que transmite insegurança ao cidadão honesto, qualificado e trabalhador.
A bandeira amarela subiu ao mastro.
Imagine se professores, profissionais da saúde e outros servidores forem sumariamente classificados como “essa gente não nos interessa?”.
Todos nós temos o que oferecer de bom na complexidade difícil do ser humano.
O nivelamento de pessoas por critérios industriais e cotação nas Bolsas de Valores de Pequin, é um erro que um especialista em gente jamais cometerá.
A máquina é acionada até por controle remoto - gente por estímulos cerebrais, que em termos de máquina é incomparável e inimitável.
Não somos do signo do atraso e de homens prepotentes.
Essa gente que assim se comporta, não interessa ao nosso país. 
Enfim, “quem pariu Mateus que o embale.”

Gabriel Novis Neves
15-05-2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.