sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tá difícil

O mundo evoluiu tecnologicamente de maneira explosiva, enquanto que as relações humanas enfraqueceram.
Nada relacionado à causa e efeito.
Fizeram tantas leis, que o sentimento de solidariedade existente nos animais irracionais, desapareceu quase por completo nos racionais.
Há poucos dias o governador do Estado anunciou que iria ao Ministério da Saúde implorar recursos para a compra de novas ambulâncias para o SAMU (Serviço de Assistência Médica e Urgência) de Cuiabá.
A nossa frota está totalmente sucateada, e seu número é insuficiente para atender a demanda. Nesse pequeno Universo de transporte de pacientes graves, várias viaturas estão no ferro velho.
As existentes trabalham precariamente. Não possuem os equipamentos necessários para uma urgência-emergência.
Recentemente, um desses museus do descaso, transportava um paciente em situação grave para o Pronto Socorro.
Enguiçou no trajeto, tumultuando ainda mais o nosso caótico trânsito, obrigando a equipe da ambulância a empurrá-la até o acostamento para pedir socorro.
É o verdadeiro terrorismo humano.
As leis modernas impedem que, mesmo um médico, se não estiver de serviço no SAMU, está impedido de transportar um acidentado grave para o hospital.
Isso poderá trazer ao médico comprometido com os problemas sociais, grandes aborrecimentos jurídicos posteriores. Dependendo da sua situação financeira, sofrerá acusações e enfrentará processos indenizatórios milionários por possíveis sequelas e óbitos.
Foi-se a época, e isso não faz muito tempo, em que, diante de um grave acidente na rua, se um médico passasse pelo local, além dos primeiros socorros à vítima, colocava-o em seu próprio veículo para conduzi-lo ao hospital mais próximo.
Além da falta de ambulâncias em Cuiabá, é enorme o número de trotes telefônicos.
Dia desses um colega conceituado me disse que ao sair do consultório enfrentou um colossal engarrafamento.
O motivo era mais um acidente de trânsito. Confessou-me que teve vontade de aproximar-se da vítima para os primeiros socorros. Era um motociclista.
Lembrou-se da judicialização da medicina, que poderia levar-lhe ao cárcere moral e financeiro.
O corpo continuou estendido no quente asfalto sofrendo queimaduras, porém dentro das normas vigentes.
Tá difícil viver com humanismo neste país de maracutaias.

Gabriel Novis Neves
20-05-2013

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