domingo, 26 de maio de 2013

MARIONETES


Que grande encantamento nos causam as marionetes ao longo da nossa existência!
Dos mais jovens aos mais idosos, não há quem não consiga ficar fascinado com essa arte de manipular bonecos, dando-lhes vida e muita emoção.
Na cidade de Praga, uma das mais belas do mundo - considerada a mini Paris -, está o grande centro mundial de marionetes, sempre uma grande atração dentre as inúmeras que a capital oferece.
Quem sabe nos encantamos tanto por essa arte devido ao enorme simbolismo entre ela e os fatos da vida?
Quando crianças somos marionetados pelos nossos pais e pela sociedade em que vivemos. Dependendo da falta de habilidade dos marionetistas, poderemos vir a serpessoas não tão bem realizadas, e talvez até com traumas de difícil tratamento.
As leis do acaso vão ditar quem nos guiará nesse processo, e não há possibilidadede escolha.
Já adultos e, portanto, responsáveis pelos nossos atos, vamos tendo relacionamentos afetivos e amorosos, alguns intensos outros nem tanto, mas sempre caracterizados por uma prevalência de personalidade de uma das partes.
Interessados no bem viver que aprendemos a cultivar, vamos permitindo que essa prevalência se consolide gradativamente e, nesse ponto, nos descobrimos assustadoramente distantes de quem um dia foi tão próximo. Isso é visível em qualquer tipo de relacionamento.
Muito raramente há o encontro das ditas “almas gêmeas”, em que os parceiros se harmonizam de tal forma que não há necessidade de dominância de ideias e de ações e, principalmente, a individualidade de cada um é preservada.
Daí, os inúmeros desencontros a que somos submetidos pela vida afora, até que, com a sabedoria trazida pela maturidade, nos damos conta que toda essa energia negativa pode ser minimizada pelo simples entendimento.
Sim, porque aí, já passamos a ser marionetados pelos nossos filhos e netos que, numa avaliação errônea, se julgam detentores desse poder. Passam a minimizar a capacidade mental do idoso, talvez em função da sua bem menor capacidade física.
Isso é constatado na grande maioria das famílias. 
Questiona-se, inclusive, se essa rejeição constante não poderia contribuir, e muito, para o desenvolvimento de doenças cerebrais degenerativas. Sob o manto do cuidado excessivo ficam disfarçadas as relações de poder que tanto afligem os mais velhos.
Cabe ao idoso mais sábio concordar verbalmente com as opiniões à sua volta, mas agir somente de acordo com as suas vontades e os seus interesses.
A primeira regra para que sejamos amados pelos demais é que sejamos apaixonados por nós mesmos.
Isso qualquer interessado em psicanálise aprende.

Gabriel Novis Neves
20-05-2013

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