Quantos
casamentos não teriam escorrido pelo ralo se as partes envolvidas se dessem
conta de que a sedução entre elas estava se esvaindo.
Pertencentes
a uma sociedade culturalmente monogâmica imposta a nós sem que fôssemos
consultados, e pela qual juramos obediência, afogamos o nosso lado animal,
polígamo por excelência.
A
sedução mútua é uma planta muito delicada. Se não for bem cuidada no dia-a-dia,
perde logo o viço dos primeiros meses de uma paixão.
Inúmeros
casais despreocupados com esse fato começam a tratar o seu cônjuge como um
troféu conquistado, cuja perda não faz parte das suas cogitações.
Mas
eis que a acomodação da vida rotineira vai tirando o encanto das descobertas
mútuas, nem sempre tão fascinantes quanto a nossa fantasia, e nada mais resta
que um abismo, onde se misturam e se atropelam os diferentes graus de solidão
de cada um.
O
“status quo” e, principalmente, as várias religiões, tratam de encarar como
normais todos esses fatos. Dessa forma a vida segue despida das tão esperadas
emoções, fortemente alardeadas pelas mídias. Somos bombardeados por erotizações
constantes, sejam elas através das novelas, sejam através de anúncios com
conteúdo nitidamente provocador.
Vão
se formando através dos anos casais que, sem o estímulo lúdico da relação, vão
se tornando anestesiados mutuamente e, por conseguinte, para a vida.
Os
filhos, espectadores diretos desse quadro, escolhem o caminho oposto e, não
raro, se tornam grandes promíscuos sexuais, na tentativa de negação do fracasso
dos pais como reais representantes da feliz célula mater.
A
maioria dos adultérios ocorre geralmente, não por paixões desenfreadas, mas
sim, pelo resgate da autoestima, da necessidade de se sentir novamente
desejável, já que isso nos rodeia no cotidiano.
As
mulheres buscam em novos atributos estéticos a cura para essa angústia, que no
fundo é muito mais emocional que física.
Os
homens, polígamos por natureza, partem para relações múltiplas, despidas de
qualquer vínculo, mas que, por descompromissadas e não rotineiras lhes trazem
de volta a intensidade do desejo que permeia a vida.
Somente
se muito atentos, e com bastante criatividade, poderemos fugir do lugar comum e
tentar desmontar essa bomba relógio que é o fim do enamoramento.
Que
os jovens casais, e também os não tão jovens, atentem sempre para a busca do
novo nas suas relações, seja através de viagens, de pequenos mimos, de
surpresas, de interesse por novas atividades conjuntas, enfim, focarem sempre
para que o outro continue sendo o objeto de admiração que foi um dia não tão
distante.
Tarefa
nada fácil, mas, se o fosse, não teria a menor graça. Não seria a busca do amor
pleno.
Gabriel Novis Neves
13-05-2013
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