sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MAIS ESCOLAS


Calma minha gente! Não irei escrever que o Ministério da Educação autorizou a criação de mais escolas para o Ensino Fundamental em tempo integral nos municípios brasileiros.
A notícia em foco se refere à liberação de mais trinta e nove cursos de Ensino Médico. Na espera de um parecer favorável do Ministério da Educação, mais cento e trinta e seis pedidos de novas escolas de medicina.
O curioso é que, dos trinta e nove cursos aptos a funcionar agora, catorze estão sediados em cidades do Estado de São Paulo.
O maior Estado brasileiro em número de eleitores também é onde a candidata da continuidade está muito mal colocada nas pesquisas, e o seu candidato a governador, o ex-ministro da Saúde, pai do Programa Mais Médicos, não consegue chegar a dois dígitos das intenções de votos.
Até parece que com mais escolas de medicina particulares, onde a mensalidade está em torno de sete mil reais, resolveremos o problema da reeleição da presidente e do seu governador em São Paulo.
Um aluno de medicina ao concluir o seu curso de graduação em escola privada deixa a escola com uma dívida de mais ou menos quinhentos mil reais, que deverá ser pago ao Governo Federal.
Este financiou os seus estudos pagando as escolas, que não são públicas.
A qualidade dessas faculdades nem iremos discutir! O número de escolas médicas no Brasil é mais que o dobro das existentes nos Estados Unidos da América do Norte.
Nosso grande problema de falta de médicos no interior desta imensa Nação são ausências de políticas públicas visando a fixação dos mesmos nas áreas mais necessitadas e distantes dos grandes centros urbanos.
A principal medida a ser tomada é aprovar o projeto criando a carreira de médico para a Atenção Básica de Saúde, que há doze anos está encalhado no Congresso Nacional, onde o governo tem maioria, mas, não vontade política.
Enquanto isso os governantes vão inventando, irresponsavelmente, mais escolas médicas, agravando, não só o problema social, mas, principalmente, o de saúde do nosso país.

Gabriel Novis Neves.
25-10-2014

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Foco perdido


Estaria o mundo totalmente desfocado, ou seria o meu olhar, habituado ao enquadramento de molduras para as minhas lentes, o responsável pela limitação de tudo que vejo?
O nosso saudoso escritor, João Ubaldo, confessa que algumas de suas companheiras de cama sugeriam que ele tirasse seus óculos durante suas performances amorosas. Não gostava de fazê-lo, e considerava essas senhoritas umas degeneradas.
Seremos todos condicionados a ver somente a realidade que nos interessa?
De certa feita, fiquei muito impressionado com as fotos tiradas por um cego. Suas imagens eram focadas pelo olhar transmitido pelos outros sentidos.
Assim, consegui entender que nem tudo que vemos corresponde a uma realidade única, mas a várias, dependendo de quem, e de quando, ela  nos é  mostrada.
É preciso que todos os nossos outros sentidos estejam conectados com a intensidade do olhar a fim de que o mesmo não se deforme.
Atrizes importantes, portadoras de lentes de contato, como por exemplo, Marieta Severo, nos dá notícia sobre a dificuldade de continuar um diálogo em cena quando da perda momentânea de uma de suas lentes. É como se o  olhar fosse fundamental na conexão com a voz que emana de seus parceiros de trabalho.
O verbo é cego, mas é ele que cria as imagens.
Eu, por exemplo, mesmo após uma bem sucedida cirurgia para correção de catarata, sinto-me bem mais seguro ao enquadrar meu olhar através de lentes, mesmo sabendo não ser propriamente delas dependente.
Há no ar uma dúvida geral - estará o mundo desfocado, ou estaremos nos habituando progressivamente a contornos menos nítidos em tudo e em todos? A que caminhos estarão nos levando essa distorção da realidade?
Estudos neurocientíficos já indicam a questionabilidade entre o certo e o errado, uma vez que a realidade é totalmente diferente para cada pessoa, donde se conclui que há inúmeras realidades.
Parece jogo de palavras, mas o atual quadro político nos leva a acreditar nisso. Estamos nos comportando como um bando de desarvorados em busca de uma verdade que já não nos parece tão verdadeira.
Nunca na história vivemos tão perto da famosa “Caverna de Platão”. Massacrados pela força do mundo audiovisual, olhamos sombras, e acreditamos que essas sombras são a própria realidade. Imagens múltiplas, sempre nos querendo vender alguma coisa, mas que  não conseguem nos dizer mais nada. E  o pior de tudo, não conseguem mais nos comover.

Gabriel Novis Neves
28-10-2014

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

NOVA EXPERIÊNCIA


Quando achamos que fechamos o nosso ciclo de novas experiências, eis que a necessidade nos obriga a viver situações até então inimagináveis.
Nunca pensei, por exemplo, que um dia iria me transformar num spasiano. Pois é, vivenciei este novo aprendizado.  Passei uma temporada em um Spa Med.
Foi muito útil para a minha saúde física e emocional.
Há dois anos lesionei espontaneamente os meus dois joelhos, comprometendo meniscos, ligamentos, descolamento de cartilagem e até pequena área de necrose óssea.
Tudo aconteceu, inclusive, com derrame articular de um deles, motivado pela idade.
Depois de longo tratamento clínico, seguindo rigorosamente a prescrição médica científica com repouso das articulações e apoio fisioterápico, cheguei ao momento mais difícil.
Era preciso diminuir meu peso corpóreo para aliviar o peso sobre os joelhos comprometidos com a patologia.
Tentei dieta em casa orientada por nutricionista, mas, como a perda de peso era muito lenta, fiquei desmotivado. Voltei a comer como antes. Usando o bom senso, claro!
Sem poder me dedicar a um dos melhores exercícios para perder calorias, a caminhada – joelho estourado – fui fazer aulas de Pilates.
Não emagreci, pois não é a proposta deste método. Mas, adquiri um pouco mais de resistência física e mental, aumento do tônus muscular, entre outros benefícios.
Não desejava tomar remédios para perder peso, pois seus efeitos colaterais são maléficos para mim e, ao parar de ingeri-los, tudo volta como dantes com relação à balança.
Esse fenômeno tem o nome popular de efeito sanfona...
Resolvi então, depois de mais de dois anos lutando contra a balança, e, por tabela, me estressando, seguir orientação profissional e me internei em um Spa por quinze dias.
Sempre escutei falar muito em Spa. E, confesso, tinha um pouco de preconceito contra esses tipos de estabelecimentos. Pura ignorância minha, aliás, como todo preconceito.
O termo Spa, segundo li, “provém da Antiguidade, quando nos tempos da Roma Antiga a aristocracia romana tinha o hábito de frequentar a estância hidromineral da cidade de Spa, localizada na província de Liège, no leste da Bélgica. As águas termais de Spa eram conhecidas pelas suas propriedades curativas.”
Atualmente o termo é muito mais abrangente. Os Spas Med oferecem diversos serviços de saúde, sendo os mais procurados, com certeza, a reeducação alimentar e treinamento físico para redução do peso.
Funcionam com uma equipe multidisciplinar de saúde. Tratam do corpo e da mente. Foi perfeito para mim!
Submeti-me a toda orientação dos médicos e outros profissionais da saúde. Sou um paciente obediente e consciente.
Fiz massagens relaxantes, fisioterapia, exercícios anti-stress, assisti a palestras sobre obesidade - entre outras atividades prazerosas e salutares.
Tudo isso aliado a uma alimentação balanceada e saborosa sob a supervisão de uma nutricionista.
Fiquei muito satisfeito com o resultado. Por isso estou compartilhando com meus leitores esta experiência em um retiro terapêutico não programado.
Como diz o meu irmão diante de uma situação não esperada, “é vivendo que se aprende”.

Gabriel Novis Neves
28-10-2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Ética médica


Em qualquer relacionamento a ética é soberana. No entanto, na relação médico-paciente ela é vital e única.
Os ginecologistas em sua prática diária enfrentam um dos grandes desafios da Medicina: cuidar da mulher durante o seu período pré e pós-reprodutivo.
A Medicina evoluiu, mas o médico vem perdendo, e muito, o seu relacionamento com o paciente.
Ele não tem mais a necessária disponibilidade de tempo a uma boa anamnese (nela incluída o "ouvir” queixas, e não somente anotá-las).
O tempo de uma consulta ficou muito reduzido para a maioria dos médicos brasileiros que trabalham por produtividade, atendendo pacientes de planos de saúde e do SUS.
Sem essa relação humana, cujo tempo da consulta é determinado pela necessidade do paciente, não há possibilidade de que se estabeleça uma boa relação médico-paciente, que é fundamental para um bom diagnóstico.
É inadmissível o afastamento dos ginecologistas desse objetivo maior da sua profissão – a ética.
A paciente para ter seus males aliviados pelo avanço da Medicina e da Tocoginecologia necessita que seus médicos não se afastem dos princípios hipocráticos.
Repito, a relação médico-paciente constitui a base fundamental no tocante à saúde da mulher.
Sabemos que o momento é delicado para a classe médica, que vive uma das piores crises de identidade na história do país, cuja causa principal é a baixa remuneração e valorização profissional.
Interessante lembrar que em pesquisa recente de grande credibilidade científica, apenas 1% das pacientes escolhe o seu ginecologista pelo seu currículo acadêmico, transformado em “fama”.
Indicação de amigas, familiares e de outro médico constituem 62% da preferência.
Já nos convênios, esse percentual sobe para 32%, mesmo quando indicados por amigas, familiares e médicos, a maioria dessas clientes pertence a um plano de saúde.
As do SUS nem direito têm de escolher o seu médico.
É apenas um número em uma imensa fila de espera.
A maior exigência da paciente numa consulta é o comportamento ético do médico, hoje negado pela massificação do atendimento e sua desumanização.
Frente a esses pequenos dados de uma pesquisa científica, podemos avaliar a qualidade dos nossos serviços médicos no que se refere à ginecologia.
Existem as ilhas de excelência em atendimento médico no Brasil, mas infelizmente para poucos.

Gabriel Novis Neves
26-10-2014


*Publicado simultaneamente no www.gnn-cultura.blogspot.com

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A BUSCA DO “EXTRA”


Não temos o hábito de nos atermos ao significado das palavras.
Tal quais as imagens do dia a dia, como o nascer do sol, as noites enluaradas, o movimento repetitivo das marés, a chuva fina através de uma janela, o canto dos pássaros, nos  habituamos às palavras sem sequer questionar o que elas nos transmitem.
Esquecemo-nos que a força delas  é a própria força da vida, e que muitas vezes, o mal colocá-las pode desencadear emoções não condizentes com a realidade.
O cenário nos mostrado pela natureza é considerado “ordinário” pela grande maioria das pessoas.
O  “extra” “ordinário” deveria transmitir algo além do trivial.  Essa, de um modo geral, é a nossa expectativa.
Triste esse modo de ver a vida, em que tudo o que nos é oferecido gratuitamente, e que nos rodeia, apenas existe, sem nos darmos conta da sua magnitude.
Essa anestesia generalizada, essa incapacidade de interiorizar a natureza, esse profundo desprezo com o outro e pelo outro são,  a meu ver, as maiores causas do desencanto, precursor da depressão.
É como se não conseguíssemos nos integrar a um mundo ao qual  não nos reconhecemos pertencentes.
Incrível pensar que nem as guerras, nem as doenças, nem as perdas, nos afastam tanto de nós mesmos  e do mundo em que vivemos, como as nossas angústias existenciais.
Claro que não podemos esquecer os fatores endógenos, químicos, muitas vezes responsáveis  pelas tristezas profundas  sem causa aparente. Nesses casos, a medicina moderna, algumas vezes, obtém algum sucesso.
Apenas estou convencido de que se nos  propusermos, com alguma frequência, a desenvolver um exercício reflexivo sobre a nossa existência no planeta, teríamos um mundo mais colorido e melhor compreendido.
O simples viver, pelo ato de viver, sem questionamentos existenciais.
Quem já viveu no campo sabe bem do que estou falando, daquelas pessoas que, na sua simplicidade, se entregam à beleza do momento sem questionamentos maiores.
Adoecem menos e vivem o presente com a pureza de uma criança que ganhou um brinquedo.
Por que estar sempre precisando do “extra” “ordinário”, se o “ordinário” é o que nos rodeia?
Acabo de pensar que a busca do “extra” é a causa de todos os nossos males...

Gabriel Novis Neves
19-10-2014

Meu “Glorioso”


Cada vez gosto mais do meu Botafogo, e menos o compreendo.
Sem pagar salários aos seus jogadores, vendeu os melhores do pobre elenco para o exterior, e nem viu a cor dessa grana, pois as suas contas bancárias estão todas bloqueadas.
Os mais experientes que sobraram, em final de carreira, com títulos nacionais e internacionais conquistados quando jovens em outros clubes, não suportaram uma sequência de derrotas e foram dispensados.
Os razoáveis do time estão no departamento médico sem previsão de alta.
É uma verdadeira odisseia encontrar onze heróis para entrar em campo.
Para piorar ainda mais a situação, em quase todos os jogos, ao menos um, dos nossos atletas, é expulso de campo.
Tudo indica que voltaremos no ano que vem a disputar os jogos da Segunda Divisão deixando a elite do futebol brasileiro.
Como certas coisas só acontecem ao Botafogo, mesmo com dez jogadores em campo, recentemente vencemos o poderoso Corinthians Paulista, que tem até uma  Arena em São Paulo construída com nosso dinheiro do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
O nosso goleiro é titular absoluto da seleção brasileira, pegando até pênalti cobrado pelo argentino Messi, várias vezes premiado com o título de melhor jogador do mundo.
Bons tempos onde o velho Bota era um celeiro de cobras que abastecia a seleção nacional de futebol para ganhar títulos mundiais.
Eram cinco jogadores do Bota e o resto. Esta era a escalação das seleções vencedoras.
Triste e melancólico final de um time que foi de craques e gênios.
Agora, com os seus esforçados atletas, com certeza, virão jogar em Lucas.
O melhor para o Bota neste momento seria pedir à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) uma licença de uns dez anos para recuperar-se do mau olhado dos seus invejosos adversários.
Fizeram coisa ruim ao meu “Glorioso”. Como todo bom botafoguense, parece que também sou mais um supersticioso.

Gabriel Novis Neves
19-10-2014

FARSA


O processo da escolha dos nossos governantes, passou a ser mais uma farsa rotulada de democracia. Afinal, democracia é um governo do povo, para o povo e pelo povo.
Realmente temos um executivo, um legislativo e um judiciário, conforme mandam as regras para o exercício de uma plena democracia.
Lamentavelmente, a corrupção institucionalizada, impede que esses poderes realmente nos representem. Isso tem sido visto no Brasil através dos inúmeros desmandos governamentais que se sucedem. E o que é pior, cada vez mais estarrecedores.
O desencanto da população mais aculturada é total diante de campanhas eleitorais bilionárias carregadas de agressões mútuas e totalmente despidas de plataformas reais para desenvolvimento do país.
Novos congressos vão se sucedendo, sempre com as mesmas figuras ou seus familiares, que, além de não nos representarem, caracterizam oligarquias com o que há de mais atrasado e retrógrado no país.
Os menos abastados, sempre com pouco ou nenhum acesso à cultura, são contemplados com migalhas sociais fazendo-os crer através de propagandas mentirosas, que o céu é o limite.
As diferenças e injustiças sociais são alarmantes, os salários defasados assustadoramente, as políticas de segurança pública ineficazes e o descontrole com o erário público algo nunca visto.
Em junho de 2013 o povo foi às ruas clamando por reformas estruturais básicas e o que vimos foi o imediato sufocar das manifestações através da introdução de baderneiros contratados para disseminar o medo e o caos urbano. Esse sistema velado de truculência, acabou rapidamente com todas as pretensões da sociedade que num momento de expressão cívica, tentou exercer a sua cidadania.
Porque outros países, muito menores e menos ricos que o nosso, conseguem se desenvolver a níveis satisfatórios, apesar das crises mundiais e do sistema perverso das sociedades de consumo?
Porque só nós, após décadas e décadas, não conseguimos resolver problemas básicos tais como o analfabetismo, o caos na saúde, a corrupção desenfreada, o descaso com a coisa pública, a falta de saneamento básico, a violência em todos os níveis, a urbanização das favelas, enfim, a falta de perspectiva de futuro?
Essa sociedade desnorteada, incrédula com seus políticos, com seu sistema de desgoverno é convocada obrigatoriamente ao voto tornando assim maior o seu drama de estar participando de mais uma farsa que consiga tirá-la de estar participando de um grande naufrágio coletivo, com uma grande nave à deriva.
Por favor, não somos débeis mentais, ao menos não minimizem a inteligência do povo brasileiro. Não é preciso ser brilhante para reconhecer que liberdade e igualdade, se tornaram termos retóricos.
O que vemos mesmo é descaso, abandono e uma correria para ver quem se dá melhor no caos.
Difícil entender que, mesmo ansiosos pelo voto, não conseguimos nos entusiasmar pelos candidatos. Todos se nos assemelham a um mesmo discurso falso, autodirigido, regados de aspirações pessoais de poder, sem nenhum vislumbre de mudanças palpáveis, até porque, num mundo globalizado, forças outrora ditas ocultas, não se interessam pelo nosso desenvolvimento. Muito ao contrário, o mundo do poder está carente de novas colônias e com certeza, esse nosso grande berço de riquezas, tem que cumprir sua missão.
É, realmente, em países como o nosso, o voto tem que ser obrigatório, ainda que constitua uma farsa.
Realmente, nesse momento  de incertezas, o único que vem à mente são os versos de um grande jovem compositor brasileiro - “Brasil, mostra a tua cara. Quero ver quem paga para a gente ficar assim".

Gabriel Novis Neves
21-10-2014

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Primavera


Estamos no início da primavera.
Com tristeza constato que o ar adocicado pelas flores e a beleza primaveril, com seus pássaros e céu azulado, estão sendo ofuscados pela baixaria política.
Impossível não se contaminar com tanta sujeira moral que nos chegam pelos meios de comunicação.
O custo de um mandato majoritário é alto, tanto financeiro, quanto moralmente.
Eu me pergunto: será que vale a pena, por apenas quatro anos de mordomia e saciedade de vaidades, ter a vida totalmente desconstruída?
Os que passaram por esses cargos venderam caro a honra enlameada.
Temos de reconstruir esta nação começando por uma ampla e profunda reforma eleitoral.
Esse sistema que está aí, não é nem democrático, tampouco republicano.
O nosso Congresso Nacional está cheio de suplentes ocupando a vaga dos titulares, estes sim, legítimos representantes do povo.
Congresso sem legitimidade popular não existe em países democráticos.
O tal do “rodízio” entre parlamentares sem voto é um vulgar desrespeito à nossa população, deixando claro o caminho para se chegar lá.
As estatísticas internacionais de credibilidade só servem para nos envergonhar. Precisamos acordar para o necessário e já tardio salto para o desenvolvimento.
Países pobres como a Coreia do Sul e China já nos passaram econômica e socialmente.
Países minúsculos, mesmo os do MERCOSUL, nos dão aulas de qualidade de vida, tendo como principal, e às vezes única fonte de riqueza, o conhecimento.
O gigante adormecido continua no seu sono profundo de falsas fantasias.
Se o povo se conscientizasse de que ele pode romper com a mesmice continuada, creio que até o final do século vinte e um estaríamos no grupo das nações civilizadas.
Falta-nos coragem!

Gabriel Novis Neves
22-10-2014

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

EDUCAÇÃO


Lendo Gustavo Ioschpe, em recente artigo sobre educação infantil, tive confirmada uma triste conclusão a qual chegara há mais de quarenta anos: não sabemos educar os nossos filhos.
Educar, dizem todos os especialistas, além de ser uma tarefa difícil, é muito trabalhosa.
Fácil, é estragar as crianças, comenta o educador.
Como médico, observo esse fenômeno desde o pré-natal, parto, puerpério e primeiras semanas de vida.
Fico surpreso até hoje em verificar que quanto mais educação formal e melhor o nível econômico possuem os pais, maior é a possibilidade de serem criadas crianças infelizes e de difícil adaptação ao mundo que vivemos.
Crianças saudáveis física e mentalmente são sempre umas crianças promissoras.
Entretanto, uma série de fatores que as envolvem, principalmente nos primeiros anos de vida, tais como o desamor familiar, a repressão excessiva, a agressividade ambiental, que permeia muitos lares e, até mesmo, o excesso de atenção, são alguns dos componentes que comprometem o futuro da criança na base.
As crianças não são adultos pequenos. Temos de orientá-las para sobreviverem no mundo atual, que é extremamente competitivo, materialista e aético.
Prepará-las para se levantarem após as quedas, pois estas acontecerão em algum momento de suas vidas.
Verificamos, especialmente na “elite branca”, o emprego de excesso de mimo, que parece ser um instrumento utilizado como moeda da compra da felicidade.
Lembra Ioschpe que em inglês, italiano e francês, a palavra mimo significa estragar.
Experimentos conduzidos pela psicóloga de Stenford, Carol Dweet, demonstram os erros que cometemos na educação e desenvolvimento das nossas crianças, seja em casa ou escola de alto padrão.
Ficamos a nos indagar, sem obtermos uma resposta: por que crianças vindas de famílias estáveis financeira e emocionalmente e tendo cursado ótimas escolas, não realizam nada de significativo na vida, tornando-se um ônus à sociedade e aos familiares?
Quantas crianças foram chamadas de “gênios” e que mais tarde se transformaram em adultos mal resolvidos! Pulam de emprego a emprego, sem motivação com as tarefas que realizam, ficando, muitas vezes, dependentes de terceiros para manter a sua própria sobrevivência.
 “Precisamos mesmo é prepará-las para o fracasso, caso em alguma eventualidade ele ocorra. O segredo não é evitar a queda, mas, conseguir se levantar e seguir a caminhada”. 

Gabriel Novis Neves
20-10-2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Religião e política


Recente pesquisa nacional nos informa que noventa e sete por cento dos brasileiros acreditam em Deus.
O assunto religião e fé ficam mais expostos no período eleitoral. Todos os candidatos a cargos eletivos fazem verdadeiras peregrinações pelas igrejas e templos: judaicas, cristãs, africanas, muçulmanas, budistas, islâmicas ou outras de manifestações de cultura religiosa.
Não percebem o ridículo que propiciam aos observadores do comportamento humano. Candidatos hipócritas chegam a manifestar aos mais íntimos que vão a esses santuários sagrados apenas na esperança de conseguir uns votinhos.
É deprimente ver ateus e agnósticos tentarem enganar a si mesmos e aos fiéis.
Demonstram com essa estúpida atitude que não sabem que o papel do Estado é garantir a plena liberdade de culto.
Tentar impor as regras da sua crença religiosa a todos é uma atitude tão fundamentalista quanto a dos estados islâmicos.
Se um candidato é católico, evangélico, e fala ao seu público, tudo bem.
O insuportável é explorar a religião no período eleitoral.
Que religiosos defendam seus princípios é aceitável. Incomoda é quando a manifestação é unilateral.
A subjetividade do outro não é uma doença.
As pessoas têm o direito de combater as coisas mais estúpidas, mas, não impô-las. É a chamada intolerância dos intolerantes.
É delicado decidir até onde vai a liberdade de expressão!
Acreditar na Bíblia não é fundamentalismo, e poucos que a leem não acreditam nela, embora afirmem o contrário. A poesia tem uma linguagem simbólica, e a religião também a usa.
Os conceitos foram criados e podem ou não serem seguidos, pois fé não se discute, respeita-se.
Nossos políticos têm dificuldade de falar com o povo sobre a sua opção religiosa temendo perder votos. Isso é uma bobagem comparando com o oportunismo eleitoral de declarar o que não é nem nunca foi.
No Brasil existem, declarados, cerca de dois milhões de ateus. Para eles Deus não existe. Esse grupo se assemelha muito aos fundamentalistas.
O cristianismo influenciou muito a nossa formação. E a maioria do povo brasileiro é cristã.
O agnóstico não crê em nada, mas é tolerante com outras crenças.
O mundo é dependente da religião. Sejamos prudentes com a razão, que é civilizatória.
No mundo falta tolerância entre as religiões, criando a estupidez silenciosa, que é perigosa. Devemos sempre trabalhar para alargar a tolerância.
As religiões, em geral, têm ideia sobre a vida íntima das pessoas e o Estado não deve se meter nesses assuntos.
Pode haver uma forma de alguém cultivar uma religião e ser mais generoso.
Existem inclusive uns poucos, muito poucos, que apesar de não comungarem de qualquer tipo de religião, são portadores do que é mais importante, uma profunda religiosidade. São pessoas  cujo maior lema é respeitar o outro e suas crenças e diferenças de qualquer ordem.
Todas as religiões têm um efeito formador na nossa sociedade por pregarem valores justos.
Disciplinam muito a vida, porém há pilantras entre elas, assim como eles existem em todos os setores da humanidade.

Gabriel Novis Neves
20-10-2014

terça-feira, 21 de outubro de 2014

MUDANÇA DE RAMO


Após o atestado de incompetência dado pelos nossos dois principais Institutos de Pesquisas - o Datafolha e o Ibope -, inclusive, com a sua outrora infalível “boca de urna”, sugiro que mudem de ramo.
Como atividade comercial o cinco de outubro determinou a falência das duas.
Errar às vezes é tolerável. Mas, errar tão escandalosamente em grande parte dos Estados, é sinal de fadiga de material, para sermos elegantes.
Sempre ouvi dizer que as pesquisas feitas no início do processo eleitoral apresentam resultados para induzir o eleitor ao erro.
Em uma nação sem escolaridade desejada, ninguém gosta de perder a possibilidade de estar ao lado do vencedor, que representa o poder tão generoso em benesses.
Nos últimos dias de campanha tentam ajustar os números e os erros mínimos permanecem explorando os interessados candidatos.
Nestas eleições de dois mil e catorze os erros foram desmoralizantes.
Do pesquisador exigem-se escrúpulo, ética e conhecimento para a aproximação de uma realidade futura.
Por isso, quando falhas descabidas são cometidas, a empresa está inviabilizada para o mercado consumidor. A desconfiança já existente na manipulação da intenção dos votos, apenas se confirma.
Será que alguém terá coragem de contratar esses institutos citados para pesquisas no segundo turno das eleições presidenciais?
O pior não é pagá-los, mas sim, a divulgação nos órgãos de imprensa considerados de credibilidade de resultados tão descabidos.
Acredito que daqui para frente essas pesquisas só serão utilizadas para consumo interno.
A solução para essas firmas empenhadas em “adivinhar” o resultado de uma eleição sem a observância dos princípios éticos seria, no mínimo, mudar de ramo comercial.
A população agradece.

Gabriel Novis Neves
06-10-2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Fechamos


Estamos a menos de três meses do Ano Novo. O que podemos esperar dessa continuidade chamada de novo, quando estamos envelhecemos?
Eu nada vejo de diferente para melhorar o nosso país.
Teremos a presença de muitos “lideres” antigos e o aparecimento de novos atores na cena administrativa superior.
Uma espécie de trocar seis por meia dúzia. Haverá mudança nos milhares de cargos comissionados, não observando o mérito do ocupante, mas, quem indicou.
É o famoso “QI” sendo utilizado por aqui no século da modernidade e das grandes inovações tecnológicas.
Equipes dos candidatos vencedores já trabalham na topografia do loteamento do poder.
Velhos e aposentados cacifes retornarão para mais uma contribuição ao nosso desenvolvimento.
A anistia já chegou para os punidos pelo crime contra o erário público. Alguns mudaram de posição, mas, continuam atraídos pela mosca azul do poder.
De certo para o ano que vem somente as nossas históricas dificuldades causadas pelo desperdício do dinheiro público. Sem falar das famosas perdas internacionais, exaustivamente denunciadas pelo Engenheiro Leonel de Moura Brizola, o inesquecível comandante da Cadeia da Legalidade, em mil novecentos e sessenta e um.
Inflação voltando, emprego diminuindo, exportações em queda, corrupção sem controle, investimentos sem retornos.
Esse é o já esperado “Kit Ano Novo”.
Ainda virgem do Prêmio Nobel, precisamos para ano que vem de muita lucidez e sabedoria para não deixarmos o barco afundar, como na nossa vizinha Argentina.
A sorte está lançada!  Só nos resta torcer para que aconteça dos males o menor no ano que estamos fechando na nossa cultura, e não continuando.

Gabriel Novis Neves
08-10-2014

SEM ASSUNTO


Quando temos abundância de notícias como neste período em que o ano está terminando...
Com mandatos de muitos dos nossos governantes encerrando...
O campeonato nacional de futebol com clubes melhores classificados, perdendo para os últimos da tabela...
Onde nada está decidido nessa loucura de resultados quem serão os quatro primeiros, e os quatro rebaixados...
Ficamos pensando o que escrever a não serem as falcatruas dos nossos agentes públicos.
Estas de tão abundantes parecem mentiras. Muito assunto significa falta de assunto de qualidade que irá interessar ao leitor.
Verdades de ontem são mentiras de hoje, e transformadas em verdades “pétreas”.
Lembram-se da carta da Presidente da República por ocasião dos oitenta anos do FHC?
Aquelas verdades escritas e assinadas, hoje são inverdades.
Nesse ambiente escrever o que para quem?
Temos que pensar e muito sobre o presente desta nação. Corrigir as coisas erradas e aprimorar as certas.
Só assim podemos acreditar no nosso futuro.
É urgente desmobilizar os “raivosos” e preconceituosos que no desespero de perder o poder, lutam para dividir socialmente este país em pobres e ricos.
Já escolheram até onde plantar a semente do ódio entre irmãos. Os pobres ficam na região menos escolarizada, e dependentes do governo das oligarquias no norte e nordeste brasileiro.
Os ricos ficam espalhados nas outras regiões.
Precisamos da união de todos os moradores deste imenso território, para melhorarmos o presente e pensarmos no futuro.
Espero um dia poder escrever que vivemos em uma nação justa e democrática, com ética e republicana.
Neste momento os pobres estarão devolvendo ao governo as suas bolsas, pois tiveram pela educação a oportunidade de serem incluídos no mercado de trabalho.
Só com união e muita sabedoria sairemos deste congelamento de ideias renovadoras e inovadoras.

Gabriel Novis Neves

13-10-2014

A última


O governo, depois de solucionar todosos problemas da nossa saúde pública, a campeã das pesquisas em ineficiênciagerencial, resolveu inovar em cima dos cursos de medicina.
Tramita no Conselho Nacional deEducação uma revolucionária proposta que acaba com o diploma de médico e cria ode bacharelado aos alunos de medicina, após conclusão dos seis anos defaculdade.
Uma gracinha! No dia da colação degrau, orgulhosamente, esses “infelizes” universitários do curso mais longo,difícil e competitivo, recebem um canudo de bacharéis em medicina!
Prestaram vestibulares para se formaremmédicos e terminam bacharéis. Coisa de ilusionista.
O mais interessante, para não dizercômico, é que a proposta deve ser de algum palhaço prestes a seaposentar.
Já os alunos de veterinária, cujo cursoé mais curto que o de medicina, recebem o diploma de médicosveterinários!
O país está tão cheio de problemas e os“engraçadinhos” de Brasília resolvem brincar no Grande Circo Brasil com coisaséria.
Essa estratégia só pode ser paraimportar mais “médicos” de Cuba.
Nenhum outro país civilizado do mundoadota esse modelo.
O Brasil possui em funcionamento maisde duzentas e quarenta escolas médicas, e não gradua médicos? Legal, nãoé?
O pior é que esses “miseráveis” alunosdas nossas escolas, se desejarem fazer um simples curso de especialização naBolívia ou qualquer outra nação, estarão impedidos.
A condição primeira para essaqualificação é ser médico, e eles não são.
Bacharel não é médico, dizem as pedrasque rolam pelo leito do agonizante e poluído Rio Cuiabá.
Não acredito que os órgãos de defesados médicos, as universidades e, principalmente, os alunos de medicina,aceitarão mais essa empulhação dos incompetentes gestores da nossaeducação.
Continuamos caminhando para trás.
 “O Brasil é um país de espertos quereunidos formam uma multidão de idiotas”, Gilberto Dimenstein.

Gabriel Novis Neves
17-10-2014

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

PASSADO


Nesta turbulência política de final de segundo turno para as eleições presidenciais e alguns governos estaduais, lembrei-me de um verso do Mário Quintana.
 “O passado não reconhece o seu lugar; está sempre presente”.
Por estar sempre atual com os escândalos mais famosos como o “Mensalão” e o “Assalto à Petrobras”, é que o passado está lutando num verdadeiro vale tudo para continuar presente.
Na poesia a beleza supera a realidade. A indignação da nação ultrajada é tanta, que desta vez até um “poste” tem chance de tomar o lugar do passado recente.
É da genética da nossa gente sempre cerrar fileiras com os vencedores, mas, na situação atual tudo indica que haverá mudança de comando.
O corre-corre de adesões já começou. Até o partido que tem o seu Presidente Nacional e atual Vice-Presidente da República (candidato a reeleição), já está dividido pendendo para o lado com maior chance de vitória, que não é o da continuidade.
O líder do maior partido no Congresso Nacional declarou que o que interessa nesta eleição, é a consolidação da sua candidatura à Presidência da Câmara dos Deputados na próxima legislatura.
Não vê a menor dificuldade em apoiar o candidato tucano, o mesmo acontecendo com o candidato do seu partido ao governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Quando o tsumani das mudanças escolhe um candidato para empurrar, nem reza braba resolve deter a onda, no caso azul.
Assim é a nossa política centrada em oportunismos e vantagens pessoais.
Enquanto isso, mais um Nobel saiu para a França! Até quando ficaremos como país periférico sem resolver nossos crônicos problemas históricos?
Será que os versos do Quintana após as eleições voltarão a nos lembrar de que o presente é o passado?

Gabriel Novis Neves
13-10-2014

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Trabalho


Cientistas políticos, estatísticos, jornalistas, marqueteiros, entre outros envolvidos na vida política, estão tendo muito trabalho para interpretar os resultados das eleições do dia cinco de outubro.
O fenômeno “surpresa” aconteceu em quase todo o Brasil.
Gostaria de analisar com vocês os resultados no nosso Estado.
Queria que algum especialista, não envolvido emocionalmente com siglas partidárias ou contratos comerciais de marketing, explicasse à nossa gente como, em um universo de 1.686.786 eleitores aptos a votar, o número de abstenções foi de 501.407, votos brancos e nulos 202.753, totalizando 704.160 eleitores “descrentes”.
A votação da “coligação”, abstenções, brancos e nulos, ultrapassou, em muito, as votações do segundo, terceiro e quarto candidatos ao governo do estado.
É bom lembrar que o eleito teve 833.788 votos.
Para senador, deputados federais e estaduais, a votação de brancos e nulos foi assustadora, destruindo muitos castelos construídos na areia.
Esses números deverão ser trabalhados e interpretados cientificamente, pois o silêncio dos eleitores, traduzido pela ausência às urnas, significa uma reprovação com o “status quo” do nosso jeito de fazer política.
Não houve vencedor nestas eleições aqui em nosso Estado, contrariando o velho jargão que a cidadania foi a grande ganhadora do pleito.
Houve sim, uma enorme demonstração de descontentamento da nossa gente.
Nunca esquecer que entre nós o voto é obrigatório, com severas punições aos faltosos.
Mesmo assim, o recado foi dado e, “para bom entendedor meia palavra basta”.
Não é mais aceitável a velha crença que votar é exercer a democracia, a cidadania e outras bobagens mais.
Hoje, estamos no momento de demonstrar o nosso protesto.
Que democracia é essa que temos neste país? Votar no dia das eleições em candidatos que pertencem a estruturas políticas impossíveis de serem mudadas?
Grupos encastelados nos poderes da República só legislam em causa própria e na dos financiadores das caríssimas campanhas eleitorais.
O povo, na sua imensa sabedoria, manda recados...
Quem tiver juízo, reformule a velha política ora praticada, ou coisas piores virão.
Teremos segundo turno para a Presidência da República.
É uma decisão que se assemelha muito àquela quando um jogo de futebol termina empatado e há necessidade de um vencedor.
A decisão vai para os pênaltis.
Creio que muitos que se fingiram de alheios ao processo eleitoral no primeiro turno, não deixarão de chutar a bola para que possamos, neste segundo turno, pelo menos, propiciar esperança ao nosso povo.

Gabriel Novis Neves
08-10-2014