quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Poder da máquina


Estamos nos tornando, progressivamente, em um país patrimonialista. Inclusive, incorporando a corrupção como prática política.
Nas palavras de um ex-presidente da República, a formação do “caixa-dois” não deve ser considerada corrupção.
O, “rouba, mas faz”, foi se integrando ao inconsciente coletivo e admitido como normal.
Ao que parece, os índices crescentes nos serviços de saúde, alimentação e transportes, visíveis principalmente pelas classes emergentes despontadas nos últimos dez anos, são o que verdadeiramente vêm contando nas pesquisas de intenção de votos dos eleitores do próximo referendo de outubro de 2014.
A sensação de governabilidade ainda existe nas populações de menor nível socioeconômico, estimuladas pela hegemonia de pensamento de uma classe intelectual atuante.
Além do painel de personalidades em jogo, há que se considerar a poderosa máquina montada pelo governo, visível em todos os setores.
Surgiu o voto estrutural, trazido pelos inúmeros benefícios para essa classe, tais como: Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos.
Enfim, são conquistas que essa parte da sociedade não quer perder.
Isso não ocorreu só no Brasil, mas em toda a América Latina.
O Partido dos Trabalhadores, de 2002 para cá, se tornou uma hegemonia política, ficando o fator ético num nível secundário.
É como se o virtual se tornasse maior que o real.
As redes sociais destroem rapidamente qualquer tipo de avaliação pessoal dos acontecimentos.
Esse imenso labirinto das comunicações muda, em poucos minutos, as ideologias.
A corrupção nos meios intelectuais é tratada com falso moralismo e, dessa maneira, minimizada.
A nossa vã imaginação não consegue visualizar uma política sem partidos, estando patente que há um esgotamento do nosso sistema político vigente, o presidencialismo.
Segundo inúmeras correntes, o Parlamentarismo talvez fosse mais eficiente para países em desenvolvimento como o nosso.
O que se observa é uma intenção por parte da sociedade em destruir esses modelos arcaicos, apenas não se sabe como fazê-lo.
A posição das estatais foi atingida pelo “toma-lá-dá-cá”, redundando no desastre de gestão corruptiva que temos presenciado.
Nesse caldeirão de incongruências, nem os cientistas políticos mais conceituados descartam a imprevisibilidade do resultado nessas próximas eleições.
Há muitas gerações não se vê tanta competitividade e tão poucas possibilidades de mudanças.

Gabriel Novis Neves
18-09-2014

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