quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Enciclopédia

Como todos sabem, estamos na era da informática, do conhecimento virtual instantâneo e globalizado. No entanto, os livros continuam tendo um valor, pelo menos para mim, inestimável e insubstituível.

Em razão disto, fiquei feliz quando minha irmã me presenteou com um livro. Melhor dizendo – uma enciclopédia - Enciclopédia Ilustrada de Mato Grosso.

Fiquei olhando para a enciclopédia e me reportei ao tempo em que meus filhos estudavam. Naquela época, eles não dispunham das informações virtuais, tão em moda hoje em dia.

Eles pesquisavam em livros, mas especificamente, em enciclopédias.

Todas essas valiosas obras fizeram parte do universo de pesquisa de muitos jovens. Mas, os tempos são outros. E as grandes enciclopédias, hoje em dia, estão, infelizmente, relegadas a um plano que não mereciam. A informação virtual – nem sempre confiável – tomou o lugar de honra que lhes cabiam.

Mas, voltando ao presente da minha irmã – a enciclopédia. É um livro com 423 páginas. Como é uma enciclopédia, a leitura é feita por amostragem em assuntos que nos interessam. A enciclopédia e o dicionário são frutos de um trabalho que envolve gente especializada, imparcialidade, tempo e rigorosa supervisão do autor da obra. É uma obra de tanta responsabilidade, que às vezes demora anos de trabalhos em tempo integral.

Em um domingo, com o Botafogo alijado da disputa do título de campeão, resolvi consultar um verbete da Enciclopédia Ilustrada de Mato Grosso - dedicado aos jovens e estudiosos da nossa história.

Essa obra foi realizada e publicada com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, pela Editora Buriti, da Cidade Alta - Cuiabá, com a Coordenação Editorial do ex-Secretário de Cultura do governo anterior.

Procurei, por pura curiosidade, o verbete BUGRE (Bar do). Encontrei-o na página 66. E lá estava escrito: “estabelecimento comercial fundado a 29 de junho de 1920, com o nome de Bar Moderno, em frente à Praça Alencastro, em Cuiabá. O Bar do Bugre passou para a história como um dos estabelecimentos de maior popularidade na capital, pois ali se reunia a nata da cuiabania. Tinha mesas de bilhar e era ponto de encontro da rapaziada. Pertencia aos irmãos Neves (Darci, Clodomiro e João) e durante mais de meio século foi considerado o melhor da cidade”.

Ao ler o verbete, minha alegria foi embora, junto com a confiança que eu depositava na enciclopédia – o verbete possui um erro lamentável de informação.

O Bar do Bugre foi de propriedade, única e exclusiva, do senhor Olyntho Neves, fato grosseiramente ignorado pelo editor da Enciclopédia, feita com dinheiro do contribuinte.

O autor da Enciclopédia parece-me que não levou muito a sério o fator pesquisa que, segundo opinião de Marston Bates, a “pesquisa é o processo de entrar em vielas para ver se elas são becos sem saídas”.

Uma pena que a equipe de pesquisa não tenha se aventurado pelas vielas de Mato Grosso - uma simples visita à Junta Comercial lhe daria todos os dados corretos.

O mais cômico dessa falta de compromisso profissional com os fatos históricos, é que o estabelecimento comercial ficou conhecido pelo nome de Bar do Bugre em homenagem ao Olyntho Neves - o popular Bugre do bar - transformado pela população em Bar do Bugre. A história foi essa.

Nem irei comentar os “equívocos” presentes em outros verbetes. O Bar do Bugre passa a integrar a imensa lista da história falsificada.

Além dos equívocos gritantes, a ausência de muitos fatos e personalidades que fizeram, verdadeiramente, parte da nossa história, relega esta pseudo-enciclopédia a um beco sem saída.

Falta-lhe, sobretudo, o respeito pelo princípio da imparcialidade – fator preponderante para a credibilidade e confiabilidade de uma obra deste porte.

"Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza.” (Bertrand Russel)

Gabriel Novis Neves

20-11-2011

terça-feira, 29 de novembro de 2011

GRANDE IMPRENSA

Os jornalistas da chamada grande imprensa, ou são muito jovens, e só conhecem o mundo atual, ou são velhos dementes, com a doença do alemão (Alzeihmer).

“O Brasil tem que ser mais agressivo com o mercado americano” – diz a manchete de uma revista de circulação nacional, incluída na grande imprensa.

Tenho ou não razão?

A presidente tem história de agressividade contra os americanos. Basta consultar os jornais da década de sessenta-setenta, para entender o que estou dizendo.

Não há necessidade de pesquisas em bibliotecas brasileiras, ou viagem aos Estados Unidos para conversar com familiares do ex-embaixador americano, que foi sequestrado no Rio de Janeiro.

O Brasil sempre foi agressivo com os Estados Unidos.

Certa ocasião um ex-presidente nosso decretou moratória à nação imperialista. Devo, mas não pago, disse o Brasil aos americanos.

Lembro-me que, no apogeu da guerra contra Cuba, um dos líderes cubanos foi condecorado em Brasília, numa afronta aos Estados Unidos.

No início da Segunda Guerra Mundial, o Brasil ficou contra os Estados Unidos, depois se acertaram.

A nossa história contemporânea está recheada de fatos que demonstram que nunca tivemos medo dos americanos e sempre fomos agressivos com eles.

A mesma revista que nos cobra agressividade de mercado contra os Estados Unidos, diz que o Brasil precisa do “estado de espírito de desenvolvimento criado por JK, e a presidente é a que melhor encarna a figura do criador de Brasília.”

A nossa presidente tem experiência em enfrentar os americanos.

O que ela não deseja é deixar uma herança pior do que aquela que recebeu.

Agressividade tem preço, e até hoje pagamos por esses atos de bravuras juvenis, com o perfume da vaidade e a roupa da ambição.

Os agressivos nos deixaram um imenso cofre cheio de ouro, mas sem as chaves do conhecimento para abri-lo.

E mais: sem educação, saúde, ciência e tecnologia, onde a agressividade está na competição?

Mirian Leitão lançou um livro de 800 páginas, onde ela faz um retrospecto da nossa economia de 1985 até os dias atuais.

A nossa agressividade nos rendeu uma dívida, nesse período, de alguns trilhões de reais.

Não tenho a mínima idéia de como traduzir trilhões de juros e dívidas. Só sei que é muita coisa.

O efeito todos nós sentimos: construímos o crescimento econômico dessa nação, porém, deixamos de lado, o seu desenvolvimento social.

A grande imprensa é estranha, não é?

Gabriel Novis Neves

17-11-2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Consultório de rua

Oferecer atendimento especializado a usuários de drogas que vivem em situação de vulnerabilidade social dentro de uma Van, e chamá-la de Consultório de Rua, é brincadeira de mau gosto.

A implantação de Consultório de Rua sustenta-se em iniciativas que deram resultados satisfatórios, no contexto nacional e internacional.

Como amigo de Chico Galindo peço a retirada urgente dessa peça publicitária das ruas de Cuiabá. O principal objetivo do Consultório de Rua, não é que os usuários parem de usar drogas ou aceitem participar de um tratamento, mas que isso seja uma conseqüência do trabalho feito com eles na rua, uma vontade que deve partir do indivíduo e não da equipe profissional. Caso o usuário opte por fazer o tratamento na instituição, esta deverá disponibilizar uma equipe de psicólogos e psiquiatras que o possibilite a participar de grupos terapêuticos.

Há pouco tempo tivemos na UFMT um seminário para discutir a formação do pessoal envolvido no tratamento dessa epidemia. Verificou-se, face à complexa missão de consolidar a rede SUS (Sistema Único de Saúde) e SUAS (Sistema Único de Assistência Social) de assistência ao usuário de drogas, que é necessário à preparação de uma equipe multidisciplinar, para então, e só então, partir para a execução das ações – com retaguardas especializadas.

É importante que o nosso prefeito ao executar as políticas do governo federal, ouça um pouco mais a sua equipe de saúde e entenda melhor as finalidades de um Consultório de Rua.

Cuiabá não possui, no momento, equipes multiprofissionais com formação sobre crack, outras drogas e familiares, suficientes para exercer este trabalho.

Este “consultório” recém inaugurado integra os seguintes profissionais: duas psicólogas, uma assistente social, uma enfermeira e dois “redutores de danos”. Médico que é bom, nenhum. E, qual a formação destes profissionais para a abordagem com a população em situação de rua?

Andando pelas madrugadas, encontro centenas de menores desnutridos, maltrapilhos e envelhecidos – todos sendo consumidos pelas drogas. Sem família e sem presente, vivem o momento de uma pedra.

Fico curioso para saber qual o tipo de abordagem é feita na Van, e como.

Sem o médico para constatar se o problema é a dependência química ou de alguma comorbidade psiquiátrica, fica difícil assistir a população de rua. Além do mais, são necessários outros profissionais com saberes inerentes ao cotidiano da rua.

Talvez conselhos para que parem com o vício e voltem para casa. Mas, muitos deles, ou não possuem casa nem família, ou simplesmente foram expulsos de seus lares.

E o que fazer com aqueles que possuem casa, família?

Noto et al (2003)9 em pesquisa realizada com crianças e adolescentes em situação de rua, verificaram em Cuiabá que 76,1% moram com a família e os motivos atribuídos para estarem na rua foram encontrar nesta a diversão, liberdade, falta de outra atividade.

É fácil imaginar o Consultório de Rua fingindo ter resolvido um problema, e voltar no outro dia, para continuar a farsa do atendimento. Ele não é e nem será o salvador da pátria.

Se a prefeitura colocar nos seus PSF uma pessoa capacitada para essa orientação e trabalhasse com a universidade nos diversos níveis para um trabalho médico-social, não precisaríamos passar a vergonha de cruzar com uma dessas Vans, lotadas de DAS municipais.

Duvido que alguma autoridade defensora da Van Consultório de Rua, teria coragem de levar um familiar ou pessoa querida para tratamento nesse verdadeiro espaço da loucura.

Prefeito Galindo, aproveite esse Consultório de Rua, coloque um médico, um antropólogo, um educador e, com essa equipe de saúde faça um pouquinho de saúde coletiva.

Ao invés de dar prosseguimento a esse tipo de atendimento, com a Van desfilando sua inutilidade pelas ruas de Cuiabá, mostre o seu poder político de criar em Cuiabá leitos para a assistência à saúde mental, especificamente aos usuários de drogas.

Sabe-se que o Ministério da Saúde financia através do SUS esses leitos, porém eles não existem em Cuiabá.

Sem eles o Consultório de Rua perde a sua finalidade, nos casos em que os usuários estão em risco de vida ou colocando a vida de outros em perigo. Não defendemos o confinamento desta população a internação compulsória, mas há casos que necessitam de atenção profissional do setor secundário e, por sua vez estes profissionais devem estar em sintonia com os demais da Atenção Básica.

Há necessidade da articulação dos Consultórios de Rua com a escola, a comunidade e a família.

Insistir com este programa em uma cidade que possui duas Escolas de Medicina, onde o SUS não funciona, é dar um tiro no pé.

Gabriel Novis Neves

16-11-2011

domingo, 27 de novembro de 2011

PARA QUE ESCONDER

Não existe uma regra universal ou cultural para esconder as doenças que possuímos, e que, às vezes, estão na nossa cara. Conheço, por exemplo, muita gente que não diz, em hipótese alguma, a sua idade, que não é doença.

Quando ela avança, a primeira providência para esconder - quando o certo seria comemorar - é tentar esconder os trajetos que o tempo produziu, com o bisturi.

Lembro daquela historinha que muito ouvi quando criança: “A emenda ficou pior que o soneto.” Ou seja: como estava, estava melhor que agora. Isso acontece em muitos casos.

As rugas simétricas, de tantas histórias, têm o seu trajeto interrompido pelo bisturi sem alma, desmanchando a simetria da natureza.

O nariz olhando para baixo é transformado em pequeno poste de sinalização para a boca. Os lábios com a idade tornam-se finos, mas idosos não aceitam mais essa evolução da natureza e fazem tanto preenchimento, que a população brasileira, com poder de consumo, tem uma característica em comum, que são os lábios botocudos, e não carnosos que era o sonho de consumo.

E os que cismam que estão com o aspecto de cansados pela bolsinha nos olhos? Há casos que a vaidade é tanta, que certos pacientes perdem tanta pele das pálpebras, que passam a dormir com a fenda palpebral aberta.

A vaidade leva à idolatria do esconder.

Os homens não estão fora desse comportamento de verdadeira idolatria da eterna juventude.

As novas gerações não foram marcadas pelas sábias letras dos poetas, escritores, jornalistas, sábios, autodidatas, imortalizadas nas marchinhas carnavalescas.

Estamos observando a extinção dos carecas entre os homens das classes sociais mais abonadas economicamente. É impressionante o número de homens que fazem a cirurgia de implante de cabelo. Segundo estatísticas, a maior procura e os melhores clientes são os políticos, que fazem esse tratamento, que não é barato, por conta da viúva.

Aposto que essa gente nunca ouviu a marchinha de carnaval da década de quarenta e que dizia: “são dos carecas que elas gostam mais, porque eles são os maiorais.”

O homem público, especialmente, não tem o direito de sonegar as informações sobre a sua saúde.

Não sou hipocondríaco, mas para parecer e me sentir saudável, tomo quinze comprimidos de remédios por dia. Nenhum para embelezamento, e sim, para controlar a minha saúde.

Uma revista de circulação nacional deu um furo de reportagem dizendo que a nossa presidente toma vinte e oito comprimidos diários e o nome das doenças.

Não seria melhor se ela contasse ao povo brasileiro sobre a sua saúde?

Esconder, para que?

Gabriel Novis Neves

03-11-2011

sábado, 26 de novembro de 2011

Odores

Quando Ricardo Noblat escreveu o artigo “Mau Cheiro”, achei que o jornalista estava exagerando na sua indignação diante das bandalheiras tradicionais da Capital Federal.

Com o evoluir dos dias, “Mau Cheiro” se tornou um título ameno. Brasília está podre, fétida e insuportável para se viver uma vida saudável.

Em apenas onze meses do governo da continuidade, não se fez outra coisa a não ser desconstruir o governo passado.

O sexto herdeiro do ex-presidente está com as horas contadas para encaminhar, a pedido, a sua carta de demissão de ministro - para o bem do Brasil.

Para os colecionadores de curiosidades históricas: todos os ministros que pediram demissão pertenciam ao círculo de confiança do ex-presidente, que elegeu um poste para sucedê-lo, como ele gostava de comentar.

Nem debates aconteceram no diretório do partido para a escolha do sucessor do ex-metalúrgico. Foi, ou a inauguração da democracia cubana entre nós, ou para agradar os capitalistas do Cara do Obama.

E a moda pegou, pois o ex-presidente, sem discussões, emplacou o ministro da sua preferência para candidato à prefeitura de São Paulo.

Melhor sair logo. Vai que este daí também tenha que pedir demissão? Piorou, e muito, a qualidade da educação brasileira, mesmo tendo aumentado extraordinariamente os recursos orçamentários do Ministério da Educação.

O tri desastre do Enem, ficará como o seu maior legado. Difícil é convencer a opinião pública em uma eleição, assim como a política de cotas para os chamados cursos nobres - Medicina, Engenharia e Direito.

Tem mais: o MEC vai cortar 50 mil vagas em universidades públicas e privadas. Mais de 37% das instituições foram “reprovadas” pelo MEC.

A Unicamp, que é uma universidade estadual do interior de São Paulo, é a melhor universidade pública em classificação do MEC.

Todos os ministros demissionários tiveram como único motivo provável, o desvio ético no exercício do cargo, com exceção do gaúcho que disse não ter votado na presidente por achar o Serra mais competente.

Nessa leva ministerial, sobrou até para ex-ministro, hoje governador de Brasília. O governador levou para investigação criminal uma colega de residência médica, com muito conceito científico no Brasil.

Diante da nova condição de criminosa, a doutora resolveu contar tudo sobre o seu envolvimento para a imprensa, e promete mais à justiça.

Lendo essas notícias pelos jornais, a impressão para quem está longe, é que em Brasília, onde as semanas são de três dias, agora ninguém trabalha, com exceção da polícia.

Dizem que o pânico tomou conta do Palácio do Planalto. Ministros que já estão há bastante tempo enraizados, estão tendo problemas de saúde.

O Mau Cheiro em Brasília ficará insuportável se a inflação oficial voltar. Ainda bem que estamos às vésperas da Copa do Mundo, para nos alegrar.

Os fabricantes de perfume estão aumentando os estoques para suportar a demanda diante de um imprevisto de crise econômica européia no Brasil.

Por enquanto, só odor de “Mau Cheiro” de travessuras políticas.

Gabriel Novis Neves

17-11-2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

EMPRESÁRIO

Não conheço nenhum empresário que tenha investido o seu dinheirinho na construção ou na administração de hospitais privados, e não tenha falido.

Hospitais tipo Dubai, existem em São Paulo e Rio de Janeiro que, às vezes, funcionam como centro de lavagem de dinheiro.

Hospital é dever do Estado.

Na ausência criminosa do poder público, médicos são obrigados a construir hospitais particulares, para terem onde trabalhar.

Esses profissionais, para viver, ganham pelo seu trabalho profissional, e não, como empresários. Nos grandes centros, as colônias de migrantes investem em hospitais para terem onde se tratar.

Os judeus mantêm o Albert Einstein, os árabes o Sírio-Libanês, os portugueses a Beneficência Portuguesa, os alemães o Oswaldo Cruz, e assim por diante.

Aqui em Mato Grosso não conheço nenhum milionário - e temos vários - investindo em empresas hospitalares particulares.

Leio no jornal que o governo do Estado e as OSS farão parceria público-privada para a conclusão do Hospital Central - esqueleto da vergonha com mais de um quarto de século - no Centro Político Administrativo, local da maior concentração de obras públicas faraônicas e reformas anuais caríssimas.

Vamos à realidade.

Dificilmente virá algum dinheirinho do governo federal. O Estado está com o seu poder de endividamento naquele ponto em que, uma marolinha na piscina dos juros, e o devedor morre afogado.

A prefeitura, só se vender o prédio do Palácio Alencastro, pois não tem dinheiro nem patrimônio. Já vendeu tudo que tinha.

Restaram os empresários ricos. Os daqui eu tenho certeza que não entenderão o chamamento (!).

E as multinacionais que ganham fortunas por aqui, farão essa besteira de montar um hospital sabendo que o autor da proposta não tem capacidade de administrar o empreendimento?

É tão séria a proposta da parceria, que o autor da ideia está deixando a secretaria para cuidar de coisas mais importantes, que são as suas emendas parlamentares para o próximo ano.

Será que ele teria coragem de colocar todo o valor das suas emendas parlamentares, nessa parceria para a conclusão do hospital vergonha de Cuiabá?

Se concluído e equipado, num sonho de maravilhas, os nossos políticos teriam condições de conseguir do SUS aumento do teto de cotas para atendimento de pacientes e exames complementares para esse novo hospital?

Prefiro os sonhadores que trabalham para viabilizar o sonho, aos contadores de sonhos.

Essas famosas parcerias público-privadas não deram certo nem na construção de estradas, imagine na complexidade de um hospital.

Enfim, tem gente que acredita em mula sem cabeça que lê e escreve.

Então é só esperar.

Gabriel Novis Neves

15-11-2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O relógio da copa

Fazia a minha caminhada matinal e eis que, ao passar pela calçada de um prédio construído em uma Praça da Avenida Lavapés, senti a sua ausência.

É, senti falta dele: o relógio da Copa.

Ele não estava mais em cima do gramado em frente ao prédio que, diga-se de passagem, foi construído em local impróprio - uma praça.

Uma antiga lenda cuiabana diz que construir prédios em praças públicas traz má sorte. Como exemplo maior: a sede da atual Câmara de Vereadores, que foi construída no Campo D'Ourique.

A atual Secretaria Municipal de Saúde ocupa um prédio no Porto, onde, quando criança, joguei muito futebol com bola de seringa.

Os exemplos citados fazem jus à lenda. Talvez isto explique porque a escolha de uma praça foi o pior lugar para ser sede da Copa.

Lembro-me que, há sessenta dias, assisti à festa de inauguração do relógio, chamado de cronômetro pelos oradores do evento.

Acompanhei tudo pela televisão e pelos jornais. Sites espalharam a notícia do mais moderno e bonito marcador das obras, e do tempo que faltava para a Copa.

A foto histórica da diretoria da Agecopa – todos os seus membros com mandatos e poder – saiu estampada em todos os meios de comunicação.

Logo após a inauguração do relógio, as coisas começaram a atrasar na agência da bola.

A Agecopa, após meses de crises e muitas viagens internacionais para estudos de modernas tecnologias de mobilidade urbana em Portugal, um encontro na Inglaterra e uma viagem estratégica à Rússia para compras de armamentos para fiscalizar as nossas fronteiras, foi dissolvida pela Assembléia Legislativa em vinte e quatro horas.

Os mandatos dos diretores não foram respeitados, pois direito adquirido nunca foi o nosso forte.

A pergunta que corre em Cuiabá: por que tiraram o relógio, imprescindível para a transparência das obras da Copa, e fator motivacional aos desiludidos habitantes da ex-Cidade Verde, tão judiada ultimamente?

Falta de pagamento? A Copa não será mais realizada aqui? Onde foi parar o relógio da transparência?

Na padaria tem gente que jura ter visto esse instrumento sendo colocado em uma cidade do Nortão.

Desorientados com relação ao futuro da sede dos jogos e com o distanciamento da iniciativa privada, ganham os moradores de Cuiabá, por se verem livres da poluição visual daquele trambolho, e os motoristas, que eram prejudicados na sua visibilidade.

Perdem as rodinhas de conversa fiada, com um dos referenciais das boas piadas que surgiram nesses sessenta dias.

Ganha o órgão mais sensível do nosso organismo, que é o nosso bolso. De 30 mil reais para sete mil por mês, a nossa saúde melhorou e muito.

Perguntaram-me se, em troca das homenagens aos que contribuíram para o esporte de Mato Grosso, a exigência teria sido a retirada do relógio, que era a expressão visual do afundamento do futebol no Estado.

Não gosto desse tipo de brincadeiras. Agora, que ficou enigmático o lugar antes ocupado pelo relógio, isto lá ficou.

Em uma cidade temos as suas belezas e as suas mazelas.

Fiquemos com a alegria dos pássaros, as mangueiras carregadas de frutas, as flores exalando perfume, as cachoeiras, os rios e o fantástico fenômeno da piracema.

Perdemos a feiúra da invencionice dos sábios e uma florescente fonte de humor que é a alegria, o elixir da vida saudável.

Reloginho, diga para mim - o que houve e onde estás?

Quero um final feliz para esse drama escolhido, por quem nós escolhemos.


Gabriel Novis Neves

18-11-2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

LEIS PARA FERRAR

Em um país onde o poder público não cumpre a Constituição Federal que diz que “A saúde é direito de todos e dever do Estado,” criam-se leis absurdas e demagógicas, visando única e exclusivamente ao fechamento dos poucos hospitais privados ainda funcionando, e bem.

Após a falência forçada por essas leis, o governo adquire esses espaços de saúde para funções outras.

Os hospitais assassinados, são comprados a preço de banana pelo governo e transformados em garagens de ambulâncias; locais para abrigar centenas de cabos eleitorais comissionados sem necessidade de concurso público; albergues de morcegos e até locais para depósito de lixo.

Quando não entrega a administração desse tiquinho de estrutura que o nosso Estado possui, e não funciona, às duvidosas organizações sociais.

A experiência com o Hospital Metropolitano de Várzea Grande no seu primeiro mês de funcionamento foi um fiasco.

A justiça não aceitou essa invencionice, que é uma fuga de responsabilidade, e foi muito benevolente concedendo três meses para o Estado cumprir a lei.

Se fosse para um hospital privado de qualidade, o prazo seria de 24 horas, com multas diárias milionárias.

Poderia citar inúmeras leis que são feitas visando ferrar os hospitais particulares.

Duas merecem uma atenção especial.

As internações determinadas pela justiça sem indicar a fonte dos recursos.

Outra é a anedótica lei do cheque caução.

Em ambos os casos, o Estado é o responsável, mas, caloteiro contumaz, repassa esse ônus aos hospitais privados.

A empresa hospitalar é obrigada a fechar as suas portas e aumentar ainda mais o sofrimento social no Estado da Copa Pantanal.

Por isonomia, gostaria de saber se é possível fazer a lei do calote para todos os outros setores da economia.

Gostaria de comprar toneladas de soja, algodão, carne de qualquer tipo, milho, óleo e outros produtos sem cheque caução, contratos, garantias e um não estou nem ai para compromissos com as liminares da justiça.

Por que essa fixação na saúde do povo brasileiro? Alguma determinação sigilosa superior para diminuir a nossa população?

Nem nos tempos de Hitler havia tanta crueldade com os doentes.

Chegamos ao fundo do poço, com pacientes com pus na barriga, portador de bom plano de saúde e particular, não encontrar hospital para operar.

É quase impossível na cidade da Copa, salvar a vida de um paciente, quando o procedimento exige internação hospitalar.

Os pobres estão morrendo em nosso Estado por omissão dos governos irresponsáveis, que não investem na saúde pública.

Propaganda enganosa setorial e inútil consome grande parte do orçamento do Estado.

Sou obrigado a ouvir nos intervalos nobres da televisão, mensagens publicitárias de ações governamentais visando o atendimento de dependentes químicos, idosos, casamentos comunitário, bailes para o pessoal da melhor idade e etc.

A condição humana dos habitantes do Estado da Copa do Pantanal vale menos que uma reunião interminável do governo, com os nossos legisladores do cheque caução e calote das internações judiciais, para decidir o futuro dos dirigentes da agência da Copa.

Senhores legisladores federais, estaduais e municipais! Cumpram com as suas obrigações constitucionais, elaborando leis para melhorar a qualidade de vida do povo que vos elegeu.

Parem de ser mandados a fazer leis para ferrar o povo, matando os seus hospitais privados, hoje todos na UTI.

Conselho Federal de Medicina, por favor, defenda os hospitais que ainda são seus!

A PEC 29 morreu, e agora a saúde está em um mato sem cachorro, sem fontes necessárias de recursos para seu funcionamento.

Não deixe que a lei do imposto venha para nos ferrar mais ainda - desejo dos nossos governantes.

Vamos lutar para que o Estado use para compra de serviços médicos cheque caução, igual aquele utilizado para a compra dos jipes na Rússia.

Gabriel Novis Neves

25-10-2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Entenda essa

Nos Estados Unidos da América do Norte, em três anos, mais de trezentos e oitenta bancos fecharam suas portas, segundo a revista Veja. No Brasil o cenário é o oposto. Estamos abrindo mais bancos que faculdades de Direito.

Na fila, cerca de vinte instituições aguardam autorização para abrir as portas.

A expansão do sistema conta com o apoio do governo através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Com essas informações da revista Veja, abrir bancos no Brasil é um grande negócio.

Alô, pessoal da produção de alimentos, da indústria e comércio! Saiam da contramão dos seus negócios e abram um banco que o governo garante.

Trabalhar com o dinheiro dos outros sempre foi uma excelente e rentável atividade, especialmente em países que operam com juros altíssimos.

Nunca se ganhou tanto dinheiro na história deste país, como os banqueiros nos últimos oito anos.

O desestímulo a quem trabalha produzindo bem estar à população e riqueza é enorme diante dos ganhos estratosféricos dos banqueiros.

Não sou economista nem pessimista, mas convivo entre os chamados profissionais liberais, e percebo o desânimo dessa gente tão importante ao nosso desenvolvimento.

Muitos estão abandonando as chamadas profissões nobres, e se dedicando a atividades de um banco doméstico, sonho de todo jovem brasileiro.

É impressionante o número de emprestadores de dinheiro no Brasil.

Em nossa cidade o número clandestino desses “profissionais” é imensurável.

Agora entendi porque os novos brasileiros querem ter um banco próprio ou similar.

Além do incentivo governamental, é uma atividade que supera todas as outras profissões em rentabilidade.

Em um país capitalista como o nosso, trabalhar com o capital dos outros e as garantias do sistema financeiro, não há opção.

Quero ter um banco - é o que dizem os jovens.

Entendi.

Gabriel Novis Neves

19-10-2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

OPINIÃO PÚBLICA

Ouvi de um humilde pai, cuja filha foi mais uma vítima da violência - reforçada por álcool e drogas -, uma sábia observação:

- Se alguém atrasar a pensão alimentícia de um filho, muitas vezes em condições de não miserabilidade da família da criança, o pai, independentemente da sua condição social ou econômica, é algemado e preso. Agora, matar por motivos fúteis uma mulher frágil, comparecer alguns dias depois à polícia e confessar o crime, a lei manda para casa. Só falta a autoridade policial pedir desculpas ao criminoso.

O crime foi de uma crueldade inimaginável. Conforme a lei do país, o assassino, após alguns dias, comparece à delegacia de polícia, relata o seu ato insano e é liberado para ficar em casa.

Sinceramente é complicado cumprir as leis deste país, tão desiguais nas suas interpretações.

O Supremo Tribunal Federal - corte suprema da justiça brasileira - está encontrando inúmeras dificuldades jurídicas para interpretar a velha Lei da Ficha Limpa.

Para o mendigo que retirar uma banana da quitanda, a lei é clara: apropriação indébita, seguida de furto e dano ao patrimônio privado. Cadeia em regime fechado e pena de detenção de três a cinco anos.

“Assaltante dos cofres públicos não é qualquer um e não deve ser incomodado, tampouco tratado com falta de respeito.”

Essa frase filosófica é uma dentre as inúmeras falas presidenciais de um passado recente. Foi dita em referência a um senador que, outrora, fora considerado, pelo autor da frase, como o maior grileiro de terras desta nação.

O Brasil perdeu 87 bilhões de reais só em corrupção em 2010. Os dados são do conhecimento público e considerado custo da democracia brasileira.

O honesto trabalhador, cuja filha foi assassinada, não entende essas coisas, assim como as pessoas de caráter.

Leis que protegem assassinos, ladrões de cofres públicos, que condenam por ilegalidade, por exemplo, as Organizações Sociais de Saúde - que estão trabalhando em Mato Grosso através de uma liminar -, não são de um país para a sua filha, que com certeza estará em algum lugar mais justo.

À família humilde e pobre de Silvania Valente, a solidariedade do primeiro presidente da Academia de Medicina à sua primeira secretária, retirada com tamanha violência e covardia do nosso convívio.

Gabriel Novis Neves

10-11-2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Orquídea

Estou novamente envolvido com reforma em meu apartamento. Dessa vez é na varanda do meu sobradinho.

Apesar de ter consciência dos transtornos de uma reforma, esta eu fiz questão de enfrentar. A varanda é, para mim, um templo.

Local para onde me refugio nos momentos menos amenos da vida, ou por puro prazer. É lá que cultivo, cuido e converso com minhas plantas. Fico envolto pelas suas boas vibrações e sinto a vida pulsar.

A varanda é um dos ambientes mais agradáveis da casa. Local onde posso receber, com conforto, amigos e parentes.

Em uma manhã, quando fui verificar o andamento da reforma, encontrei nos entulhos da obra um pedaço do tronco de uma pequena palmeira. Nele desabrochavam três lindas orquídeas.

Fiquei olhando para elas sem acreditar no que estava vendo. Fiquei matutando: como elas foram parar ali? Seja como for, fiquei encantado com o que via. Olhando para as minhas três orquídeas, me senti gratificado pelos transtornos da reforma. E ousei transcender nas minhas indagações: presente de Deus, com certeza.

Oferta carinhosa da mãe natureza, talvez por sentir a grande afeição que tenho por essas suas filhas – as plantas. E, na verdade, tenho por elas cuidados de pai.

Tão embevecido estava, que não resisti, e fui pesquisar um pouco sobre as orquídeas. Naquele momento só sabia que era uma flor belíssima de ser admirada.

Fui informado, entre outras coisas, que a orquídea pertence a uma das maiores famílias de plantas existentes. Floresce em todos os continentes – exceto na Antártida – e sua preferência é pelo clima tropical.

Existe uma variedade incalculável de formas e cores. A orquídea, pela sua beleza, imponência e delicadeza, tornou-se o símbolo do refinamento e da elegância.

Não tem maiores utilidades a não ser a ornamental. Além de presentear nossa visão com a sua extrema beleza e delicadeza do formato de suas flores, tem ainda o poder de despertar a nossa sensibilidade.

Aliás, toda a natureza nos tira do adormecimento pernicioso, desde, é claro, que estejamos receptivos para o despertar.

Considero-me um jardineiro amador. Será que irei me transformar em um colecionador de orquídeas, e fazer parte das inúmeras associações orquidófilas existentes em várias cidades por todo o mundo? Talvez.

Como disse certo dia, estou em constante metamorfose. E esta metamorfose tem tudo a ver com o meu bem-estar emocional e físico.

Hoje em dia - dias tumultuados -, saber cuidar-se tem que ser o nosso mais importante projeto.

Acho que foi pensando nisso que me arrisquei a enfrentar outra reforma. Quero que minha casa seja um refúgio aconchegante, tranquilo e impregnado com bons fluídos.

Bendita reforma! Abençoado presente da natureza!

Diante da beleza das minhas orquídeas, só me resta gozar a felicidade que me foi oferecida.

Gabriel Novis Neves

10-11-2011

sábado, 19 de novembro de 2011

PALHAÇOS PROFISSIONAIS

O sol nasceu para todos e também vou aproveitar - parece ter sido feito sob medida para os palhaços profissionais.

Após muitos anos vivendo em circos e praças, atrás do leite para as crianças, chegou a vez na política partidária, cheia de palhaços fantasias.

Na carteira de identificação, esses não profissionais palhaços, e que nos fazem de palhaços, na maioria das vezes ostentam títulos nobres. São médicos, advogados, jornalistas, religiosos de todas as seitas e os inúmeros “empresários.”

Chegou, por puro cansaço do eleitor, o momento do palhaço profissional no Congresso Nacional. Tiririca, a grande invenção do Waldemar (não confundir com o Waldemar da marchinha carnavalesca), criou escola.

O seu filho, também palhaço, será candidato a vereador nas próximas eleições em Fortaleza. Nas capitais e nas grandes cidades houve filiação em massa de artistas exóticos, com predomínio de palhaços.

Aqui, na ex-Cidade Verde, temos palhaços profissionais já em campanha, pois, os não profissionais, não saem de cima do palanque.

Vou votar em um palhaço profissional nas próximas eleições pelo trabalho que realiza, sem nenhum apoio oficial, e nem é aceito com as suas ONGs da alegria.

Essa gente faz a alegria das crianças e dos adultos, não usa caixa dois, nem empresas fantasmas, apenas o surrado chapéu para colher algumas moedas para a sua sobrevivência.

O palhaço profissional possui mulher, filhos e sustenta honestamente a sua família vendendo alegria. Os outros aproveitam a carteirinha da impunidade para praticarem atos de lesão ao erário público, deixando os brasileiros com cara de palhaço.

Aprontam cada palhaçada! Palhaçada cara. Os seus custos refletem-se no nosso dia a dia, como ensino da pior qualidade, matando no nascedouro o nosso futuro - que é construído com educação de qualidade.

Não temos um sistema de saúde funcionando e ainda somos obrigados a assistir pela televisão como são atendidos os palhaços não profissionais.

Para o bem do Brasil, temos que trabalhar com aqueles que entendem de alegria, e não, de maldade.

Bem-vindos, palhaços! Bem-vindos para a vida pública! Precisamos profissionalizar a política partidária.

Gabriel Novis Neves

29-10-2011