domingo, 13 de novembro de 2011

O GATO RAJADO

Já encontrei pelas minhas caminhadas matinais inúmeros objetos abandonados pelas ruas e calçadas, além de ter presenciado cenas inusitadas.

Certo dia, porém, deparei-me com uma cena que não gostaria de ter visto: no acostamento da rua tinha um gato rajado atropelado. Ele era rajado de marrom, bege e branco.

Olhei por uns instantes para aquele animal. Olhei cheio de uma ânsia sem nome. Olhei, e minha imaginação viajou.

Passei a caminhada inteira pensando no gato, e nos gatos.

O gato, mais do que qualquer outro animal, sempre foi alvo das mais incríveis superstições, além de ser aureolado com o mito das sete vidas.

Ele está sempre envolto em mistérios e magias.

Talvez seja por isso que aquela imagem do gato atropelado me trouxe tanta ansiedade!

Isto me faz lembrar uma fábula: quando Deus fez o mundo, escolheu enchê-lo de animais, e decidiu dar uma qualidade especial para cada um.

Todos os animais formaram diante Dele uma longa fila, e o gato, calmamente, foi para o fim da fila.

Deus deu ao elefante e ao urso a Força, ao coelho e ao cervo a Velocidade, a Sabedoria à coruja, Beleza aos pássaros e borboletas, Esperteza para a raposa, Inteligência para o macaco, Lealdade para o cão, Coragem para o leão, Alegria para a lontra...

Todas estas coisas os animais haviam pedido para ter.

Afinal, ao fim da fila, o pequeno gato sentou-se e esperou paciente. Deus perguntou-lhe: - O que terá você? Ao que o gato encolheu os ombros e respondeu: - Qualquer coisa me servirá. Eu não ligo.

E Deus disse: - Mas eu sou Deus! Quero lhe dar algo especial! E o gato, espertamente, respondeu:

- Então me dê um pouco de tudo, por favor!

E Deus, rindo-se da enorme inteligência do animal, deu para o gato a soma de todas as qualidades dos animais, mais a graça e a elegância,e um gentil ronronar, para que ele sempre atraísse os homens e conquistasse seus lares.

Mas, a par disso tudo, para mim, ainda é a liberdade a característica que eu mais admiro no gato.

Pudéssemos nós, seres humanos, termos a liberdade a guiar todos os nossos passos.

A liberdade, porém, implica certos riscos, e muita responsabilidade.

E, assim como o gato, que perdeu a vida em nome da liberdade, temos que estar preparados para pagar o preço – muitas vezes alto – que a liberdade nos cobra.

Gabriel Novis Neves

07-11-2011

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