sábado, 5 de novembro de 2011

MÃO INCHADA

Há muitos anos um governador do nosso Estado, extremamente ético, foi apelidado pelos seus adversários políticos de “mão inchada.” O motivo era o número exagerado de demissões políticas que o governador assinava, e o Diário Oficial publicava.

Naqueles tempos, dificilmente um servidor público era demitido por corrupção. A nossa história está cheia de exemplos de ex-governadores, prefeitos, senadores, deputados e secretários que morreram pobres.

Na ocasião, estávamos em lua de mel com a redemocratização do Brasil, após anos de ditadura Vargas. As demissões em massa era um procedimento eminentemente político de substituições de adversários políticos por correligionários.

Mais de meio século são passados e nesse período muita água passou por baixo da ponte. Falamos em democracia plena, transparência dos atos públicos, direitos humanos, participação comunitária nas decisões governamentais e outros chavões políticos.

O governador “mão inchada” demitia servidores públicos, nomeados por seu antecessor. Agora as coisas mudaram. Os ministros são nomeados pela presidente na cota do seu patrocinador, e a revista “Veja” demite.

Em dez meses do governo da continuidade, cinco ministros não resistiram às denúncias da “Veja” e, elegantemente, de livre e espontânea vontade e pelo bem do Brasil, pediram demissão.

Então fica assim, por enquanto: o governo nomeia e a “Veja” demite.

Nelson Rodrigues e Glauber Rocha, com certeza, fariam uma curta metragem sobre o assunto para o festival de Veneza. Outro fator intrigante é que, cinco ministros pediram demissão para se defenderem das acusações de corrupção.

Para a presidente será difícil convencer a opinião pública que os nomeou por méritos pessoais, e não, com dizem as ruas, obrigada a engoli-los pelo seu patrocinador.

Será que ela não os conhecia? - pois durante oito anos foi a madame de ferro do governo anterior. Por que os nomeou e aceitou os seus pedidos de demissões, motivados por simples denúncias de corrupção da revista “Veja”?

Essa revista, terror de final de semana, é a mão inchada do atual governo. A expectativa do país é para saber, no final da semana, qual será o ministro que irá pedir demissão.

Quebra de sigilo no exame do Enem, sairá na “Veja”?

Gabriel Novis Neves

25-10-2011

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