sexta-feira, 29 de agosto de 2014

NOVIDADE


Escrever sobre política partidária sempre me traz profundo desconforto. É como assistir pela enésima vez o mesmo filme, mas com atores diferentes.
Sempre as mesmas promessas nunca cumpridas, a forçada simplicidade, o amor aos pobres e outras baboseiras próprias deste período de caça ao voto.
Para a nossa felicidade,  este ano o Programa Eleitoral Gratuito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não será mais o grande palco dessa comédia de mentiras e agressões.
As redes sociais reproduzem - tais coelhos - filmetes bem feitos e humorísticos sobre os principais fatos políticos da hora.
A carga pesada das críticas, por enquanto, está focada nos dois principais candidatos competitivos ao cargo majoritário e que não são apoiados pelo governo do Estado.
O humor bem feito é instantâneo e devastador, acabando num instante com a humildade e ética dos criticados.
Em poucas horas percorre todo o nosso continental Estado.
Sendo assim, os tão disputados segundos do Programa do TSE, causador de coligações as mais esdrúxulas possíveis, perderam valor, fica igual comida amanhecida, tamanha a rapidez da Internet em espalhar as notícias que interessam ao eleitor.
Que a fábrica, ou fábricas, de filmetes políticos está trabalhando na sua capacidade máxima, isto está.
Enfrentar uma eleição com um inimigo invisível é uma novidade em nosso meio, e de prognóstico difícil.
O meu consultor político, aquele que não usa falhar nas suas previsões, me garantiu que não sabe quem ficará em primeiro e terceiro lugar. O segundo lugar está decidido, mas não posso revelar, a pedido do colega.
Será também a estreia do segundo turno nas eleições para governador do Estado.
Quem diria que esse Bill Gattes iria interferir até em nossas eleições com a criação da internet!
Quanto se investiu em segundos nos partidos nanicos para fazer o palanque da televisão! Que era o caminho certo para a vitória.
A presença atuante e permanente das mídias sociais alterou o sistema de forças produzidas pela informação, até então patrimônio da televisão.
O mundo é do poder da tecnologia e a novidade nestas eleições servirá de parâmetro para o nosso futuro.

Gabriel Novis Neves
28-08-2014

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Desigualdade social


Atualmente as oitenta e cinco pessoas mais ricas do mundo possuem uma renda equivalente a de três milhões e novecentas mil seres comuns do planeta (estatísticas recentes).
Com certeza algo anda muito errado aqui pela Terra.
Richard Wilkinson, epidemiologista social britânico, estudou esse fenômeno há alguns anos e, em 2009, publicou “The Spirit Level”, livro já traduzido para vários idiomas.
Ele aborda as inúmeras doenças que vêm aumentando, em número de casos, proporcionalmente a essa desigualdade social.
Seriam elas: abuso de drogas, alcoolismo, doenças mentais e, principalmente, o excesso de agressividade reinante nos dias atuais.
Isso sem falar na enorme gama das doenças psicossomáticas, frutos dos nossos gritos internos de uma angústia constante.
Basta um olhar mais atento e veremos que tem aumentado vertiginosamente no mundo os casos de patologias cancerígenas e de doenças autoimunes, apesar da alta tecnologia vigente e dos medicamentos de última geração.
Algumas dessas drogas são responsáveis pelas doenças medicamentosas em consequência de seus efeitos colaterais maléficos e que, infelizmente, ainda merecem pouca atenção.
Entre 1930 e 1980 as desigualdades sociais eram bem menores. Por exemplo: um executivo de alto escalão ganhava trinta vezes mais que um funcionário comum de uma empresa.  Atualmente essa diferença passou  para até trezentas vezes mais.
Os sindicatos eram fortes e as políticas trabalhistas estavam em ascensão no mundo, inclusive no Brasil.
A partir de 1980, com as políticas neoliberais incentivadas por Reagan nos Estados Unidos e Thatcher na Grã- Bretanha passou a ocorrer um desinteresse pelo aumento dessas desigualdades sociais na maior parte do mundo.
Apenas alguns países da Europa como, por exemplo, os que formam a Escandinávia, conseguiram neutralizar essas distorções.
É como se a ínfima parte rica do planeta ficasse totalmente alheia à grande maioria à beira da miséria absoluta.
Países comunistas e socialistas sucumbiram a uma burocracia corrupta. A Alemanha Oriental foi um exemplo disso.
Os estudos do Dr. Richard têm confirmado as suas teorias pelo mundo afora.
Pessoas desencantadas pelo desemprego e pela desvalorização do trabalho, quando o conseguem, são presas fáceis para movimentos de massa violentos, cada vez maiores.
Enfim, estamos vivendo momentos para muita reflexão, se é que desejamos para todos um futuro promissor, condizente com o grande avanço tecnológico em todas as áreas.
Ou será que optaremos pelo suicídio coletivo?

Gabriel Novis Neves
20-08-2014

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

CARREIRAS METEÓRICAS


Numa época em que filiação partidária e valores éticos são tão desprezados, dá para entender a razão da grande comoção causada pelo desaparecimento trágico de um político que sempre se mostrou fiel aos seus ideais.
Claro, estamos falando da liderança do jovem Eduardo Campos, ceifado prematuramente da vida política brasileira.
Mesmo oriundo de uma tradicional oligarquia nordestina, acenava com um futuro promissor, principalmente pelas suas características de fidelidade aos compromissos partidários e com a causa pública.
Foi despontando no país como uma liderança logo reconhecida e aceita por todos.
Socialista convicto, ele sabia das suas limitações no momento atual em que a política é disputada por raposas ágeis e descompromissadas com o bem público - sempre muito mais interessadas nos seus ganhos pessoais e em enriquecimento rápido.
Eduardo, ao contrário, foi se projetando lentamente desde   os tempos de faculdade  e, posteriormente, como o deputado mais votado do estado de Pernambuco. Depois foi governador por dois mandatos seguidos, com excelente avaliação, além de ter sido Ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula.
Com esse currículo era, com certeza, a grande liderança do nordeste brasileiro e, automaticamente, candidato  à Presidência da República  do Brasil em 2014.
Aliás, nesse item da credibilidade, o Brasil tem tido pouca sorte, afastando prematuramente figuras de relevância política comprovada, tais como: o ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, o eterno defensor da legalidade democrática, Ulisses Guimarães, o brilhante educador Darci Ribeiro e, agora, o jovem e talentoso Eduardo Campos.
A comoção geral provocada por essa última perda é a prova do quanto as pessoas anseiam por nomes confiáveis nesse clima de abandono e de desinteresse em que todos nós fomos colocados.
Será pedir muito uma maior dignidade das pessoas  que elegemos como nossos legítimos representantes?
Esse cinismo reinante na chamada politicagem não é mais suportado por nenhum eleitor razoavelmente educado e livre.
O que explica, termos uma natureza tão rica e generosa, e permanecermos eternamente nesse clima de terceiro mundo?
Mortes acidentais, e outras nem tanto, provam que esse povo tão massacrado ainda tem a capacidade de se comover diante das perdas de lideranças autênticas compromissadas com os valores éticos e morais.
Num país com um nível educacional bom, as escolhas de candidatos deveriam obedecer a padrões patrióticos verdadeiros, e não, na colocação no poder de pessoas com comportamentos espúrios e que geralmente  transmitem aos seus sucessores essa mesma conduta.
Que tragédias como essa ao menos nos sirvam  para um despertar desse imenso marasmo  em que a política brasileira nos colocou.
Mais do que nunca estamos num momento de reflexão da necessidade do voto consciente. A vida de todos nós depende disso.
É hora de varrer através do voto todos os “ficha suja” desse país, todos tão bem conhecidos e catalogados. Para isso contamos com o auxílio da era digital.
Pesquisemos antes  de entregar a nossa confiança. O nosso voto pode mudar o Brasil, é preciso acreditar nisso.
Que políticos da grandeza de um Eduardo Campos nos ajudem nessa tarefa!

Gabriel Novis Neves

15-08-2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Conclusão


Depois de desistências e insistências os jornais anunciam as chapas majoritárias das alianças partidárias para as eleições de outubro em nosso Estado.
Até coordenadores de campanhas já foram escolhidos entre os patriotas em bem servir à causa pública.
Todos velhos conhecidos. Já tiveram oportunidades de fazer inovações na arte de governar e nada fizeram quando no poder há mais de dez anos.
O pior é que hoje se apresentam para mudar o quadro político do qual fazem parte como profissionais.
Antes das eleições, compromissos assumidos politicamente, amarram o futuro governante a realizar um trabalho visando os menos favorecidos, maioria neste Estado de contradições.
O nó cego está dado, e renovação só em material publicitário.
A situação nacional e internacional está a exigir entendimento entre os nossos dirigentes, especialmente neste momento em que a nossa vizinha e principal parceira comercial, a Argentina, está à beira de uma nova moratória.
Seus efeitos serão de intensa repercussão em nosso país e demais participantes do MERCOSUL.
A inflação voltou, embora camuflada pelo governo para evitar um desastre eleitoral na candidata da reeleição.
Nosso crescimento econômico está quase desaparecendo, assim como o número de novos empregos, sendo a indústria a campeã em desempregos.
O cenário mundial não é nada animador com o crescente massacre de civis, mulheres e crianças em guerras por países do Oriente Médio, Ásia e parte da Europa Oriental e África.
Onde está o estadista mundial capaz de ser ouvido neste momento?
As nossas esperanças de homens capazes de trabalhar pela Paz Mundial desapareceram pelo uso do poder.
Nada sabemos sobre o nosso presente, muito menos sobre o futuro.
Das bases do poder às cúpulas está tudo dominado pelo poder econômico transnacional.
De toda esta situação tira-se a conclusão lógica: somos irresponsáveis ao escolher nossos governantes.
Não será desta vez que o estancamento da hemorragia dos bons costumes no trato com a coisa pública será feito.
O tratamento deverá ser cirúrgico e o prognóstico é de agravamento social.
Renovação?

Gabriel Novis Neves
30-07-2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

ESCRÚPULOS


Pelo andar da carruagem nada mudará no cenário político do nosso Estado com as próximas eleições.
As composições espúrias que foram feitas, onde prevaleceram interesses pessoais e de grupos que há anos manipulam o poder político, deixa claro para todo mundo o sombrio cenário.
O desinteresse do eleitor, principalmente do jovem com o seu futuro, é puramente compreensível.
Líderes não se fabricam com dinheiro nem são motivados por interesses que não forem coletivos.
São formados na escola da ética e do exemplo - essa o Brasil não tem. Estamos mais propensos a descobrir talentos para a “Papuda” em Brasília que para a boa gerência de cargos públicos.
Assim, a ética constitui-se de uma boa banca de advogados famosos e honorários somente acessíveis a essa elite predadora.
Com relação ao passado dos futuros agentes, ora postulantes a cargos públicos, acreditam que um experiente marqueteiro resolva.
O desencanto com a atual política partidária jamais poderá ser contabilizada como alienação de um povo, mas sim pelas informações socializadas pelas redes sociais de como são tratadas as coisas públicas.
Sonhamos um dia que a construção da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) faria com que o “Estado curral” fosse destruído.
No início da década dos anos 70 estávamos preparados para formar líderes para alavancar este gigante adormecido que é o nosso Estado.
Uma utopia de jovens que desejavam transformar um Estado de poucos para todos.
Os nossos atuais e pretensos dirigentes são oriundos de lá, ou de seus congêneres centros de educação.
Nem o entusiasmo programado para o mês dos santos juninos conseguiu modificar o desencanto com as escolhas impostas pelos partidos políticos à nossa gente.
Muitos mandaram seus escrúpulos às favas e vão singrando à procura do “poder pelo poder”.
Essa é a realidade sem futuro de nossa gente e dos que insistem em querer governar-nos.

Gabriel Novis Neves
23-08-2014

Garoa fina


Cuiabá cheira a naftalina nas manhãs em que a temperatura cai para dezoito graus, ainda mais acompanhada de fina garoa molhando o asfalto.
Um mau prognóstico para os cuiabanos acostumados com o nosso calor escaldante, que nos leva a uma vida diferenciada e onde o rio é o nosso referencial maior de lazer.
Como a temperatura interfere no exercício de certas profissões!
As choperias no nosso inverno têm o seu movimento diminuído, pois temos o hábito de beber este líquido alcoólico estupidamente gelado.
Não suportamos a cerveja na temperatura natural como os alemães e outros povos do velho continente.
Aqui, no frio, bebe-se para aquecer o organismo. E, para isso, nada melhor do que a nossa tradicional e quentíssima caipirinha.
Na alimentação vamos de feijoadas, sopas e caldos variados.
De sobremesa, nem pensar em sorvete, embora em alguns países frios seja uma das preferidas pelo seu alto teor calórico.
Este ano Cuiabá está quebrando paradigmas. Conhecida como a cidade de uma estação só - calor com ou sem chuvas - já tivemos dias com baixas temperaturas, dignas do clima andino da Chapada dos Guimarães.
Também fomos presenteados com chuvas extemporâneas, com ventos tsumânicos que, segundo a tradição oral, tal fenômeno foi o maior observado aqui nesses últimos oitenta e seis anos.
Cidade curiosa esta Cuiabá depois que sediou a Copa do Mundo, com neblina, frio, raios, trovões e chuvas pesadas inundando e destruindo tudo, até o teto reformado do nosso aeroporto.
A labilidade climatológica continua, e com uma boa notícia: logo, logo teremos manga e caju.
A natureza se manifesta em raivosas respostas pela destruição que são feitas no meio-ambiente.
O governo aproveitou a carona das chuvas para justificar as obras paralisadas, que deveriam estar concluídas para a Copa das Copas.
Sempre a natureza com os seus sustos a nos ensinar a respeitá-la!
Bendita natureza disposta a nos presentear com a sua linda imprevisibilidade!

Gabriel Novis Neves
29-07-2014

LOTERIA

Quando entro em um cassino sei que aquelas centenas de máquinas existentes foram construídas por um gênio com o objetivo de sempre ganhar daqueles que sentem um prazer inigualável no jogo, ganhando ou perdendo.
Ficamos conhecendo os ganhadores, pois há uma festa motivadora no ambiente para ninguém desistir e continuar jogando e perdendo.
Na loteria esportiva - e seus similares com números e jogos inventados pelo Governo brasileiro - é comum a acumulação dos prêmios quando ninguém acerta os números colocados na cartela.
O próximo prêmio, que corre duas vezes por semana, aumenta seu valor e, consequentemente, o número de apostadores.
Sai o vencedor, geralmente de cidades desconhecidas, e nunca são identificados.
No início do fabuloso projeto do Governo para arrancar mais dinheiro dos brasileiros, e para dar credibilidade ao jogo, o noticiário “Fantástico” da Rede Globo procurava o ganhador de grandes prêmios para entrevistá-lo.
Depois que a população ficou dependente do jogo nunca mais alguém foi identificado.
Citam o Estado onde o ‘provável’ sortudo fez o jogo, o número de acertadores e só.
Também ninguém está mais interessado na lisura do jogo.
A verdade é que criamos um bando de viciados no preenchimento das cartelinhas duas vezes por semana.
Denúncias estão dormindo nos arquivos do Congresso Nacional sobre a lisura dos sorteios desses jogos oficiais.
Suspeitas existem, até com algumas provas, mas a essa altura a dependência pelo jogo é maior que o zelo pela ética do produto do Governo.
Quem não faz a sua ‘fezinha’ no sonho de uma vida futura fácil? E quando esquecem, torcem para que não haja vencedores.
O jogo é uma das drogas mais violentas no sentido da dependência física e seu tratamento é de difícil resolução.
Como diz a sabedoria popular: a esperança é o último dos sentimentos que deixamos – morremos com ela.
Todos nós queremos um dia acertar sozinhos a super Mega Sena, inclusive eu.

Gabriel Novis Neves
19-08-2014

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Anão diplomático


O porta-voz da Embaixada de Israel, diante da retirada do nosso Embaixador do seu território para prestar esclarecimentos à Brasília sobre o conflito na Faixa de Gaza, ficou muito irritado. Este ato é considerado como grave no mundo diplomático.
Entrevistado  por jornalistas internacionais ele disparou uma frase de grande efeito pirotécnico, que, com certeza, ficará gravada na relação entre os dois países parceiros, Brasil e Israel. 
Disse o embaixador: “O Brasil é um país econômica e culturalmente desenvolvido, porém, um anão em diplomacia”. 
Dito em período eleitoral servirá de armamento pesado contra a candidata da reeleição. 
Após a defesa diplomática feita em Brasília pelo nosso Ministro das Relações Exteriores, que condenou a desproporção de forças no conflito entre judeus, muito mais poderosa que os palestinos, a emenda ficou pior que o soneto. 
O diplomata israelense imediatamente deu o troco dizendo que “guerra não é igual a futebol”. Se um jogo termina empatado é porque houve equilíbrio de forças sem vítimas, apenas com um time vitorioso.
Citou como exemplo a nossa derrota de 7 x 1 para a Alemanha na última Copa do Mundo, onde ficou claramente demonstrada a desproporção de forças entre germânicos e brasileiros.
Nada mais ofensivo para a pátria das chuteiras nos pés. A notícia logo percorreu o mundo, mais pela repercussão do bate-boca diplomático que pela gafe cometida pelo Itamarati retirando o seu Embaixador de terras judaicas. 
O Brasil nos últimos anos tem se metido, desnecessariamente, em tantas enroscadas diplomáticas, que se torna difícil de ser entendido, especialmente por suas ambivalências.
Ora apoia guerras e ditadores sanguinolentos, ora levanta a inócua bandeira da condenação de forças desiguais em uma guerra, mesmo não tendo direito à voz e voto no Conselho da ONU (Organização das Nações Unidas).
Quando o mundo todo condena Israel pelos ataques à Faixa de Gaza com material bélico de tecnologia não ao alcance dos palestinos, surge o Brasil e retira o seu Embaixador, em uma demonstração de desconforto frente a desigualdade de forças entre os dois adversários.
Os palestinos perderam mais vidas humanas, principalmente as de civis, crianças e mulheres.
Os judeus perderam o respeito do mundo, com esses massacres sem limites sobre os frágeis palestinos.
O Brasil mais uma vez ficou mal na foto dos países civilizados com as suas inúteis e inoportunas bravuras.

Gabriel Novis Neves
25-07-2014

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

BARBÁRIE

Estamos voltando aos tempos da Idade Média, onde a barbárie predominava.
Em pleno século XXI presenciamos a perversidade do linchamento de uma mulher inocente em plena praça pública.
No caso em questão, uma pacata  dona de casa moradora de Guarujá, São Paulo, foi confundida com uma sequestradora de criança, graças à influência das redes sociais – que dia a dia se proliferam mais.
Sabe-se que o ser humano aumenta em muito o seu grau de violência  quando no coletivo. Sozinhos, somos bem mais civilizados e temerários às leis.
Entretanto, o grande fator que impulsiona esses fatos é, com certeza, a fraqueza do Estado constituído, aliada à certeza da impunidade.
O Estado de Direito vem se mostrando cada vez mais frágil e mais omisso, e os poderes que o representam cada vez mais desacreditados pela população.
Aí estariam incluídos, não só o poder executivo, mas também o legislativo, o judiciário e o policial.
A violência tem crescido assustadoramente  na medida em que o cidadão, já descrente desses  poderes resolve fazer justiça com as próprias mãos.
É o que temos observado de uns tempos para cá em países pouco belicosos, como é o caso do nosso.
Pessoas desamparadas em todos os níveis -  social, sanitário, educacional e de segurança mínima - vão se tornando revoltadas, agressivas e, portanto, aptas a serem incorporadas a movimentos de massa pouco civilizados.
Apesar de termos conquistado algumas melhorias no tocante à distribuição de renda, ainda possuímos distorções gigantescas nesse sentido para a população como um todo.
Com o advento da internet todas essas distorções são cuspidas diariamente para o homem comum, tornando-o presa fácil para manifestar a sua inconformidade de maneira violenta.
Enquanto isso, nenhuma atitude corretiva visando beneficiar a coletividade é tomada pelas autoridades dominantes.
Os mais privilegiados conseguem um nível de vida bem acima da média, que é obrigada a conviver com todo tipo de dificuldade, desde o descaso com o sistema hospitalar até a dificuldade de locomoção diária devido a este sistema cruel de transporte coletivo.
Veja-se, por exemplo, a nossa Constituição datada de 1988 que, arcaica, continua validando itens que sequer têm merecido qualquer tipo de discussão.
De lá para cá, nenhum governante brasileiro teve a coragem de questionar, entre outros itens, a segurança social.
Claro, isso não gera votos, ou pelo menos não gerava. A presença de uma polícia civil e outra militar é outro ponto polêmico.
Quando acontecem fatos horripilantes como esse linchamento público, é preciso que paremos para pensar  nas causas que estão levando as pessoas a cometerem esta selvageria. Sem uma avaliação honesta e profunda dos nossos governantes, fatos dessa gravidade estarão se repetindo e, quem sabe, nos trazendo de volta à barbárie dos séculos passados.
Civilidade é conquistada no dia a dia e cabe ao Estado exercer o seu poder coibitivo dentro das normas democráticas.
O ser humano, violento por natureza, pode e deve ser contido.  Isso é tarefa de um Estado de Direito - as leis devem ser respeitadas - e a impunidade  parar de existir. Para Todos.
Países de primeiro mundo estão aí para mostrar que isso não é uma utopia. 

Gabriel Novis Neves
07-07-2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Simancol


É necessário que as redações dos jornais, revistas e sites adquiram com urgência um aparelhinho muito simples para evitar que passemos constrangimentos – o desconfiômetro ou de uma bela dose de Simancol.
Todos conhecem as condições históricas, culturais e econômicas da Rússia e as de Cuiabá.
A publicação nas mídias de que uma delegação russa veio à ex-Cidade Verde para aprender com as nossas autoridades como realizar uma Copa do Mundo, ultrapassa todas as barreiras da nossa sensibilidade.
Em 1980 eles sediaram os “Jogos Olímpicos”, até hoje inesquecíveis no planeta Terra.
Vir à nossa capital de quase trezentos anos para aprender como se constrói um campo de futebol para quarenta mil pessoas, é demais.
Só na cidade de Moscou serão abrigadas duas subsedes da Copa-2018, com dois excelentes e modernos estádios de futebol, as chamadas Arenas da FIFA.
Concordo em melhorar a autoestima de um povo que tinha como troféu internacional a conquista de cinco títulos mundiais no futebol, mas não desse jeito. Assim é nos colocar em uma situação desconfortável.
No mínimo, demonstra que somos alienados com relação ao próximo país sede da Copa em 2018.
Ganhamos a última Copa em 2002 e, de lá para cá, vivemos como aqueles que acreditam naquele velho ditado: “quem tem fama deita na cama”.
Perdemos a terceira Copa consecutiva por vaidade e preguiça em não acompanhar a evolução técnica e tática do nosso principal esporte.
Nada fizemos no sentido de estudar e implantar tecnologias também na gestão do futebol.
Tínhamos como certeza conquistar o troféu de ouro da “gente branca” da FIFA.
Ficamos anestesiados durante anos a fio por glórias passadas, e o resultado foi o pesadelo da quarta colocação (injusta) - premiada por duas históricas e consecutivas goleadas, difíceis de serem metabolizadas.
Isso aconteceu no futebol.
Na educação, saúde, inovações tecnológicas, estamos há um bom tempo no grupo das nações mais atrasadas.
Temos muito orgulho do nosso povo, pois, mesmo mal governado há décadas, trabalha e produz alimentos para o mundo. Devemos incentivar as novas gerações a enfrentar esse mundo cada vez mais competitivo.
Delírio de grandeza neste momento é gravíssimo sinal de doença.
Precisamos de novas lideranças e mudanças para um dia podermos ensinar, pelo menos, a Rússia a construir uma Arena sustentável.

Gabriel Novis Neves
15-07-2014

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

JUDEUS X PALESTINOS


O mundo assiste impávido, como se estivesse vendo uma corrida de Fórmula 1, a guerra de forças desiguais entre judeus e palestinos.
Como defensor intransigente da paz entre os povos não entendo o silêncio e a indiferença das Organizações Mundiais da Paz e as milhares de ONGS que na mídia lutam pelo fim dos conflitos.
Um massacre terrível! Civis são as maiores vítimas, e entre eles crianças, mulheres e idosos.
O que fazem essas caríssimas instituições além de angariar polpudos recursos para as suas inúteis reuniões?
O povo da Faixa de Gaza está sendo dizimado por tropas poderosas judaicas, e centenas de foguetes são lançados sobre Israel, interceptados, na maioria das vezes, pela alta tecnologia israelense.
Será que esses conflitos armados, causadores de tanta destruição e miséria, são incentivados e executados pelo poderio econômico da indústria bélica que precisa faturar?
Nestes últimos dez anos parte da Ásia está sendo destruída. Vidas humanas trocadas pelas riquezas naturais, especialmente o ouro negro, existente em abundância em seus territórios.
Com a globalização  ninguém mais pode dizer que vive em segurança no planeta Terra.
O avião de passageiros da Malásia abatido por um moderno míssil lançado da terra em seu espaço aéreo é a prova que a paz desapareceu do nosso Universo.
As grandes potências mundiais (o Brasil está excluído desse seleto grupo) passam o ano todo em reuniões, parece que discutindo guerras em vez da paz, para a felicidade dos fabricantes de armamento.
Nem o presidente da maior potência mundial, cujo discurso eleitoreiro tinha como um dos patamares a redução de armamento, conseguiu sequer a redução de poder de armas mais corriqueiras, usadas, inclusive, indiscriminadamente por todo e qualquer cidadão.
Enquanto isso, um míssil mata de uma só vez cerca de cem cientistas holandeses que se deslocavam para a Austrália, tentando salvar vidas em um Congresso Internacional sobre a AIDS.
Felizes dos países que ainda conseguem viver em seus pequenos quintais sem forças armadas e com aceitável Índice de Qualidade de Vida.
A humanidade sempre foi cruel, e a história não é favorável ao nosso passado cheio de atrocidades.
No passado longínquo, porém, tínhamos mais ilhas de paz.
Como aldeia global em que foi transformado o mundo, sofremos com as agressões injustas nos pontos mais distantes de nós.
Continuaremos escravos daqueles que detém o dinheiro do mundo.
A eles tudo será permitido, inclusive, destruir civilizações com cobertura em tempo real da televisão.  

Gabriel Novis Neves
23-07-2014

Revigorar


Segundo o dicionário Aurélio, renovar é revigorar, tornar novo, atualizar, trocar por algo novo.
Em política é apenas um slogan para conquistar o poder.
Com a impossibilidade de assistir televisão, ler jornais e revistas, onde os assuntos são sempre os mesmos, e nada agradáveis, o melhor que podemos fazer como divertimento é pensar nas frases dos nossos melhores humoristas, que são os políticos em atividade.
Em todas as eleições em que tive a oportunidade de participar, e foram muitas, sempre aparecia o tal candidato da renovação.
Eleitos, todos, sem exceção, foram uns blefes.
Aguardamos os últimos arranjos para a chapa majoritária aqui em nosso Estado - governador, vice e senador com suplente.
Um pré-candidato a candidato já pegou a bandeira da renovação.
Entretanto, quando vemos o seu grupo, temos a impressão que retrocedemos no tempo. Muitos são profissionais.
Alguns já tiveram a oportunidade e nada fizeram. Outros procuram um emprego comissionado nessa delícia de profissão que é a política para alguns.
O interessante é que os renovadores não demonstram o mínimo constrangimento de serem assim tratados nesse meio em que vivem. Como bem disse um ex-vereador, “lá na Câmara Municipal só tem artistas”.
Só um experimentado ator para desempenhar o personagem de renovador nos quadros da nossa atual política partidária que, dentre outras coisas, tem trinta e nove ministérios para que sejam feitas todas as composições possíveis.
Meu consolo é que a nossa população está mais informada e, assim sendo, começa a separar o joio do trigo.
Quando um trabalhador soltou fogos de artifício na porta da Polícia Federal durante a Operação Ararath, no momento em que eram tomados os depoimentos dos envolvidos no processo, foi dado o alerta que precisávamos.
Substituir imediatamente os velhos políticos por algo novo, como ensina o Aurélio.
Até agora isso não aconteceu por ausência total de um inovador com patrimônio ético suficiente para suportar os gastos de uma eleição majoritária.
Renovação? Por enquanto, só na imaginação dos marqueteiros.

Gabriel Novis Neves
26-07-2014

TRAIÇÃO EM POLÍTICA


Os jornais e mídias sociais de Cuiabá estão dedicando grandes espaços ao tema traição política vivida pelo nosso senador candidato à reeleição no próximo pleito de outubro.
A essência da política sempre foi a traição. Em tempos não muito distantes esse tipo de compartimento terminava em crime.
Quantos políticos de nível internacional, nacional, estadual e municipal perderam as suas vidas vitimados pela traição!
Sei quanto é insano uma traição no jogo sujo da política, onde não existe ética.
Os defensores dessa virtude logo são eliminados com o carimbo “não tem jogo de cintura para política”, no dizer dos velhos coronéis proprietários do eleitorado.
Importante lembrar as traições mais recentes da nossa história. Em 1950, o PSD tinha um candidato mineiro à Presidência da República, o Cristiano Machado.
A UDN, o Brigadeiro Eduardo Gomes e o PTB o velho caudilho Getúlio Vargas.
O PSD mandou os seus currais eleitorais despejar seus votos no gaúcho Vargas, que ganhou as eleições, e o dicionário da língua portuguesa ganhou o verbo “cristianizado”, que significava trair.
Até hoje, quando um candidato é traído pelo seu partido, fala-se que ele foi “cristianizado”.
Em 1960, a UDN traiu o seu Presidente Nacional na convenção do partido, indicando para o seu lugar o governador de São Paulo, que era do PTN e, para vice, o professor e estadista mineiro Milton Campos, da UDN.
O PSD, partido tradicional na arte de trair, escolheu como candidato à Presidência da República o General Lott, e como vice o Jango Goulart do PTB.
Pois bem, o intelectual mineiro foi barbaramente traído pelo seu companheiro de chapa quando, abertamente, formou comitês por todo o Brasil pedindo votos para a dupla Jan-Jan (Jânio e Jango).
Foram vencedores do pleito Jânio Quadros e João Goulart.
Na política do nosso Estado situações como essas eram resolvidas à bala, e muitos perderam a vida.
Na arrancada do período eleitoral deste ano o atual senador em exercício foi escolhido numa ampla frente de partidos que apoiam o candidato da oposição.
Embora colocado em primeiro lugar na pesquisa de votos, não suportou a traição dos seus companheiros e logo nas primeiras semanas viu que seria “cristianizado” e renunciou à sua candidatura.
Este fato poderá ser decisivo na eleição do futuro governador.
O povo suporta a traição, mas, não perdoa o traidor.
Segundo os prognósticos de cientistas políticos esta eleição será uma das mais ricas em baixarias e traições.
Sendo assim, o resultado final fica imprevisível.
Quem viver verá.

Gabriel Novis Neves
27-07-2014

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Jogo político

Estamos assistindo aos treinamentos dos nossos candidatos aos cargos eletivos de outubro e notamos que enfrentaremos um período de grandes turbulências.
O pudor no trato dos candidatos desapareceu por completo e fala-se abertamente e levianamente aquilo que se pensa.
O nosso eleitorado não é mais um bando de “cheira-cheira”, no linguajar cuiabano – atrasados, débeis mentais.
Percebe-se que o falso moralismo será a bandeira principal para conquistar o voto do eleitor.
Isso é uma estratégia perigosa, como diz um famoso empresário de comunicação – “todos nós temos rabo preso”.
O que vemos nesses treinos para o Horário Gratuito de Televisão são puxação de rabos.
Isso não vai dar certo. Chegou o momento de humildade e respeito ao “cheira-cheira” que irá votar.
Este quer saber o que cada candidato, enfrentando uma crise nacional mascarada pelo governo, poderá realizar em benefício da população.
Prometer é totalmente diferente que fazer.
Com taxa de desemprego assustadora na indústria, queda de oferta de empregos no comércio e serviços, a volta da inflação, além da dívida contraída para as festanças dos quatro jogos da Copa, “o que fazer?” é a pergunta a ser respondida pelos candidatos.
Contar com o ovo dentro da galinha, não vale. Neste momento todo cuidado é pouco para não se produzir vítimas e mártires.
Em um país sem partidos políticos que representem os anseios da população, a salada ideológica é muito diversificada, dificultando cada vez mais o pedido do voto.
Um mínimo de honestidade neste instante decisivo para o nosso futuro, seria o ideal.
Juízo, candidatos!

Gabriel Novis Neves
18-07-2014

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

RENOVAÇÃO

Recente pesquisa nacional demonstrou que o povo brasileiro espera, com impaciência, por renovação de pessoas e métodos de administrar a coisa pública nas próximas eleições de outubro.
É um desejo nacional. Entretanto, com o encerramento das convenções partidárias o que vemos é que os partidos políticos, que não representam o sentimento popular, optaram pelo conservadorismo.
As coligações apresentadas estão envelhecidas, com alguns sinais de botox.
Isso nos indica que está tudo combinado e não teremos a tão sonhada e necessária mudança de pessoas e jeito de administrar esta rica e atrasada nação.
Imagens falam por uma enciclopédia e são elas que nos dão essa certeza amarga.
O fenômeno da antirrenovação iniciou-se em Brasília com uma dupla esgotada, necessitando de peças novas, contaminando todo o sistema federativo.
A esperança de dias melhores foi derrotada pela velha política dos coronéis.
Essa é a foto do Brasil, cujas convenções transmitem tristeza, e não, entusiasmo.
Interesses econômicos ditam as normas das composições partidárias impedindo o fato novo tão esperado.
Temos até candidatos majoritários com bons currículos, mas, amarrados por compromissos  desse esdrúxulo modelo eleitoral. Analisamos as diversas coligações nacionais  e não nos entusiasmamos com o que vimos.
A política partidária tornou-se uma excelente profissão, com regras severas, lembrando organizações que atuam fora da lei.
Compram-se e vendem-se vagas nas chapas majoritárias, e o tal candidato da renovação só tem a língua para falar o que quiser.
Suas ações estão totalmente bloqueadas.
Para serem candidatos ao governo do Estado os ditos renovadores  receberam de presente partidário verdadeiras trancas.
É constrangedor assistir pela televisão aquele conglomerado de pessoas de princípios e interesses tão desiguais num mesmo palanque.
Enquanto não houver uma reforma do nosso processo eleitoral o quadro é esse que nos é apresentado para engolir goela abaixo.
A representação política está nas mãos dos homens de dinheiro.
Nenhum educador foi convocado para alavancar essa falada renovação. O prognóstico quanto ao nosso futuro político é sombrio.
Quantas décadas ainda teremos de esperar para melhorar esse cenário e colocar o nosso país no caminho da modernidade e desenvolvimento?
Infelizmente, ainda não será desta vez.

Gabriel Novis Neves
28-07-2014