O
cérebro é o grande armazenador de todos os tipos de memória, seja a visual, a
olfativa, a auditiva, a gustativa, a tátil.
Todos
nós temos, por assim dizer, um órgão de choque preferencial, responsável por
reações psicossomáticas decorrentes de estímulos externos negativos, uma
memória mais marcante e que se sobrepõe a todas as outras.
No
meu caso, por exemplo, é a auditiva. O simples timbre de voz do portador
funciona de uma maneira definitiva, ainda que os traços fisionômicos tenham
sido apagados pelo tempo.
Graças
a alguns acordes, frequentemente revivemos momentos importantes de nossas
vidas, algumas vezes até com uma intensidade acima da desejada.
Cientes
desse fato, alguns representantes bem conhecidos da música popular brasileira
fizeram disso a sua grande alavanca promocional.
Quem
nunca teve na vida uma experiência afetiva ligada a uma dessas músicas
premeditadamente feitas com essa finalidade específica? Sem falar que esses
mesmos sons poderão sempre desencadear reflexos condicionados prazerosos em
outras experiências.
As
várias mídias usam em suas propagandas estímulos visuais geralmente ligados ao
erotismo, com a pura finalidade de aumentar suas vendas.
As
drogas ditas legais, por exemplo, usam e abusam dessa fórmula quando vinculam
cervejas às mulheres devassas ou os cigarros às experiências turísticas de
grande impacto.
Ao
final, somos bombardeados de todas as maneiras por propagandas subliminares
que, de alguma maneira, falam à nossa libido.
Há
que reconhecer a grande habilidade do setor de propagandas. Por isso, os
grandes marqueteiros e publicitários são muito bem remunerados.
A
memória olfativa - há muito explorada pela indústria dos perfumes - é
considerada uma das mais fortes.
Substâncias
por nós fabricadas, os chamados feromônios, responsáveis pela atração sexual,
conseguem impregnar de tal maneira o nosso cérebro que, segundo estudos,
poderíamos passar anos sem ver uma pessoa outrora importante na nossa vida
afetivo sexual, que a reconheceríamos na multidão, em qualquer época.
Está
superprovado que existe uma especificidade química entre as pessoas e isto
seria um dos componentes do chamado AMOR.
Essa
seria uma das explicações para as paixões duradoras que atravessam a vida de
algumas pessoas.
Cada
vez mais a neurociência vem contribuindo para a compreensão de nossas emoções e
nossos sentimentos e, principalmente, de que maneira eles podem alterar os
nossos comportamentos.
Com
o passar dos anos fatos de menor importância em nossas vidas vão sendo
deletados e substituídos por outros mais recentes e mais prazerosos. Essa
substituição é saudável e denota capacidade de renovação. Passamos a memorizar
sempre o que mais nos agrada e interessa, em detrimento do que nos causaria
apatia e desencanto.
A
chamada memória retrógrada, ou seja, para os fatos mais antigos da vida, é um
franco sinal de esgotamento do capital vital.
Preocupação
com o novo é sempre uma grande dica, seja através de uma viagem, de um novo
interesse científico ou artístico, do aprendizado de uma nova língua ou, quem
sabe, até de um novo amor.
Por
que não?
Gabriel Novis Neves
21-03-2013