quinta-feira, 21 de março de 2013

Sobrevivência


Não por acaso a Igreja Católica Apostólica Romana vem sobrevivendo através dos séculos a um mundo tumultuado pelas inúmeras transformações. 
Mesmo apregoando valores éticos e morais estáticos, despidos de renovações, seus representantes têm a capacidade de intuir, em momentos de crise, que caminhos tomar para que a sobrevivência da Igreja seja mantida. Exercício de inteligência genuína. 
Desconheço qualquer outro tipo de reunião da qual participem cento e quinze pessoas e que seja mantido sigilo absoluto sobre os temas tratados. Esse é um ponto de grande importância e que não costuma ser muito valorizado pelos observadores externos, habituados que são ao vazamento de informações, por menores que sejam. 
A virada necessária foi no sentido de contemplar os povos menos favorecidos, no caso os da América Latina, com um grande índice de analfabetismo e graves problemas socioeconômicos.
Estatísticas mostram que a Europa é um terreno bem menos fecundo. Países como França e Inglaterra apresentam índices de população 50% agnóstica, e os outros 50% distribuídos entre as outras várias seitas. 
Belíssima observação do Papa Francisco, se referindo à sua eleição: ressalta que os cardeais foram buscá-lo lá no fim do mundo. O lado do subdesenvolvimento. 
Mais uma vez predominou o bom senso no conclave, tentando conter a hemorragia de fieis, termo usado pela própria igreja se referindo à evasão de suas ovelhas para outros rebanhos mais dinamizados aos tempos modernos. 
Apesar de temas básicos como aborto, uso de preservativos, abolição do celibato entre os sacerdotes, relações homoafetivas, não fazerem parte de propósitos da Igreja de Roma, quem sabe os nossos clérigos, num futuro próximo, possam dar um passo além, até mesmo por questões de sobrevivência? 
A velocidade em que anda o mundo tecnológico não permite retrocessos, sejam eles de que ordem for.
Atentas aos avanços da ciência urge que as seitas, todas baseadas em dogmas, façam modificações urgentes, diferenciadas das antigas baseadas em culpa e pecado. 
O mundo caminha em busca da paz e do perdão e tudo que a isso contrariar, estará fadado ao desaparecimento. 
Parabéns ao mundo eclesiástico que percebeu esse momento! 
O Papa Francisco, com seu espírito alegre e levemente irônico, é uma boa opção de transição que, forçosamente, virá num futuro não muito distante. 
Sua religiosidade, mais que a religião, é uma prova disso. 
Compaixão e humildade já é um ótimo início. 

Gabriel Novis Neves
09-03-2013 

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