Faltando
pouco mais de um ano para a realização dos jogos da Copa do Mundo em Cuiabá,
finalmente o governo reconheceu que apenas duas obras estão com os seus
cronogramas em dia.
Demorou
muito essa confissão pública sobre o fiasco com que estão sendo executadas
essas melhorias na nossa cidade, indispensáveis para receber mais de setenta
mil turistas de todo o mundo.
Interessante
mesmo, diante do atraso, foram as providências que serão adotadas, e que foram
anunciadas pelos setores competentes: daqui para frente será implantado um
sistema para que essas obras sejam acompanhadas em tempo real.
Ora
bolas! As obras estão todas atrasadas porque não há dinheiro suficiente para
tocá-las. Construção se faz com dinheiro, e não, com informação de que a obra
está em ritmo quase parando, apenas para valorizar o tempo enquanto espera o
dinheiro chegar.
O
governo não paga os serviços executados, e as empreiteiras para não falirem,
tiram os seus operários do trabalho.
Resultado
lógico é o atraso do cronograma das obras contratadas e compromissadas com a
FIFA e o governo brasileiro.
A
mais importante trincheira que faz parte do projeto de mobilidade urbana, a do
trevo do bairro Santa Rosa, há tempos está sem receber as medições executadas
(segundo informações dos prestadores de serviço), onde apenas três operários
fazem “plantão” no trecho.
O
governo federal não está cumprindo com as suas obrigações de repasses de
recursos assegurados em convênios, obrigando o governo do Estado a enormes
sacrifícios emprestando dinheiro em bancos para as obras não pararem
totalmente.
O
atraso encarecerá, e muito, o valor das obras, repetindo o erro cometido no Rio
de Janeiro por ocasião dos últimos jogos Pan-Americanos.
Segundo
o deputado federal e tetra campeão mundial de futebol, Romário, muita gente
ganhará dinheiro com o atraso das obras, cujo preço ficará inimaginável para a
conclusão das mesmas.
Esta
Copa, com as suas caríssimas obras, estão programadas há quase oito anos,
portanto não foi nenhuma catástrofe para não se fazer um sério planejamento na
execução do seu cronograma físico-orçamentário.
A
troca de governo foi um dos motivos dessa situação que ora enfrentamos.
Projetos
aprovados foram alterados, como foi o caso do nosso transporte modal BRT para
VLT, mais moderno e também de preços mais elevados, sem nenhuma previsão de
acréscimo de recursos.
O
drama para a conclusão das obras do VLT é tão sério - e quando digo isso nem
penso mais na sua utilização durante a Copa - que até hoje não foi elaborado,
aprovado, alocado recursos e licitada a nova ponte por onde passarão esses
trilhos.
Preocupado
fiquei em saber que nada foi feito em termos de projeto para captar recursos
federais visando a revitalização do nosso Centro Histórico.
Nada
em termos de cultura está em execução para atrair o fluxo de turistas. A
notícia mais recente é que o Cine Teatro Cuiabá, após uma rápida maquiagem,
voltou a fechar as suas portas por falta de recursos para pagar os funcionários
e para a sua manutenção.
Para
desespero dos cuiabanos os jornais anunciaram que a prefeitura irá construir
uma enorme cruz no local onde o Papa Paulo II realizou uma missa quando em
visita à Cuiabá.
Será
a maior cruz do mundo em altura, correspondendo a um edifício de quarenta e
quatro andares.
Funcionará
como um mirante. Um elevador conduzirá os turistas até os braços da Santa Cruz.
Lá
de cima poderá ser observada toda a beleza da baixada cuiabana e o teleférico
da Chapada dos Guimarães.
O
projeto não foi ainda elaborado. O pior é que não há recursos disponíveis por
estas bandas nem para construir a mais pesada das nossas cruzes, que é o atual
inadequado e ultrapassado Pronto Socorro.
Essa
cruz elevadíssima seria uma concorrência turística ao Cristo Redentor do
Corcovado?
“Muitos
homens querem ser deus e estar acima dos sentimentos comuns.”
Gabriel Novis Neves
03-03-2013
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