segunda-feira, 18 de março de 2013

RIM


Foi instituído o dia 14 de março como o “Dia Mundial do Rim”.
Por aqui não tivemos nada a festejar. Basta lembrar o desmonte patrocinado pelo governo do Estado de um hospital que há vinte anos vinha prestando serviços à nossa população pobre.
Estou me referindo ao antigo Hospital Geral. Ele foi o pioneiro em transplante de rim, em uma época em que as condições tecnológicas e humanas eram bem difíceis.
Depois, em outro momento, o Hospital Santa Rosa passou a ser referência em transplantes de rim no Estado. Para isso, mantinha um quadro de pessoal multidisciplinar, equipamentos modernos e espaço físico adequado para esse atendimento.
O Hospital Santa Helena, com apoio do seu serviço de hemodiálise, também chegou a realizar esse procedimento cirúrgico com sucesso.
Infelizmente, tudo acabou. Há mais de três anos não é realizado nenhum transplante de rim em Cuiabá, e não há previsão da retomada dessa atividade.
No ano passado, durante o período eleitoral para a eleição do nosso prefeito, o governo do Estado anunciou que o Ministério da Saúde havia autorizado as obras e funcionamento imediato do Hospital de Transplantes, no prédio do Hospital Neurológico Egas Muniz.
Passadas as eleições não se fala mais no hospital autorizado pelo Ministério da Saúde, cujos recursos, naqueles discursos, já estavam no Tesouro do Estado.
Em Cuiabá existe funcionando quatro clínicas de hemodiálise, e no interior este serviço atende apenas sete municípios, dos nossos cento e quarenta e um.
A sobrecarga de pacientes que chegam a Cuiabá em busca desse tratamento é enorme. A diálise é um tratamento muitas vezes paliativo, que ajuda o paciente a aguardar um transplante renal.
Não possuímos sequer equipes habilitadas e autorizadas a retirar os órgãos para transplantes, que poderiam ser doados a outros centros.
Perdemos inúmeras vezes oportunidades de doar órgãos e salvar vidas, mas diante do descaso do governo as esperanças de muitos pacientes renais desaparecem antes da sua morte física.
E o atraso dos repasses da saúde para os municípios que trabalham com a diálise renal continuam, para desespero das instituições que realizam esse serviço.
Hospitais, mesmo com falta de pagamento, só fecham as suas portas quando falidos.
Portanto, infelizmente não tivemos motivos para comemorar no Dia Mundial do Rim.
Ninguém irá cobrar sobre o Hospital de Transplantes de Cuiabá, e que atenderia todo o Estado? Os recursos dizem que já existem.
Ou aquele anúncio foi mais um ato de demagogia política com a saúde do pobre?

Gabriel Novis Neves
14-03-2013

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