Quando
Oscar Niemayer fez o estudo preliminar para a ocupação dos sessenta hectares do
cerrado do Coxipó da Ponte para a instalação da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), sua primeira preocupação foi demarcar o espaço onde seriam
construídos três blocos, sobre pilotis, destinados à casa das meninas, meninos
e professores.
Ficava
localizado em frente à Avenida Fernando Correa da Costa. Esse sonho não foi
transformado em realidade, pois o governo do regime militar era contrário a
esse tipo de investimento.
Quando
a poeira baixou, a reitoria começou a adquirir residências que faziam limite
com a parte da universidade ao lado do Bairro Boa Esperança.
Essas
casas foram reformadas, adaptadas, mobiliadas e entregues aos estudantes
carentes, geralmente do interior do Estado e de outras partes do Brasil. Assim
surgiu a Casa do Estudante da UFMT.
A
universidade cresceu em número de alunos, professores e cursos, e o espaço
tornou-se insuficiente, embora a universidade alugasse casas para atender essa
população sempre crescente.
A
ditadura foi substituída pela democracia plena, e o que vimos recentemente pela
televisão foi um ato de protesto dos estudantes em via pública. Foram
despejados das suas casas. Protestaram para chamar a atenção da sociedade para
o que estava acontecendo com eles.
Erraram
os jovens na forma como protestaram, pois prejudicaram a liberdade de
terceiros. Entretanto, este equívoco não justifica a truculência da polícia na
repressão à manifestação.
Tiros
de borracha foram disparados a curta distância contra os estudantes, produzindo
impressionantes lesões. Outros meninos e meninas foram violentamente arrastados
pelo asfalto, e até fraturas aconteceram nessa repressão de uma polícia
totalmente despreparada e desqualificada para atuar em conflitos sociais.
O
descrédito da nossa segurança pública, que era pessimamente avaliada pela
sociedade, desabou nesse episódio com os universitários.
Ficou
clara a intolerância da polícia do governo para com os estudantes.
Manifestações maiores são comuns nas rodovias de escoamento da produção
agrícola em nosso Estado, com sérios prejuízos a terceiros, e a polícia nunca
usou tanta força como no triste episódio do Coxipó.
Quantas
rodovias de grande trafegabilidade ficaram interrompidas por semanas? Enquanto
as autoridades negociavam um final feliz, os trabalhadores iam acumulando
prejuízos de alguns milhões por estarem impedidos de transportar seus produtos
– alguns perecíveis.
E
a situação desumana e humilhante a que foram submetidos os pobres
caminhoneiros?
É
uma realidade triste para a nossa capital e Estado, prestes a sediar um evento
internacional, oferecer aos pagadores de impostos esse tipo de segurança. Não à
toa que Cuiabá é uma das cidades mais violentas do Brasil. Não temos comando,
reina a impunidade aos graúdos e os nossos governantes não têm nenhuma
autoridade.
Espero
que o governo tome providências imediatas e severas, não apenas contra os
despreparados atiradores, mas que puna severamente os seus chefes, habitantes
de gabinetes palacianos refrigerados e com altos salários e mordomias.
Os
bandidos conhecidos da polícia continuam soltos produzindo vítimas. Os
estudantes desarmados recebem uma saraivada de balas de borracha pelo corpo.
Triste
episódio que expôs as vísceras de um Estado cheio de “Profetas do Atraso”.
Gabriel Novis Neves
09-03-2013
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