terça-feira, 12 de março de 2013

AINDA BEM


Fico imaginando se no meu tempo de estudante, quando fui obrigado a sair de Cuiabá para estudar medicina no Rio de Janeiro, houvesse uma lei local proibindo estudantes de outros Estados do país a fazerem vestibular nas escolas médicas daquele Estado. Eu não seria hoje um médico, claro.
Pois não é que na nossa Assembleia Legislativa um deputado "patriota" apresentou um projeto de lei para impedir que estudantes de outras partes desta nação participem do vestibular da recém-nata faculdade de medicina da universidade estadual em Cáceres?
A justificativa apresentada para tal disparate eleitoreiro demonstra a total falta de conhecimento do ilustre suplente de que o nosso regime é federativo.
Se a moda pega, daqui a pouco surgirão leis impedindo que times do Rio e São Paulo tenham torcedores em Mato Grosso.
Irei abandonar a paixão pelo meu Botafogo, tantas vezes campeão e torcer pela ressurreição do finado Americano.
A iluminada ideia é assegurar 80% das vagas de medicina aos alunos que completaram o curso médio no Estado.
A questão do mérito que vá para as cucuias.
É o prêmio da incompetência na área da educação médica.
Em vez de melhorar o nosso ensino, especialmente o médio, a desculpa é que os alunos de outras unidades federativas, onde com certeza o ensino é bem melhor que o nosso, abocanha quase todas as vagas oferecidas no curso de medicina.
Deputado, por favor, cobra do senhor governador mais qualidade no nosso ensino básico, e menos politicalha.
Nessas ocasiões, como nos faz falta o nosso Stanislaw Ponte Preta! O imortal Sérgio Porto foi autor do célebre livro “Festival de besteiras que assolam este país”.
O mais curioso é que esses fazedores de leis – que parecem que não têm o que fazer - quando são acometidos por uma simples dor de barriga, não procuram o SAMU com médicos aqui formados, mas o aeroporto. Vão se tratar naquele hospital de celebridades em São Paulo, onde jamais perguntam onde o médico nasceu e fez o seu ensino médio.
E, o pior para nós é que as despesas com esses tratamentos, que são altíssimas, são pagas pelo erário público.
Seria oportuna uma emenda nessa lei de cotas e obrigar as nossas autoridades a se tratarem com os médicos formados na universidade do Estado.
Esse benefício seria extensivo à obrigatoriedade de matricularem os seus filhos em escolas estaduais.
“Todos têm o direito de ser estúpidos. Alguns apenas abusam desse privilégio.” 

Gabriel Novis Neves
11-03-2013

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