Fico
imaginando se no meu tempo de estudante, quando fui obrigado a sair de Cuiabá
para estudar medicina no Rio de Janeiro, houvesse uma lei local proibindo
estudantes de outros Estados do país a fazerem vestibular nas escolas médicas
daquele Estado. Eu não seria hoje um médico, claro.
Pois
não é que na nossa Assembleia Legislativa um deputado "patriota"
apresentou um projeto de lei para impedir que estudantes de outras partes desta
nação participem do vestibular da recém-nata faculdade de medicina da universidade
estadual em Cáceres?
A
justificativa apresentada para tal disparate eleitoreiro demonstra a total
falta de conhecimento do ilustre suplente de que o nosso regime é federativo.
Se
a moda pega, daqui a pouco surgirão leis impedindo que times do Rio e São Paulo
tenham torcedores em Mato Grosso.
Irei
abandonar a paixão pelo meu Botafogo, tantas vezes campeão e torcer pela
ressurreição do finado Americano.
A
iluminada ideia é assegurar 80% das vagas de medicina aos alunos que
completaram o curso médio no Estado.
A
questão do mérito que vá para as cucuias.
É
o prêmio da incompetência na área da educação médica.
Em
vez de melhorar o nosso ensino, especialmente o médio, a desculpa é que os
alunos de outras unidades federativas, onde com certeza o ensino é bem melhor
que o nosso, abocanha quase todas as vagas oferecidas no curso de
medicina.
Deputado,
por favor, cobra do senhor governador mais qualidade no nosso ensino básico, e
menos politicalha.
Nessas
ocasiões, como nos faz falta o nosso Stanislaw Ponte Preta! O imortal Sérgio
Porto foi autor do célebre livro “Festival de besteiras que assolam este país”.
O
mais curioso é que esses fazedores de leis – que parecem que não têm o que
fazer - quando são acometidos por uma simples dor de barriga, não procuram o SAMU
com médicos aqui formados, mas o aeroporto. Vão se tratar naquele hospital de
celebridades em São Paulo, onde jamais perguntam onde o médico nasceu e fez o
seu ensino médio.
E,
o pior para nós é que as despesas com esses tratamentos, que são altíssimas,
são pagas pelo erário público.
Seria
oportuna uma emenda nessa lei de cotas e obrigar as nossas autoridades a se
tratarem com os médicos formados na universidade do Estado.
Esse
benefício seria extensivo à obrigatoriedade de matricularem os seus filhos em
escolas estaduais.
“Todos
têm o direito de ser estúpidos. Alguns apenas abusam desse privilégio.”
Gabriel Novis Neves
11-03-2013
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