segunda-feira, 25 de março de 2013

Exumação


Em 1953 foi criada a Loteria Esportiva do Estado de Mato Grosso (LEMAT). Tinha por finalidade explorar os jogos de azar permitidos pela lei para captar recursos com fins sociais.
A nossa LEMAT morreu prematuramente de causas bem conhecidas. Por longos anos ficou esquecida da nossa população. No entanto, seus responsáveis não tomaram as providências que um óbito necessita, principalmente com relação ao inventário e a baixa em cartório da sua vitalidade.
Para efeitos legais a LEMAT nunca morreu, apenas ficou na clandestinidade.
Quando assumiu o governo do Estado, o atual dirigente, provavelmente para acomodações políticas, fez a exumação da LEMAT e, de imediato, nomeou o seu presidente.
Funciona como uma autarquia, com quatro funcionários. É subordinada à Secretaria de Fazenda do Estado (SEFAZ).
Durante mais da metade do governo que está se exaurindo, este secretário não fez nada além de pagar o holerite dos seus quatro funcionários.
Estava tudo acertado que ela funcionaria no regime em moda neste governo, que é o terceirizado. Um empreiteiro, de muita credibilidade no Estado e com inúmeros serviços prestados na área da construção civil, tocaria o projeto social.
Credenciava-o para a missão a sua larga amizade com os nossos políticos, além da sua vitoriosa experiência em exploração de casas lotéricas, especialmente em Goiás.
Devido a um pequeno problema desse empresário com a Polícia Federal, esse projeto social não pode ser implantado em nosso Estado.
O assunto saiu da pauta das prioridades. Os quatro funcionários da autarquia social ficaram esperando novas orientações.
Para espanto geral da população foi anunciado que no segundo semestre deste ano será realizada uma licitação pública para escolher a empresa que irá implantar a jogatina oficial em nosso Estado.
Dizem que até empresas internacionais estão interessadas no negócio.
Enquanto isso, os quatro funcionários continuam aguardando o desfecho desse projeto, cujo lucro, repito, será destinado às obras assistenciais.
O diabo é que o governador, ao que tudo indica, deixará o cargo antes do término do seu mandato para se candidatar ao Senado da República. Não temos, portanto, a garantia de que essa loteria, que veio para competir com os jogos da Caixa Econômica Federal, continuará ou retornará à clandestinidade.
Receio pelo futuro dos quatro funcionários da autarquia da Secretaria de Fazenda, já que o Estado está tocando os seus projetos sociais sem os recursos dessa estranha LEMAT.
Mais um episódio para a enciclopédia de coisas que acontecem por aqui e que no Paraguai daria cadeia.
O que fazer com os quatro funcionários? - eis a questão.

Gabriel Novis Neves
13-03-2013

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