Num
desses momentos de devaneio, me veio à cabeça comparar a velhice a barcos
fazendo água.
Nem
sempre, eles, como nós, estão prestes a afundar.
Apenas,
pela grande quantidade de uso, tem que navegar apenas em águas calmas.
Dada
a fragilidade e desgaste de sua utilização, não é prudente que com eles,
desafiemos mares tempestuosos.
A
obediência a essas regras é o segredo de sua maior durabilidade.
Ao
contrário, são feitos para curtos trajetos, com a única finalidade do prazer, a
emoção pela emoção.
Atividades
pesqueiras, nem pensar, já que para isso são necessárias embarcações de grande
porte e de estrutura sólida, cujo acesso já não nos é mais possível.
Entretanto,
o simples desfrutar da natureza é o que realmente conta, sendo que no ocaso da
vida, os pequenos arroubos têm um significado muito especial, só vivido pelos
que chegaram a essa faixa etária.
Tal
como marinheiros experimentados, ousamos menos ao visualizar oceanos
ameaçadores. Estamos sempre em busca de um porto seguro onde possamos jogar
âncoras.
Por
outro lado nos deslumbramos ao simples olhar de tudo à volta, com se numa nave
à deriva, já tivéssemos certeza da chegada eminente de socorro.
Esse
é o olhar que poderá transformar a velhice na chamada melhor idade, apesar das
dores articulares generalizadas que por si só, não são suficientes para nublar
toda a beleza desse magnífico planeta terra, que se bem cuidado ainda poderá
nos acolher por muitos e muitos anos.
Felizes
aqueles com coragem para navegar, mesmo que com barcos fazendo alguma água.
Gabriel Novis Neves
23-02-2013
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