terça-feira, 31 de março de 2015

Nossa Ararath


A partir do desencadeamento da Operação Ararath em nosso estado, às seis horas de uma manhã normal, houve uma correria de solidariedade a certos envolvidos na denúncia - até de altas autoridades.
A intenção de ajuda mútua nunca existiu, e sim, o de se comprometer o mínimo possível caso haja futuras investigações, invalidando o nobre sentimento demonstrado.
A história é do conhecimento de todos. Prisões em massa, sendo a mais espetacular a do governador da época.
Todos foram conduzidos à sede da Polícia Federal e liberados após prestarem depoimentos para instauração do processo competente.
Houve concessão de delação premiada, e alguns entraram com esse pedido. De um deles sei que foi totalmente atendido, e o acusado excluído do processo. Outros esperam uma condenação mais amena.
O que intriga a opinião pública é que um dos acusados, considerado como “principal articulador do suposto esquema de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro pela Operação Ararath, insiste em solicitar uma séria investigação no famoso pagamento de precatórios  de quarenta e sete promotores e procuradores, em documentos integrados a 5ª fase da Operação Ararath”.
Até agora não sabemos se essa acusação foi considerada pela justiça federal.
Mas, ficou registrado. Afinal, trata-se de uma denúncia gravíssima contra um dos poderes mais respeitados do Estado feita por um ex-secretário de Fazenda, Casa Civil e nosso representante nos negócios do Estado em Brasília.
Como a justiça é lenta, vamos acompanhar ansiosos o desenrolar dos fatos e a sua conclusão.
O que não podemos é assistirmos pela imprensa, extraprocesso, bravatas das partes.
Mato Grosso entrou definitivamente no grupo dos Estados mais corruptos desta nação. Infelizmente todos têm conhecimento deste fato.
Somos primorosos nos desleixos com o patrimônio público, estando presentes em todos os grandes escândalos nacionais, como o “Mensalão” e o “Lava-Jato”.
Por aqui a corrupção é endêmica, reconhecida pelo próprio governo das mudanças.
Torçamos para que tudo não termine em uma enorme “pizza cuiabana” nas asas da impunidade.

Gabriel Novis Neves
07-03-2015

segunda-feira, 30 de março de 2015

PEGOU


A Procuradoria Geral da República (PGR) decidiu investigar também governadores que receberam vultosas “doações” em dinheiro de empreiteiros, prestadores de serviços e empresários para suas campanhas eleitorais.
Os acusados se defendem dizendo que suas contas foram aprovadas, sem reparos, pelos Tribunais Regionais Eleitorais e considerados legais os milhões de reais recebidos espontaneamente.
O mais ingênuo dos brasileiros sabe que essas quantias de recursos “doados” para eleger, de vereador à Presidente da República, são "adiantamentos" que serão ressarcidos no superfaturamento das obras e outros benefícios.
Sendo assim, estão sobsuspeita de receberem propinas todos os políticos brasileiros.
Fácil comprovar pelas contas apresentadas pelos candidatos aos Tribunais Regionais Eleitorais, que o grosso desse dinheiro vem de empreiteiras, empresários e homens de negócios.
Essa gente não faz filantropia dilapidando seu patrimônio, apenas firma compromisso de troca de favores.
O ressarcimento dos recursos será feito no superfaturamento das obras e pago com juros e correção monetária.
Está é a regra do jogo eleitoral em vigor, implantado há anos neste país e sempre aperfeiçoado.
É estarrecedor assistir pela televisão declarações que bilhões de reais foram jogados no esgoto da corrupção nos últimos anos sem nenhuma ação corretiva do poder público.
Precisa-se de muita resistência psicológica para assistir ao grande teatro montado na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados para ouvir a história inacreditável e inaceitável do assalto à nossa empresa de petróleo.
Tudo terminará tendo um único culpado - o pagador de impostos - que abasteceu os cofres do Tesouro Nacional despertando a cobiça para o delito.
Desvalorização da Petrobras, milhões de desempregados, sucateamento dos serviços essenciais atrelados a uma inflação incontrolável, desestímulo à honestidade, são os frutos colhidos.
O ato da PGR pegou toda a nação de calças nas mãos e, como consequência imediata, a desmoralização do poder público e o enfraquecimento da democracia.
O velho ditado popular “que todos os políticos são farinha do mesmo saco, se fortaleceu”.
A medida jurídica pegou a todos.

Gabriel Novis Neves
12-03-2015

O Poder e os estados cancerígenos


Alarmante o depoimento de um gerente da Petrobrás sobre a complexidade da organização de um sistema de propinas que passaram a fazer parte de contratos firmados entre a empresa e as grandes empreiteiras nos últimos anos.
Segundo ele, a propina existia anteriormente, mas não em níveis  de firma contabilizada, inclusive, por pessoas do poder executivo.
Os detalhes dos procedimentos deixaram a nação estarrecida.
Inquirido sobre os motivos que o levaram à delação, não por acaso chamada de premiada, foram, logicamente, e não somente, a tentativa de uma redução de sua pena, mas também um profundo alívio durante as confissões, já que, segundo ele mesmo sabia, estava trilhando um caminho sem volta.
Conseguiu avaliar os inúmeros estados de espírito pelos quais passou durante tantos anos de delinquência.
Inicialmente havia uma grande euforia com a visualização da vida glamorosa dos grandes milionários, com suas viagens megalômanas, seus jatinhos modernos, enfim, todas as delícias sonhadas por qualquer mortal.
Com o decorrer do tempo esse estado foi se tornando depressivo e tumultuado pelo medo.
Daí, para a instalação da doença, é apenas um passo.
Tal qual na ingestão de substâncias estimulantes, álcool e drogas, por exemplo, o estado de euforia inicial vai sendo substituído por profunda depressão, e até apatia.
Sabemos hoje em dia que estados prolongados de tensão emocional são responsáveis por inúmeros casos de doença cancerosa.
Aliás, isso tem sido muito mais frequente entre políticos famosos durante seus mandatos. Ao que parece, o sistema imunológico não consegue se manter hígido  quando pressionado além de seus limites.
De qualquer forma, mesmo sem a doença cancerosa, é impressionante o desgaste físico e o envelhecimento brusco que afeta alguns líderes políticos nos seus períodos de maior atividade no poder.
Até que ponto o nosso sistema nervoso estaria programado para ter o seu limite de elasticidade desrespeitado?
A entrevista do executivo  me deixou  na dúvida se o poder é afrodisíaco como dizem ou se é um poderoso cancerígeno.

Gabriel Novis Neves
22-03-2015

TV


Bastou a, ainda, presidente da República invadir nosso final de domingo pela televisão com a desculpa de homenagear a mulher no seu dia, para muitos moradores promoverem um grande panelaço de dentro de seus apartamentos,  acompanhado por gritos de protestos.
Outros foram às ruas demonstrar a sua insatisfação com a nossa situação política, econômica e social e os veículos dispararam as suas buzinas.
Ao meio deste caos a presidente tentava passar pela TV tranquilidade e confiança ao nosso povo.
Depois que a Lei da Responsabilidade Fiscal foi olimpicamente desrespeitada para garantir a sua reeleição, credibilidade não existe para exigir compreensão, paciência e solidariedade ao pagador de impostos.
O produto do nosso sacrifício colocado no Tesouro da República foi varrido pelos agentes públicos, em conluio com políticos e empresários inescrupulosos, para o esgoto da corrupção.
Como ter paciência quando os poderes da República e seus dirigentes maiores estão na lista de suspeitos de destruidores da nossa Petrobras?
Paciência tem limite! A da nossa gente se exauriu há muito tempo. Só se fala em desvios do dinheiro público neste país, com repercussões internacionais as mais danosas para a nossa combalida economia.
O remédio indicado é muito forte, podendo o paciente morrer do tratamento.
Manifestações populares estão programadas em efeito dominó e a guerra pelas redes sociais é intensa.
O Congresso Nacional, debilitado pelas denúncias do Ministério Público acatadas pelo ministro relator do Supremo Tribunal Federal (STF), produziu efeito curare, semelhante às caças atingidas por flechas indígenas.
Há uma imobilização geral em momento de crise nacional.
O céu está cinzento e a nação está parada, não para ver a banda passar, mas estática esperando pela punição aos possíveis responsáveis por esta prejudicial paralisação.
Até lá, muita coisa será vista pela TV, infelizmente.

Gabriel Novis Neves
18-03-2015

sexta-feira, 27 de março de 2015

E agora?


Após a divulgação dos nomes que integram a primeira lista dos políticos envolvidos no megaescândalo de corrupção na nossa Petrobras, foi anunciado que uma segunda está em gestação.
Essa primeira atingiu “apenas” 10% dos senadores e  uma sacola de deputados federais, todos da base de sustentação política do governo - só do PP são 21.
Cinco dos nossos maiores partidos políticos contribuíram para essa coleta de abnegados representantes do povo.
Até o PSDB contribuiu com um senador...
Para os próximos dias teremos a relação da lista de governadores envolvidos. Os nomes de dois deles vazaram para a imprensa. Como sempre, um é do PT e outro do PMDB.
Uma ex-governadora teve o privilégio de ser contemplada já na primeira lista, assim como ex-ministros de Estado, dando-nos uma dimensão do trabalho de limpeza da Operação Lava-Jato.
Depois que o líder das “Caras Pintadas” do Collor, agora senador, foi apanhado pela justiça como integrante da quadrilha que saqueou a então nossa maior empresa, o que esperar com relação ao nosso futuro?
A corrupção existe desde tempos remotos. Aqui no Brasil foi iniciada por Pero Vaz de Caminha.
Durante séculos ficou em estado latente, até conseguir, recentemente, a sua institucionalização.
A diferença entre roubar em outros países e roubar no Brasil é simplesmente uma questão de punição. 
Enquanto certas nações prendem suas mais altas autoridades sem nenhuma regalia, temos, para os de “colarinho branco”, o tal “foro privilegiado”.
Em alguns casos no exterior o castigo é a prisão perpétua, e até a pena de morte.
Mas, em terras tupiniquins, nossos criminosos são tratados como heróis nacionais. Por alguns dias são recolhidos em presídios em celas especiais, depois acontece uma progressão rápida da pena para a prisão domiciliar e, finalmente, ganham a liberdade plena, comemorada com uma polpuda aposentadoria e, às vezes, até com indenizações generosas.
Somos mesmo um país diferente: do carnaval, do futebol e do roubo do patrimônio público.
Como ser otimista em relação ao nosso futuro se as classes dominantes não têm o mínimo interesse em mudar esse “status quo”?
O desencanto e a certeza de dias piores tomou conta da nação. Teremos meses de blá-blá-blá, e tudo acabará como sempre em uma enorme pizza do Planalto.
Aproveitando a fraqueza da nossa economia e a incrível desvalorização da nossa moeda, investidores estrangeiros para cá virão comprar o que sobrou do governo populista bolivariano.

Gabriel Novis Neves
19-03-2015

quinta-feira, 26 de março de 2015

DETOX DIGITAL


Impressionante a proliferação das selfies pelo mundo! Transformou-se em um forte modismo.
Estatísticas mostram que elas são mais frequentes nas classes menos privilegiadas, como se num grito de clamor para a sua maior visualização.
Uma pequena cidade do interior tornou-se a campeã de selfies no Brasil.
Psicólogos e psiquiatras de todas as partes  procuram estudar esse fenômeno que assola uma sociedade autocentrada.
Tal como  nos primórdios  do aparecimento da sociedade de consumo, em que objetos de desejo e ofertas de todos os tipos eram divulgados exaustivamente pelas mídias através de fotos, nós agora procuramos nos divulgar como pessoas  num mundo que tenta nos excluir.
Somos  motivo de maiores interesses, apenas  para consumir e gerar lucros.
Dessa forma, procuramos nos mostrar a todo instante que estamos vivos, vibrantes e sedutores.
Precisamos - ao que tudo indica - desse voyeurismo para nos relacionarmos com os outros seres humanos, já que o número de informações que nos bombardeiam acaba excluindo o pessoal do cotidiano.
A sensação geral é de que precisamos registrar a nossa presença no mundo, pois todos o fazem ininterruptamente, inclusive, até em momentos íntimos.
As gerações mais antigas se sentem meio ridículas nesse processo - a privacidade era muito valorizada.
Os nascidos na cultura digital adoram compartilhar todos os seus momentos. Há menos preocupação com a insegurança de sua intimidade.
O importante para eles  é a integração, a necessidade de se livrarem do medo da anulação.
Pintores do passado, como Rembrandt e Van Gogh, fizeram autorretratos no intuito de deixarem para a posteridade a imagem que gostariam de transmitir.
Dada à ansiedade hoje promovida pelos cerca de dois mil impactos de imagens que sofremos por dia, com certeza novos modismos surgirão nesse imenso mundo digital ainda incipiente.
Não esquecer também do aspecto comercial, pois muitas imagens postadas vendem muito mais do que se divulgadas em revistas de grande circulação.
Os mecanismos de marketing  sabem muito bem como tirar proveito de manifestações narcisistas e torná-las verdadeiras obsessões altamente lucrativas.
Um grande número de pessoas vem se conscientizando do mal produzido  por esse excesso   de exposição.
Começa a surgir pelo mundo afora clínicas de desintoxicação digital, verdadeiros centros para descondicionar pessoas vítimas dessa verdadeira avalanche  de informações que assola  o século XXI.

Gabriel Novis Neves
22-03-2015

quarta-feira, 25 de março de 2015

Brasilão


Depois do escândalo do Mensalão, e atualmente do Petrolão, é bom que estejamos preparados para um provável Brasilão.
É apenas uma questão de tempo, já que, denunciadas e investigadas outra estatais, com certeza virão à tona novos tentáculos dessa grande rede de corrupção, fruto de uma cultura que vem se deteriorando através de décadas.
Com os poderes executivo, legislativo e judiciário minados na sua essência, somente reformas políticas urgentes, imediatas, conseguirão tirar o nosso país desse atoleiro em que se encontra.
No entanto, a probabilidade dessas tão esperadas reformas virem de cima é mínima, pois não interessa a um Senado ou a uma Câmara corruptos votarem nada que modifique esse status quo.
O privado e o público se organizaram em núcleos bem definidos, como mostram as primeiras investigações e, dessa forma, as instituições perderam a sua credibilidade.
É preciso que a sociedade civil se organize rapidamente e imponha novas reformas, principalmente a política e a tributária, a fim de que se viabilize o exercício pleno da democracia.
Urge que as instituições públicas trabalhem exclusivamente para o bem público, e não, que se tornem reféns do setor privado no eterno toma-lá-dá-cá que vem acontecendo nas últimas décadas.
Que reformas poderemos esperar de um Congresso eleito pelo grande capital e tão somente para defender os interesses desse mesmo capital, nunca visando os interesses da sociedade como um todo?
Quem diria que a cultura da delação premiada, outrora considerada coisa de traidores, iria ser apoiada pela maior parte da nossa população que, graças a ela, se vê  com a possibilidade de algum tipo de punição para esses usurpadores do bem estar coletivo?
A crise política vem sendo acompanhada por uma séria crise econômica e põe o chamado Risco Brasil em alerta.
Já somos considerados um dos países mais corruptos do mundo, afastando investidores de todas as partes.
Frequentamos as páginas policiais dos maiores jornais do planeta que ressaltam as gangs organizadas por grande parte dos nossos políticos.
O esquema em que operam as redes de corrupção de milhões e milhões de dólares, amplamente divulgado pela imprensa, está dividido em quatro núcleos: um núcleo político (deputados, senadores, governadores, ex-ministros, ex-líderes estudantis e até um ex-presidente da República); um núcleo econômico (grandes empreiteiras distribuidoras de propinas); um núcleo administrativo (pessoas colocadas em postos chave através de partidos políticos) e, finalmente, um núcleo financeiro, formado por operadores capazes de distribuir e lavar os frutos da imensa corrupção.
Nessa organização modelar do mal, milhões e milhões de reais foram sangrados do patrimônio público, dinheiro este gerado pela grande massa trabalhadora brasileira  aviltada  pelos seus baixos salários e altos impostos.
Não se trata mais de defender esta ou aquela ideologia, mas impedir que o fruto do nosso trabalho suado se escoe pelos ralos da corrupção acobertada por pessoas por nós eleitas para zelar pelo patrimônio público, e não, para assaltá-lo despudoradamente.
Esperamos que a sociedade civil se posicione de uma maneira pacífica, mas firme, exigindo os seus direitos, exercendo a sua cidadania através de mudanças drásticas e imediatas em seus  sistemas  de organização ou, em poucos anos,  seremos os ricos mais pobres do planeta.
Ainda há tempo de impedir um grande Brasilão!
Acorda Brasil!

Gabriel Novis Neves
19-03-2015

terça-feira, 24 de março de 2015

SEXO ATRAVÉS DOS TEMPOS


Sexo, essa força vital, capaz de mover o universo, será sempre a grande razão da nossa existência.
Cantado em verso e prosa por todas as culturas, ele tem sido, a rigor, o motivador de grandes criações artísticas.
Travestido algumas raras vezes de amor, significa, por si só, a verdadeira razão da vida, a perpetuação das espécies.
Nós, os seres pensantes, tratamos de torná-lo cheio de nuances, de conformidade com a época, mas sempre funcionando como uma avalanche, impossível de ser contida pelas regras sócio-religiosas vigentes.
Os poucos que tentam negar ou sublimar a sua força estão, na verdade, se autoflagelando. Vide as várias religiões que tentam fazê-lo e as imensas crises que daí advêm.
No âmbito familiar o sexo sempre foi liberado, visando a sua razão precípua do “crescei e multiplicai-vos”.
O império romano, que durou mais ou menos quinhentos anos, foi palco das maiores orgias de que se têm notícia na história.
Guerras, artes e orgias pautavam a vida daquele povo. Destruição e criação se alternavam, como que numa dança macabra, e era prenúncio do fim de uma era.
Os tempos monárquicos, marcados pelo excesso das roupas em contraposição à total precariedade da higiene, mesmo assim vivenciavam a intensidade dos encontros amorosos palacianos.
Logo os franceses criaram as melhores essências do mundo capazes de neutralizar as reações causadas pelos olfatos mais exigentes.
Os aposentos imperiais, por exemplo, não possuíam sequer um quarto de banho. Fezes e urina eram colocadas em recipientes e jogadas nos jardins internos palacianos, quando não, lançados nas ruas através das janelas.
Na verdade, as pessoas viviam mais como animais e, tal como neles, a simples liberação de seus feromônios anulava qualquer tipo de rejeição mútua que a falta absoluta de higiene pudesse provocar.
Era o animal se entregando aos seus instintos.
Felizmente a saúde pública avançou e hoje isso faz parte da história da humanidade.
O sexo como pura fonte de prazer foi sempre exaltado para os homens e visto de forma pejorativa para as mulheres que, através de quatro mil anos de repressão, foram condicionando reflexos negativos em relação às práticas sexuais. Apenas às prostitutas era conferido o papel de verdadeiras companheiras sexuais.
Na era Vitoriana surgiu a figura do grande psicanalista Sigmund Freud e com ele os estudos correlacionando inúmeros casos de neuroses aos distúrbios de comportamentos afetivo-sexuais.
Com a morte de Freud, trabalhos nessa área foram continuados pelo brilhante Reich, que denominou de energia orgástica essa imensa força liberada durante o ato sexual e que, se sistematicamente reprimida, seria a responsável pelas inúmeras somatizações ocorridas em pacientes submetidos a esse quadro.
Estaria assim aberto o campo para o entendimento da sexualidade humana como fonte de saúde.
A partir daí o sexo passou a ter outras conotações. Nos dias de hoje, livres de preconceitos, homens e mulheres desfrutam do sexo pelo sexo como absoluta fonte de prazer, livre de culpas.
No mundo pós-moderno vem surgindo vários modismos sexuais. Muito mais incentivados pela indústria da pornografia, já considerada uma das mais rendosas do mundo, do que, efetivamente, pelas necessidades emocionais de seus praticantes. Os consultórios psicoterápicos sempre cheios comprovam isso.
Por outro lado, as mídias vêm hipertrofiando o erotismo, pois, ao associá-lo às marcas de refrigerantes, bebidas, cigarros e a vários outros bens de consumo, têm conseguido vendê-lo como mercadoria, o que, aliás, é extremamente prejudicial ao seu próprio desempenho.
Enfim, novos caminhos estão surgindo e a tecnologia, visando esse filão tão lucrativo, não para de lançar novos produtos apregoados como estimulantes milagrosos, como se a natureza precisasse disso.
Atualmente estamos vendo a proliferação das chamadas casas de suingue, representantes legal do dito sexo tribal, tão em moda.
Quem sabe, prenúncio do fim da era capitalista, em que o “culto às artes” foi substituído pelo “culto ao lucro”?
Cabe à humanidade optar entre o pleno desfrute de uma felicidade que lhe é intrínseca ou se deixar comprar pelas propagandas enganosas a que a ela são submetidas no cotidiano.
Quem viver, verá.

Gabriel Novis Neves
05-03-2013

segunda-feira, 23 de março de 2015

Imposto de renda


Para quem não tem por hábito guardar documentos, começou o mês do terror! O mês da declaração à Receita Federal dos magros rendimentos registrados  nos holerites.
Terminou o horário de verão, onde a economia não cobriu o prejuízo da quebra do biorritmo dos cidadãos, e estamos em época de Imposto de Renda.
Cada dia o Leão exige mais comprovantes antes da mordida fatal. Além disso, há o bombardeio dos pagamentos de impostos estaduais e municipais.
São tantos os comprovantes que, mesmo reunidos em pastas especiais, sempre falta algum, pois vivemos na leviandade das leis com efeito em cascata.
Por mal dos pecados “a vaca tossiu” e os preços dispararam com desemprego em níveis não mais aceitáveis.
Para quem nunca respeitou a Lei da Responsabilidade Fiscal o resultado é esse injusto sacrifício que o povo trabalhador brasileiro está financiando.
Vem mais arrocho por aí, com o pomposo nome de reajuste fiscal.
Aliás, a semântica das palavras nunca foi tão assediada e deturpada.
O mundo evoluiu tecnologicamente, simplificando esse compromisso constitucional de abastecer o cofre do Tesouro, mas, aqui na terrinha, tudo é cada dia mais complicado, talvez para facilitar o “fenômeno petrolão”, onde o dinheiro supercontrolado sumiu e ninguém sabe como...
É a corrupção institucionalizada com os serviços hiperburocratizados para desviar a atenção do pagador de impostos.
Bilhões de reais são desviados dos cofres públicos - que parece um saco sem fundo – vindos do esforço do pagador do Imposto de Renda, e nada acontece a esses malfeitores.
Quando muito, alguns dias de repouso em prisões especiais. A reposição do abocanhado indevidamente da casa da Mãe Joana nem pensar! Fazendo-nos até acreditar que o crime compensa.
Se tivéssemos um país sério, estaríamos livres dos dissabores a que esse procedimento anual nos obriga, pois o governo possui todas as informações necessárias. 
Para atenuar nosso trabalho bastaria comunicar simplesmente o nosso saldo devedor. Não haveria sonegação ou chateação.
É triste verificar velhinhos em bancos, repartições públicas, enfrentando todo o tipo de desconforto para conseguir os tais comprovantes que o governo possui.
Que estranho país é esse nosso! Não somos tratados com respeito e dignidade. Exceção feita aos cidadãos de primeira classe empoleirados nos poderes.
Para eles, tudo é correto e válido.
Tristeza!

Gabriel Novis Neves
17-03-2015

NEPOTISMO


Existe no Brasil uma lei que proíbe o nepotismo - nomeação de parentes para cargos políticos.
Entretanto, não foi possível exterminar este mal entre os privilegiados do poder, que inventaram o imoral, mas, legal, nepotismo cruzado.
É o “toma lá, dá cá” no serviço público de altos salários comissionados. “Você nomeia os meus na sua jurisdição e eu acolho os seus na minha área.”

Isso somente é possível porque existe o loteamento do poder, prática executada com “sucesso” num país com trinta e nove ministérios e não sei quantas estatais com centenas de diretorias.
Além do nepotismo cruzado, existem muitos outros produtos da criatividade dos nossos líderes para burlar a lei em benefício próprio, que a nossa vã inteligência não alcança.

Seria interessante lembrar o nepotismo dos convencionais partidários, que são aqueles que escolhem na sua agremiação os futuros candidatos aos cargos eletivos.
São dotados de poderes de decisão que interferem no futuro de cidadãos.
Que vergonha!

São clãs das famílias que controlam com mãos de ferro a sigla partidária. Até primo de terceiro grau e cunhado, que não é parente, segundo Brizola, estão inscritos com os serviçais de todos os níveis na hierarquia social.
Sendo assim, e sempre foi assim, então está tudo certo, segundo os comodistas que não suportam mudanças, a tal da escolha democrática do candidato, que nasce com vício de origem.

Aparece então o pacote de personalidades para o distinto público escolher.
O exercício do poder não deve ser esse osso duro de roer, como apregoam, mas, uma deliciosa merenda cheia de incentivos generosos dos cofres públicos jogados nos Fundos Partidários, com aquele mimo dos segundos da televisão tão valorizados na bolsa de valores.

“Quem ajuda a eleger, ajuda a governar”, é o mandamento final de sedução para os abnegados prestadores de serviços sociais.
É o código explícito de uma boquinha no próximo governo.
Diante dessa inaceitável realidade, é urgente uma emenda constitucional (só possível entre os utópicos) proibindo o nepotismo entre convencionais partidários.

Até lá continua a vigorar o Estado Curral. 

Gabriel Novis Neves
21-03-2015

sexta-feira, 20 de março de 2015

Já foi


Janeiro terminou envolto em crises políticas, energéticas e climáticas. Com o aumento das tarifas públicas e a mudez da presidente - evidenciando péssimo prognóstico para a nossa economia e desenvolvimento.
Continuou mês afora a conversa fiada dos depoimentos dos escândalos com o dinheiro público, com metástases nos Estados.
Fevereiro em termos de produtividade foi um mês praticamente perdido, como neste ano de recessão onde os folguedos de Momo foram realizados no meio de um mês de vinte e oito dias.
Março com as suas chuvas é o mês da Quaresma para os católicos.
Abril inicia comemorando o dia da mentira, dia dos bobos ou dia das petas. Temos também a Semana Santa, seguida do aniversário de Cuiabá, Tiradentes e pagamento do Leão no dia trinta.
Dia do Trabalhador inaugura o mês de maio, em uma sexta-feira, convite para uma esticada. No segundo domingo o comércio precisa faturar, e nada melhor do que o Dia das Mães.
Maio é encantador, é o mês de Maria e dos casamentos.
Junho é a tentação do ano dos feriadões! Uma quinta-feira da primeira semana da festa católica do Corpus Christi.
Dia treze iniciam-se as festas juninas. Ocupam todos os dias do mês, com Santo Antônio, São João, São Pedro e Paulo.
São Benedito, o santo mais popular de Cuiabá, é comemorado no primeiro domingo de julho. É também o mês dos meus oitenta anos, que cai um dia depois do santo querido.
Agosto é outro mês para o comércio faturar, pois, no segundo domingo, quando todos já receberam seus salários, a festa é do Dia dos Pais.
Chega setembro com a festa cívico-militar do dia sete, uma segunda-feira. Independência do Brasil! É também tempo de aniversários na minha família.
Outubro nos premia com outra segunda-feira feriado – dia doze é dedicada à Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.
Emboladas aparecem datas rentáveis ao comércio – Dia das Crianças, do Professor, do Médico, os mais apelativos.
Novembro inicia-se com Finados, Proclamação da República, Dia da Consciência Negra.
Dezembro é dedicado ao Papai Noel e à programação de longas férias, pois, afinal, ninguém é de ferro.
E chega-se ao Ano Novo!
E, com certeza, o ano terminará como sempre - com queima de fogos e esperanças.

Gabriel Novis Neves

PALAVRAS AO VENTO


Certas pessoas são especialistas em proferir palavras ao vento, e desconhecem que a palavra empenhada é um compromisso moral.
Em época de vacas magras para a ética, esses fatos passam despercebidos para a maioria da população e são considerados até normais.
Os jovens, na sua maioria, consideram que palavra empenhada é coisa de velhos, e que na modernidade os valores devem ser tão dinâmicos quanto as condições que os impõem.
Não posso crer que um grupo, composto por seres tão antagônicos e motivados por puros interesses pessoais, possa desfrutar de um mesmo ninho.
É justamente a falta de credibilidade, especialmente dos nossos homens públicos, a raiz de um dos maiores males deste país, que é a corrupção.
Recomendo o uso de “Florais” aos corajosos que acompanham pelas mídias o dia a dia dos acontecimentos políticos.
Só a terapêutica chinesa para nos fazer suportar tanta hipocrisia.
Se o poder é afrodisíaco, como afirmam alguns, a falta de honradez causa desencanto e frustração aos nossos mais nobres sentimentos.
Viver nesse mar de mentiras leva ao enfraquecimento do nosso sistema imunológico, fazendo-nos presa fácil das doenças funcionais, principalmente.
Os exemplos a serem seguidos tornaram-se escassos nos lares e na sociedade, muito menos encontramos nos veículos de comunicação de massa.
Estranhamos quando em canal de televisão fechado (pago) nos deparamos com verdadeiros heróis anônimos, provando ser possível a existência de uma instituição pública de saúde que presta atendimento a todas as classes sociais, ser modelo pela qualidade dos seus serviços e elogiado por todos.
Pena que a velha palavra empenhada continue com o seu prazo de validade em dia apenas nos países desenvolvidos.
Por estas bandas a palavra não vale um tostão furado e, como consequência, nós tropeçamos em obras inacabadas, quando não, mal feitas.
Sentimos falta de escolas, postos de saúde, hospitais, estradas transitáveis.
A praga da corrupção reina soberana, juntamente com a impunidade.
Rui Barbosa, em 1914, fez um discurso no Senado em que destaco este trecho, muito conhecido por todos. Dizia: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
Cumprir com a palavra é ato de honestidade!

Gabriel Novis Neves
01-03-2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

Desbunde


Esta palavra apareceu pela primeira vez nos anos 60, e volta com toda a força na atualidade. Para o povo, descrente do país do futuro e de suas políticas equivocadas, só resta mesmo o “desbunde”.
O último carnaval do desbunde foi no ano de 72, e teve como musa a cantora Gal Costa, que inflamava as multidões com seu inesquecível refrão:   “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.
Eram anos sombrios, em plena ditadura e, naquela época, era uma tradição bem brasileira não responder com armas, e sim, com o mais completo desbunde.
Segundo observadores, esse processo voltou a acontecer  nesse último carnaval quando a festa popular foi comemorada à exaustão pelas massas  populares das diversas classes sociais.
Quem sabe não seja esse o mecanismo mais saudável a ser usado em tempos de crise? Sociedades primitivas sempre  apelaram para danças, rezas e festejos diante das adversidades da natureza.
Passamos a exorcizar a nossa tristeza através de uma alegria quase patológica, logicamente quase sempre com auxílio de substâncias químicas estimulantes.
Dessa maneira o povo se diverte, surge a grande economia do carnaval e o poder se exime por alguns dias de suas culpas.
Esse fato nos remete a um site atual em que mulheres vítimas de violência escrevem cartas de amor para si mesmas no intuito de reencontrar a autoestima perdida.
Ao que consta, esse seria um meio de reencontro com o equilíbrio vital necessário para seguir buscando caminhos viáveis.
Estendo esse conceito de desbunde para uma espécie de caos consentido.
Valores até então respeitados vão perdendo a sua validade, sejam eles econômicos, culturais, morais ou religiosos.
Nunca a semântica das palavras foi tão elástica! As discrepâncias de toda ordem deixaram de ter a conotação pejorativa de outras épocas.
Novos conceitos e novos costumes, através de uma boa lavagem cerebral, vão se agregando paulatinamente e condutas ditas espúrias nos chocam cada vez menos.
Milhões de dólares desviados que nos assustavam em corrupções, já são bilhões e, quem sabe, em breve, trilhões.
A propina foi escancarada para o país como um fato corriqueiro.
Pessoas tidas como baluartes da integridade - tanto do mundo político quanto do mundo empresarial - aparecem nas páginas policiais como reis da corrupção e do deboche.

Gabriel Novis Neves
15-03-2015

quarta-feira, 18 de março de 2015

450 ANOS


Assim que a frota de Pedro Álvares Cabral chegou à Bahia, foi fincada em nosso solo uma cruz de pau-brasil e batizaram a terra como Santa Cruz, após a realização da primeira missa no Brasil.
Navegando em direção sul, os portugueses, após dois anos, avistaram a Baia da Guanabara, e deram a essa localidade o nome de Rio de Janeiro, pois, a sua descoberta foi no dia 1º de janeiro.
No dia 1º de março de 1565 o militar português Estácio de Sá funda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e foi seu primeiro governador-geral.
A capital da colônia é transferida de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, mas, a Família Real só desembarcou no Rio em 1808, após a recém-adquirida colônia portuguesa ser invadida pelas tropas francesas.
A cidade torna-se então sede da Monarquia Portuguesa até 1889, quando é proclamada a República.
Apelidada de Cidade Maravilhosa pelas suas inúmeras e incomparáveis belezas naturais, tem muita história para contar.
A queridinha das cidades brasileiras foi por muitos anos a casa de jovens de toda nação que para lá iam atrás de estudo e trabalho.
Muitos ficavam, após a conclusão dos seus cursos, na bela cidade, encantados com suas oportunidades e a generosidade do seu povo.
Com os migrantes de todo o planeta Terra, surgiu esta civilização originária dos povos pré-colombianos e africanos, produzindo essa raça linda com suas mulheres incomparáveis e insuperáveis na sua graça e charme.
Destituída de capital do Brasil em 1960, com a mudança para Brasília, e esvaziada do seu poder político e econômico, o Rio de Janeiro continuou lindo.
É ainda a caixa de ressonância da nossa cultura e arte. O sucesso, obrigatoriamente, passa pela Cidade Maravilhosa.
Administrações desastrosas fizeram surgir mais de quinhentas favelas, ocupadas, na sua imensa maioria, por trabalhadores humildes e honestos.
A ausência do poder constituído e a corrupção institucionalizada transformaram esses locais em esconderijos para os marginais, sedes do comando do tráfico de drogas e do crime organizado.
Mesmo assim continua a cidade preferida pelos turistas nativos e internacionais. Como se emocionam quando em visita pela primeira vez!
A natureza exuberante e bela foi esculpida por artistas que produziram verdadeiras obras de arte, conhecidas e admiradas em todo o mundo.
O Cristo Redentor no morro do Corcovado, o Pão de açúcar no morro da Urca, o paisagismo do aterro do Flamengo, o Maracanã, Teatro Municipal, Sambódromo, as inúmeras praias cariocas, com uma gente alegre, musical e solidária, compõem a alma do Rio de Janeiro.
As cidades, num movimento contrário ao que acontece com os seus habitantes, costumam se beneficiar com as plásticas.
As que estão ocorrendo no Rio, apesar de muito perturbadoras no cotidiano de seus moradores, são absolutamente necessárias e, uma vez completadas, mostrarão toda a exuberância e beleza dessa promessa de paraíso terrestre.
Apesar das políticas equivocadas de muitos dos nossos dirigentes, seguimos todos torcendo para que a cidade continue cumprindo o seu papel de cidade deslumbramento.
Seu povo alegre e descontraído aposta no fascínio da cidade-mãe, que acolhe em seus braços todo e qualquer novo filho, vindo de onde vier - independente de sua raça, cor, religião ou posição social.
Praticar a verdadeira democracia é a obsessão de seus habitantes.
Ao completar os seus 450 anos tem muito a nos oferecer e ensinar, e nós a agradecê-la. 
A sua história se confunde com a própria história do Brasil.
Parabéns, Rio 450 anos!

Gabriel Novis Neves
12-03-2015