Não
muito tempo atrás, o desfile cívico-militar de 7 de setembro era esperado com
grande expectativa pelo povo cuiabano. As casas eram enfeitadas com as cores da
nossa bandeira, assim como as ruas e logradouros públicos.
Os
estudantes do primário, ginásio e médio (não existia ensino superior em
Cuiabá), eram mobilizados para o preparo de uma bela disputa no desfile da
Independência para conquistar o troféu de melhor escola no evento.
Os
treinamentos eram intensos e ocupava os primeiros meses do segundo semestre do
ano letivo.
Carregar
a bandeira da agremiação escolar era o prêmio maior para um guri daquela
época, onde até luvas usava. Tinha de ter boa altura e excelente aproveitamento
escolar. Também era uma honra pertencer à fanfarra.
O
uniforme era o de gala, muito bem cuidado, com sapatos engraxados.
O
local do desfile variou muito nestes últimos anos. Lembro-me que o primeiro que
participei foi na Rua 13 de Junho.
Depois
da Praça da República descendo pele Rua Joaquim Murtinho e terminando no
colégio dos padres.
Avenida
da Prainha foi o local escolhido no final da década de sessenta. Por alguns
anos, o desfile acontecia na Avenida Presidente Vargas.
Mudou-se
para a Avenida Mato Grosso e, ultimamente, está morrendo na Avenida do CPA.
Em
todos esses locais chamava atenção a presença popular. Famílias inteiras se
deslocavam dos seus bairros distantes para assistir ao esperado desfile de 7 de
setembro.
O
palanque das autoridades ficava apinhado de gente, havendo necessidade da
presença do Chefe do Cerimonial do Governo, para não deixar ninguém do poder
ficar de fora. Era uma ofensa imperdoável!
As
residências próximas e os prédios públicos ficavam abarrotados de gente,
especialmente crianças.
Os
pais iam torcer pelo sucesso da escola dos seus filhos e, claro, por eles.
Após
a passagem das escolas, onde era evidente o ufanismo dos meninos e meninas, o
batalhão da Polícia Militar e o 16º Batalhão de Caçadores encerravam a
grandiosa festa.
Todos
deixavam o local com orgulho de ser brasileiro, e pensando no desfile do
próximo ano.
Não
preciso dizer da presença obrigatória do governador do Estado e de todo o seu
staff, assim como a do Prefeito de Cuiabá. Presentes os chefes dos outros
poderes constituídos: Legislativo e Judiciário. Autoridades Eclesiásticas,
civis e militares. Políticos eram presenças obrigatórias.
Queriam
estar ao lado do povo. Naquela época o político era bem visto e admirado pela
sociedade.
Isso
permaneceu assim até o ano de 2003 quando, o então governador do Estado foi
homenageado por um certeiro ovo, até hoje lembrado como o início da rejeição
popular explícita.
A
partir daí, por coincidência, os nossos políticos passaram a faltar ao desfile
e, em seus lugares, mandavam pessoas inexpressivas, próprias para receberem as
merecidas vaias.
Grande
maioria do povo deixou de frequentar esse evento, e deu lugar aos manifestantes
de protestos, presentes em grande número em todo o Brasil, inclusive aqui em
Cuiabá.
Este
ano, com o acúmulo de escândalos, houve desprezo, falta de civismo e,
principalmente, falta de educação e respeito pelas nossas tradições por parte
dos nossos passageiros políticos no trono do poder, e o desfile na cidade da
Copa beirou ao deboche à nossa população.
O
pior foi a desculpa esfarrapada dada por quem não poderia faltar à solenidade:
“tinha um compromisso agendado anteriormente”.
Paciência
tem limite! Há 191 anos está agendado que todo dia 7 de setembro o Brasil
comemora o Dia da Independência.
Melhor
fez o presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados que não
compareceram ao fortemente protegido palanque da Presidente da República em
Brasília.
Eles
temiam o povo. Aqui faltou sinceridade ao porta-voz do governo, que tem pavor
do povo.
Prefere
os currais eleitorais para as comemorações dos avanços do agronegócio,
mineração e outros negócios.
Sugiro
a extinção do Dia da Independência e a criação do Dia da Vergonha!
Gabriel
Novis Neves
10-09-2013