O
céu está cheio de pessoas bem intencionadas - e o governo também - diz o povão.
Quando
o Ministério da Educação decidiu abolir a reprovação no ensino fundamental
estava, na verdade, decretando o surgimento do analfabeto educacional.
A
reprovação, no entender dos mentores desta nefasta lei, prejudicaria o
desenvolvimento psicológico das crianças.
Bem
intencionados, criaram até a obrigatoriedade das escolas manterem salas
especiais para a recuperação dos alunos retardatários.
Obrigatoriedade
esta, ignorada pelos governos – salvo raríssimas exceções.
Esses
alunos, após oito anos de ensino deficiente, chegam ao ensino médio sem ter
alcançado a habilitação necessária – muitos, mal sabem ler o que escrevem.
Está
formado assim, o grande gargalo da nossa educação.
São
poucos os que ingressam no ensino médio. A evasão é grande.
A
criança que se recusa a ir à escola e que se evade, é a menos
responsável.
A
reação da criança é de autodefesa, e retrata bem a crise que enfrenta:
professor mal preparado e desestimulado, salas de aulas desapropriadas,
ambiente escolar depredado, insegurança. Mas, acima de tudo, este aluno sente o
seu despreparo educacional e abandona a escola, para eles, inútil.
Para
enfrentar essa situação caótica, o Ministério da Educação lançou o inovador
programa de cotas nas universidades públicas, para alunos de escolas públicas
cujo ensino o próprio MEC sucateou.
A
falta de compromisso por uma educação de qualidade foi substituída por uma
educação quantitativa.
Essa
manobra é a confissão que a escola pública vai mal. É a oficialização do
analfabetismo funcional.
Todo
esse esforço do MEC é para colocar na universidade, em cursos chamados nobres -
Medicina, Direito e Engenharias -, alunos das escolas públicas.
Os
alunos provenientes da escola pública são 52% nas universidades públicas. O
problema é que esses alunos não conseguem pontuação para os chamados cursos
nobres.
A
cota revela o saber? Ah! Bom!
O
pior é que isso tem o nome de democratização do ensino - colocar alunos menos
qualificados das escolas públicas em lugar dos alunos melhor preparados das
escolas particulares.
O
ENEM é um tipo de seleção para ingresso no ensino superior, embora as vagas dos
cursos nobres continuem sendo ocupadas, na maioria, por estudantes de fora do
Estado, no caso de nosso Mato Grosso.
Para
os cursos com mercados saturados, os estudantes são daqui mesmo, chegando a
ocupar 82% do total de vagas.
Com
esse modelo educacional saímos de um Estado Curral para sermos um Estado de
analfabetos funcionais e cotistas.
Triste
situação: a educação continua não sendo prioridade nacional e a universidade
perdeu a sua autonomia.
Hoje
ela vive de emendas parlamentares. E o seu deficiente orçamento é,
praticamente, para pagamento de pessoal e, pouquíssimo para custeio.
Esse
filme de recuperação dos alunos das cotas, eu já vi, e não presta. Não haverá
contratações de novos professores para a recuperação dos alunos carentes das
cotas.
Temo
que se nivele por baixo o titubeante ensino superior brasileiro.
Enquanto
isso, os professores do ensino básico do nosso Estado estão em greve, por
melhores condições de trabalho.
Gabriel
Novis Neves
30-08-2013
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