sábado, 7 de setembro de 2013

HUMANISMO

Tornou-se uma raridade nas relações humanas, especialmente nas relações de trabalho, onde os ideais e os princípios que valorizam as ações humanas e valores morais são praticamente inexistentes.
No serviço público isso ocorre de forma corriqueira. Geralmente, o pobre do servidor que desafia o modelo constituído pelo poder dominante é punido exemplarmente.
A vítima mais recente desse “delito” foi o diplomata de carreira Eduardo Saboia.
Com mais de vinte anos de serviço, não há, em sua ficha funcional, nada que o desabone.
Seu único crime foi o de cometer um ato de humanismo ao transportar para o Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina, refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz desde o dia vinte e oito de maio do ano passado.
O nosso governo concedeu-lhe asilo, pois o senador alegava perseguição política do Presidente da Bolívia.
Entretanto, o governo cocaleiro negou-se a conceder o “salvo-conduto”, instrumento legal para que ele deixasse o seu país.
Relata o cônsul brasileiro que, por mais de um ano, não mediu esforços para resolver esse problema diplomático, seguindo as regras do Itamaraty. 
Enviou nesse período inúmeras mensagens aos seus superiores da Esplanada dos Ministérios em Brasília solicitando uma orientação para o encerramento dessa humilhante situação. 
Inclusive, viajou ao Brasil para cuidar desse caso, não obtendo sucesso. 
Como a saúde do senador tinha chegado a um estado crítico, segundo a sua visão – decidiu trazê-lo por conta própria.
A viagem foi realizada de carro e levou vinte e duas horas de La Paz até à cidade de Corumbá (MS).
A presidente, quando soube da atitude do servidor público, teve um ataque de raiva. Demitiu o seu “Ministro Oficial” das Relações Exteriores.
Todos sabem que quem manda nessa área é o homem do “top-top-top” do desastre da TAM ao pousar em São Paulo, com a morte de todos os seus ocupantes.
O pobre do cônsul foi sumariamente afastado das suas funções, onde vai responder a uma Comissão de Inquérito do Itamaraty e aguardar pela frente uma série de perseguições.
Não será demitido pela raivosa por ocupar um cargo de carreira de estado, conquistado por concurso público.
Assim funciona a nossa tão falada tradição de país humanitário e hospitaleiro.

Gabriel Novis Neves
02-09-2013

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