sábado, 7 de setembro de 2013

HPV

O editorial de um jornal da nossa capital, de 29/08/2013, aborda, com preocupação, um tema de saúde pública tão simples de ser controlado e que no Brasil é um dos flagelos que nos assaltam.
Na nossa capital, por incrível que pareça, muitos postos de saúde não realiza, nas mulheres com indicação, o exame de Papanicolau - preventivo para o câncer do colo uterino e detector do HPV (Herpes Papiloma Vírus).
O vírus genital apresenta cerca de cento e trinta genótipos do HPV. Os tipos dezesseis e dezoito são os mais preocupantes. Eles têm um poder de penetração nos tecidos do colo uterino tão grande, que atingem uma área onde se desenvolve os processos malignos naquele órgão.
Felizmente, dezenas desses vírus localizam-se bem superficialmente ao tecido do colo uterino, e se perdem na mucosa vaginal sem apresentar sinais e sintomas.
O HPV faz parte dos diagnósticos que designamos de “achaloma”, pois são identificados durante um exame de rotina ginecológica, com solicitação obrigatória do Papanicolau.
Hoje existem exames laboratoriais especializados que detectam se o vírus é do tipo penetrante ou não.
Se penetrante, um procedimento cirúrgico simples da retirada de um pequeno cone do colo do útero é o suficiente.
A alta é imediata, não interfere na natalidade e a paciente está curada.
Isso não significa a impossibilidade de uma nova contaminação, pois este vírus é sexualmente transmissível.
O homem portador do vírus, na maioria das vezes, não apresenta sintomas. Uma vez contaminado é um disseminador da doença, que apresenta números alarmantes de atingidos, devido à liberdade sexual existente e cujos jovens, principalmente, se recusam à prevenção, que é o uso da camisinha, fartamente distribuída pelo Ministério da Saúde.
Com os dados sempre crescentes da doença, o Ministério da Saúde passou a fazer a vacinação das meninas em idade precoce, antes do início da atividade sexual. Depois de iniciada, a indicação não atinge os objetivos de proteger a mulher contra o ataque do vírus, é muito cara, e a dose não é única.
Fiz essa longa introdução para denunciar que o exame de Papanicolau, tão simples e de baixíssimo custo, na cidade da Copa não é realizado em postos de saúde de áreas nobres de Cuiabá por falta de perneiras em mesas ginecológicas, ausência de lençol para cobrir o forro da mesa de exame e para encobrir a paciente ao se deitar para a coleta do material do colo uterino.
A mulher só procura os serviços do SUS por absoluta falta de opção financeira. Mas, pobre tem pudor e dignidade.
Falta-lhe dinheiro e poder para se tratar no hospital do pessoal de Brasília em São Paulo.
Quando o governo disponibiliza um serviço público de saúde, antes de tudo, deveria pensar se seus membros e familiares gostariam de utilizar esse tipo de serviço.
Pobre tem valores, senhores governantes!
Temos o “privilégio de votar na urna eletrônica menos confiável do mundo”, e condições técnicas de evitar milhares de mortes de mulheres por câncer do colo uterino.
Faltam condições materiais para fazer em todas as mulheres pobres, sexualmente ativas, o exame de Papanicolau.
Enquanto isso, os recursos da saúde escapam pelo esgoto da impunidade.

Gabriel Novis Neves
30/08/2013 

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