quarta-feira, 25 de setembro de 2013

DESPREZO?

Não muito tempo atrás, o desfile cívico-militar de 7 de setembro era esperado com grande expectativa pelo povo cuiabano. As casas eram enfeitadas com as cores da nossa bandeira, assim como as ruas e logradouros públicos.
Os estudantes do primário, ginásio e médio (não existia ensino superior em Cuiabá), eram mobilizados para o preparo de uma bela disputa no desfile da Independência para conquistar o troféu de melhor escola no evento.
Os treinamentos eram intensos e ocupava os primeiros meses do segundo semestre do ano letivo.
Carregar a bandeira da agremiação  escolar era o prêmio maior para um guri daquela época, onde até luvas usava. Tinha de ter boa altura e excelente aproveitamento escolar. Também era uma honra pertencer à fanfarra.
O uniforme era o de gala, muito bem cuidado, com sapatos engraxados.
O local do desfile variou muito nestes últimos anos. Lembro-me que o primeiro que participei foi na Rua 13 de Junho.
Depois da Praça da República descendo pele Rua Joaquim Murtinho e terminando no colégio dos padres.
Avenida da Prainha foi o local escolhido no final da década de sessenta. Por alguns anos, o desfile acontecia na Avenida Presidente Vargas.
Mudou-se para a Avenida Mato Grosso e, ultimamente, está morrendo na Avenida do CPA.
Em todos esses locais chamava atenção a presença popular. Famílias inteiras se deslocavam dos seus bairros distantes para assistir ao esperado desfile de 7 de setembro.
O palanque das autoridades ficava apinhado de gente, havendo necessidade da presença do Chefe do Cerimonial do Governo, para não deixar ninguém do poder ficar de fora. Era uma ofensa imperdoável!
As residências próximas e os prédios públicos ficavam abarrotados de gente, especialmente crianças.
Os pais iam torcer pelo sucesso da escola dos seus filhos e, claro, por eles.
Após a passagem das escolas, onde era evidente o ufanismo dos meninos e meninas, o batalhão da Polícia Militar e o 16º Batalhão de Caçadores encerravam a grandiosa festa.
Todos deixavam o local com orgulho de ser brasileiro, e pensando no desfile do próximo ano.
Não preciso dizer da presença obrigatória do governador do Estado e de todo o seu staff, assim como a do Prefeito de Cuiabá. Presentes os chefes dos outros poderes constituídos: Legislativo e Judiciário. Autoridades Eclesiásticas, civis e militares. Políticos eram presenças obrigatórias.
Queriam estar ao lado do povo. Naquela época o político era bem visto e admirado pela sociedade.
Isso permaneceu assim até o ano de 2003 quando, o então governador do Estado foi homenageado por um certeiro ovo, até hoje lembrado como o início da rejeição popular explícita.
A partir daí, por coincidência, os nossos políticos passaram a faltar ao desfile e, em seus lugares, mandavam pessoas inexpressivas, próprias para receberem as merecidas vaias.
Grande maioria do povo deixou de frequentar esse evento, e deu lugar aos manifestantes de protestos, presentes em grande número em todo o Brasil, inclusive aqui em Cuiabá.
Este ano, com o acúmulo de escândalos, houve desprezo, falta de civismo e, principalmente, falta de educação e respeito pelas nossas tradições por parte dos nossos passageiros políticos no trono do poder, e o desfile na cidade da Copa beirou ao deboche à nossa população.
O pior foi a desculpa esfarrapada dada por quem não poderia faltar à solenidade: “tinha um compromisso agendado anteriormente”.
Paciência tem limite! Há 191 anos está agendado que todo dia 7 de setembro o Brasil comemora o Dia da Independência.
Melhor fez o presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados que não compareceram ao fortemente protegido palanque da Presidente da República em Brasília.
Eles temiam o povo. Aqui faltou sinceridade ao porta-voz do governo, que tem pavor do povo.
Prefere os currais eleitorais para as comemorações dos avanços do agronegócio, mineração e outros negócios.
Sugiro a extinção do Dia da Independência e a criação do Dia da Vergonha! 

Gabriel Novis Neves
10-09-2013

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