sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Tempo vencido

Dia desses recebi a visita do zelador do meu prédio. Vinha cumprir uma missão. O morador do apartamento debaixo do meu queixou-se que a água do meu banheiro estava pingando no teto do dele.
Homem de bem esse zelador! Evangélico, responsável, esforçado, de total confiança. Tanto é assim que está conosco há vinte anos, ou seja, desde a construção do prédio. Entende de tudo um pouco e sabe realizar pequenos reparos domésticos com muita eficiência.
Às vezes o consulto sobre problemas de saúde.
Com a sua maleta de ferramentas em punho, levo o zelador até o meu banheiro, falo para ele ficar à vontade e vou para a minha sala de parto (lugar onde nascem os meus artigos).
Instantes depois ele me chama e diz que o problema está resolvido: era apenas uma pequena troca de válvula.
Gentilmente me pergunta se tinha mais algum probleminha para resolver.
Pra que! Desfio logo um rosário de probleminhas que precisavam de atenção. Apesar de pequenos, traziam um grande incômodo - principalmente para mim que sou uma nulidade em reparos domésticos. Com os avanços tecnológicos então... aí é que para tudo de funcionar em casa.
Relatei as queixas ao eficiente trabalhador e retornei à “sala de parto” para concluir um trabalho.
Nem meia hora se passou e o competente Nelson, com um sorriso nos lábios, me procura e diz que já está tudo resolvido.
 - Você já arrumou o fogão, a máquina de lavar roupa e os aparelhos de televisão? Não acredito! - exclamei incrédulo.
 - Sim doutor, tudo resolvido – e continuou: - Os aparelhos de TV não tinham nenhum problema. O problema estava nos controles remotos, foi só regular e pronto. No final da semana a criançada vem para cá e isto acontece mesmo.
Concordei com ele e perguntei sobre os outros aparelhos. Ele respondeu:
- No fogão apenas apertei um parafuso frouxo, por onde vazava o gás. A máquina de lavar roupa estava programada para enxugar, e não, para lavar.
- Que maravilha! Tão simples, né? De qualquer forma é preciso saber onde mexer – falei admirado.
 Logo a seguir acrescentei:
- Como sou ignorante e ultrapassado em aparelhos domésticos!
 Educadamente o moço me responde:
 - Em tecnologia doméstica o seu tempo está vencido, “seo” doutor.
Ele tinha toda razão.

Gabriel Novis Neves
26-08-2013

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