quinta-feira, 27 de junho de 2013

REPROVADA

A Presidente da República foi reprovada como locutora do “Jornal Nacional” da Rede Globo.
Leu um texto burocrático fabricado no Planalto sem a mínima convicção e emoção.
Friamente, não conseguiu interagir com milhões de brasileiros nessa carona inusitada. Decepcionou!
Não disse nada de nada sobre o monumental movimento das ruas.
No final, bem ao seu estilo “revolucionário”, uma ameaça ao povo brasileiro.
Já que vocês saíram às ruas pedindo saúde de qualidade para todos, importarei milhares de médicos cubanos, venezuelanos, equatorianos, bolivianos, portugueses e espanhóis.
A presidente se esqueceu de quando, recentemente, foi  surpreendida por uma grave doença e procurou um hospital privado brasileiro de ponta.
Foi tratada com sucesso  por médicos brasileiros, formados em escolas de medicina do Brasil.
O povo nas ruas deseja o mesmo tipo de tratamento.
Por analogia, ela deu a entender que resolveria todos os nossos problemas com a importação de gente superior aos brasileiros.
Dentro dessa linha inovadora para melhorar a nossa infraestrutura, traria engenheiros, arquitetos, sanitaristas e ambientalistas africanos.
A educação brasileira seria também terceirizada pelos excelentes educadores cubanos.
Os recursos viriam da venda da refinaria adquirida pela Petrobrás no Texas por um bilhão de dólares. Venderia pelo preço de mercado - cem milhões de dólares – e investiria na nossa educação.
Até terminar este seu eficiente primeiro mandato, teríamos mão de obra especializada para resolver todos os nossos problemas centenários, que nem o “Cara” do Obama conseguiu. Ao contrário, piorou o que já estava ruim.
Importaríamos também pedreiros, carpinteiros, eletricistas, operadores de máquinas, motoristas de ônibus e caminhões, que já estão chegando do Haiti.
Para exumar a corrupção no Brasil, tão reclamada pelas ruas, seriam chamados os políticos da Escandinávia.
Sempre respeitei a voz das ruas, disse a Presidente.
Quando jovem fui, inclusive, taxada pelos militares como baderneira e terrorista, quando, na realidade, queria mudar o Brasil.
O Brasil será mudado por mim, se o Ministro Joaquim Barbosa assim permitir.
Após este teste na telinha da emissora do plim-plim, a correspondente de Brasília foi reprovada por incompetência.
É candidata à reeleição do Brasil.

Gabriel Novis Neves
22-06-2013

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Simbolismo

“É impressionante a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer” – Caetano Veloso.
A presença de dez mil manifestantes na marquise do Congresso Nacional é o simbolismo de toda a indignação do povo brasileiro.
Mitos foram para o lixo da nossa história. A pátria das chuteiras não existe mais. Pela primeira vez a ex-nossa seleção canarinho ficou refém do povo em um hotel de luxo de Fortaleza, uma das cidades que recebe auxílio das mais variadas bolsas do governo federal.
O povo quer, entre outras coisas, saúde, educação, segurança e o fim da corrupção desenfreada que tomou conta desta nação. Não se conforma com o fato da construção de modernas arenas padrão FIFA serem a prioridade nacional.
Este exuberante movimento social não conta com a presença da UNE, OAB, sindicatos, artistas, intelectuais, partidos políticos e daqueles personagens tão frequentes nessas ocasiões. São jovens estudantes, em sua maioria, e trabalhadores lutando por um Brasil íntegro e por melhorias nos serviços públicos.
Os vinte centavos de aumento da passagem dos ônibus foi apenas a senha para desencadear essa manifestação popular ordeira.
Todos se revoltam com os bilhões gastos com a Copa do Mundo, com a inflação voltando, o desemprego e a miséria.
Um dos alvos tem sido o local dos jogos, onde os pobres não entram por absoluta falta de dinheiro para comprar os ingressos tão caros.
Esse movimento, que assustou o Planalto, foi todo comandado pelas redes sociais, fazendo acender a luz amarela na estrondosa vaia no Mané Garrincha.
A tomada do Congresso Nacional, a invasão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a tentativa de penetrar na residência oficial do governador de São Paulo e as manifestações simultâneas em Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Salvador, Recife, Maceió e Vitória, marcaram o início do movimento, que contou com a adesão de outras capitais e cidades, especialmente daquelas escolhidas para sede dos jogos da Copa.
 O Ministro perpétuo do Palácio do Planalto, há dez anos morador naquele local, calculou mal e menosprezou o poder de revolta da nossa gente, quando, após a condenação dos mensaleiros pelo Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou, em entrevista, que “este ano o bicho vai pegar”.
Imaginou que o povo sairia às ruas para defender os condenados pela justiça. Santa ingenuidade! O povo ordeiro está nas ruas por uma causa justa, apartidária em defesa do Brasil, e não, de grupos políticos.
 Consta que uma minoria formada por baderneiros, está infiltrada  na multidão ordeira, estimulando manifestações de vandalismo.
Isso sempre ocorre em movimentos de massa  e deve ser administrado por uma polícia  preparada em termos de inteligência e não de truculência.
Não esquecer que algumas minorias transformaram a história do Brasil, desde o seu descobrimento.
Um pequeno navegador português e a sua tripulação ousaram descumprir a ordem imperial de ir às Índias, e acabaram descobrindo o Brasil.
A libertação dos escravos, a Independência do Brasil, a Proclamação da República, foram feitas por uma minoria rebelde.
A revolução de 1964 iniciou como um movimento dos conservadores, das mulheres e da igreja católica, para evitar a implantação do comunismo em nosso país.
O povo organizado não participou do movimento, especialmente da passeata dos cem mil em São Paulo. 
Desta vez, quem saiu às ruas foi o Brasil, indignado com os desmandos nesta terra de gente boa e trabalhadora.
 “Nós somos controlados pelo acaso, mas não temos paciência suficiente para aguentar seu despotismo” - Edward Dahalberg.
O Brasil de hoje não é o de ontem.

Gabriel Novis Neves
18-06-2013

terça-feira, 25 de junho de 2013

NÃO FALHA

Há tempos escrevo sobre esse engodo que o Poder Executivo (Federal, Estadual e Municipal) produz para bem governar (!): necessita de uma ampla base de sustentação política nos parlamentos.
Nunca acreditei nessa malandra estratégia dos “homens de bem”.
A verdade, é que esse apoio é o mais escandaloso processo de compra e venda de consciências daqueles que lá estão para serem nossos representantes.
O que dá base de sustentação aos governos é o apoio popular.
Quando o povo se cansa de esperar por melhorias, e acompanha o vandalismo com o dinheiro público, a saída é o protesto nas ruas.
O movimento de massas que domina este país de norte a sul demonstra a indignação da nossa gente ordeira e trabalhadora.
O político com mandato é para estar ao lado do povo. O brasileiro notou que esses baderneiros dos gabinetes oficiais desapareceram? Temendo, talvez, seus ex-eleitores?
Pretensos candidatos do governo, às vezes aparecem numa demonstração de oportunismo eleitoreiro, mas são imediatamente identificados e repudiados.
Não há como servir a dois senhores. Ou bem se serve a Deus, ou a Mamon.
Figuras carimbadas da nossa recente história, sempre presentes aos menores acontecimentos, também não têm coragem cívica para participar do movimento atual. Sabem que serão rejeitados pela massa revoltada.
As tradicionais bandeiras vermelhas tentaram marcar presença quando o movimento era embrionário.
Foram expulsas do templo das ruas.
Os representantes dessa gente indignada são os jovens estudantes. As suas entidades estão ausentes do movimento por não representarem os anseios da maioria.
A verdade às vezes tarda a aparecer, mas não falha. Um dia, quando menos se espera, ela vem à tona para conhecimento de todos.
Neste instante, onde estão os integrantes da ampla base de sustentação dos governos? Especialmente, o mais atingido, que é o da continuidade administrado por um Instituto de São Paulo.
A repressão dos “democratas” que ocupam o poder, com destaque para os do Rio de Janeiro, já iniciou - lotando os hospitais de urgência-emergência.
Redes internacionais de televisão mostram ao mundo a democracia no país das bolsas auxílios e do futebol.
O jovem brasileiro tem pressa.

Gabriel Novis Neves
21-06-2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Investimentos

Notícia melhor que essa, impossível!
O nosso Hospital e Pronto-Socorro Municipal (HPSMC) passou a integrar o “S.O.S Emergências”, programa do governo federal que visa desafogar as grandes urgências do país.
O Ministério da Saúde repassará ao HPSMC R$6.6 milhões. Esses recursos serão destinados à compra de novos equipamentos e materiais hospitalares. Desse montante, R$ 2.8 milhões já foram repassados ao hospital.
Os equipamentos adquiridos serão destinados ao Setor de Emergência, UTIs e Centro Cirúrgico do Hospital, que conta com várias salas.
Entretanto, só no final do ano estarão à disposição desses serviços essenciais, pois, com exceção das obras da Copa, a caminhada burocrática é lenta e longa.
O representante do Ministro da Saúde disse também que, a partir do próximo mês, o nosso PS receberá um auxílio do governo federal de R$ 700 mil mensais para a manutenção das UTIs (crianças e adultos).
Essa quantia, no entanto, não representa aumento de receita para o PS, pois o governo de Estado repassava R$1.5 milhão por mês e cortou esse auxílio para R$ 800 mil.
Como o PS atende pacientes de todo o Estado e a situação é caótica, tudo continuará como “dantes”.
Dos R$ 3.6 milhões para custeio, R$ 300 mil serão repassados mensalmente.
Só a “Sala Vermelha” - destinada ao atendimento imediato a pacientes graves com risco de morte - tem um custeio bem superior ao “mensalinho” de Brasília.
O pior é que esses anunciados investimentos para o nosso arcaico PS não irão ampliar a sua capacidade de atendimento, que tem condição física limitada, segundo o Secretário Municipal de Saúde, Kamil Fares, profundo conhecedor desse setor.
A superlotação do PS continuará. A solução dada pelo Kamil seria a reativação de um hospital privado que se encontra fechado há anos.
A criação de novas UPAs, cujo custeio é elevado, não resolverá o nosso grande problema de pacientes em macas, cadeiras e chão nos corredores do PS.
O sonho de um novo Pronto-Socorro para Cuiabá só será possível com ajuda financeira dos governos do estado e federal.
A prefeitura não tem condições de bancar esse investimento, que resolveria, por algum tempo, a situação de urgência e emergência na nossa capital.
Portanto, esses investimentos anunciados durante as festas juninas, não passarão de mais um dos inúmeros balões que cortam nosso céu no festejo dos santos tradicionais.
Os pobres continuarão sofrendo e morrendo por falta de assistência médica.
Para o êxito total desse superengodo, só falta contratar as eficientes Organizações Sociais de Saúde (OSS) para administrar o HPSMC, UPA, Policlínicas e PSFs (Programa de Saúde da Família).
É urgente também aumentar, por motivos óbvios, a frota de ambulâncias do Serviço de Assistência Médica e Urgência (SAMU).
Coragem minha gente!
A Copa do Mundo vem aí, e o Verdão já está na sua quarta tentativa de construir uma cobertura segura - resistente aos ventos. Sem contar os erros grosseiros cometidos nos projetos das trincheiras e viadutos.
Todo esse dinheiro jogado no lixo faz muita falta para a Saúde Pública.

Gabriel Novis Neves
15-06-2013 

domingo, 23 de junho de 2013

RABO DE OLHO

Muitas pessoas, quando em transporte coletivo de longo percurso, gostam de arriscar um discreto olhar no que o seu vizinho está lendo. É a famosa leitura de rabo de olho.
Contam histórias fantásticas, semelhantes às descobertas de verdadeiras pérolas.
Um famoso escritor, certa ocasião, interessou-se pelo título de um livro do Zuenir Ventura, que descobriu numa olhada de rabo de olho.
Memorizou seu título e, na primeira livraria pediu o último lançamento do Zuenir.
O funcionário trouxe-lhe um exemplar de “Veia bailarina”. O ávido comprador mandou embrulhá-lo. Ao chegar em casa sentiu-se logrado por uns instantes. Tinha entendido que o titulo era a “Véia bailarina”.
O conteúdo do livro é do conhecimento de todos.
Foi um drama pessoal vivido pelo escritor. Com aneurisma cerebral, em uma fase que não há unanimidade no tratamento, fez opção pela cirurgia.
Transformou todo o seu sofrimento, com sensação de morte, em pura poesia. Encontrou essa motivação em um lugar onde jamais pensou ser possível ouvir poemas tão lindos!
Ouviu das enfermeiras no Centro Cirúrgico a história daquela veia fácil de ser vista, mas, ao contato com a ponta da agulha, foge, imitando os leves e delicados movimentos de uma bailarina.
Os profissionais de saúde costumam chamá-la de ‘veia bailarina’ - pois é uma verdadeira dança que realiza fugindo do seu algoz.
“Quando a vida faz uma curva”, é outro livro descoberto pelo rabo de olho por um amigo curioso.
É adquirido, na maioria das vezes, como um livro poético, porém foi escrito por um jovem motociclista. Ele sofreu um grave acidente em uma curva da nossa principal estrada de turismo - que o fez morar por muito tempo em um hospital público de urgência e emergência.
Nesse período, passava seus dias entre o Centro Cirúrgico, UTI e Enfermaria. Só perdeu a consciência na sua chegada ao hospital.  Estava com politraumatismo, em coma. E também, claro, durante as várias intervenções cirúrgicas, produzidas por medicamentos anestésicos.
Nos momentos de lucidez aproveitava para anotar os fatos que observou nos estranhos ambientes que viveu nesse período, recuperando as esperanças.
Após a alta hospitalar, transformou suas recordações em um livro: “Quando a vida faz uma curva”.
A leitura é comovente.
Impressionante como nos esforçamos para não interrompermos a nossa existência.
“O sentido da vida é buscar qualquer sentido” - Carlos Drummond de Andrade.

Gabriel Novis Neves
06-06-2013

sábado, 22 de junho de 2013

Acorda Brasil!

Há que se ter muito cuidado com a falsa carneirada que durante anos e anos parecia formar a classe média brasileira.
Fato inédito nas últimas manifestações de revolta pelas cidades brasileiras é elas estarem ocorrendo durante eventos até então considerados “ópio do povo”, tais como samba e futebol.
A alienação de grande parte da classe política, desvairada com o “Deus Lucro”, minimizou o crescimento de conscientização da classe média, outrora considerada apática e despida de importância.
O que observamos pelo país afora foi o grito de uma classe média sufocada, que não aguenta mais arcar com os desmandos de governos insensíveis e despreparados para as suas funções.
Uma classe média que vê seus parcos e injustos salários serem devorados pelos mais altos impostos do Planeta e, em contrapartida, assistir inerte às humilhações dos maus serviços de saúde, educação e transporte recebidos.
Esqueceram-se os governantes desse país que distribuição de renda tem que ser feita sim, mas não socializando a miséria.
Fácil atribuir a baderneiros o que se tem visto pelo país, mas difícil é reconhecer que políticas permissivas equivocadas, aliadas a altas taxas de corrupção em setores vitais, vêm destruindo todos os valores éticos e morais de um povo.
O fato é que um simples protesto pelo aumento de tarifa dos transportes coletivos se transformou, em poucos dias, numa enorme massa clamando por justiça em todos os setores da vida pública.
Como em todas as partes do mundo, o processo histórico é mais ou menos o mesmo: insensibilidade das classes dominantes aos pedidos de socorro pacífico em que jovens estudantes, jornalistas, profissionais liberais, mulheres  (que já representam a metade da força de trabalho do país) enfim, pessoas que apenas clamam por viver decentemente com o fruto de seu trabalho.
Essa é a gente que está nas ruas, coisa até então inimaginável pela nossa classe política.
Aproveitando o próprio slogan do governo, que “as ruas são a arquibancada do povo”, estamos assistindo a uma das maiores manifestações de civismo dos últimos anos, manifestações essas que já julgávamos adormecidas.
As manifestações de violência, sempre de uma minoria belicosa e aos finais das passeatas, já perderam todas as possibilidades de inserção no sistema, e que deve apenas ser contida por um esquema policial, para isso preparado de forma inteligente, e não, com truculência.
As palavras de ordem nas ruas foram sempre “Não” aos corredores hospitalares com pacientes atendidos em macas improvisadas por profissionais vilmente remunerados, “Não” ao descaso com a educação e seus professores aviltados pelas condições precárias de trabalho e aos seus salários de fome.
“Não” à ausência de saneamento básico e à precariedade de moradia em grande parte do país. “Não” ao transporte público de péssima qualidade, tratando seres humanos como gado. “Não” à hiperbolia nos gastos em obras faraônicas, tais como estádios de futebol que não representam prioridade para uma nação, enfim, “Não” a uma máquina administrativa governamental hipertrofiada, com enormes privilégios, com representantes do povo que realmente não o representam e “Não” à conivência com a impunidade de políticos condenados por corrupção e danos ao erário público.
Que as nossas elites hierárquicas se conscientizem que a paciência da carneirada está chegando ao fim.
Acorda Brasil!

Gabriel Novis Neves
18-06-2013

sexta-feira, 21 de junho de 2013

AFINAL!

Existe por parte do povo uma incontrolável curiosidade de saber quem manda no governo do Brasil.
Para governar com uma ampla base de sustentação política, fica difícil saber. Muitos arriscam dizer que o comando fica em um Instituto em São Paulo.
Sinceramente, não sei. Este “fenômeno” se repete na maioria dos nossos Estados.
Conheci vários chefes de Estado que, com as palmas oficiais, tornaram-se verdadeiros ditadores.
Os que adquiriram este perfil deixaram de legado um Estado falido.
O cargo executivo, amparado pelo voto popular, tem que ser exercido com a rigidez de uma borduna dos índios gigantes e com disciplina rondoniana.
A mais recente notícia que li sobre essa confusão dos poderes seria hilariante, se não fosse triste.
O Poder Legislativo não cumpre as leis que elabora.
O Supremo Tribunal Federal, vigilante da nossa Constituição, não tem as suas decisões respeitadas.
O Legislativo é um enorme balcão de negócios.
Leva quem pode mais. A “burra” fica com o executivo.
Cada projeto para aprovação no Congresso Nacional tem um valor. Não necessariamente em “rosas” do Tesouro Nacional, mas nas inúmeras benesses que o Executivo oferece.
Empregos com salários altíssimos para os parentes dos  nossos representantes. Vista grossa no teto constitucional. Reembolsos de despesas pessoais.
Planos de saúde especiais. Viagens de turismo pelo mundo afora e a famosa carteirinha da impunidade.
O Brasil transformou-se numa imensa Torre de Babel, onde todos foram castigados.
Os nossos problemas originais não foram sanados, e continuamos à deriva do desenvolvimento.
Nesses últimos quinhentos anos do nosso descobrimento, tudo continua acontecendo por acaso.
Dizem que é o carma do vento que desviou Pedro Álvares Cabral do caminho das Índias, onde viajava a negócio.
No século XXI não aprendemos ainda a planejar.
O nosso futuro é incerto com o retorno do velho inimigo - a inflação.
Por incrível que pareça, estamos mais preocupados com os problemas financeiros dos países europeus do que com os inúmeros problemas que estamos enfrentando por aqui.
Que situação!
Sinceramente, nunca, jamais, na história deste país, houve uma situação semelhante como essa crise institucional que estão camuflando.
Mas, se o povo brasileiro quiser, esse quadro centenário pode mudar. Só depende de nós. Para isso temos que lutar, e banir das urnas os maus políticos.
 “O mais importante da vida não é a situação em que estamos, mas a direção para a qual nos movemos” – (Oliver Wendell Holmes, americano escritor médico).

Gabriel Novis Neves
13-06-2013

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Privacidade

Um dos pilares éticos mais valorizados pelos nossos ascendentes acaba de ser destruído por esse nosso revolucionário mundo moderno.
Até muito pouco tempo atrás, antes do advento da Internet e da tecnologia digital, a privacidade era um bem de importância indiscutível.
Atualmente, num caminho inverso, as pessoas postam - até com orgulho - sua vida, seus caminhos e descaminhos nas diversas redes de comunicação digital.
Assustador e relevante foi o fato de um jovem americano de 29 anos, ex-agente da CIA, se apresentar como responsável pelo vazamento de documentos secretos de vigilância eletrônica da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos.
Apesar do prolongado treinamento a que esse jovem profissional do sigilo deve ter se submetido, somos surpreendidos pela sua justificativa por vazar as informações. Diz ele que desejava “impedir que os EUA acabassem com as liberdades básicas das pessoas ao redor do mundo”.
Estabelece-se, então, na sociedade americana e na internacional, uma discussão entre defesa da privacidade e criminalização do ato em si.
O jovem, em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”, declarou literalmente que não conseguia compactuar com poderosas máquinas manipuladoras que conseguem captar todas as comunicações humanas em qualquer nível, e que sua atitude estaria vinculada, puramente, a motivos de consciência.
Assim, senhas, telefones, emails, cartões de crédito, pesquisas no Google, Orkut, Facebook, Twitter e qualquer outra forma de comunicação digital, podem ser devassados por esse esquema estarrecedor em vigor, justificado apenas em nome de um inimigo sem cara, chamado terrorismo.
Será esse o mundo que deixaremos para os nossos filhos e netos?
Neste momento ele está sem paradeiro conhecido. A Rússia ofereceu asilo político, assim como outros países.
Deixou uma vida prazerosa de sonhos, segundo entrevista de sua namorada com quem vivia há quatro anos no Havaí.
Há de se ressaltar que, graças a pessoas que ainda têm crises de consciência, o mundo possa ser sacudido para reflexões de tal importância.

Gabriel Novis Neves
12-06-2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

IMAGINAVA

Imaginava que em pleno século XXI, pelo menos dois terços dos habitantes do chamado país do futuro já tivessem sido alfabetizados, uma vez que alguns poucos patriotas vêm trabalhando nesse sentido há muitos anos.
Imaginava que preconceitos arcaicos, como descriminação contra as mulheres, homofobia, racismo, perseguições religiosas, seriam coisas de um passado longínquo.
Imaginava que a presença de um estado laico era inquestionável, e não, a submissão dos nossos jovens a uma lavagem cerebral prematura antes que leiam e decidam seus conceitos sobre raça, credo ou cor.
Imaginava salários dignos para quem a eles faziam jus, e não a falsos representantes do povo ali colocados apenas para se locupletarem de privilégios.
Imaginava que pastores, mesmo os alemães, só latissem nos lugares onde mantivessem os laços existenciais, não fossem eleitos para cargos públicos de alta relevância, os quais só deveriam ser ocupados por cabeças totalmente livres de preconceitos ou dogmas pré-estabelecidos.
Imaginava que para presidir cargos públicos relevantes, fosse eleito alguém com um passado probo, absolutamente livre de processos judiciais.
Imaginava que o STF, a mais alta corte do país, não poderia ser submetido a novos questionamentos após as suas decisões, e que pessoas, cujas prisões tivessem sido decretadas, ainda continuassem circulando normalmente, e o que é pior, ditando regras de conduta para o país.
Imaginava vivenciar uma época em que a assinatura de um milhão e seiscentas mil pessoas fosse suficiente para destituir um representante eleito pelo povo e que não estivesse cumprindo de maneira transparente os compromissos e obrigações para as quais havia sido eleito.
Imaginava uma UNE, representante máxima da juventude, e outrora com grandes serviços prestados à pátria, se mobilizasse aos menores sinais de falta de decoro ou de descumprimento constitucional.
Imaginava vivenciar uma democracia totalmente livre, e não uma judicialização da democracia no sentido de impedir maiores punições para os pertencentes às classes dominantes.
Imaginava uma sociedade mais justa em que, não somente negros e pobres enchessem as cadeias, e que livres estivessem criminosos poderosos, talvez muito mais perigosos para a sociedade.
Imaginava que veria a descriminalização de todas as drogas, e não apenas de algumas tidas como menos ofensivas e que proporcionam altos impostos, uma vez que as outras funcionam como grandes monopólios, beneficiando apenas a quem as manipula.
Imaginava que seria impossível viver numa época tão distanciada de valores éticos e morais, não os falsos, mas os reais, em que apenas uns poucos se sentem incomodados, enquanto a grande maioria aceita placidamente todos os absurdos que lhe são impostos.
Imaginava homens e mulheres livres para exercer a sua sexualidade da maneira que mais lhes aprouvesse, usufruindo de seus corpos como simples objetos de prazer, livres de estereótipos entre certo e errado.
Que mecanismos de emperramento que, de tão fortes, vêm impedindo, através dos séculos, que a humanidade saia dessa alienação e seja minimamente feliz?
Acredito sim na conscientização das pessoas. Agora mais do que nunca, através do mundo digital, filtrando todas as informações tendenciosas e assim nos livrando de propagandas enganosas.
Apesar de tudo, sabemos impossível viver sem fantasias, mas imagino um mundo bem melhor e bem mais simples para os que nos sucederem.

Gabriel Novis Neves
09-06-2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

De novo

Há poucos dias publiquei um artigo sobre a miséria. Como é um assunto que preocupa pessoas de sensibilidade social, retorno ao tema que muito me preocupa.
O governo federal, há mais de dez anos, iniciou uma batalha de combate à fome, à pobreza e à miséria.
O programa foi ampliado no governo passado e, a atual Presidente da Republica insiste na erradicação deste terrível mal que diariamente mata milhares de crianças em todo o mundo.
Temos uma situação bem melhor que a maioria dos países africanos, mas, mesmo assim, incomoda os nossos governantes perante o cenário mundial.
Os programas federais não exterminaram o tumor maligno dessa grave doença social em toda a sua extensão.
O governador, da atual administração, implantou o “Mato Grosso Sem Miséria”.
Foi um avanço.
Agora, é a Prefeitura de Cuiabá - acoplada nesse programa verticalizado com os governos do Estado e Federal.
Como distribuir rendas para acabar com a miséria? Aumentando a distribuição de bolsas? Aumentando impostos?
Entendo que o caminho para atingir esse louvável objetivo tem que ser repensado.
Comungo com a opinião de um pensador sul americano, quando sugere que a melhor estratégia para enfrentar esse poderoso inimigo, seria exterminar as grandes fortunas inexplicáveis.
Não citarei nomes, mas é fácil identificar na elite brega, milionários que construíram fortunas exercendo o cargo de servidor público.
Os exemplos recentes estão aí para provar porque existe miséria em um país tão rico como o Brasil.
Onde é o nascedouro dessa fonte que favorece poucos?
O Supremo Tribunal Federal (STF) dissecou a causa da miséria no Brasil.
Precisamos criar mecanismos de cidadania para evitar essa sangria mortal aos cofres públicos.
Com o dinheiro apropriado indevidamente e a impunidade, jamais chegaremos a atingir os objetivos propostos pelos governos.
Infelizmente, a tudo assistimos passivamente.
Essa injustiça impede que os cidadãos trabalhadores, na sua imensa maioria, sejam dignos e livres.
No momento esse tabu do enriquecimento ilícito é intocável.
Vamos tentar mudar a estratégia do combate à miséria, impedindo que esses procedimentos continuem sendo tolerados?

Gabriel Novis Neves 
12-06-2013

segunda-feira, 17 de junho de 2013

MEMÓRIA

Depois que Freud e Yung desvendaram os mistérios do nosso inconsciente, as nossas emoções passaram a ter um entendimento.
Eles nos fizeram lembrar e interpretar fatos que a nossa memória tinha arquivado.
Com a expectativa de vida aumentando, os idosos começaram a ter problemas de esquecimento.
Onde deixei a chave de casa? Como se chama o meu médico? Qual o número do meu CPF?
Essas pequenas coisas interferem na qualidade de vida das pessoas.
Outro alemão descobriu essa doença genética degenerativa que hoje atinge milhares de pessoas em todo o mundo.
Chamada por muitos como a “Doença do Alemão”, hoje é possível, pelo exame do DNA, saber da possibilidade que uma pessoa tem de desenvolver a Doença de Alzeihmer.
Os acometidos por esse mal perdem totalmente a memória.
Afinal de contas, a memória é tão importante para sermos felizes lembrando os fatos passados em nossas vidas, e não apagando as bobagens que só servem para perdermos tempo?
Quantos gostariam de esquecer os momentos ruins e ficar apenas com aquelas recordações que nos produziram emoções.
Cony fala em pontos luminosos, para desencanto dos jovens que pensam que os idosos têm muitas lembranças a transmitir.
Esses pontos luminosos estão sempre ao nosso alcance no Universo pequeno do nosso consciente. Na sua imensa maioria se relacionam com as fantasias da nossa infância.
São focados na vida familiar: escola primária; a catedral da pequena cidade; as brincadeiras com brinquedos fabricados pelas próprias crianças, como o bilboquê, papagaio, jogos de botão - retirados das roupas do papai - e os quitutes da mamãe.
O almoço inesquecível dos domingos, sempre fartos e com a sobremesa receita da vovó - a açucarada queijadinha rica em carboidratos.
A vantagem de preservar a memória íntegra é a de ter um arquivo de tudo que acumulamos e aprendemos durante a nossa existência.
Como todo arquivo, só deverá ser consultado em situações muito especiais, para evitar surpresas muitas vezes não do nosso agrado.
O poeta Ataulfo Alves na sua maturidade constatou que “era feliz e não sabia”.
Isso é a memória.

Gabriel Novis Neves
28/05/2013

domingo, 16 de junho de 2013

Coutinho

Quando uma pessoa querida encerra o seu ciclo vital, deixo passar alguns dias para externar os meus sentimentos à família enlutada.
Tanto o início como o final desse ciclo, produz em nós fortes emoções. Chamamos esse período de vida. É a única certeza que existe neste Planeta.
Do nascimento temos ideia do dia provável do parto. Mas, a data do encerramento da vida é o grande mistério que a humanidade não conseguiu ainda desvendar.
Os extremos desse ciclo, pelo qual todos passam, sempre vêm acompanhados por lágrimas. No início, de felicidade, no outro extremo, de saudade. Saudade, que tão bem definiu Alceu de Amoroso Lima: “a presença da ausência”.
Coutinho foi colega do Colégio Salesiano do meu filho mais velho. Tinham a mesma idade. Como outros da sua turma, frequentavam a minha casa no Porto, onde estudavam e brincavam.
Eles tinham em comum o mesmo espírito aventureiro. Como aprontavam!
Na escolha da profissionalização oferecida pelo curso superior, o adolescente Coutinho demonstrou ser diferenciado do grupo de colegas. Escolheu em São Paulo uma faculdade não muito procurada naquela época - o jornalismo.
Seus colegas ficaram nos padrões dos cursos convencionais. Hoje são professores, médicos, magistrados, ecologistas, políticos e empresários.
Como empresário, o menino de sangue artístico e musical, também fez uma opção inovadora.
Era um jornalista do tipo “sabe de tudo.” Deslizava feito um cisne do futebol às raízes da política partidária.
Criou o grupo de comunicação “Olhar Direto”, com sucursal em Brasília.
As horas do dia eram insuficientes para este garimpeiro da notícia. 
Sempre solidário, deixou marcas profundas dessa sua maneira de ser.
Emocionado, ouvi no domingo pela manhã o depoimento espontâneo do pobre marquês relembrando o último telefonema que recebeu do  Coutinho. Em recuperação por um problema de saúde, ganhou palavras confortadoras do seu colega.
Seus familiares, colegas, amigos e a sociedade lamentam a sua partida prematura.
Como poucos privilegiados, bem acima da média, ele não precisou de muito tempo para cumprir, e bem, a sua missão por aqui.
Com certeza ele está em outra galáxia implantando novos e arrojados projetos.
Assim era o Coutinho. Amigo e companheiro.
Está a nos esperar no outro plano, talvez com uma orquestra de jazz ou conjunto de bossa nova com a dupla Vinícius e Tom.
Valeu a sua inquietação e pressa com o desenrolar dos fatos.
Até um dia menino Coutinho, que viveu como criança!

Gabriel Novis Neves
 11-06-2013

sábado, 15 de junho de 2013

SALÁRIOS

Sou a favor de salários dignos aos funcionários públicos, respeitando a isonomia dos poderes e os tetos constitucionais.
O servidor público tem que ser bem remunerado para responder com serviços de qualidade e não cair em tentação.
Estou com o computador ligado em um site local, onde se comenta o salário dos membros do poder judiciário. 
Nada contra, não fosse o enorme fosso existente entre os salários dos funcionários do poder executivo e dos outros poderes.
Se o governo reconhece o valor dos servidores do judiciário, nada como melhorar o salário dos professores deste país. 
É gritante a falta de alinhamento entre os salários dos funcionários do governo.
Cada dia fica mais difícil motivar jovens para carreiras nas áreas da educação e saúde.
As próprias famílias sentem-se frustradas quando um filho escolhe a educação como profissão. O jovem sofre uma imensa pressão psicológica para abandonar essa ideia.
Não raro, após se formar, os pais lutam para que o filho consiga um emprego no Tribunal de Justiça, onde não precisará fazer três turnos de trabalho de professor para conseguir um salário de telefonista.
O curso de medicina é hoje procurado para formar jovens que pretendem ganhar dinheiro trabalhando na área do rejuvenescimento.
O mercado de trabalho não aceita - e não formamos mais - profissionais para as áreas básicas da saúde.
Em extinção está há algum tempo o médico generalista ou da família, o clínico geral, cirurgião geral, pediatra e o médico da mulher.
Formar após seis anos de estudos, fazer de três a cinco anos de residência médica, enfrentar um concurso público, para depois serem recompensados com um salário injusto, é uma afronta à dignidade de quem estuda. 
Ninguém conseguirá resolver a situação dos servidores públicos, especialmente os do executivo.
E o teto do funcionalismo? Como e para quem funciona?
Como jamais haverá justiça no salário dos servidores públicos, apesar de pagarmos impostos absurdos para manter privilégios a alguns, continuaremos no ranking dos países com piores serviços prestados à população.
Os prejuízos produzidos por essa política irracional de ‘Matheus primeiro os meus’, propicia acúmulo de atrasos ao nosso desenvolvimento.
É incompreensível manter por meses todas as universidades públicas fechadas em um país de índices educacionais africanos.
E a nossa saúde pública sucateada. Isto só é possível na terra dos marajás.
“Difícil compreender como no vasto mundo falta espaço precisamente para os pequenos.” Carlos Drummond de Andrade.

Gabriel Novis Neves       
30-05-2013