domingo, 9 de junho de 2013

Produtividade

Não me recordo qual foi o ano em que os economistas do Delfim Neto implantaram a produtividade no atendimento à Atenção Primária à Saúde do SUS.
O princípio era o seguinte: o médico lotado nos postos de saúde, hoje transformados em PSFs (Programas Saúde da Família), para uma jornada de quatro horas diárias de trabalho, era obrigado a atingir a meta de dezesseis consultas.
Antes o médico tinha o dever de ficar no postinho quatro horas por período e atender os pacientes que procuravam socorro médico.
Isso produzia no final do mês números variáveis de consultas. Os meninos recém-chegados de Harvard resolveram aplicar uma equação matemática para fins estatísticos.
Os resultados todos conhecem
Com salários indignos, foi dado um jeitinho onde era fácil atingir a meta em poucos minutos.
Não sei também quem determinou como seriam atendidos esses dezesseis pacientes.
Ficou estipulado que seriam três consultas de primeira vez, oito retornos e as outras consultas ficavam reservadas a pequenos curativos ou para alguma consulta não agendada.
Todo esse trabalho poderia ser realizado em até quarenta minutos.
O médico deixava o posto com a meta cumprida, e a qualidade do atendimento despencou.
Leio nos jornais que a nossa atenta Câmara Municipal, preocupada com os baixos salários dos educadores do trânsito, chamados de amarelinhos - que reivindicavam, com toda a razão, um salário superior aos atuais R$1.200,00 que recebem por mês – resolveu propor ao prefeito o sistema de produtividade para esses educadores.
O prefeito concordou com essa enganação para ter a Câmara em suas mãos.
Os amarelinhos, multando todos os veículos em tráfego, poderão receber de gratificação de produtividade algo em torno de R$ 800,00 por mês, totalizando assim o salário pleiteado de R$ 2.000,00.
Maldade igual a essa estou para ver.
Essa produtividade de aumento fictício de salário não é agregada para aposentadoria, férias, licenças de saúde e outros benefícios que um pequeno aumento salarial produziria para essa gente humilde.
Outros que sofrerão por mais essa demagogia serão os portadores de veículos, que não poderão nem estacionar para pedir uma informação aos amarelinhos, pois serão multados.
Até quando teremos que pagar tantos impostos e multas incentivadas pelo governo para sustentar a fome insaciável dos marajás?

Gabriel Novis Neves
24-05-2013

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