Sartre,
o grande filósofo francês, costumava dizer que “o inferno são os outros”.
Refletindo
sobre essa frase, podemos concluir que havia aí um erro crasso de avaliação,
segundo o meu entendimento.
Somos
seres gregários e, como tal, precisamos do outro para complementar a nossa
existência.
Quando
criança, por uma questão de sobrevivência, amamos desesperadamente os nossos
pais e familiares, interessados que estamos num total acolhimento e segurança.
Mais
tarde, já relativamente autossuficientes, estamos sempre à procura de relações
afetivas gratificantes.
Portanto,
a grande incongruência da frase não é que o paraíso seja a falta do outro, mas
sim, impedir que o outro nos atinja com frequência nos nossos anseios e na
nossa liberdade.
Ninguém
faz nada com ninguém, desde que esse alguém não permita.
Precisamos
lembrar que a vida é um contínuo jogo de forças, onde não há lugar para os
fracos.
Muito
bem lembrado quando Che Guevara dizia que “hay que endurecer, pero si perder la
ternura jamás ”.
A
palavra de ordem é simples de ser dita, mas difícil de ser executada.
Simplesmente
não permitir que os desejos alheios se interponham e anulem os nossos.
Sempre
que sentimos a presença de alguém fraco, mesmo que por bondade ou boa fé,
imediatamente temos um reflexo de crescimento, apesar dos inúmeros preceitos
religiosos que aprendemos a respeitar desde crianças - transmitidos pelo seio
familiar e pela sociedade.
O
fato é que se alguém fez alguma coisa com você foi por absoluta permissão sua.
Se
estivermos atentos ao comportamento do outro nas pequenas coisas, estaremos
evitando surpresas desagradáveis e muitos aborrecimentos.
Tomando
pequenas precauções o outro pode até significar o “paraíso”.
A
filosofia popular árabe corrobora esse raciocínio quando apregoa que, da
primeira vez que você é atingido, o culpado é o outro, mas da segunda vez, o
culpado é sempre você que permitiu que isso acontecesse.
Não
há paz na natureza e, mesmo os animais, ainda que por razões diferentes, estão
sempre em sinal de alerta.
Gabriel Novis Neves
02-06-2013
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