quarta-feira, 19 de junho de 2013

IMAGINAVA

Imaginava que em pleno século XXI, pelo menos dois terços dos habitantes do chamado país do futuro já tivessem sido alfabetizados, uma vez que alguns poucos patriotas vêm trabalhando nesse sentido há muitos anos.
Imaginava que preconceitos arcaicos, como descriminação contra as mulheres, homofobia, racismo, perseguições religiosas, seriam coisas de um passado longínquo.
Imaginava que a presença de um estado laico era inquestionável, e não, a submissão dos nossos jovens a uma lavagem cerebral prematura antes que leiam e decidam seus conceitos sobre raça, credo ou cor.
Imaginava salários dignos para quem a eles faziam jus, e não a falsos representantes do povo ali colocados apenas para se locupletarem de privilégios.
Imaginava que pastores, mesmo os alemães, só latissem nos lugares onde mantivessem os laços existenciais, não fossem eleitos para cargos públicos de alta relevância, os quais só deveriam ser ocupados por cabeças totalmente livres de preconceitos ou dogmas pré-estabelecidos.
Imaginava que para presidir cargos públicos relevantes, fosse eleito alguém com um passado probo, absolutamente livre de processos judiciais.
Imaginava que o STF, a mais alta corte do país, não poderia ser submetido a novos questionamentos após as suas decisões, e que pessoas, cujas prisões tivessem sido decretadas, ainda continuassem circulando normalmente, e o que é pior, ditando regras de conduta para o país.
Imaginava vivenciar uma época em que a assinatura de um milhão e seiscentas mil pessoas fosse suficiente para destituir um representante eleito pelo povo e que não estivesse cumprindo de maneira transparente os compromissos e obrigações para as quais havia sido eleito.
Imaginava uma UNE, representante máxima da juventude, e outrora com grandes serviços prestados à pátria, se mobilizasse aos menores sinais de falta de decoro ou de descumprimento constitucional.
Imaginava vivenciar uma democracia totalmente livre, e não uma judicialização da democracia no sentido de impedir maiores punições para os pertencentes às classes dominantes.
Imaginava uma sociedade mais justa em que, não somente negros e pobres enchessem as cadeias, e que livres estivessem criminosos poderosos, talvez muito mais perigosos para a sociedade.
Imaginava que veria a descriminalização de todas as drogas, e não apenas de algumas tidas como menos ofensivas e que proporcionam altos impostos, uma vez que as outras funcionam como grandes monopólios, beneficiando apenas a quem as manipula.
Imaginava que seria impossível viver numa época tão distanciada de valores éticos e morais, não os falsos, mas os reais, em que apenas uns poucos se sentem incomodados, enquanto a grande maioria aceita placidamente todos os absurdos que lhe são impostos.
Imaginava homens e mulheres livres para exercer a sua sexualidade da maneira que mais lhes aprouvesse, usufruindo de seus corpos como simples objetos de prazer, livres de estereótipos entre certo e errado.
Que mecanismos de emperramento que, de tão fortes, vêm impedindo, através dos séculos, que a humanidade saia dessa alienação e seja minimamente feliz?
Acredito sim na conscientização das pessoas. Agora mais do que nunca, através do mundo digital, filtrando todas as informações tendenciosas e assim nos livrando de propagandas enganosas.
Apesar de tudo, sabemos impossível viver sem fantasias, mas imagino um mundo bem melhor e bem mais simples para os que nos sucederem.

Gabriel Novis Neves
09-06-2013

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