Imaginava
que em pleno século XXI, pelo menos dois terços dos habitantes do chamado país
do futuro já tivessem sido alfabetizados, uma vez que alguns poucos patriotas
vêm trabalhando nesse sentido há muitos anos.
Imaginava
que preconceitos arcaicos, como descriminação contra as mulheres, homofobia,
racismo, perseguições religiosas, seriam coisas de um passado longínquo.
Imaginava
que a presença de um estado laico era inquestionável, e não, a submissão dos
nossos jovens a uma lavagem cerebral prematura antes que leiam e decidam seus
conceitos sobre raça, credo ou cor.
Imaginava
salários dignos para quem a eles faziam jus, e não a falsos representantes do
povo ali colocados apenas para se locupletarem de privilégios.
Imaginava
que pastores, mesmo os alemães, só latissem nos lugares onde mantivessem os
laços existenciais, não fossem eleitos para cargos públicos de alta relevância,
os quais só deveriam ser ocupados por cabeças totalmente livres de preconceitos
ou dogmas pré-estabelecidos.
Imaginava
que para presidir cargos públicos relevantes, fosse eleito alguém com um
passado probo, absolutamente livre de processos judiciais.
Imaginava
que o STF, a mais alta corte do país, não poderia ser submetido a novos
questionamentos após as suas decisões, e que pessoas, cujas prisões tivessem
sido decretadas, ainda continuassem circulando normalmente, e o que é pior,
ditando regras de conduta para o país.
Imaginava
vivenciar uma época em que a assinatura de um milhão e seiscentas mil pessoas
fosse suficiente para destituir um representante eleito pelo povo e que não
estivesse cumprindo de maneira transparente os compromissos e obrigações para
as quais havia sido eleito.
Imaginava
uma UNE, representante máxima da juventude, e outrora com grandes serviços
prestados à pátria, se mobilizasse aos menores sinais de falta de decoro ou de
descumprimento constitucional.
Imaginava
vivenciar uma democracia totalmente livre, e não uma judicialização da
democracia no sentido de impedir maiores punições para os pertencentes às
classes dominantes.
Imaginava
uma sociedade mais justa em que, não somente negros e pobres enchessem as
cadeias, e que livres estivessem criminosos poderosos, talvez muito mais
perigosos para a sociedade.
Imaginava
que veria a descriminalização de todas as drogas, e não apenas de algumas tidas
como menos ofensivas e que proporcionam altos impostos, uma vez que as outras
funcionam como grandes monopólios, beneficiando apenas a quem as manipula.
Imaginava
que seria impossível viver numa época tão distanciada de valores éticos e
morais, não os falsos, mas os reais, em que apenas uns poucos se sentem
incomodados, enquanto a grande maioria aceita placidamente todos os absurdos
que lhe são impostos.
Imaginava
homens e mulheres livres para exercer a sua sexualidade da maneira que mais
lhes aprouvesse, usufruindo de seus corpos como simples objetos de prazer,
livres de estereótipos entre certo e errado.
Que
mecanismos de emperramento que, de tão fortes, vêm impedindo, através dos
séculos, que a humanidade saia dessa alienação e seja minimamente feliz?
Acredito
sim na conscientização das pessoas. Agora mais do que nunca, através do mundo
digital, filtrando todas as informações tendenciosas e assim nos livrando de
propagandas enganosas.
Apesar
de tudo, sabemos impossível viver sem fantasias, mas imagino um mundo bem
melhor e bem mais simples para os que nos sucederem.
Gabriel Novis Neves
09-06-2013
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