domingo, 16 de junho de 2013

Coutinho

Quando uma pessoa querida encerra o seu ciclo vital, deixo passar alguns dias para externar os meus sentimentos à família enlutada.
Tanto o início como o final desse ciclo, produz em nós fortes emoções. Chamamos esse período de vida. É a única certeza que existe neste Planeta.
Do nascimento temos ideia do dia provável do parto. Mas, a data do encerramento da vida é o grande mistério que a humanidade não conseguiu ainda desvendar.
Os extremos desse ciclo, pelo qual todos passam, sempre vêm acompanhados por lágrimas. No início, de felicidade, no outro extremo, de saudade. Saudade, que tão bem definiu Alceu de Amoroso Lima: “a presença da ausência”.
Coutinho foi colega do Colégio Salesiano do meu filho mais velho. Tinham a mesma idade. Como outros da sua turma, frequentavam a minha casa no Porto, onde estudavam e brincavam.
Eles tinham em comum o mesmo espírito aventureiro. Como aprontavam!
Na escolha da profissionalização oferecida pelo curso superior, o adolescente Coutinho demonstrou ser diferenciado do grupo de colegas. Escolheu em São Paulo uma faculdade não muito procurada naquela época - o jornalismo.
Seus colegas ficaram nos padrões dos cursos convencionais. Hoje são professores, médicos, magistrados, ecologistas, políticos e empresários.
Como empresário, o menino de sangue artístico e musical, também fez uma opção inovadora.
Era um jornalista do tipo “sabe de tudo.” Deslizava feito um cisne do futebol às raízes da política partidária.
Criou o grupo de comunicação “Olhar Direto”, com sucursal em Brasília.
As horas do dia eram insuficientes para este garimpeiro da notícia. 
Sempre solidário, deixou marcas profundas dessa sua maneira de ser.
Emocionado, ouvi no domingo pela manhã o depoimento espontâneo do pobre marquês relembrando o último telefonema que recebeu do  Coutinho. Em recuperação por um problema de saúde, ganhou palavras confortadoras do seu colega.
Seus familiares, colegas, amigos e a sociedade lamentam a sua partida prematura.
Como poucos privilegiados, bem acima da média, ele não precisou de muito tempo para cumprir, e bem, a sua missão por aqui.
Com certeza ele está em outra galáxia implantando novos e arrojados projetos.
Assim era o Coutinho. Amigo e companheiro.
Está a nos esperar no outro plano, talvez com uma orquestra de jazz ou conjunto de bossa nova com a dupla Vinícius e Tom.
Valeu a sua inquietação e pressa com o desenrolar dos fatos.
Até um dia menino Coutinho, que viveu como criança!

Gabriel Novis Neves
 11-06-2013

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