O
dia mais carismático da semana, talvez por simbolizar uma falsa ilusão de
prolongado período de descanso e lazer, é, sem a menor sombra de dúvidas, a
sexta-feira.
Mas,
o sábado amanhece chuvoso. E o dia internacional do churrasco nos prende em
casa - frustrando toda uma semana de expectativas. Expectativas de uma boa
cervejada com os amigos, muito bate-papo descompromissado e o som de uma boa
viola, de preferência uma “guarânia esgarçadeira” das fibras do miocárdio.
Em
vez da descontração, nos vem à lembrança que, após o sábado, vem o domingo,
vizinho da indesejável segunda-feira.
O
santificado dia de repouso da semana, a todo instante nos faz recordar que logo
ele irá terminar. Vem, então, à lembrança, a sequência de trabalho, nem sempre
gratificante.
Quando
desperto no sábado, instintivamente a minha primeira preocupação é ter a
certeza que é sábado mesmo e que terei mais uma noite para dormir e acordar sem
compromissos.
Já
no domingo, levanto-me da cama com a tristeza de que no outro dia recomeçarei
tudo outra vez. É como a ilusão de que os dias longos de sonhos reparadores
para a alma e corpo tivessem encolhidos.
Fico
com uma sensação de perda, de não ter prestado atenção que o tempo passou e, o
pior, não ter aproveitado nada do planejado.
No
domingo a cidade se transforma em um grande deserto, com suas ruas e avenidas
como que adormecidas.
Naqueles
que retornam das suas pousadas e chácaras desperta imensa melancolia, como se
presenciássemos a passagem de um cortejo fúnebre.
O
domingo é o dia mais curto da semana, contrastando com o charme da sexta e a
alegria do sábado.
Impossível
falar da sexta-feira, louvar o sábado, sem citar o domingo e lembrar-se da
segunda-feira.
Discretamente
vêm a terça, quarta e quinta-feira, onde toda essa nossa fantasia cultural é
realizada sem alardes ou protocolos.
O
domingo é o único dia da semana em que o almoço é servido mais tarde, base do
tradicional almoço-ajantarado.
Depois
é a sesta, futebol, cinema, teatro, dia da pizza para alguns e a música da
vinheta do Fantástico, anunciando que o dia findou.
É
o momento de dormir e tentar, na próxima sexta-feira, transformar em realidade
as ilusões abortadas.
Gabriel
Novis Neves
19-12-2013