quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

VERDADE

A questão do menor abandonado – e de todas as consequências advindas - não é de hoje. Ela faz parte de um círculo vicioso da pobreza que os governantes não conseguem e não querem romper.
Quando acontecem problemas graves envolvendo menores nas ruas, vêm os “especialistas”, geralmente nos programas de televisão à tarde, para interpretarem o “fenômeno” e deixarem a suas receitas milagrosas.
E haja aconselhamento aos pais desses menores infratores, na sua maioria emergentes das classes sociais menos favorecidas.
Os “professores”, descendentes da “Barbie”, que de crianças querem distâncias, recomendam que os pais, ao chegarem do trabalho, brinquem um pouquinho com os seus filhinhos antes de tomar banho e jantar. Estarão, com esse gesto, demonstrando um grande ato de amor aos pequenos.
Acontece que a grande maioria dos trabalhadores brasileiros possui uma jornada de trabalho altamente estressante.
Para começar, tem de acordar de madrugada e enfrentar o horror que é o nosso transporte público. Depois de trabalhar por oito, ou mais horas, e com um salário aviltante, tem que enfrentar, outra vez, a maratona de voltar para casa. Lógico que, ao chegar, este trabalhador esteja exausto, tanto fisicamente quanto emocionalmente.
Só existe mesmo a vontade de se jogar na cama e dormir, para recomeçar tudo no dia seguinte.
A mulher se trabalha fora do lar, geralmente enfrenta os mesmos problemas do marido. Acrescido do caos que é encontrar uma creche para deixar os pequenos.
E, caso contrário, não é menos estressante o seu dia a dia, pois cuida de todos os afazeres domésticos: limpa a casa, prepara o almoço, lava e passa as roupas, faz as compras na feira - bem no final do dia quando os preços são mais favoráveis.
E ainda tem de cuidar das crianças, trabalho que exige muita resistência física e controle emocional.
À noite, está mais para um banho terapêutico que para conversar sobre crianças com o marido cansado. Elas, no início da vida, vão crescendo sob controle em casa, nas barras da saia da mamãe.
Quando os pais conseguem matriculá-las em uma escola pública, inicia-se a tragédia programada.
A escola não é atrativa, embora muitas possuam esse nome, totalmente distante das expectativas das crianças.
Vulneráveis, são inevitáveis seus contatos com os traficantes de drogas que fazem ponto nas portas das escolas.
Está indicado o caminho para o crime impressionantemente sedutor para os menores criados nesse caldo de cultura social, sem políticas públicas sérias de proteção aos nossos baixinhos.
Ouvimos e lemos pela mídia muito blá-blá-blá do governo para uma sociedade insensível sobre este assustador problema que corrói o futuro da nação.
Quantas mulheres, mesmo sabendo que a maternidade é um instinto, assumem, sem culpa, a responsabilidade de não terem filhos.
É melhor assim. As crianças devem conviver em uma sociedade apta para lhes oferecer todas as condições necessárias ao seu bom e sadio desenvolvimento.
As políticas sociais em vigor são uma calamidade. E essa irresponsabilidade se traduz na infelicidade de muitas mães, pais e filhos.
Essa é a verdade.

Gabriel Novis Neves
01-01-2013

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