terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Pretensão

O ser humano é uma das coisas mais complexas da natureza. Tarefa árdua, e quase impossível, é a tentativa de decifrar e entender o que se passa na mente desta espécie animal.
Mas, o homem, na sua vaidade, muitas vezes tem a pretensão de conhecer profundamente seus semelhantes, especialmente os chamados de mais íntimos.
Será que alguém acha mesmo isso ser possível? Sei que muitos têm essa certeza. Certeza dessas “invasões”. Certeza de que sabe quem realmente somos, quando na verdade, cometem grandes equívocos - tão comuns na maioria das vezes.
Quanto mais temos certeza que conhecemos até o avesso das pessoas que nos são próximas, mais surpresos ficamos ao descobrir o quanto estávamos errados.
E isso é apenas a ponta do iceberg... É uma ingenuidade pensar que alguém irá contar espontaneamente a verdadeira história de sua vida para quem está sempre ao seu lado e um dia poderá não ser mais seu amigo.
Para com uma pessoa totalmente desconhecida, um esquimó, por exemplo, tenho absoluta convicção que muitos revelarão com detalhes todos os seus sentimentos verdadeiros. Pois é remota a possibilidade de receber uma visita de cortesia de alguém tão distante e desconhecida.
Essas “confissões” são muito parecidas com as dos portadores de lesões do núcleo afetivo, que não conseguem se relacionar com os mais próximos, como pais, irmãos, familiares, colegas e amigos do dia a dia.
Entretanto, com que facilidade eles se tornam íntimos de pessoas bem distantes deste núcleo, a maioria conhecidos ocasionais, cujos nomes desconhecem.
Tornam-se confidentes de extrema confiança, depositando neles toda a sua verdadeira história de vida, sem restrições.
É comum rotular essas pessoas com frases curtas e simples, como bom, sério, idôneo e outras mais, que parecem fáceis porque não entendemos nada de nada.
Como diz o “pobre marquês” do Porto sobre conhecer pessoas: “nada mais falso que tábua de andaime...”.
Quando deixaremos de ser presunçosos e achar que fulano é meu melhor amigo, meu confidente ou, entre nós não há segredos?

Gabriel Novis Neves
06-02-2014

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