segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Estupro


A violência contra a mulher é um problema cultural e vem afligindo a humanidade através dos séculos.
A grande repressão sexual, exacerbada a partir do século V até o século XV, reafirmou no inconsciente coletivo a mulher como coisa, nunca levando em conta os seus próprios desejos. Isso porque, desde a pré-história, e depois passando pelos gregos e romanos, as sociedades eram predominantemente hedonistas, colocando o prazer como mote prioritário de vida.
Com a queda do império romano e o advento do cristianismo, inicia-se um ciclo de ausência absoluta de individualidade e luta contra as tentações.
Amar, só a Deus. A teoria do pecado original foi maciçamente difundida.
A partir do século XII, com o renascimento, aparece o amor cortês, sempre exaltando os prazeres do espírito em detrimento aos prazeres da carne. A verdadeira mulher amada deveria ser inatingível ao toque e apenas venerada como uma deusa. Apenas aí, o amor já se cogita como recíproco.
Os últimos três séculos foram impregnados por todos esses conceitos arcaicos, que faziam do sexo algo abominável. Até os dias de hoje, homens e mulheres ainda sofrem muito com seus medos, culpas e frustrações.
Até 1950, a virgindade ainda era um valor. Apenas entre 1960 e 1980, a verdadeira revolução sexual foi exercida, já que a pílula anticoncepcional estava presente e ainda não havia o HIV.
A partir do século XX, com o aparecimento dos grandes movimentos feministas e as grandes mudanças econômicas mundiais, a mulher consegue entrar definitivamente no mercado de trabalho em todos os setores e inicia assim o seu processo de “descoisificação”.
Entretanto, os estigmas de tantos séculos de opressão, não são assim removidos tão facilmente quanto gostaríamos.
Por outro lado, a mulher, despreparada para essa nova situação, começou a confundir liberdade com libertinagem, extrapolando comportamentos agressivos, tidos como masculinos, nunca antes exercidos e, principalmente, para os quais os homens não estavam programados.
Paralelamente, o mercado de consumo, ávido de novos lucros, jogou na sociedade a propaganda de um erotismo exagerado e a tudo vinculado. Nem as crianças escaparam desse projeto, sendo desde muito cedo estimuladas por suas mães a se tornarem miniadultas, através de roupas e comportamentos inadequados para a idade.
Agregado a tudo isso, a divulgação maciça de músicas com letras e coreografias sempre um forte apelo sexual.
Seios e bundas siliconadas, graças a esse grande mercado erótico, são oferecidos abertamente a preços módicos e suaves prestações mensais, servindo de desejo a mentes mais desavisadas, principalmente as jovens.
A indústria pornográfica já é a terceira maior em crescimento no mundo.
A violência familiar, exacerbada pelas drogas, legais e ilegais, só faz crescer. Campanhas de descriminalização progressivas e sérias, como as que vêm sendo feitas pelos países mais desenvolvidos, não conseguem se sobrepor aos interesses de pequenas minorias que obtém grandes lucros com esse mercado.
Diante de todo esse quadro, no mínimo propício, não é de se admirar que os instintos animalescos, escamoteados pelas leis sociais, estejam recrudescendo com tanta intensidade e frequência. A violência e os casos de estupro, em todas as partes do mundo, têm aumentado, e muito. Países superdesenvolvidos como, por exemplo, a Inglaterra, já mostram níveis assustadores desses casos, apesar das altas penas infringidas aos infratores.
Aprendemos desde muito cedo que onças não devem ser cutucadas com vara curta e sempre que a sociedade se torna muito permissiva, a barbárie começa a imperar.
Já vimos isso inúmeras vezes na história e sabemos os resultados desastrosos que daí advém.
Os conceitos de amor não são imutáveis e o histórico da humanidade está aí para nos comprovar isso.
A nossa vida sexual afetiva está sempre condicionada a atuações do inconsciente cultural e social.

Gabriel Novis Neves
18-05-2013

BRIGAS DE CASAL


Certamente, muito mais relativas à instituição do casamento do que propriamente aos cônjuges, acontecem, com tanta frequência, as brigas de casais.
Pessoas oriundas de culturas diferentes, com diferentes condicionamentos de vida e de valores são, de repente, jogadas numa convivência diária e promíscua.
O que anteriormente justificava a razão para esse entrosamento, conhecida romanticamente como amor, logo se transforma num pesado fardo para ambos que, imediatamente, tratam de  viver em função de um bem maior, a organização e manutenção da família. Isso nos é ensinado desde sempre, e se torna um dos pilares da sociedade em que vivemos.
Jamais fomos consultados se este é o estilo de vida que mais nos agrada. Assim as nossas escolhas afetivas vão sendo sufocadas pela vida afora, sem mais nem por que.
Não é de se estranhar que essa verdadeira prisão emocional, na maioria das vezes emoldurada por comportamentos hipócritas de ambas as partes, traga inúmeros problemas de convivência, inclusive para a prole formada nesse núcleo familiar.
A tendência é sempre culpar as pessoas, esquecendo-se assim de que o grande vilão é o tipo de organização que impõe a anulação  de um dos cônjuges, ou de ambos, quando se instala  o estado de anestesia familiar.
Assim são empurrados inúmeros casamentos, algumas vezes até considerados muito felizes pela moral vigente.
Mecanismos de prosperidade econômica, na grande maioria das vezes,  ajudam, e muito, na manutenção da muleta mútua.
Nas classes mais abastadas os jovens andam conseguindo soluções criativas - quer vivendo em casas separadas, quer conseguindo manter a  relativa privacidade de cada um, ainda que num mesmo apartamento.
Como as pessoas são absolutamente únicas, fica muito difícil que, pelo menos, nos primeiros anos de convivência, que são os mais complicados, não surjam as chamadas incompatibilidades.
Fundamental, a meu ver, seria que cada  um pudesse manter ao máximo a sua individualidade e os seus gostos, desfrutando juntos apenas os momentos prazerosos   verdadeiros.
Aquela repetida frase “só vou se você for”, logo se transforma numa grande causa de angústias e dissabores.
A independência, em todos os seus aspectos, talvez seja  uma das grandes aliadas dos raros casamentos felizes.
A natureza, com a sua premência de perpetuação da espécie, impede que uniões fossem muito mais tranquilas se já feitas na maturidade.
Ao que tudo indica, na juventude, as grandes causas de discordância são a financeira, a diferente visão na criação dos filhos e a terrível sensação de posse que gera o grande destruidor, o ciúme.
Com o passar dos anos a liberdade afetiva, que tanto  aflige a humanidade, já não tem tanta importância, uma vez que experiências  várias foram vividas na sua plenitude.
Impressionante como a segurança é diretamente proporcional ao número de anos vividos. Somos agraciados com um processo  de doação mais fácil e nos tornamos menos exigentes e menos possessivos.
Aprendemos a amar no outro, não só as suas qualidades, mas também os seus defeitos.
Dialogar sempre é o melhor remédio, e vem ajudando, e muito, as relações entre os casais, fato inusitado  nas gerações passadas.
Como dizia o nosso querido sociólogo Betinho: “As modificações no mundo não correm, andam”.

Gabriel Novis Neves
18-10-2013

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sedução explícita


O sexo feminino é condicionado a se utilizar da arte da sedução dos oito aos oitenta anos, ao contrário do que acontece com os animais, onde o macho é sempre o grande sedutor, inclusive, mais bem dotado de apetrechos para essa finalidade, tais como a beleza e habilidades para o canto e para a dança.
Observar na natureza esses rituais que precedem a conquista da fêmea é um espetáculo de rara beleza, principalmente para moradores de cidades do interior que podem se dar a esse luxo em virtude da convivência mais próxima com os bichos, coisa dificilmente vivenciada pelos habitantes de grandes cidades.
Desde a mais tenra idade, meninas já se comportam num clima constante de exibição, quer no colégio quer no ambiente familiar, e isso é enaltecido pela sociedade. Todos sabem como elas são sempre muito mais glamorosas com os pais do que com as mães. Isso é absolutamente normal, desde que bem conduzido pelos progenitores, responsáveis pelos devidos distanciamentos visando uma boa educação afetiva sexual futura.
Na adolescência, com o desencadear do tsunami hormonal, a sexualidade passa a ser vivida de uma maneira que possa ser eleitos os verdadeiros objetos de desejo de uma maneira intensa e saudável.
Daí em diante, pela vida afora, serão colhidos os frutos de uma vida sexual afetiva prazerosa e, que mesmo com altos e baixos, cumprirá o seu papel no psiquismo de cada um.
Com o passar dos anos a indústria da beleza e da estética resolveu investir pesado também no sexo masculino, e já percebemos, com força, o comportamento de grande parte dos homens do nosso século, comumente chamados de metrossexuais.
São homens extremamente preocupados com a sua estética, totalmente submissos à ditadura da beleza, exatamente como a maior parte das mulheres.
Tudo isso foi se firmando graças a um excelente trabalho de marketing que vem sendo desenvolvido pela poderosa indústria da estética desde os finais do século passado e, principalmente, nos dias atuais.
A grande gama de novos cremes ditos miraculosos, xampus, perfumes e toda sorte de adereços apregoados pela indústria da moda como sedutores, vêm fascinando homens e mulheres e, portanto, cumprindo a sua finalidade precípua, que é gerar altos lucros.
Lá se foi o tempo em que as pessoas eram avaliadas mais em função do seu caráter, da sua inteligência, da sua integridade do que pelo seu aspecto de beleza e elegância.
Tal como as mulheres, os homens se pavoneiam e competem entre si na busca de corpos esculturais, a qualquer preço. As academias estão aí para que isso seja constatado.
As mulheres, já acostumadas através dos séculos às mais diversas formas de dominação, pouco se ressentiram dessa nova ditadura da beleza e da magreza. Lamentável que isso tenha acontecido justo no momento em que elas tinham acabado de fazer a maior revolução do século, a sexual e, portanto, tinham se livrado dos grilhões que as mantiveram submissas por tantos séculos.
O fato é que nesse jogo hedonista todos perdem. Hipertrofiados que ficam em função de uma sedução que sempre se mostra pequena em função das metas a serem alcançadas.
Nessa perspectiva, crescem o narcisismo e o desinteresse por valores reais, únicos responsáveis  por uma vida vazia  e caldo favorável  para o aparecimento dos estados depressivos.
A prática narcísica é sempre incompatível com as trocas afetivas, uma vez que quem não sai de si não consegue se entregar ao outro de uma maneira saudável.
Sedução é entrega, e essa só acontece quando nos despojamos do artificial e mergulhamos nos nossos instintos.
Com a chegada da menopausa e da andropausa, inúmeras pessoas começam a apresentar quadros de depressão profunda, geralmente motivadas pela possibilidade de perda da sedução.
Entretanto, estudos modernos vêm provando que o cérebro é o grande desencadeador de uma sexualidade duradoura, e o seu bom funcionamento vem propiciando cada vez mais velhices alegres e prazerosas.

Gabriel Novis Neves
25-10-2013

JOGOS DE AZAR


Sou totalmente favorável ao projeto do senador por Mato Grosso Blairo Maggi que autoriza a abertura de até trinta e cinco cassinos no país.
Irei reproduzir parcialmente o que disse o senador ao Jornal O Globo do Rio de Janeiro.
“Por mais proibidos que eles sejam, os jogos acontecem hoje. Têm cassinos clandestinos, e acaba sempre tendo, por mais que haja fiscalização”. Blairo Maggi, relator do projeto de legislação de jogos no Senado.
Segundo Maggi, o Brasil é um dos poucos países que não têm essa atividade liberada.
Para ele, as pessoas são “esclarecidas” e a autorização da exploração não vai gerar uma “corrida” da população às casas de jogos.
“É mais uma atividade”, disse.
“O governo não tem restrição a esse projeto. E tem interesse nessa arrecadação de vinte bilhões de reais”, diz o líder do governo no Senado.
O projeto é bastante minucioso com relação a sua localização e estrutura como hotel, local para reuniões e eventos, restaurantes, bares e centros de compras.
Segundo a proposta, o cassino poderá ocupar até dez por cento da área construída do complexo.
O credenciamento para explorar cassinos se dará pelo período de trinta anos, de acordo com o texto do Blairo Maggi.
Há rígidos critérios para selecionar o empreendimento.  O governo deve usar como requisitos principais de seleção o valor do investimento para a implantação de lazer, da mão de obra local, o número de empregos a serem criados, entre outros fatores.
O projeto cria uma Contribuição Social, cuja arrecadação deve ser integralmente destinada à Seguridade Social.
Entre aumentar impostos e criar novas fontes de recursos, em minha opinião, o projeto é válido, disse Blairo Maggi à imprensa.

Gabriel Novis Neves
​04-01-2016

Sociopatas?


Curioso saber através das mídias como estão se comportando no sistema penal essas figuras ricas e famosas presas na Operação Lava Jato.
Realmente, a capacidade de adaptação do ser humano é algo digno de estudo.
Sim, porque não estamos falando de bandidos comuns que passam a vida nesse entra e sai do submundo.
Estamos falando de pessoas cultas, sofisticadas e que, dado o grande poder aquisitivo, jamais poderiam imaginar tamanha rebordosa em suas vidas. 
Nosso país até então era conhecido como o paraíso da impunidade.
Como explicar comportamentos de superação em que essas pessoas, mesmo em celas mínimas, continuam com a sua rotina de exercícios matinais, dietas conservadas, bom equilíbrio emocional?
Não esquecer que todas elas levavam vidas milionárias, cercadas de todos os requintes de luxo, com tudo que a sociedade de consumo tem a oferecer aos poderosos.
O que me fascina é essa tremenda capacidade interna que todos temos e que só se manifesta em situações muito adversas.
Segundo a imprensa, o maior empreiteiro brasileiro, dono de uma fortuna avantajada, preso há mais ou menos seis meses na Operação Lava Jato, apresenta excelente estado físico e mental, dividindo sua pequena cela com dois outros colegas de infortúnio.
Consta que trocam entre si informações, livros, alimentação trazida diariamente pelos advogados dos mesmos, material para a rotina fitness do dia e, quem sabe, principalmente, o consolo mútuo pela falta de liberdade, a meu ver, o maior entrave para a continuidade do funcionamento de um bom sistema nervoso.
Com todo esse mar de lama que assola a política, e literalmente o país, seria interessante fazer um estudo neurocientífico desses personagens que, distantes de todos os seus privilégios, ainda encontram forças para seguimento de suas rotinas, mesmo com ameaça de longos anos de reclusão.
Confesso ser desmedida a minha curiosidade quanto a esses “novos bandidos tão corajosos, não só para infringir as leis, mas também no enfrentamento das consequências daí advindas”.
Serão eles todos sociopatas ou apenas pessoas que se julgavam acima do bem e do mal na terrinha das impunidades?
A psiquiatria está perdendo nesse momento um farto material para estudo.

Gabriel Novis Neves
24-12-2015

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O ATO DE SOFRER


Somos condicionados por inumeráveis regras sociais e religiosas a acreditar que o ato de sofrer é uma consequência imediata do ato de viver.
Muitas vezes, os sofrimentos físicos e os emocionais se confundem, impedindo a sua separação.
Estudos médicos recentes vêm cada dia mais atribuindo doenças ao efeito deletério de algumas enzimas produzidas pelo nosso organismo durante estados de ansiedade, de crises depressivas e de períodos de estresse prolongados.
Nessas circunstâncias fabricamos as chamadas catecolaminas, além do cortisol fabricado pelas glândulas suprarrenais, ambos extremamente prejudiciais ao nosso viver.
Ao contrário, pessoas otimistas, possuidoras de uma atitude positiva diante da vida, liberam as chamadas endorfinas, que funcionam com verdadeiras pílulas do prazer.
Sempre que nos desmotivamos da vida, temos uma queda do tônus cortical, e, dessa forma, ficamos mais suscetíveis a todos os tipos de enfermidade.
Vírus e bactérias com as quais convivemos normalmente tornam-se agressivas quando isso acontece.
Atualmente, doenças degenerativas, inclusive o câncer e as doenças autoimunes, já são, na maioria das vezes, consideradas decorrências de distúrbios emocionais graves.
Pessoas mais saudáveis são sempre portadoras de um bom sistema nervoso que não seja submetido a grandes ambivalências.
Desde muito cedo somos condicionados, paulatinamente, a responder a todos os reflexos que nos são impostos, sejam eles patológicos ou não.
Como as sociedades, de um modo geral, são regidas por regras incompatíveis com os nossos instintos básicos animais, com o tempo vamos tornando-nos mais ou menos reprimidos e doentes, tudo dependendo do caldo cultural repressor onde fomos criados.
Isso se reflete mais tarde, já na fase adulta, em dificuldades orgânicas básicas, seja na ingestão abusiva de alimentos, seja nos distúrbios da evacuação, da micção e, principalmente, nas graves disfunções sexuais, tão comuns na prática médica.
Crianças são submetidas desde muito cedo a tarefas para as quais elas não estão preparadas impedindo, dessa forma, o ócio criativo, fundamental ao seu pleno desenvolvimento.
Não são respeitadas as leis da natureza que permitem que os filhotes se desenvolvam lentamente sem o acúmulo de tarefas que lhe são impostas sucessivamente, tais como: aulas de natação, de música, de judô, idiomas, enfim, a total castração da criança em termos fisiológicos.
Impedimos dessa maneira que as nossas crianças vivam a idade do descompromisso que, na maioria das vezes, nem na velhice é conseguida.
Quando se percebe, desponta aquele adolescente revoltado, agressivo, subvertendo todos os conceitos arcaicos que lhe foram impostos pela hipocrisia social.
Resultado: incompreensão dos pais que, ingenuamente se julgam injustiçados, pois tentaram “fazer o melhor”.
Isso vai sendo passado de geração a geração, já que papos honestos e verdadeiros sobre todos os temas nunca são discutidos nos meios familiares e, muito menos, nos escolares.
O sistema sinaliza para que todos os bens sucedidos devam ser preparados para “o ter”, e não, para “o ser”.
Nessa armadilha se esvai a felicidade, pelo simples fato de se formarem adultos hipócritas e reprimidos e que não conseguem compactuar emoções.
De tudo isso, só se conclui que “o sofrer” está muito ligado ao aprendizado de cada um. Quanto mais reprimido o indivíduo, maior a qualidade e a intensidade do seu sofrimento.
Reconheço que para nós médicos, é bem mais fácil lidar com essas filigranas emocionais, razão pela qual, até bem pouco tempo, antes da sociedade de consumo, médicos, e terapeutas eram bem mais valorizados.
Com a pressa do mundo atual, trocamos todos esses valores pelo imediatismo das relações em todos os níveis, infelizmente.
Triste imaginar que tantas pessoas que conviveram toda uma vida são meros desconhecidos, sem a real intimidade que deve ser fundamental ao amor.
Na mentira e na hipocrisia não se chega a lugar algum. Transformamos-nos num bando de almas penadas, cada dia mais solitário, ainda que acompanhadas...

Gabriel Novis Neves
14-12-2014

Grupos familiares


Esgotados os modelos familiares vigentes durante séculos e séculos, urge uma mudança nesse tipo de conglomerado, o que, aliás, já vem acontecendo paulatinamente.
Na minha prática médica ao longo de todos esses anos tenho constatado os inúmeros dramas oriundos dessa organização arcaica.
A velha companheira, apenas reprodutora, se transformou numa força de trabalho ativa e, portanto, fundamental para a economia do grupo.
Com as mudanças econômicas vieram as alterações comportamentais. Novos modelos se impõem para que os vários membros de um mesmo clã não adoeçam entre si, como vem acontecendo nos últimos anos.
Com o aparecimento de novas tecnologias facilitadoras dos trabalhos caseiros, a liberdade pessoal feminina tem se tornado uma meta. Mulheres não mais se conformam com ausência de tempo para si mesmas, impossível até poucos anos atrás.
Já percebemos esses profundos sinais de mudanças nos países mais desenvolvidos, em que os filhos são intimados a prover o seu próprio sustento a partir dos dezoito anos e, portanto, abandonar o teto familiar.
Nada mais saudável e promissor, ainda que para nós, subdesenvolvidos, nos pareça um ato de desamor.
As interdependências familiares são altamente adoecedoras para todos os seus membros, chegando, algumas vezes, a níveis insuportáveis, apenas disfarçados pelas hipocrisias que as circunstâncias exigem.
Pais subjugando filhos na sua juventude e sendo por eles subjugados na velhice, é o quadro mais frequente.
Sob a capa da proteção, em ambos os casos, se estabelece a mais cruel das relações, sempre baseada em mentiras e desamor.
É como se podada fosse qualquer iniciativa de autodirecionamento, e o ódio subliminar que daí advém, vai se acumulando através dos anos, tudo no mais profundo disfarce da compreensão.
Dessa forma, festas tradicionais que exacerbam os valores familiares, como o Natal e o Réveillon, com muita frequência redundam em espetáculos desastrosos, normalmente liberados graças à exclusão da censura promovida pela ingestão de bebidas alcoólicas.
Que as pessoas passem a entender e a respeitar a individualidade de cada um.
Que os idosos não se transformem em perspectivas de novos ganhos após o seu desaparecimento e que lhes seja permitido, e até mesmo, incentivado, a usufruir do justo fruto de seu trabalho na plena satisfação dos seus desejos. O que mata é infelicidade e tédio, e não, prazer.
Que a família passe a funcionar como seres que se amam e se protegem mutuamente, sem cobranças de qualquer espécie.
Que o respeito ao outro e às suas escolhas seja o moto propulsor para a felicidade de todos.
Que as pessoas se encontrem por puro prazer de estarem juntas, e não por regras comportamentais pré-estabelecidas, tais como almoços dominicais enfadonhos e obrigatórios, principalmente quando envolvem terceiros nesses compromissos.
Enfim, que cada um tenha presente que o ser humano foi feito para ser feliz do jeito que der e quer, mesmo que não corresponda às metas, ditas de sucesso, que são traçadas para ele.
Quem sabe assim não teremos um dia grupos familiares verdadeiramente felizes?

Gabriel Novis Neves
08-01-2014

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

DINHEIRO POUCO – CINISMO MUITO


Não sei o que mais tem afligido a população brasileira: se a escassez do dinheiro e dos negócios ou o cinismo político reinante.
Todo o poder se comporta como se estivéssemos na Ilha da Fantasia.
A simples troca de cadeiras entre os ministros é comemorada com se tivesse sido descoberto o salvador da pátria.
O governo se coloca numa linha de conforto quando suas convicções, mesmo que tidas como inapropriadas para o momento atual, são compartilhadas por todos os seus subordinados.
Ideias de outras correntes de pensamento não são bem-vindas e geram conflitos ainda mais insolúveis.
Esqueceram apenas de comunicar à classe dirigente que a desconfiança política instalou-se para ficar, já que a mentira e a omissão dos fatos tem sido a tônica da forma de governo.
As máximas democráticas falam que todo poder emana do povo e em seu nome deverá ser exercido.
Os governos estaduais, já em absoluta falência, começam a não honrar os seus compromissos básicos, tais como, pagamento de funcionalismo e manutenção básica dos serviços de saúde, como está acontecendo no Estado do Rio de Janeiro.
Penso que a vaidade dos nossos governantes está pondo em risco a estabilidade social, já que não consegue se declarar incompetente para gerir um país da dimensão do Brasil.
Seria prudente não confiar muito nessa fama de povo ordeiro e despertar para esse verdadeiro caldo de cultura de terror que, tal qual uma panela de pressão, só faz crescer.
Ainda é tempo de fazer as reformas profundas em todo esse sistema político partidário obsoleto vigente, antes que essa população deprimida, porém revoltada e esfomeada, resolva fazer justiça com as próprias mãos.
Quem avisa, amigo é.

Gabriel Novis Neves
28-08-2015

Tratado


Logo que foi divulgado o Tratado Transpacífico fiquei indignado com relação à posição do Brasil, optando por não pertencer ao grupo  do qual fazem parte Canadá, Estados Unidos, México, Peru e Chile, no continente americano. 
Como a moeda tem duas caras, estou lendo que “esse acordo regulará, por exemplo, o comércio de remédios, permitindo a expansão dos monopólios de medicamentos patenteados, o que acabaria com os genéricos”.
Aquilo que parecia ser o maior acordo de comércio e investimento regional da história, não é o que parece.
Esse tratado para o “livre comércio”, na verdade,  é um acordo para administrar as relações comerciais e os investimentos dos seus membros em nome dos grupos de pressão empresariais mais poderosos de cada país. Tática, aliás, muito usadas pelo sistema.
É evidente que o Tratado Transpacífico não tem nada a ver com o “livre comércio”.
Ainda fazem parte desse tratado, o Japão, Vietnam, Brunei, Nova Zelândia, Singapura, Malásia e Austrália.
A Nova Zelândia ameaçou se retirar do acordo pela maneira como o Canadá e os Estados Unidos querem controlar o comércio de produtos lácteos.
A Austrália não está contente com a forma que os Estados Unidos e o México pretendem regular o comércio de açúcar.
Por sua vez os Estados Unidos não concordam com a forma estabelecida para o comércio de arroz com o Japão.
Esses desencontros comerciais são apenas a ponta do iceberg de um problema muito mais profundo que com um simples tratado poderá ser resolvido.
Na verdade, o que parece estar ocorrendo é a imposição de uma agenda contra o “livre comércio”, ampliando assim os direitos da propriedade intelectual das grandes companhias farmacêuticas.
Ao que tudo indica essas companhias, às vezes, por tempo indefinido, teriam a expansão dos seus monopólios sobre os medicamentos patenteados. 
“A exclusão de medicamentos genéricos mais baratos ainda proíbe que os concorrentes “biossimilares” lancem novos medicamentos durante anos”.
Devido ao sigilo que envolve as negociações do Tratado, não deve surpreender a ninguém que os acordos internacionais dos Estados Unidos regulem o comércio em vez de liberá-lo.
Isto costuma acontecer quando o processo de decisão sobre políticas públicas se torna exclusivo aos interesses empresariais e restritos aos representantes eleitos pelo povo no congresso dos países de economia preponderante.
Olho vivo pessoal! Como dizia um falecido cronista social brasileiro, "cavalo não desce escada”.

Gabriel Novis Neves
10-12-2015

CARTÃO DE NATAL


Há poucos anos o Cartão de Natal impresso era um dos símbolos mais fortes do Natal e Ano Novo.
Com a evolução acelerada da tecnologia, principalmente da informática, o velho e querido cartão de papel está com seus dias contados.
Hoje as redes sociais estão tomando tranquilamente seu lugar. Dentre elas: Facebook, Instagram, WhatsApp, Linkedin, YouTube e Twitter.
Os brasileiros, assim como o resto da população mundial, participam ativamente dessa imensa comunidade social virtual.
Elas são as responsáveis pela mudança de comportamento das pessoas, e nem poderia deixar de ser. É o progresso.
No nosso dia a dia as redes sociais estão presentes com toda força, isto é fato. E com isso surgiu a nova maneira de se cumprimentar os amigos e parentes pelo Natal e Ano Novo. Vai-se embora o velho e entra o novo.
Mas, como era gostoso receber de amigos distantes cartões de natal com a sua mensagem escrita de próprio punho! Até mesmo de vizinhos recebíamos o pequeno e singelo brinde!
Com a globalização estamos todos conectados, e de todas as partes do planeta Terra, e em linguagem própria, recebemos os afagos.
Recebi poucos cartões tradicionais este ano, sendo que o primeiro sempre vem dos meus queridos compadres Noemi e Sávinho. Ela é uma competente professora universitária em Brasília. Ele é escritor e cronista.
Ideologicamente se recusaram a ficar escravo da máquina, e são superantenados sem o uso dessa ferramenta.
Em compensação, o meu celular não para de fazer aquele barulhinho indicando novas mensagens de final do ano.
Tenho receio de que em breve teremos pouca coisa impressa para ler. Até livros famosos da literatura nacional e internacional estão à disposição na Internet. Filme também se assiste em casa, assim como ouvir música.
Muitos acham a Internet invasiva, lesionando a intimidade das pessoas e sua tranquilidade.
Porém, o mundo moderno caminha a passos apressados. As novas conquistas, muitas vezes, são inimagináveis para os idosos.
Para quem trouxe para Cuiabá o primeiro computador e o implantou na nossa UFMT, tudo que acontece é um sonho.
Era uma máquina IBM 11.30 da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, doação do equipamento ainda em pleno uso acadêmico.
Tivemos de construir um prédio especial para alojar aquela relíquia de equipamento.
Jamais pensei que passados mais de trinta anos um pequeno computador, com muito mais resolução e eficiência, pudesse ser transportado no bolso de uma camisa.
Vitória da tecnologia e recordações de uma linda história da UFMT!

Gabriel Novis Neves
02-01-2016

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Natal das crianças


Fui a um Natal de crianças e durante o meu tempo de permanência na festa fiquei observando a alegria dos pequenos.
Um pirulito embrulhado com papel transparente foi o sucesso da noite.
Transformaram-no em carrinhos, enquanto envelopados, desfilando pelo chão do salão, demonstrando uma felicidade transmitida pelos seus brilhantes olhinhos.
Os presentes caríssimos e sofisticados em caixas volumosas, mais para agradar aos seus pais, não lhes interessavam.
As idades desses pequerruchos variavam de um a quatro anos de idade. Dançavam, um tentando imitar o outro, numa demonstração de alegria sem fim, pouco importando a presença de adultos.
Muitos não sabiam ainda se comunicar com a fala, mas se entendiam perfeitamente por mímica, sem o mínimo de inibição.
Deitavam e rolavam pelo chão do salão sorrindo e falando e, em nenhum momento presenciei tédio ou cansaço. 
Briga ou discussão entre eles, nem pensar. Os mais novinhos atentos para aprender as brincadeiras.
Como são felizes as crianças inocentes! Para elas tudo se resume a diversão e lazer, onde as barreiras sociais não existem.
Fazem o que lhes dão satisfação.
Tão diferente dos adultos que, na sua imensa maioria, mesmo em festa natalina, não deixaram de utilizar o seu celular para enviar mensagens.
Teclaram a noite toda! Tão distantes das brincadeiras não programadas e ensaiadas das crianças que acabaram de se conhecer.
Como era bom ser criança, em que os valores do consumismo ainda não tinham nos contaminado!
O adulto incorpora valores materiais, achando ser este o caminho da felicidade. Quando percebem o erro, o tempo já passou e só resta o sofrimento.
Alguns suportáveis, outros necessários a ajuda médica especializada.
“Nunca ninguém conseguirá ir ao fundo de um riso de uma criança”. Victor Hugo, escritor francês.

Gabriel Novis Neves
28-12-2015

ENTRELINHAS


A formação de opinião costuma ser automática desde que não nos habituemos a ler o mais importante, as entrelinhas.
Os mecanismos de lavagem cerebral são muitos e perfeitos. Sabemos também que qualquer mentira bem elaborada pode ser transformada em verdade absoluta.
Isso tem sido frequente nos dias atuais.
Dentro da economia, qualquer produto pode atingir recordes de venda desde que submetido a um excelente marketing. Aliás, os marqueteiros são pessoas extremamente valorizadas nas economias de mercado.
É sempre importante questionar o que há por trás, numa dimensão subliminar, de tudo que lemos, ou que e por que consumimos.
Caso contrário estaremos sempre sendo lesados e submetidos a propagandas enganosas.
Algumas vezes são tão sutis os métodos usados que mesmo as mentes mais especulativas podem se deixar levar pelas engenhocas fantasiosas.
Isso é válido, não somente para produtos, mas, principalmente, para ideias e pessoas.
As esparrelas em que caímos são diárias e independem do grau de inteligência de quem as consome.
Com relação à política isso parece patente. Alguns representantes do povo jamais estariam ocupando um lugar no legislativo ou no executivo não fora o engodo fabricado sobre seus feitos.
Imagino que, diante de tanto desencanto, as pessoas devam estar se perguntando sobre o que as levou a colocar em cargos vitais de mando seres tão descompromissados com a realidade e responsabilidade que os rodeiam!
Aí entra a brutal máquina econômica que, através de seus artifícios, transforma rapidamente lobos em cordeiros.
Cada povo tem os políticos que merece numa democracia como a nossa.
Então, antes de reclamar, é preciso que todos se conscientizem de que uma leitura, ou uma fala, só será válida se observadas atentamente as entrelinhas do discurso que, na maioria das vezes, não corresponde à prática.
No caso da fala, a mímica facial é de extrema importância e frequentemente trai o que as palavras tentam impingir.
Aconteceu comigo durante a transmissão de uma entrevista com um candidato à Presidente da República há alguns anos.
Ao ver na tela da televisão aquele personagem tão raivoso, totalmente disfórico, despido de qualquer tipo de equilíbrio emocional, apesar da excelente aparência, intuí na hora, ainda que concordando com algumas de suas plataformas políticas, que dele não seria o meu voto.
A figura, uma vez eleita por catalisar as necessárias vestimentas de salvador da pátria, comprovou o meu diagnóstico em muito pouco tempo.
Espero que com o treinamento de sucessivas eleições possamos aprender a interpretar melhor as linguagens oral e corporal dos candidatos e, através delas, fazer escolhas menos equivocadas.
Podemos fabricar expressões faciais ensaiadas, mas o olhar, essa porta de comunicação entre o que dizemos e o que sentimos, em algum momento trai o palestrante.
Com o texto é bem mais difícil, mas é um exercício a ser tentado.

Gabriel Novis Neves
07-11-2015

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Perversões


Livros psiquiátricos e de psicopatologias se ocupavam, até então, das perversões tradicionalmente catalogadas, tais como: sadismo, masoquismo, voyeurismo, exibicionismo, homossexualismo e tantas outras.
Seriam comportamentos sexuais específicos que, apesar de frequentes, sempre foram muito reprimidos por irem de encontro às normas de conduta morais e sociais vigentes.
No meio dessa vasta literatura destacam-se os relatos de um psiquiatra sueco, ele mesmo homossexual, em “Minorias Eróticas”, em que, de uma maneira simples, ele tenta humanizar e descriminalizar todos esses comportamentos considerados perversos.
Parafraseando a tão famosa frase russa, incita seus leitores da seguinte forma: “minorias eróticas, uni-vos, porque um dia o mundo será vosso”. Tudo isso, e muito mais, para que as pessoas de comportamento considerado normal abandonem seus preconceitos e tenham paciência com os considerados diferentes. Aliás, muito paulatinamente, isso já vem ocorrendo.
Com o advento da era digital, outros tipos de perversão estão surgindo.
Basta notar que no momento em que escrevo sobre isso, surge como sucesso cinematográfico mundial, o filme “ELA”, cuja história se baseia  num homem que se apaixona perdidamente pela voz feminina de uma máquina.  Enaltecido pela crítica, o roteiro parece que suscita maiores reflexões.
Assim, podemos ter a dimensão do que ainda virá por aí, tendo em vista a criatividade ilimitada do ser humano.
Já estamos lidando com uma forte indústria de brinquedos eróticos os mais variados, e alguns deles trazem a promessa de um prazer virtual bem acima do real.
Coisas da modernidade.
É preciso não esquecer que o erotismo, aliás, como tudo à nossa volta, está ligado às leis do mercado de consumo e, de acordo com elas, traça até os nossos comportamentos futuros, quanto mais não seja, pela maior ou menor curiosidade de vivenciar outros tipos de experiências.
Assim como proliferaram em larga escala as academias de culto ao corpo, sob o estigma de cuidar da saúde, no momento, proliferam os clubes de swing, tentando diversificar o comportamento afetivo sexual dos mais jovens.
Tudo regido, em última análise, pelo todo poderoso “Deus Lucro”.
A propósito, graças a isso, maior e mais rápida tem sido na sociedade a inserção do mundo gay. Trata-se de um grupo geralmente de bom poder aquisitivo e altamente promissor para novos investimentos, quer no setor de beleza propriamente dito, quer nas inúmeras possibilidades turísticas específicas.
Dificilmente as pessoas param para pensar nessas várias implicações comerciais, que tanto interferem na nossa vida e sem que percebamos qualquer tipo de manipulação.
É assim com a política, com a arte, com a moral, com a moda, com o culto a padrões estéticos pré-determinados, com a educação e, lamentavelmente, com os nossos comportamentos afetivo-sexuais, em que a “Mãe Natureza” tanto se esmerou para que fossem simples e paradisíacos.

Gabriel Novis Neves
25-12-2016

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

MAIS LIDAS


Leio no G1 que, das cinco notícias mais lidas da semana, duas são referentes a assassinatos e uma da escravidão sexual durante a guerra entre a Coreia e Japão.
As outras anunciam abertura de concurso público e exemplo de quem está superando a crise.
Nem a tremenda dificuldade política e financeira que assola o país interessa mais ao leitor que, ao que parece, jogou a toalha no chão.
Nada auspicioso para 2015, que já é chamado por muitos como um ano perdido e de retrocesso.
Perdemos a nossa credibilidade externa como países bons pagadores e ganhamos o não honroso título de caloteiros.
De fato não temos nada a comemorar do ano que passou.
A inflação e desemprego voltaram, a nossa moeda foi desvalorizada, a educação não evoluiu, a saúde não funcionou e os hospitais estão fechando.
A indústria sendo vendida a preço de banana, para festa dos países ricos e moedas fortes.
Neste momento temos muita falação de aumento de impostos e nenhuma ação propositiva do governo para amenizar a dificuldade que nos sufoca.
O corte de dezenove ministérios não iria resolver o gravíssimo problema de recursos financeiros, porém, transmitiria à população um bem estar psicológico.
Impossível mexer nos ministérios, pois temos um Congresso Nacional totalmente voltado aos seus próprios interesses e não os da nação.
Esse efeito cascata atinge as Assembleias Legislativas, Câmara dos Vereadores e órgãos fiscalizadores do governo.
Por isso as notícias mais lidas são consequência dessa brutal desigualdade social, gerando a violência e impunidade dominando este país.
Que surjam melhores notícias para serem lidas neste tenebroso ano de 2015.

Gabriel Novis Neves
29-12-2015