sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sedução explícita


O sexo feminino é condicionado a se utilizar da arte da sedução dos oito aos oitenta anos, ao contrário do que acontece com os animais, onde o macho é sempre o grande sedutor, inclusive, mais bem dotado de apetrechos para essa finalidade, tais como a beleza e habilidades para o canto e para a dança.
Observar na natureza esses rituais que precedem a conquista da fêmea é um espetáculo de rara beleza, principalmente para moradores de cidades do interior que podem se dar a esse luxo em virtude da convivência mais próxima com os bichos, coisa dificilmente vivenciada pelos habitantes de grandes cidades.
Desde a mais tenra idade, meninas já se comportam num clima constante de exibição, quer no colégio quer no ambiente familiar, e isso é enaltecido pela sociedade. Todos sabem como elas são sempre muito mais glamorosas com os pais do que com as mães. Isso é absolutamente normal, desde que bem conduzido pelos progenitores, responsáveis pelos devidos distanciamentos visando uma boa educação afetiva sexual futura.
Na adolescência, com o desencadear do tsunami hormonal, a sexualidade passa a ser vivida de uma maneira que possa ser eleitos os verdadeiros objetos de desejo de uma maneira intensa e saudável.
Daí em diante, pela vida afora, serão colhidos os frutos de uma vida sexual afetiva prazerosa e, que mesmo com altos e baixos, cumprirá o seu papel no psiquismo de cada um.
Com o passar dos anos a indústria da beleza e da estética resolveu investir pesado também no sexo masculino, e já percebemos, com força, o comportamento de grande parte dos homens do nosso século, comumente chamados de metrossexuais.
São homens extremamente preocupados com a sua estética, totalmente submissos à ditadura da beleza, exatamente como a maior parte das mulheres.
Tudo isso foi se firmando graças a um excelente trabalho de marketing que vem sendo desenvolvido pela poderosa indústria da estética desde os finais do século passado e, principalmente, nos dias atuais.
A grande gama de novos cremes ditos miraculosos, xampus, perfumes e toda sorte de adereços apregoados pela indústria da moda como sedutores, vêm fascinando homens e mulheres e, portanto, cumprindo a sua finalidade precípua, que é gerar altos lucros.
Lá se foi o tempo em que as pessoas eram avaliadas mais em função do seu caráter, da sua inteligência, da sua integridade do que pelo seu aspecto de beleza e elegância.
Tal como as mulheres, os homens se pavoneiam e competem entre si na busca de corpos esculturais, a qualquer preço. As academias estão aí para que isso seja constatado.
As mulheres, já acostumadas através dos séculos às mais diversas formas de dominação, pouco se ressentiram dessa nova ditadura da beleza e da magreza. Lamentável que isso tenha acontecido justo no momento em que elas tinham acabado de fazer a maior revolução do século, a sexual e, portanto, tinham se livrado dos grilhões que as mantiveram submissas por tantos séculos.
O fato é que nesse jogo hedonista todos perdem. Hipertrofiados que ficam em função de uma sedução que sempre se mostra pequena em função das metas a serem alcançadas.
Nessa perspectiva, crescem o narcisismo e o desinteresse por valores reais, únicos responsáveis  por uma vida vazia  e caldo favorável  para o aparecimento dos estados depressivos.
A prática narcísica é sempre incompatível com as trocas afetivas, uma vez que quem não sai de si não consegue se entregar ao outro de uma maneira saudável.
Sedução é entrega, e essa só acontece quando nos despojamos do artificial e mergulhamos nos nossos instintos.
Com a chegada da menopausa e da andropausa, inúmeras pessoas começam a apresentar quadros de depressão profunda, geralmente motivadas pela possibilidade de perda da sedução.
Entretanto, estudos modernos vêm provando que o cérebro é o grande desencadeador de uma sexualidade duradoura, e o seu bom funcionamento vem propiciando cada vez mais velhices alegres e prazerosas.

Gabriel Novis Neves
25-10-2013

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