Quando
penso em novos cursos de medicina fico preocupado com a qualidade e com o
número excessivo de autorizações concedidas pelo governo.
Em
apenas cinco anos - de 2011 a 2015 - foram liberados para funcionar 79 novos
cursos, segundo o Conselho Federal de Medicina.
Evidentemente
não houve o mínimo cuidado das autoridades responsáveis com a qualidade desses
novos cursos, pois um bom médico, não necessariamente, será um aceitável
professor de medicina.
Só
para se ter uma ideia dessa minha preocupação com a formação dos nossos futuros
médicos, de 1808, quando foi criado o primeiro curso de medicina no Brasil com
a chegada da Família Real, até 1994, foram abertos 82 estabelecimentos desse
tipo.
Em
1960, quando terminei o meu curso de graduação em Medicina no Rio de Janeiro,
na hoje UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), antiga Universidade do
Brasil (UB), existiam em nosso país apenas 23 escolas médicas!
Tínhamos
alunos de todo o Brasil e países vizinhos, além de excelentes professores com
prestígio internacional.
Naquela
época o curso de graduação era o ponto final para a formação do médico que
nossa nação precisava.
O aluno
deixava a faculdade com o seu diploma reconhecido pelo antigo Conselho Federal
de Educação e com o título de médico, e não, de especialista.
Habilitado
em Clínica Médica - Cirurgia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia -
apresentava condições para exercer a medicina no interior do Brasil com
eficiência e humanismo, além de ser capacitado para implantar serviços como de
Ortopedia e Traumatologia, Neurocirurgia, Cirurgia Torácica, Oftalmologia,
Otorrino, Emergência e Urgência, todos com amplo conhecimento de clínica médica
e cirúrgica.
Hoje,
o aluno que conclui a graduação, necessita de Residência Médica,
Especialização, Mestrado e Doutorado para conseguir entrar e permanecer no
mercado de trabalho.
As
nossas escolas médicas abdicaram da função de formar o médico de visão
holística e optaram pelo especialista.
O
paciente perdeu o seu médico de referência e tem dezenas de profissionais que o
atendem sabendo muito de pouco.
É
fácil constatar o que afirmo. Basta perguntar a um cliente quem é o seu médico.
Por
opção a esse tipo de política educacional temos nichos de medicina de
excelência para os ricos, e para os pobres importamos “médicos” de países
pobres.
O
Brasil precisa de médicos hipocratianos - do corpo e das emoções - para povoar
os mais de cinco mil e quinhentos municípios e restituir a dignidade daqueles
que atendemos fragilizados.
Vamos
criar a carreira de médico de atenção primária de saúde e sua prevenção?
As
faculdades de medicina terão que se adequar, e o Brasil se humanizar no atendimento
aos enfermos pobres, maioria entre nós.
Gabriel
Novis Neves
04-11-2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.