quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Desapegando


Mais um Natal! Acordei com um firme propósito: praticar o desapego.
Segundo a filosofia oriental esta prática consiste em nos desapegarmos de tudo que não usamos - daquilo que não nos é mais necessário.
A filosofia ocidental faz exatamente o contrário – torna as pessoas retentivas, algumas vezes beirando à mesquinharia.
Essa conta é difícil de ser zerada, até porque, nós, idosos e velhos que moramos sozinhos, acabamos depositários de tudo que os filhos acham que precisarão um dia.
Nossas casas se transformam num emaranhado de grandes entulhos, principalmente quando há espaço para isso.
Como já chegamos à fase da não discussão, aceitamos resignados, às vezes nem tanto, essas imposições que a idade vai trazendo.
Confesso que gostaria de uma grande jornada de desapego, mas, sei que isto me traria problemas de outra ordem.
Entretanto, cada dia invejo mais os ditos egoístas, que conseguem priorizar os seus desejos, fazendo de suas velhices um mar de liberdades.
Por agora, conforta-me apenas o sentimento de ser aquele velho cordato, sempre atento para agradar os circunstantes, tarefa que, convenhamos, muito pouco consigo fazê-la.
O mundo mudou além do esperado nesses últimos oitenta anos, e todos os valores éticos se pulverizaram para as novas gerações.
Tudo que aprendi foi, não só anulado, como considerado careta e jurássico.
Cheguei à conclusão, depois de ouvir uma palestra em vídeo, que cada um de nós é um ecossistema próprio e único, composto de um quadrilhão de microrganismos, e que somente juntos podemos formar o ecossistema global que sustenta o planeta.
Diante dessa lógica estamos totalmente vinculados uns aos outros, ainda que no cotidiano algumas vezes isso se torne muito pesado para nós.

Gabriel Novis Neves
28-12-2015

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