O
grande “conto do vigário”, prática ingênua, e algumas vezes folclórica, muito
comum no início do século passado, transformou-se numa elaborada e sofisticada
fábrica de altos lucros.
Sempre
me contaram para que tivesse cuidado com pessoas de aparência humilde, com
discursos envolventes, confusos e promissores de altas benesses.
A
capital desse “conto” até então era o Rio de Janeiro, onde todos se sentiam
ameaçados.
Por
razões históricas, segundo o mestre Antenor Nascentes, essa denominação teve a
sua origem ligada a fatores eclesiásticos.
As
oferendas dos fiéis na igreja eram empacotadas e entregues a alguém de
confiança da paróquia para serem guardadas.
Como
a moeda da época era o “réis”, e o pacote continha um conto de réis, logo essa
prática recebeu o nome de “conto do vigário”.
À
medida que as necessidades sociais da paróquia exigiam, essas quantias eram
repassadas para suas devidas finalidades.
Como
nem sempre esses guardadores tinham a esperada confiabilidade, as doações eram
discretamente surrupiadas, não cumprindo assim a sua real finalidade.
Essa
é a origem do chamado “conto do vigário”.
Nos
tempos atuais, com as mentes muito mais sofisticadas e impulsionadas pela alta
tecnologia, os deslizes financeiros assumiram caráter de alta periculosidade.
Diariamente
temos informações pela mídia dos mêgalos “contos de vigário”
institucionalizados pela nossa política e já totalmente fora de controle de
conotações éticas.
Os
responsáveis pelo erário público não mais têm o mínimo pudor em dilapidá-lo
escancaradamente.
Nada
acontece, tudo permanece blindado, pois o pequeno e ingênuo “conto do vigário”
virou uma grande e forte instituição.
Não
somente nós éramos menos informados, mas também os artifícios usados para que a
humanidade fosse se aperfeiçoando no desprezo mútuo, foi aumentando com o
passar dos anos.
O
homem tem sido cada vez mais o próprio algoz de si mesmo.
O
estado atual de mentiras, hipocrisias e violência, é apenas o resultado de uma
espécie que ainda não atingiu a sua suposta racionalidade.
A
desvalorização e a decadência do próximo têm sido diretamente proporcional ao
nosso desenvolvimento tecnológico, esse último, motivo de grande orgulho para
os habitantes desse nosso planeta.
Tudo
sob a égide de uma das maiores democracias do mundo.
Quem
pensaria que um dia teríamos saudades dos pequenos golpistas, dos surripiadores
do nada, dos artífices das pequenas mentiras?
Gabriel
Novis Neves
18-01-2014