Na
ânsia de sermos amados nos apegamos às mentiras sociais. São tantas e tão
frequentes, que faz com que o mundo caminhe lentamente rumo à honestidade. Para
piorar a situação, essas mentiras vão se tornando verdades.
No
que se refere ao amor, o resultado é deletério.
Rita
Lee, em uma de suas canções, diz que o bom é dançar livre, leve e solto.
O
amor também precisa ser livre com um pássaro, leve como uma pluma e solto como
uma lágrima.
Como
dizem os poetas, os desencantos se acumulam e “viram um pote até aqui de
mágoa”. Eis que um dia, ao procurarmos aquele ser que tanto nos encantava, não
mais o encontramos.
Não
o encontramos porque não sabemos exatamente quem ele é - tamanho o número de
fantasias com as quais ele se vestiu e que nós, por comodismo ou por
ingenuidade, acreditávamos serem verdadeiras.
Já
ouvi a frase que “quem muito diz a verdade nunca será amado, quando muito,
admirado”.
Por
acaso, não será a admiração a grande responsável pelos amores eternos?
Acredito
nisso.
Sim,
porque conviver com o comum é o que todo mundo faz e, o que se vê em volta, é
que não basta para quem se julga merecedor de mais.
O
pacto da mentira não agrada a ninguém, apenas ajuda a empurrar a vida e os
relacionamentos para quem com isso se satisfaz ou, pelo menos, acha que se
satisfaz.
Isso
apenas colabora para que o pote de mágoas se encha mais rapidamente.
Relações
verdadeiramente intensas - quer de amor, quer de amizade - necessitam de
pilares firmes, baseados no diálogo honesto e no enfrentamento da verdade.
O
“ser” é sempre muito mais importante que “o parecer ser”.
É
dele que talvez consigamos tirar da vida
o que ela tem de mais bonito, a possibilidade de trocas afetivas reais,
e não, simplesmente, circunstanciais.
Isso é de uma importância vital para todos, inclusive no seio familiar.
Como
amar uma pessoa que não se desnuda nas suas fragilidades, nas suas
incongruências?
Do
contrário, permaneceremos como caramujos ambulantes, ensimesmados nas nossas
carapaças, tal como na idade da pedra.
Penso
que exorcizar o solitário que existe em
cada um de nós deveria ser uma meta de vida.
Vou
continuar destemido na emissão dos meus conceitos, mesmo que isso acarrete,
momentaneamente, algum tipo de mal-estar.
Gostaria
de ser lembrado pelos que comigo conviveram como alguém que
lutou ferozmente contra as hipocrisias.
Entendo
que, para conviver socialmente, algumas vezes é necessário omitir, mas, que
fique claro, só o farei com relação aos que não me dizem respeito, nunca aos
que fazem parte do meu ciclo de afetos. Esses, pela importância que têm, merecem saber o que penso.
Todos
saberão que a minha presença nunca significará ausência.
Continuarei
tentando, até que a minha mente se apague para sempre.
Infelizmente,
vivemos num mundo de presentes ausentes, e imagino que isso seja causa de
tantas frustrações.
Gabriel
Novis Neves
06/12/2013
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